Me chame de meu irmão
A culpa de eu estar postando dois capítulos no mesmo dia e acabando a fanfic mais cedo é do squad. Amo vocês.
O final agradando ou não, obrigada a cada leitor que acompanhou a fanfic. 💕
Win estava de volta, e teve uma surpresa quando chegou no prédio onde morava. Quando saiu do elevador, viu Light sentado no chão, encostado na porta do seu apartamento. Não estava com uma cara nada boa, parecia exausto, além de ter chorado também. No mesmo segundo, Win correu até ele e se ajoelhou. Light parecia muito alheio, mas ia voltando ao normal quando percebeu que já era de dia e que Win finalmente havia aparecido.
— Light, o que aconteceu? — Estava desesperado. Era louco por aquele homem, e odiava vê-lo em um estado fora do normal. Aquela cena o lembrou de quando Bright havia desaparecido. — Olha pra você, meu amor... tá pálido, fraco... o que você fez?
— Ontem quando eu saí da empresa, decidi te fazer uma visita, mesmo que tivéssemos terminado o nosso namoro. Mas quando cheguei aqui, você não estava, e eu fiquei desesperado, Win. Fiquei com medo de que você tivesse me abandonado assim como o Bright.
Falar o quanto Win se sentiu culpado seria muito pouco. O coração apertou de uma forma que ele desejou voltar atrás no dia anterior e fazer tudo diferente. Encontraria Bright, com toda a certeza, mas quem sabe não tivesse sido melhor avisar para Light? Só em imaginar o desespero daquele cara, Win ficava desesperado na mesma intensidade. No mesmo minuto, abraçou Light com muita força, tentando passar todo o amor que sentia por ele. O abraço foi retribuído, de levinho, já que Light estava fraco.
— Isso nunca mais vai acontecer. Nem eu e nem o Bright vamos abandonar você.
— O Bright me abandona um pouco mais a cada dia.
— Não é verdade, Light. Por que você quer fugir do seu próprio irmão? As coisas poderiam ser resolvidas se você fosse um pouco menos orgulhoso, não acha?
Win não se arrependeu do que tinha dito, mas soube que agiu no impulso e que devia ter esperado o momento certo para falar sobre Bright. Os dois se levantaram do chão, e Light ficou encarado o rapaz com os olhos cerrados, uma pergunta na ponta da língua querendo sair.
— Há muito tempo, mais especificamente desde que Bright desapareceu, que percebo o quanto você defende o meu irmão, e o quanto se preocupa com ele. Seja sincero, Win. Você o ama também?
— Sim. — Respondeu. Era a verdade, e queria se livrar logo daquele peso, fora que uma hora o outra teria que conversar com Light sobre toda aquela situação. — Eu amo o Bright, assim como amo você. Sempre foi assim, desde que conheci os dois.
Light estava de boca aberta, não conseguindo acreditar no que ouvia. Era verdade que seu irmão, antigamente, era o seu melhor amigo e a pessoa que mais amava na vida, e, se fosse antigamente, Light tentaria levar numa boa aquela confissão, mas agora... agora tinha muita mágoa de Bright, e saber que Win, o seu amor, amava também Bright... caramba.
— Você é muito brincalhão, Win. — Sorriu, ainda que por dentro estivesse uma bagunça, ainda que as mãos tremessem.
— Não é brincadeira, Light. E se quer saber, eu encontrei com ele ontem, com o seu irmão, e ele vai voltar pra cá, pra resolvermos tudo isso.
— É mentira.
— Não é.
— Win, como pôde fazer isso?
— Light, me escute. — O segurou pelas mãos. Estavam geladas. — Eu quero que você procure entender que o meu amor pelos dois é igual, e que eu não vou abrir mão de nenhum. Sua cabeça deve estar uma bagunça, então eu vou te dar um tempo pra digerir tudo.
Ao contrário do que Win achou, Light não parecia estar levando numa boa, bem como Bright havia avisado, tanto que Light puxou as mãos e a expressão ficou séria e dolorosa. Estava com uma vontade grande de chorar, de tristeza mesmo. Naquele momento, toda a raiva que sentia desapareceu, só existia tristeza. Tristeza por tudo ter dado errado. Ora, por que Light estava passando por aquilo? Ele era um homem bom, não? O que custava a vida dar Win somente para ele? Não entrava na sua cabeça. Como alguém podia amar duas pessoas ao mesmo tempo? Light não estava aguentando mais ficar ali. Estava confuso e queria mais do que tudo ficar sozinho. Então se afastou e desceu os andares pela escada, sem paciência de esperar o elevador — até porque, provavelmente, Win não o deixaria ir embora. E ele precisava mesmo ir embora. Desejou fazer igual ao irmão: sumir.
ဣ
Quatro dias depois, Bright voltou para a casa dos pais. Sem emprego, sem um curso superior, e sem o irmão para ajudá-lo, precisou reunir a cara e a coragem e aparecer para os pais. Achou que seria expulso de lá, não sabia como os pais tinham reagido ao desaparecimento sem sequer um bilhete deixado, — principalmente sua mãe, que era a mais apegada aos gêmeos — no entanto, ao contrário do que pensou, os pais o abraçaram no instante em que apareceu na porta da antiga casa que morou por toda a sua adolescência. Ir até lá o fez lembrar de tudo, e sentiu novamente aquela sensação de culpa. Felizmente, o abraço foi aconchegante e fez Bright perceber que as coisas estavam melhorando aos poucos, por mais lento que estivesse sendo. Depois de explicar aos pais o que tinha acontecido, o motivo da fuga, o que tinha feito por seis anos, além da bronca e dos tapas que levou do pai e de ter negado ficar de castigo já que era um adulto, o gêmeo passou a tarde toda no antigo quarto, que estava empoeirado, porém intacto. Bright ficou deitado enquanto pensava sobre seu mundo que estava de cabeça para baixo, e como faria para fazê-lo voltar ao normal. Acreditou que tudo dependia do perdão do irmão, e acabou sentindo muito medo. Light tinha o socado, o xingado, dito que não tinha mais irmão... o que Bright estava esperando? Que o irmão corresse atrás dele e pedisse desculpas? Era Bright que deveria fazer aquilo, ele que deveria correr atrás, se ajoelhar e pedir perdão, mas também gostaria que Light entendesse a sua decisão. Tinha feito tudo aquilo para proteger o gêmeo e o amor que sentia por Win. Não era um desgraçado por completo, sabia daquilo.
Disposto a arrumar tudo, tomou um banho, se arrumou e desceu as escadas. Pegou o celular e ligou para Win.
— Light tá trabalhando hoje?
— Por que quer saber?
— Porque eu gosto de fazer perguntas aleatórias, Win, é por isso. — Revirou os olhos, sem paciência. Não poderia mais esperar nem um minuto, tinha que falar com o irmão, nem que fosse a sua última tentativa. — Eu vou até a empresa.
— É melhor não. Vamos juntos.
— Preciso falar com o meu irmão sozinho. Se você for, vai atrapalhar.
— Eu tô indo aí. Não saia de casa.
A paciência tinha se esgotado. Encerrou a ligação, saiu de casa, pegou a moto e foi até a empresa, onde sabia muito bem onde era. Bright tentou ignorar todos os olhares em cima de si quando apareceu na empresa. Na sua cabeça, se passavam algumas paranoias: ou os funcionários sabiam do seu desaparecimento e agora estavam chocados com a volta, ou ninguém o conhecia e estavam o confundindo com Light. Preferiu ignorar tudo ao redor. Foi até o setor onde o seu pai trabalhava antigamente e não hesitou em abrir a porta da sala. Entrou e lá estava ele, a roupa engomadinha de sempre no corpo e os óculos nas mãos. Ele não tinha nenhuma expressão, mas Bright conhecia muito bem o irmão gêmeo, e percebeu de cara que ele estava abatido, assustado e surpreso, tudo expressado no olhar. Light estava sentado na beira da janela. Bright queria correr até ele e abraçá-lo, mas não achou que tinha o direito.
— O que tá fazendo aqui? — Perguntou, colocando os óculos no rosto.
— Pela milésima vez, quero tentar conversar.
— O que veio falar? Que ama o Win também? Que vocês se encontraram e esconderam de mim? Se veio conversar sobre o que eu já tô cansado de ouvir, é melhor ir embora.
— Light, não posso conviver com essa mágoa que você sente por mim pra sempre.
Light encarou o irmão gêmeo por alguns segundos, em silêncio. Não moveu um músculo, um dedo sequer, não abriu um sorriso. Só ficou olhando-o. Tinham o mesmo físico, a mesma aparência, mas havia muitas coisas diferentes, e aquilo deixava Light indeciso sobre o futuro. Queria perdoar o irmão, claro que queria, mas não era fácil, não conseguia. Era orgulhoso e estava magoado. E se as coisas não voltassem ao normal? Era tudo tão incerto... e Light definitivamente não gostava de incertezas.
— Quero ouvir de você, Bright. — Disse, a voz saindo baixa e calma. — Por que você foi embora há seis anos?
— Você sabe.
— Eu sei, mas quero ouvir da sua boca.
Bright suspirou antes de responder. Sentia-se envergonhado.
— Eu não consegui controlar o que sinto pelo Win. Fui embora pra deixar ele livre pra você. Eu fiz tudo isso por você, só pra te proteger. Não seja ingrato.
— É, eu sou um ingrato. O ingrato que sofreu pelo seu abandono, pela ausência do melhor amigo e irmão.
— Você teve o Win a sua vida toda, isso não conta?
— Você acha que o Win é mais importante do que você? Meu próprio irmão gêmeo?
Bright havia ficado sem falas. Não tinha pensado por aquele lado.
— Não se preocupe, eu não... eu não sinto mais raiva de você. Mas não quero que nem você, e nem o Win, achem que eu vou concordar com o que vocês estão tramando. Fiquem juntos, se quiserem, mas não vou me meter no meio.
— Saiba que eu não vim até aqui falar apenas sobre o Win.
— Quer saber sobre nós dois. — Light afirmou. — Vem cá. Me dá um abraço.
Bright correu até Light, de braços abertos o esperando. Quando se abraçaram apertado, sorriram. Os dois sentiram como se renascessem, como se tivessem prendido o ar por seis anos. A vontade de chorar também se fez presente, mas ao contrário de Bright, Light não se controlou.
— Para de chorar ou eu vou acabar chorando também.
— É um choro de alívio.
Quando enfim se soltaram, olharam-se, o carinho sendo transmitido só com a troca de olhar. Logo depois, ouviram batidas na porta, e viram Win entrando. Estava acanhado quando apareceu, mas quando percebeu os gêmeos juntos, sentiu um peso ser tirado das costas.
— Tá tudo bem?
— Sim. — Foi Light quem respondeu, um sorriso no rosto e o irmão agarrado no seu pescoço. — Tá tudo bem agora.
Win suspirou aliviado.
— Que bom.
Ainda havia um clima tenso na sala pelos sentimentos que cada um tinha. Ninguém sabia qual seria o próximo passo, mas Win achou que precisava conversar com Light sobre o que estava acontecendo, agora que estava muito mais calmo. Bright, vendo que o irmão e Win estavam se olhando demais, deixou a sala, dizendo que precisava conhecer a empresa. Quando saiu, Win andou até Light e o beijou na boca, sendo retribuído. Light não era de ferro, além de gostar daquele homem, ainda estava com saudades. Win abraçou a cintura de Light, se colando mais ao corpo dele, enquanto o beijava devagar, sentindo a língua dele se tocando com a sua, ouvindo o ofego que ele sempre fazia questão de soltar quando faziam aquilo. Win andou e empurrou o gêmeo até que ele estivesse encostado na mesa. Segurou na cintura dele com mais força, descendo com as mãos até a bunda durinha, sorrindo ao sentir o pau de Light endurecer. Nunca conseguia se controlar quando se tratava daquele homem de terno e óculos no rosto, ele só era uma gracinha. Win separou as bocas, indo até o pescoço. Mordeu de leve, se excitando com o puxão de cabelo que levou e com Light gemendo baixinho. Light, contudo, era um cara certinho demais, e com qualquer pessoa podendo entrar naquela sala, afastou Win.
— Win... — Chamou, os olhos fechados. Tentou recuperar a respiração e abriu os olhos, voltando ao normal. Olhou Win e riu da cara maldosa que o desgraçado tinha. Ele era um provocador barato. — para com isso.
— Eu só estava com saudade.
— Não vai me convencer a nada me beijando desse jeito.
— Não mesmo? — Sorriu maldoso, a mão adentrando a calça.
— Win, por favor...
— Vou ser bonzinho com você porque precisamos conversar. Depois resolvo o seu problema. A questão, Light, é que preciso de uma decisão sua. Agora que você já tá ciente do que eu sinto, e do que o Bright sente, eu e ele precisamos saber sobre você.
— Seja mais direto.
Win ficou desconcertado. Era uma loucura a ideia que teve, mas o que poderia fazer, porra? Amava os gêmeos Vachirawit, e não iria abrir mão de nenhum dos dois. Estava decidido.
— Quero que tudo volte ao normal entre nós dois, e... quero que Bright esteja presente na nossa relação também.
Light achou a ideia estranha, mas ao mesmo tempo muito tentadora. A última coisa que queria era ficar longe daqueles dois.
— Eu posso... tentar. Tentar me acostumar. Fazer uma experiência, quem sabe.
Quando Bright entrou novamente na sala, e viu o sorriso de Win e do irmão em sua direção, soube que a ideia louca que Win teve estava começando a dar certo. Feliz demais, e ansioso, andou até os dois e ficou atrás de Win, que já beijava Light novamente. Bright segurou na cintura de Win e colou a boca no ouvido dele, mordendo o lóbulo. De repente, Light Vachirawit achou que dividir Win Metawin com Bright Vachirawit, o irmão gêmeo, definitivamente não parecia uma ideia ruim.
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