24- A magia dos sete objetos
(1597 palavras)
Edolon, agora levantando, olhava a lua, olhava o mar, procurava inspiração ou uma luz para o que teria de fazer. Se a magia existe, ela está relacionada com o branco que vê.
Vê tudo branco, assim que fecha os olhos, e milhões de pensamentos se cruzam nos céus da mente. Quais são os pensamentos que deve escolher? As amarras que o prendiam eram pensamentos bem definidos. Qual seria o pensamento certo? Talvez ainda não tivesse sido criado.
A magia é um pensamento, tão contínuo que parece um rio inacabável que se contorce toda pelos caminhos do cérebro. Como apanhar-lhe o princípio e o fim, se a infinitude parece ser uma característica. Não se corta, fazem-se novos riachos, abrem-se novos caminhos e conduzimos a água para onde queremos. Como conduzir a água ao nosso moinho?
Cada um dos objetos mágicos têm a sua finalidade, mas o mais importante é a conexão corpo-mente. Se tudo estiver presente, o caminho é definido e fácil de traçar. Os pensamentos tornam-se decifráveis e serão seguidos. Sabe-se que a pen-drive gira em torno da cintura e emite uma luz vermelha, tal como os restantes estarão em sintonia com os chakras. Sete chakras, sete objetos.
Edolon pensou nos sete objetos, mas faltava o leopardo, sendo que ele mesmo era um objeto como o mestre havia dito. Edolon comunicou com o leopardo.
— Leopardo, preciso de ti porque te vais embora, se fazes parte de mim?
— Sou tu e tu és eu, estou dentro e quero estar fora de ti
Entre mim e ti há um mistério.
O homem não pode estar encerrado em si.
É preciso explorar, ultrapassar o hemisfério.
— Mas se és eu porque não vens até mim?
— Não sinto fome, nem sede, apenas desejo.
Desejo insaciável de saber, de ir além da existência.
De descobrir o que o universo tem a oferecer.
Quero estar fora de ti,
Desbravar novos caminhos, desvendar segredos.
Porque não somos apenas corpos limitados.
Somos espíritos ávidos de conhecimento.
Entre mim e ti há um mistério.
Mas não precisamos nos esconder,
Vamos juntos desbravar este mundo,
E descobrir o que ainda está por acontecer.
— Leopardo, sabes o que cada objeto mágico realiza?
— Na base do mundo há um pen-drive vermelho,
Elemento terra que armazena e guarda.
Segredos e informações da vida que se desvenda.
O violino, cor laranja e elemento água.
Expressa a criatividade e o prazer.
Que nos envolve como ondas que nos embalam.
O espelho, cor amarela e elemento fogo,
Revela o poder da autoestima e da verdade,
Mostrando realidades que muitas vezes não se veem.
A cápsula verde é o coração, elemento ar,
Que nos faz pulsar, sentir e amar,
E nos leva para onde o vento nos quiser levar.
O bilhete azul-claro, elemento éter,
É a comunicação que nos guia na direção certa,
Mostrando o caminho que muitas vezes não se pode ver.
Sou o terceiro olho, cor índigo e elemento luz,
Intuição e sabedoria interior,
Que me guiam na vida com muita certeza e amor.
E tu, és o chakra da coroa, cor violeta e elemento cosmos,
Responsável pela conexão com o divino,
Busca do conhecimento espiritual, que nos leva além do nosso destino.
— Preciso de ti para unir todos os objetos.
Edolon falou e o leopardo apareceu.
Os objetos começaram a circular em volta de Edolon, iluminando o ambiente como um arco-íris. Tudo se fundiu em Edolon, que emanava uma luz branca.
Edolon percebe o que deve fazer. Com os objetos mágicos em plena sintonia, o seu objetivo está claro, salvar os amigos e talvez...
Como saber onde estão os amigos? Tentou procurar na sua mente, mas a resposta não existia em termos de pensamentos. O que é mais forte que o pensamento. Lembrou-se, como por magia, de um pensamento:
"A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo."
A memória é um mundo indecifrável! Uma pessoa pode-se lembrar de uma citação, mas não do seu nome? Seja como for, o pensamento tem agora de estar alinhado com o objetivo, com os chakras, com o mundo e com o cosmos. Com o cosmos, só a imaginação tem tal poder. Não há dúvida! De que forma o cérebro pode admitir o inexplicável, através da inteligência? Não, não seria possível, aceitável, mas não compreensível. Imaginação, a imaginação é a magia.
Edolon imaginou todo o mundo, além dos seus pensamentos, e um lugar negro se fez na sua mente, um lugar no ilhéu onde a sua imaginação não entrava. A imaginação envolve o mundo, mas não entra na escuridão. — Com este breve pensamento esboçou um leve sorriso corajoso.
Edolon, imaginou-se no interior da escuridão. Vi um brilho diminuindo de intensidade, era a luz do mapa de Apolíneo que se extinguia rapidamente.
Alinhou-se, imaginou-se, pensou-se, naquele lugar. Imaginou os seus objetos naquele lugar. Abriu os olhos e tudo era escuridão., estava no ilhéu com os magos.
Com os objetos mágicos em plena sintonia, Edolon sentiu uma energia incrível percorrendo o seu corpo. Levantou os braços e uma explosão de luz branca revelou a lua novamente. Não consegui destruir todos, os corvos, como outrora na floresta, agora eram milhares. Contudo, isso foi o bastante para que os seus amigos, surpresos com o que viam, recuperassem os seus poderes. Edolon tentou novamente evocar a explosão branca, mas o desgaste tinha sido enorme e a explosão não ocorreu.
Morpheus, Apolineo, Dionísios, Niobe e Triny aproveitaram a oportunidade para atacar os corvos com seus poderes, enfraquecendo-os cada vez mais. Enquanto isso, Edolon, concentrou sua energia no violino, que começou a tocar uma música hipnotizante e poderosa. Os monangis foram atingidos pelo som mágico e pararam de atacar.
Edolon evocou o espelho que girava em círculos, e quando um dos corvos se mirava nele e não via sua imagem, desaparecia como um balão que estoura.
Do outro lado do ilhéu, Marta passava as almas ao Corvos, conforme passava as almas os Monangis iam desaparecendo. Restava uma alma, um Monangi, o último a nascer, aquele que continha a parte boa da alma de Cyph.
Um grito agonizante, dado por Corvos, rasgou o ilhéu quando todos os corvos foram destruídos.
Nas mãos de Edolon, uma cápsula brilhou com intensidade, e ele atirou para longe, em direção ao outro lado do ilhéu. Movida por uma rajada de vento que deixou um rastro verde no ar, como um cometa, a cápsula voou velozmente em direção a Corvos. Quando este estava prestes a engolir a última alma, o Monangi sentiu uma atração incontrolável pela luz verde. Como se fosse atraído por magnetismo, a alma nebulosa seguiu o Monangi e fundiram-se, entrando na cápsula. A luz verde virou-se em remoinhos, como um foguete descontrolado, e voltou para a mão de Edolon.
Graças à 'pen-drive' foi possível ouvir a conversa que Corvos tinha com Marta e os outros acompanhantes.
- Vamos embora, a experiência está feita, e outras virão.
- E o homem invisível?- perguntou Mervogian.
- Quanto a esse mortal teremos outras oportunidades. – disse corvos desaparecendo no escuro da noite com os acompanhantes.
Edolon, não pode deixar de esboçar um sorriso de felicidade quando ouviu dizer a Corvos que ele era mortal. "Penso logo existo" ou "Sinto logo existo", não era isso que o fazia contente. Naquele momento o pensamento - Morro logo existo-, trazia-lhe contentamento. Como se a sua existência tivesse ali ficado provada pela possibilidade da morte. Nada o deixava em melhor estado que saber da sua existência.
Nada, isto é, nada em termos filosóficos. A maior felicidade era ter salvo os amigos e estar junto a Triny.
Faltava Cyph, que por magia ou por atração da alma contida na cápsula, ali aparecia. Edolon abriu a cápsula e esta feliz entrou em Cyph. Estranho fenómeno, que não se pode avaliar a felicidade da alma, a não ser pela velocidade que entrou em Cyph, criando neste tal transtorno que não sabia onde estava, apenas dizia em desespero e em posição de luta:
— Onde estão os Monangis? Onde estão? O que faço aqui?
Todos riram enquanto abraçavam Cyph, cientes de que a alma nebulosa encontrou o seu lar.
Como a coisa mais natural do mundo, talvez até sem os dois perceberem, Edolon e Triny estavam de mãos dadas. Quem, nisso, reparou foi Dionísios. E não podendo deixar escapar antes que lhe rata-se os miolos, disse alegremente:
— No meio da escuridão quem brilha é Edolon. Certo Triny?
— A verdadeira luz não está no sol, mas nas almas que ele ilumina — diz Triny, beliscando a camisa, tentando desviar o assunto, para a batalha, pois a luz que Edolon emanou mais parecia o sol. Mas a frase não foi bem pensada, pois só atiçou mais a curiosidade de Dionísios. Triny queria passar a ideia que verdadeira iluminação e brilho não estão somente na fonte física de luz, como o sol, mas sim nas almas que são iluminadas por essa luz. Neste caso, Edolon seria o sol e ele salvou todos e não só a ela. A ideia de que a verdadeira luz vem de dentro de cada um de nós, e que quando deixamos essa luz brilhar, somos capazes de iluminar o mundo ao nosso redor, faz parte da maneira de ser de Tryni, mas como toda gente também tem os seus demónios.
Apolíneo, entreviu. quando Dionísios ia responder com alguma das suas tiradas.
— Edolon, como conseguiu perceber onde estávamos e como chegou aqui?
— A ténue luz que brilha na escuridão desbrava mais trevas que o próprio sol — tentando integrar-se no ambiente, imitando Dionísios. E continuou — Percebi, que aquele lugar estava todo negro, exceto uma pequena luz, a luz do teu mapa. — Quando acabou de falar sentiu uma tontura do cansaço.
— Está na hora de irmos embora. Amanhã Edolon nos explicará tudo direitinho — interveio Niobe.
Os magos se unirão em volta de Apolíneo e desapareceram.
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