23_ Las Vegas
• Narrado por Drake •
Estava nevando lá fora. As ruas já estavam cobertas pela camada fina branca da neve, as árvores não tinham folhas e estava ainda mais frio que o de costume.
Observar a neve pela janela me fez lembrar de ontem a noite. Admito que nunca imaginei que um dia teria Chloe em meus braços, dançando comigo. Queria poder voltar no tempo. Ou... Queria poder subir até o andar de cima onde ela ainda estava dormindo e abraça-la de novo.
Parte de mim queria fazer algo para conquista-la, mas a outra parte me alertava de que minha vida era muito perigosa e eu não posso ter Chloe do meu lado enquanto não conseguir sair da máfia. Sendo minha namorada, ela seria sempre uma isca para os inimigos do meu pai... Como minha mãe foi.
Meu celular começou a tocar e eu atendi após ver que era Frank.
ㅡ O que foi?
ㅡ Deu merda, deu merda... ㅡ Ele estava sussurrando.
ㅡ O que aconteceu?? ㅡ Olhei na direção das escadas. A porta do quarto de Chloe ainda estava fechada. Também olhei pela janela, mas não tinha nenhum carro estranho na rua.
ㅡ Seu pai vai sair daqui agora. Disse que quer te visitar em Las Vegas. ㅡ Meus olhos se alarmaram.
ㅡ O que??
ㅡ Ele quer te ver. Na verdade, acho que na cabeça dele você é o filho que ele sempre quis. Você assumiu aquela última missão e agora está em Las Vegas. Droga, Drake, ele espera chegar no hotel e te encontrar cheirando a whisky e com uma prostituta na cama.
ㅡ Que merda... ㅡ Olhei para trás de novo. Dessa vez encontrei Chloe no meio da escada. Seu olhar ficou preocupado quando ela viu a minha expressão. ㅡ Eu vou ter que ir pra lá.
ㅡ Você está muito mais perto que ele, consegue chegar mais rápido. Mas, tem que se apressar, porque ele vai sair daqui agora.
ㅡ Você consegue vir pra cá e ficar com a Chloe? Ela não pode ficar sozinha. ㅡ Virei de costas para ela e falei um pouco mais baixo.
ㅡ Não dá, o seu pai quer que eu leve ele até você. Ele ta me esperando no carro agora.
ㅡ Não posso deixar ela aqui sozinha. Se alguém que trabalha pro meu pai ou pro Freeman aparecer aqui? O que ela vai fazer?
ㅡ Não tem ninguém que possa ficar com ela?
ㅡ Não confio em ninguém pra tomar conta dela, Frank. ㅡ Eu tinha um medo absurdo de algo acontecer com a Chloe, não ficaria em paz tão longe e com qualquer pessoa cuidando dela.
ㅡ Então, vai ter que levar ela.
ㅡ Levar a Chloe até o meu pai?
ㅡ Leva ela até Las Vegas, deixa em um hotel e vai para outro. Eu deixo seu pai no mesmo hotel que você e vou pro hotel que você deixou ela. Fico com ela até seu pai decidir ir embora.
ㅡ Isso não vai dar certo, Frank... ㅡ Passei a mão na testa.
ㅡ Vai, sim. Eu garanto que não vou deixar nada acontecer com a sua preciosa, relaxa. ㅡ Frank desligou a chamada e eu me virei para Chloe.
ㅡ O que foi? O que aconteceu? ㅡ Ela desceu todos os degraus da escada e veio na minha direção.
ㅡ Preciso estar em Las Vegas antes do meu pai.
ㅡ Seu pai está indo pra Las Vegas te encontrar?
ㅡ Sim. ㅡ Esfreguei a nuca e apertei os olhos antes de olhar pra ela de novo. ㅡ Você vai ter que ir junto.
ㅡ Como?? O seu pai vai...
ㅡ O Frank tem um plano.
ㅡ Agora eu to tranquila. ㅡ Ela assentiu com sacarmos.
ㅡ Olha, o Frank pode ser meio maluco, mas ele leva o trabalho a sério. ㅡ O medo e insegurança instalados em seus olhos cortaram meu coração. Me aproximei dela e segurei seus ombros, a fazendo olhar pra mim. ㅡ Chloe? Não vou deixar nada te acontecer. Quero te levar justamente porque não vou suportar a ideia de te deixar aqui sozinha ou com qualquer outra pessoa. Não precisa se preocupar, eu sempre vou proteger você.
Quando terminei de falar, percebi o quão perto estava dela. Meus olhos se desviaram para sua boca num ato involuntário e tudo o que eu quis foi pega-la no colo e beija-la como nunca beijei ninguém antes.
Meu celular anunciou uma mensagem e isso me fez voltar a mim. Me afastei de Chloe e peguei o celular. Era Frank. Ele me deu dois nomes de hotéis, um para eu ficar e o outro para deixar Chloe.
ㅡ Coloque roupas quentes. ㅡ Pedi e já saí para ligar o carro.
• Narrado por Chloe •
Sonhei com Drake naquela noite. Um sonho estupidamente brega que eu morreria se ele soubesse.
Estávamos na frente do chafariz. Era noite, estava nevando e eu tinha feito o meu pedido, exatamente como aconteceu na noite de ontem. Só que eu escorreguei no chão congelado e ele me segurou. Foi como cena de dorama.
Ele me segurou, seu rosto ficou perto do meu e eu olhei pra ele como uma boba apaixonada. Quando ele ia me beijar, eu acordei.
Fiquei uns bons minutos na cama encarando o teto me perguntando o que diabos foi aquilo.
Nem aqui e nem em outro mundo eu namoraria um mafioso. Drake é super atraente, eu gosto da companhia dele e ele tem feito de tudo por mim, mas, como eu mesma disse pra Mary na minha última aula de ballet em Long Island, eu não preciso de mais problemas.
Eu já estou metida nessa confusão toda porque pensaram que eu era mulher de um mafioso. O que aconteceria comigo se eu realmente namorasse com um?
Convenci a mim mesma naquela manhã de que o sonho tinha sido uma bobagem e saí do quarto.
Drake estava falando ao telefone e depois disse que precisaríamos ir para Las Vegas, onde ele encontraria com o pai. O tal cara que quer me matar.
Achei a ideia um absurdo, mas não vi outra escolha. E se ele me deixasse aqui e alguém aparecesse? Eu sou bailarina, não sei lutar. O máximo que eu poderia fazer é dar um grand battement na cara da pessoa.
Drake percebeu o meu pânico e me garantiu que me protegeria. Só que ele fez aquilo perto de mais. Meu coração já estava acelerado o suficiente quando ele começou a olhar para a minha boca e eu pensei que ele ia me beijar.
Droga, na hora eu quis que ele me beijasse, qual o meu problema??
Será que eu não aprendo? Já fui machucada tanta vezes, será que não vai chegar o dia eu vou ser imune a essas coisas? Sempre vou ser esse coração mole?
Agora estávamos no carro, a caminho da cidade conhecida como cidade dos pecados. Nunca estive em Las Vegas, não esperava estar lá tão cedo.
ㅡ Qual é o plano? ㅡ Quebrei o silêncio do carro.
ㅡ Vou te deixar em um hotel e vou para outro. Frank vai ficar com você enquanto eu convenço ao meu pai de que estou bem e não pretendo sair de Las Vegas tão cedo. ㅡ Drake explicou sem tirar os olhos da estrada.
ㅡ Pro seu pai, o que você tem feito em Las Vegas? ㅡ Ele olhou pra mim rapidamente, mas logo voltou a olhar pra frente.
ㅡ Bebido, talvez usado drogas, apostado em cassinos, dormindo com prostitutas... ㅡ Olhei pra janela com uma careta. ㅡ Coisas que o Frank faz quando vai pra lá.
ㅡ Hábitos saudáveis.
Drake dirigiu até o aeroporto. Depois de algumas horas de vôo, lá estava Las Vegas. Não nevava na cidade, mas ainda assim estava frio.
Ele chamou um táxi que nos levou até um hotel muito muito chique. Drake pagou por um quarto e subiu comigo até ele.
ㅡ Por favor, não sai daqui e só abra a porta pro Frank. ㅡ Ele pediu enquanto eu admirava o quarto do hotel. Era tão limpo, cheiroso e caro. A vista da janela era linda e eu até me esqueci que minha vida corria perigo. ㅡ Chloe?
ㅡ Eu entendi. ㅡ Olhei pra ele.
ㅡ Vou deixar meu cartão de crédito. Pode pedir comida se precisar, mas não deixa o Frank usar meu cartão. ㅡ Assenti. ㅡ Toma cuidado, por favor.
ㅡ Eu vou ficar bem, Drake.
ㅡ Me liga se precisar.
ㅡ Okay, relaxa, agora vai. ㅡ O acompanhei até a porta. Era nítido a preocupação em seus olhos e eu me esforcei ao máximo para não achar aquilo bonitinho.
Fechei a porta depois que ele saiu e me joguei naquela cama macia. O Grove queria me matar e com isso fez a minha vida virar de cabeça pra baixo, mas graças a ele eu tenho morado numa casa bonita, comido algo diferente todo dia, tenho uma sala própria pra dançar e agora fiz a primeira " viagem " da minha vida. Se é que isso é uma viagem. Não vou poder conhecer a cidade, mas posso passar umas horas nesse hotel incrível que eu só entraria se fosse para trabalhar, nos meus dias normais.
Liguei a televisão e fiquei assim por um bom tempo até alguém bater na porta. Desliguei a tv e me levantei. Olhei no olho mágico e encontrei Frank sorrindo e acenando.
Ri daquilo e abri a porta.
ㅡ Trouxe comida e uns pedaços de melancia. ㅡ Ele deixou umas sacolas na mesinha.
ㅡ Por que trouxe isso?
ㅡ Sei lá, Drake que mandou. Disse que você gosta. ㅡ Me peguei sorrindo com o gesto. ㅡ Bom... O Grove ta com ele num hotel a algumas quadras daqui e deve passar o resto do dia com ele. ㅡ Frank puxou uma cadeira e se sentou.
ㅡ E você vai ser minha babá hoje? ㅡ Ri cruzando os braços.
ㅡ Fazer o que... Nem tudo no mundo do crime são mortes. ㅡ Ele tirou um burrito de dentro de uma das sacolas que trouxe e começou a comer. Também me estendeu o pote com os pedaços de melancia.
Me sentei na cama, cruzei as pernas e comecei a comer.
ㅡ O Grove acreditou que o Drake estava aqui o tempo todo?
ㅡ Depois de encontrar ele no quarto com uma prostituta, sim. ㅡ Frank riu e eu senti como se algo perfurasse o meu peito.
ㅡ O Drake estava com uma prostituta?
ㅡ Sim, ele precisava ser convincente. ㅡ Assenti sem sorrir. O incomodo do meu peito estava tão grande que eu me senti uma idiota por sequer imaginar que eu estava com ciúmes do Drake. ㅡ O engraçado é que nem numa situação dessas, ele aproveita.
ㅡ Como assim? ㅡ Ergui meu olhar para ele.
ㅡ Qualquer cara no lugar dele teria ficado com a garota, já que precisava fingir mesmo. ㅡ Ele riu. ㅡ Quando chegamos lá, a garota tava deitada na cama, fingindo estar dormindo e Drake sentado na sacada, como se já tivessem transado. O cara nem encostou na garota! ㅡ Balançou a cabeça e mordeu o burrito mais uma vez. ㅡ Aposto que ele pagou a garota só pra fingir que estava dormindo.
O incômodo passou. Drake não ficou com a garota e isso fez o incômodo no meu peito passar. Droga, eu estava mesmo com ciúmes!
•••
Continua...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro