
One - Lalisa Manobal
Eu nunca tive uma relação muito boa com a minha mãe, isso é, definitivamente, a coisa que eu mais sonhei em toda a minha vida. Enfim, pelo menos o meu padrasto ainda me apoiava em algumas coisas.
Eu confesso que foi um saco ter que crescer com a minha mãe me proibindo de tudo e com a minha avó pegando no meu pé. Eu nunca entendi o porquê disso, nunca. Mas com toda a certeza, a pior parte foi a adolescência.
Na adolescência, eu tinha acabado de mudar de país, não sabia muito bem o coreano e tentava me virar com o inglês, eu tinha medo de falar com as pessoas na escola. Foi um completo desastre no começo. Até eu conhecer a minha melhor amiga, a Rosé. Ela também era novata na escola e no país e não sabia muito bem o coreano, mas sabia mais do que eu. O que foi bom, pois aprendemos juntas.
No ensino médio, tinha um garoto que era muito apaixonado por mim, mas eu não sentia nada por ele. E o pior aconteceu, ele me pediu em namoro na frente de quase toda a escola, eu fiquei com muita dó de dizer "não", todos estavam me olhando e na pressão, eu disse "sim".
Ele era um cara tóxico, mas a minha mãe o adorava. Ela sempre dizia: "Lalisa, tu não pode terminar com o Bambam, vocês foram feitos um para o outro. Ele serve para você e vai melhorar a sua vida!" Não importava o que eu dissesse, a minha mãe sempre estava contra mim. Até que um dia eu dei um basta nisso, terminei o namoro.
Ela surtou, falou coisas horríveis para mim. E foi aí que eu percebi que precisava sair de casa. Eu comecei a me esforçar muito no meu trabalho, fazia bicos, hora extra e fui juntando dinheiro, até que enfim, eu realizei esse desejo, eu comprei o meu apartamento. Não era muito grande, mas que se foda, era meu! Lá tinha uma coisa que a casa da minha mãe nunca teve: paz.
Eu senti uma dor muito grande no meu coração de ter que deixar a minha irmãzinha para trás quando me mudei. Queria muito que ela pudesse vir comigo, mas eu tinha dezoito anos e a Minnie só onze, minha mãe nunca deixaria isso. Ela nunca confiou em mim.
O fato é que, com dezoito anos, arranjei um emprego melhor, estava fazendo faculdade e óbvio, eu estava bem, minha cabeça estava tranquila. Mas tudo melhorou quando eu o conheci...
Jeon Jungkook é seu nome. Eu no auge dos meus dezenove anos, fui acompanhar a Rosé na mecânica, o seu carro estava com um problema, e foi aí que nos conhecemos. O carro dele também estava com um problema e enquanto esperávamos ficar pronto, ele começou a conversar conosco e pediu a minha rede social.
A partir daí, começamos a conversar, ficar, namorar... E agora, aqui estamos nós, namorando há três anos e meio e noivos há sete meses! Nosso casamento será daqui há quatro meses, estou tão empolgada!
O único lado ruim é que a minha mãe não gosta dele. Ela é totalmente contra o nosso relacionamento, desde o primeiro dia. Mas eu não vou deixar o Jungkook por causa da minha mãe, da mesma maneira que ela queria que eu me casasse com o Bambam e eu terminei, eu irei contra ela mais uma vez e vou me casar com a pessoa que eu realmente amo.
Já a mãe dele, gostou de mim desde a primeira vez que nos vimos. A senhora Jeon é uma pessoa muito boa e muito dócil. Realmente, não tenho nada a reclamar da minha sogra, ela é incrível. E confesso que a vejo como uma mãe, ela tem um instinto de mãe. Quando eu tiver filhos, me inspirarei na Hwayoung. Prometi a mim mesma que os meus filhos terão a mãe que eu sempre sonhei.
[...]
— Amor, eu acho melhor nós não irmos à praia com a minha família. — Falo logo depois me sentando em uma cadeira da praça de alimentação do shopping e começando a comer o meu sorvete.
— Tem certeza disso, Lizzie? — Jungkook pergunta se sentando ao meu lado me olhando. — Meu bem, você não pode se afastar deles, são a sua família.
— Exatamente, Jung. É a minha família! — Suspiro chateada. Não gosto muito de estar nessas viagens. — Eu quero me afastar deles, não são boas pessoas, você sabe, amor! A minha mãe e a minha avó...
— Amor, eu sei que as palavras delas doem muito para você, mas te ver afastada da sua família não é legal. — Ele me interrompe. — Eu acho que deveríamos ir, pessoas que você é próxima estarão lá. E se alguém cogitar falar algo da minha princesa, eu vou te defender.
— É... Talvez não seja uma ideia tão ruim assim... Eu te amo, sabia? — Digo puxando seu rosto para um beijo.
— É, eu sei. — O mesmo sorri convencido.
— Não vai dizer que me ama não? — Pergunto.
— Ah, te amo, mas só um pouquinho. — Meu noivo brinca.
— Engraçado que você acabou de dizer que me defenderia de um meteoro!
— Eu não disse isso!
— Minha mãe e a minha avó juntas são como um meteoro ou até pior.
Nós rimos juntos. Jungkook abraça o meu ombro juntando mais os nossos corpos.
— Quer mais alguma coisa, amor? — Ele pergunta.
— Não, 'tô cansada e os meus pés estão doendo. — Faço uma cara de sofrimento.
— Então, vamos embora. — Jeon diz se levando e me ajudando a levantar também.
Ele pega as sacolas, nós caminhamos até o estacionamento e entramos no carro. Hoje ele vai dormir lá em casa, junto comigo. É muito bom ter essa paz e liberdade morando sozinha.
[...]
— LISA!!! — Minnie grita empolgada quando me vê entrando na casa de praia que a nossa família alugou.
— LA-LI-SA!!! QUE SAUDADES!! — Minha prima, Jennie, fala vindo em minha direção para me abraçar.
— NINI!!! — Falo.
— Viu como foi uma boa ideia? — Jungkook cochicha para mim.
— Tá, você está certo. — Cochicho de volta. — Amor, tem certeza de que não quer que eu te ajude?
— Relaxa, vida. Minha mulher não carrega peso. — Ele vira seu rosto e deixa um selinho em meus lábios antes de sair.
— Lali, como assim você voltou com ele? — Minha prima pergunta indignada apontando para o Jeon que estava caminhando em direção às escadas com as nossas coisas.
— Voltar? Como eu voltei com ele se nós nunca terminamos?
— Vovó disse para todo mundo da família que vocês terminaram porque esse cara aí é super agressivo, te bateu e ainda ameaçou bater na tia Malee... Tão manipulador...
— É sério isso, Jennie? — Ela me olha. — Você ainda acredita no que aquela velha fala?
— Olha, Lali, eu 'tava jurando que era mentira até a tia Malee confirmar tudo. Inclusive, vocês precisam fazer as pazes, ela sua mãe!
Esse fim de semana vai ser difícil.
— Ah não, Nini! Fizeram lobotomia em você. — Digo e ela solta uma gargalhada.
— Porra, não dá para brincar com você. — Jennie fala em meio a suas risadas. — O que você achou da minha atuação?
— Atuação? — Pergunto confusa.
— Sim. Entrei para o teatro no ano passado.
— Isso explica você mudar do nada. Toda vez que você me vê, você me chama de vagabunda. Já estranhei de início.
— Ai Lisa, se fode! Vem, quero te apresentar uma pessoa! — Ela me puxa em direção à cozinha.
— Pranpriya, querida! Quanto tempo! — Minha avó fala vindo em minha direção. — E vejo que aquele seu namoradinho má influência não veio. Que bom que decidiu terminar com aquele garoto. Ele não faz bem para vocês, sua mãezinha sofreu nas mãos daquele monstro.
— Oi, vó. — Respondo sem animação. — Primeiramente, não é mais Pranpriya, é Lalisa, tem anos que mudei. Segundo, eu e o Jungkook nunca terminamos e ele nunca fez nada contra mim e a minha mãe! Ele só está pegando as nossas coisas no carro.
— Pranpriya, você não pode continuar defendendo esse monstro!
— Vovó, chega! O nome dela não é Pranpriya, é Lalisa e tem bastante tempo! E eu acho que a senhora deveria parar de querer controlar os seus netos! — Minnie me defende.
— Nicha! Respeite a sua avó! — Minha mãe a repreende. — Peço perdão pela minha filha caçula, mamãe. Ela tem passado tempo demais com a Lalisa e seu namoradinho patético.
— Vovó e tia Malee, parem! Estamos aqui para passar um tempo em família! Sem brigas, por favor! — Jennie diz calando todos.
— A Jenn tem razão. — Um cara que nunca vi na vida fala vindo em nossa direção.
— Jennie, meu Deus! Quem é esse homem? E por que ele 'tá aqui? Ele vai nos matar e vender os nossos órgãos! — Grito em desepero.
— Lisa, Relaxa! É só o meu novo namorado. — Ela fala e o homem ao seu lado abraça a sua cintura. — Tae, essa é minha prima, Lalisa. Lisa, esse é o meu namorado, Kim Taehyung.
— Que loucura, Nini... — Digo pensativa. — Eu realmente não te vejo há muito tempo. — Abraço-a.
— Fiquei com saudades, Lali! Essa família é muito mais chata sem você. — Cochicha perto de meu ouvido, seguido de uma risada.
— Prazer, Taehyung! Seja bem-vindo à nossa família! Eles não são muito legais, mas são suportáveis. — Falo a última parte mais baixo, fazendo-os rirem.
Olho para trás e vejo Jungkook vindo em nossa direção. Ele anda de um jeito tão único e sensual. Ainda bem que é meu noivo e eu poderei ver esse caminhar todos os dias, para sempre. Sorrio boba com meus pensamentos.
— Lizzie, tirei tudo do carro, só não sei se organizei no quarto do jeito que você gosta. — Ah, essa voz... É tão única e harmônica. Eu amo esse homem.
— Tá bom, amor.
[...]
O dia passou, revi pessoas que não via há muito tempo, e de fato fiquei muito feliz com isso. Acredito que a pessoa que mais senti falta foi Jennie. Nós éramos muito próximas durante a adolescência, mas com tempo, comecei a enfrentar a minha mãe e evitar ir à casa da minha avó, me fazendo ficar distante da minha prima, pois ela foi criada pela "amada" vovó Manobal.
Foi traumático passar tempo com a minha avó durante a infância e adolescência, porém, hoje foi diferente, ela pegou no meu pé, mas não tanto quanto imaginei. Será que ela se deu conta de que logo logo vai falecer e quer o perdão de todos os netos? Bom... Acho que não, a velha vovó Manobal não é assim.
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Continua...
Próximo capítulo em breve, beijos seguimoresss 💗
Info: 12 páginas, 1791 palavras
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