26_ O beijo
Passamos no hospital. Me fizeram curativos, limparam meus machucados e, sim, o tiro tinha sido de raspão. Quando saímos do hospital, eu já me sentia um pouco melhor.
ㅡ Vou te deixar no hotel e encontrar o seu pai. ㅡ Frank virou a rua. ㅡ Te aviso quando sairmos da cidade.
ㅡ Valeu, Frank. ㅡ Me ajeitei no banco do carro. ㅡ Eu preciso mesmo tomar esses remédios? ㅡ Encarei a sacola repleta de remédios ao meu lado no banco.
ㅡ Precisa. ㅡ Frank parou o carro no estacionamento do hotel e nós saímos. ㅡ Se não, você morre.
ㅡ Eu não vou morrer. ㅡ Entramos no elevador e eu me escorei na parede. Eu já não sentia aquela dor forte, mas ainda parecia que eu tinha sido atropelado.
Subimos rapidamente até o andar do quarto e Frank bateu na porta. Ele acenou para o olho mágico e em questão de segundos, a porta se abriu.
Chole apareceu e seus olhos focaram em mim. Não percebi o quão senti a falta dela.
ㅡ Drake? O que te fizeram? ㅡ Ela pegou no meu pulso e me puxou para dentro do quarto.
ㅡ Eu to bem. ㅡ Afirmei colocando a sacola de remédios na mesa.
ㅡ Não ta, não. Ele tomou um tiro e foi espancado. ㅡ Frank cruzou os braços e se escorou no batente da porta.
ㅡ Um tiro? ㅡ Chloe olhou para mim nitidamente preocupada e eu me segurei para não sorrir.
ㅡ Foi de raspão, fica quieto, Frank. ㅡ Olhei pra ele e ele me fez uma careta.
ㅡ Eu to indo. ㅡ Ele deu uns passos para trás. ㅡ Chloe? Toma conta do moribundo. ㅡ Ameacei me levantar, mas ele saiu correndo enquanto ria.
Chloe foi até a porta e a fechou. Ela foi até a mesa e olhou os remédios, um por um.
ㅡ Tem que tomar esse aqui. ㅡ Ela pegou um deles, abriu e veio até mim com uma garrafa de água na mão. ㅡ Toma. ㅡ Olhei pra ela com uma careta. ㅡ Toma, Drake! ㅡ Ela empurrou a garrafa e o comprimido pra mim e eu peguei, sem escolha.
ㅡ Não preciso de tudo isso.
ㅡ Fica quietinho e toma o remédio. ㅡ Ela mandou. Eu obedeci.
Engoli o remédio e fechei a garrafa d'água.
ㅡ Agora vai tomar um banho. Depois eu refaço seus curativos. ㅡ Ela me jogou uma das toalhas do banheiro do hotel. ㅡ Veste o roupão que eu levo sua roupa para lavar na lavanderia.
ㅡ O que? Não precisa fazer isso tudo. ㅡ Balancei a cabeça em negativa.
ㅡ Já falei pra você ficar quieto. ㅡ Ela me jogou um roupão.
ㅡ Você não pode sair do hotel, Chloe. ㅡ Me levantei. ㅡ Eu compro outra roupa. ㅡ Saquei o meu celular. ㅡ Eles entregam aqui.
ㅡ Ótimo, compre e vá pro banho. ㅡ Ela foi até o telefone. ㅡ Vou pedir algo pra você comer.
ㅡ Chloe? ㅡ Ela olhou pra mim. ㅡ Não precisa fazer nada disso, sabe né?
ㅡ Não, não sei. ㅡ Ela continuou com o telefone no ouvido. ㅡ Você não cuida de mim? ㅡ Olhei para ela sem dizer nada. ㅡ É a minha vez. Agora vai. ㅡ Apontou para o banheiro.
ㅡ Você está meio mandona. ㅡ Me levantei da cama com dificuldade e passei por ela para ir ao banheiro.
ㅡ Você fez besteira hoje, tá de castigo. ㅡ Ela deu um tapa na minha cabeça e eu a encarei.
ㅡ To de castigo? ㅡ Arqueei uma sobrancelha.
ㅡ Óbvio! Você poderia ter morrido, Drake. ㅡ Seus olhos ficaram sérios. ㅡ Ta de castigo e eu não ligo se você é mafioso, vai ficar quietinho e me obedecer. ㅡ Chloe deixou o telefone sobre a mesa e me empurrou até o banheiro.
ㅡ Sim, senhora. ㅡ Sorri para ela antes que ela fechasse a porta.
Deixei a toalha e o roupão pendurados na parede e me olhei no espelho. Eu tinha sido levado, torturado e quase morri, mas agora estava sorrindo que nem um idiota por causa da Chloe.
Eu estava cheio de hematomas, mas me sentia mais feliz do que já me senti antes.
Eu precisava sair de tudo isso. Precisava arrumar um jeito de viver uma vida tranquila e poder ter liberdade de tentar algo com a Chloe.
Droga, eu queria tanto que ela fosse minha de verdade. Eu já sou praticamente dela.
ㅡ Não estou ouvindo o chuveiro! ㅡ Ela gritou do quarto e eu ri antes de ir para o banho.
[...]
ㅡ Fica parado. ㅡ Ela mandou novamente.
Eu estava deitado na cama. Ela sentou ao meu lado e começou a refazer os curativos.
Ela estava tão perto de mim. Suas mãos tocavam a minha pele com cuidado enquanto seus olhos me analisavam. Eu não conseguia tirar os meus olhos dela.
ㅡ Para de me olhar assim. ㅡ Ela pediu. Senti o algodão tocando a minha sobrancelha e sua outra mão segurou o meu rosto, para que eu não me mexesse.
ㅡ Assim como? ㅡ Perguntei olhando diretamente para ela.
ㅡ Como se eu fosse a oitava maravilha do mundo. ㅡ Ergui a cabeça para que ela me olhasse nos olhos.
ㅡ Não consigo te olhar de outra forma. ㅡ Fui sincero.
As bochechas de Chloe começaram a ficar avermelhadas e eu sorri pra ela.
ㅡ Para com isso. ㅡ Ela puxou meu rosto para baixo e voltou a mexer no machucado da minha sobrancelha. ㅡ Acha que vou ficar menos brava com você se ficar me elogiando?
ㅡ Ta brava comigo? ㅡ Ergui a cabeça novamente para olha-la, a fazendo parar de fazer o curativo.
ㅡ Você quase morreu hoje. E se você tivesse ido dessa pra melhor? Minha vida estaria nas mãos de quem? Frank? ㅡ Arqueei uma sobrancelha para ela.
ㅡ Era com isso que estava preocupada? ㅡ Chloe começou a rir.
ㅡ Eu estava preocupada com você. Agora sossega para eu terminar isso logo. ㅡ Sua mão puxou meu rosto para baixo e ela voltou a mexer na ferida da minha sobrancelha. Fiquei quieto encarando a televisão até ela terminar.
Não foi rápido. Eu não tinha noção de que tinha me machucado tanto. Chloe demorou e eu me senti mal por um momento por ter gostado disso. Ela estava tendo trabalho, mas eu estava adorando toda a atenção que estava recebendo dela.
ㅡ Ta doendo? ㅡ Sua voz era tão suave. Tão única. Não tinha uma coisa sequer nela que eu não admirasse.
ㅡ Só a cabeça. ㅡ Ela olhou para meu cabelo e se aproximou um pouco mais.
ㅡ Deixa eu ver. ㅡ Senti seus dedos entre meus cabelos e fechei os meus olhos. Minha cabeça estava doendo, mas aquilo não era nada comparado a sensação de Chloe tocando em mim. ㅡ Foi assim que te desmaiaram? Te bateram na cabeça?
ㅡ Sei lá, acho que sim. ㅡ Chloe mexeu nos curativos e logo estava mexendo na minha cabeça de novo.
ㅡ Você gosta disso?
ㅡ Disso o que?
ㅡ Essa adrenalina toda na sua vida. Uma hora você está num festival de inverno numa cidade pequena, dançando e vendo babys bailarinas dançarem, e de repente está em Las Vegas, sendo sequestrado e torturado. ㅡ Dei com os ombros.
ㅡ Não gosto, mas... Estou acostumado.
ㅡ Por que fizeram isso com você?
ㅡ Porque sou filho do meu pai e o Freeman é do tipo que mata seus inimigos.
ㅡ Ele não queria te matar. Se quisesse te matar, teria feito isso. ㅡ Ela parou de mexer na minha cabeça e ficou na minha frente, para que eu pudesse vê-la. ㅡ Por que te torturaram, Drake? Foi por minha causa?
ㅡ Não foi por sua causa, Chloe. Ele pensa que estou com a coordenada do dinheiro. Queria que eu contasse. Só isso. ㅡ Menti, mas era nítido em seu rosto que ela não acreditou.
ㅡ Se mentir pra mim, não vou mais conseguir confiar em você. ㅡ Mordi a bochecha sentindo um medo me consumir. ㅡ Por favor, me conta a verdade. Eles queriam a mim, não é?
Observei Chloe por uns segundos até fechar os olhos e concordar.
ㅡ Drake...
ㅡ Chloe, eu não podia te entregar, eu prefiro morrer a permitir que o Freeman sequer chegue perto de você.
ㅡ Mas, Drake...
ㅡ Mas, nada. ㅡ Olhei nos olhos dela. ㅡ Prometi que te protegeria e vou cumprir, mesmo que isso me mate. Não vou deixar ninguém encostar em você.
Os olhos de Chloe me olharam com tanta intensidade que precisei me segurar para não puxa-la ali mesmo e beija-la.
Eu não podia fazer isso. Não posso ter nada com ela ainda. Não posso...
Meu autocontrole foi por água abaixo quando Chloe mesmo se aproximou de mim rapidamente e selou aqueles lábios nos meus.
•••
Continua...
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