06_ Deu tudo errado
• Narrado por Drake •
Fazia quase meia hora que eu estava sentado no carro, parado em frente a casa que eu cresci, olhando a porta fechada e me perguntando o que Chloe estava fazendo e se ela estava bem.
Eu precisava ir. Tinha coisas a resolver, mas eu simplesmente não conseguia me afastar da casa. Eu a trouxe para cá, e mesmo que ache que aqui ela está segura, se algo acontecesse com ela, não conseguiria me perdoar.
Foi quando meu celular tocou.
ㅡ Fala, Frank. ㅡ Atendi a chamada.
ㅡ Temos um problema.
ㅡ Ótimo. ㅡ Revirei os olhos, apoiei o cotovelo na janela e esfreguei os olhos.
ㅡ Eu to aqui em Manitou, na lanchonete do centro. Vem cá. ㅡ Ele desligou a chamada e eu não tive outra escolha a não ser ligar o carro e deixar a casa para trás.
Dirigi de volta ao centro da cidade, que não era nem um pouco longe, a cidade era pequena, todos se conheciam e a fofoca era mais rápida que a velocidade do som. O que significava que metade da cidade já deve saber que estou de volta.
Estacionei em frente a lanchonete, saí do carro e entrei no lugar familiar. Não tinha mudado muito, as mesmas paredes brancas e vermelhas, mesas encostadas nas paredes sob as janelas, bancos largos nas mesas e redondos no balcão, parecia até que tinha parado no tempo.
Olhei em volta e avistei Frank sentado numa das mesas junto as janelas. Ele estava comendo um hambúrguer com fritas.
Passei pelas pessoas e me sentei em sua frente. Esperei que ele mastigasse a comida até começar a falar.
ㅡ Deu tudo errado.
ㅡ O que deu errado?
ㅡ Primeiro que parte das drogas nem estava lá naquele galpão. ㅡ Puxou um guardanapo e limpou a boca.
ㅡ Como assim? O carregamento não estava todo lá?
ㅡ Todo? ㅡ Riu. ㅡ Lá só tinha 30% das drogas.
ㅡ Merda... ㅡ Bufei d cruzei os braços. ㅡ O que meu pai disse?
ㅡ Seu pai ta por conta da vida. Acho que nunca o vi tão nervoso. ㅡ Frank pegou o vidro de ketchup e apertou-o até sair o molho em seu hambúrguer. ㅡ Pelo que entendi, o Freeman vendeu 70% da metanfetamina e escondeu o dinheiro onde seu pai nunca vai achar.
ㅡ Como sabe disso??
ㅡ O Freeman ligou pro seu pai. ㅡ Ele assentiu com aquele olhar de deu merda. ㅡ Depois que voltamos e seu pai percebeu a quantidade de drogas faltando, o telefone dele tocou e era o Freeman, simplesmente gargalhando da cara dele. Dizendo que era tarde, que ele já tinha vendido a maior parte e que escondeu o dinheiro.
ㅡ Que filho da... ㅡ Passei a mão no rosto. ㅡ E sobre a Chloe? O meu pai perguntou algo dela?
ㅡ Essa é a outra parte ruim. ㅡ Frank soltou o hambúrguer e me encarou, dando a entender que vinha bomba. ㅡ Quando voltamos, seu pai perguntou de você e eu disse que te convenci a ir para Las Vegas comemorar sua primeira missão, ele achou ótimo e até riu satisfeito. Depois ele perguntou da garota e eu disse que ela conseguiu fugir e perguntei se ele tinha certeza de que ela era esposa do Freeman, porque parecia muito assustada, como se fosse a primeira vez que visse armas pessoalmente.
ㅡ E aí?
ㅡ E aí ele apontou a arma na minha cara e perguntou se eu estava querendo saber mais do que ele. ㅡ Apertei os olhos. ㅡ Eu disse que não, né. Não tô ficando louco. Não toquei no assunto de novo, mas o Freeman tocou.
ㅡ O que? ㅡ Voltei a encara-lo.
ㅡ O canalha do Freeman confirmou que a garota que estava lá era mesmo esposa dele!
Uma raiva me subiu. Senti o meu sangue ferver e fechei minha mãos em punhos.
ㅡ Aquele desgraçado... Por que... ㅡ Frank me interrompeu.
ㅡ Pro seu pai ficar atrás da mulher errada. ㅡ Explicou. ㅡ Seu pai não vai ir atrás da mulher dele mesmo, se estiver atrás da Chloe.
Encarei a janela tentando me controlar. Eu estava com raiva, queria sair dali, entrar no carro e ir atrás do Freeman, mas eu não posso. Não posso sair de perto da Chloe e muito menos ir tirar satisfação com o Freeman sozinho. Mesmo com o Frank, morreriamos fácil.
ㅡ Bom... ㅡ Disse após comer o último pedaço do hambúrguer, ainda com a boca cheia. A pausa foi para limpar a boca do ketchup com o guardanapo. ㅡ Eu preciso voltar, só vim parar ver se tinha dado certo e pra contar essas coisas. Como você " tirou férias ", seu pai me colocou como responsável para encontrar o dinheiro que o Freeman escondeu.
ㅡ Boa sorte pra você. ㅡ Passei a mão na cabeça.
ㅡ Obrigado, vou precisar. ㅡ Ele largou uma nota de vinte dólares sobre a mesa e nós nos levantamos para sair. ㅡ E a garota?
ㅡ O que tem ela?
ㅡ Ela concordou em ser sequestrada por você tranquilamente? ㅡ Saímos da lanchonete e paramos entre meu carro e sua moto.
ㅡ Ela reclamou parte do caminho, mas depois dormiu feito uma pedra. ㅡ Me escorei no carro e cruzei os braços. ㅡ Parecia até que não dormia por dias.
ㅡ A vida dela parecia difícil. Talvez isso seja até bom pra ela.
ㅡ Eu espero que sim. ㅡ Encarei meus pés.
ㅡ Você ainda está afim dela, né? ㅡ Olhei pra ele, que tirava o capacete do guidão.
ㅡ Quem disse que estou afim dela?
ㅡ Você, quando sacou uma arma e saiu voado da casa do seu pai só porque viu que ela estava correndo perigo. ㅡ Ele me analisou. ㅡ Eu conheço você, Drake, a garota mexe contigo. Dúvido que estaria fazendo tudo isso se fosse outra pessoa. Se fosse outra pessoa, no mínimo, você só daria um dinheiro pra ela ir pra longe, não ia se arriscar assim com o seu pai.
ㅡ Isso não importa. ㅡ Olhei em volta.
ㅡ Sei, você acha que me engana. ㅡ Ele riu e colocou o capacete, sem encaixa-lo completamente.
ㅡ Grove e Miller... ㅡ Ambos olhamos para o lado e encontramos Michael, um dos policiais da cidade, um que nos conhecia bem e que, naturalmente, não era muito fã nosso.
ㅡ Michael... ㅡ Frank abriu um sorriso para ele. ㅡ A quanto tempo... Você ta horrível.
ㅡ E você está ótimo, acredite. ㅡ Ele cruzou os braços sobre o peito, usando aquela farda da polícia. ㅡ O que estão fazendo de volta a cidade? Sabe que seu pai não é bem vindo aqui. ㅡ Olhou para mim.
ㅡ Acha que eu estou escondendo ele no meu bolso de trás? ㅡ Perguntei.
ㅡ O Grove não está aqui, Michael. ㅡ Frank respondeu. ㅡ Ele não vem aqui.
ㅡ Hm... ㅡ Dei com os ombros. ㅡ Gosto da torta de maçã.
Michael deu um passo a frente. Seu rosto se firmou numa expressão irritada e eu coloquei as mãos nos bolsos, ainda escorado no carro.
ㅡ Eu não quero problemas por aqui, Drake. ㅡ Apontou para mim. ㅡ Se estiver de passagem, é bom que tome a estrada logo.
ㅡ Não estou de passagem. ㅡ Olhei em volta novamente. ㅡ Vim passar a temporada aqui.
ㅡ Você só pode estar de brincadeira. ㅡ Resmungou.
ㅡ Não estou e tenho que ir agora. ㅡ Abri a porta do carro. ㅡ Nos vemos no festival de inverno? ㅡ Abri um meio sorriso para ele e entrei no carro. Acenei para Frank que também subiu em sua moto e logo partiu.
Dirigi de volta até a casa e quando cheguei já havia escurecido. Estacionei o carro na garagem e voltei até a porta da frente. Fiquei uns segundos parados tomando coragem para entrar.
Deixei que ela ficasse sozinha para decidir o que iria querer. Eu queria protege-la aqui, mas deixei que ela decidisse.
Agora era hora da verdade. Eu poderia entrar lá e encontra-la, ou poderia encontrar a casa vazia. Deixei dinheiro pra ela e ela tinha o celular, poderia ir para onde quisesse e essa possibilidade me assusta.
Tomei coragem e abri a porta. A sala estava vazia. A cozinha também. Os dois quartos no andar de cima, os banheiros... A casa estava vazia.
Já estava aceitando de que ela tinha ido quando vi a porta dos fundos aberta. Fui até lá e vi Chloe sentada na rede, olhando o jardim escuro.
Eu não disse nada, mas ela não demorou a me notar.
ㅡ Eu não saí, fiquei com medo de me perder. ㅡ Explicou. ㅡ Mas, to com fome de novo. Podemos ir no mercado?
Ela não sabia o alívio imenso que eu estava sentindo dentro de mim. O nem o vazio ainda mais imenso que senti quando pensei que ela tinha ido embora.
ㅡ Claro.
•••
Continua...
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