18- O passado de Triny.
(1466 palavras)
Edolon e Triny, subiram o elevador, ele já estava desejoso de tomar ar fresco, os olhos já reclamavam por luz natural. O elevador, parou dentro de uma caravana, estavam num acampamento de circo. Uma vila circense de caravanas coloridas e extravagantes que explanavam o universo mágico do circo. A tenda principal, com as suas listras vermelhas e brancas, se erguia imponente, anunciando os próximos espetáculos com as suas bandeiras coloridas balançando ao sabor do vento.
Triny e Edolon foram recebidos por um grupo de pessoas do circo que se aproximaram para saudá-los. Triny apresentou Edolon a eles, mas ele ainda parecia algo tímido e perplexo com o lugar..
"Este é Edolon, um amigo meu", disse ela.
Os membros do circo sorriram para ele, cumprimentando-o com entusiasmo e levando para conhecer o acampamento. Enquanto isso, Triny ficou a observar, um sorriso suave nos seus lábios. Ela estava feliz por ter Edolon com ela.
Eles caminharam pelo acampamento, passando por tendas de diferentes tamanhos e núcleos. Edolon parecia fascinado com tudo o que via, especialmente com a tenda principal, onde havia um grande palco e vários equipamentos de circo. Alguns membros do circo treinavam malabarismos, acrobacias...
"É incrível", disse Edolon, olhando em volta, "Vocês são todos tão talentosos."
Triny sorriu. Ela explicou que eles trabalham duro todos os dias para aprimorar as suas habilidades e encantar o público.
"Mas nem tudo é o que parece", ela sussurrou, olhando para Edolon com um olhar enigmático.
Ele sentiu a mudança na sua expressão e ficou curioso.
"O que você quer dizer?", perguntou ele.
"Este circo é uma fachada", disse ela. "Nós, os que estávamos no jantar mais a Niobe, somos todos magos e usamos o circo como um disfarce para trabalhar em paz."
Edolon ficou surpreso,
" E o resto das pessoas que vemos aqui", disse ele.
Triny riu, "Estas pessoas que vês são mesmo artista, nenhum deles sabe nada sobre nós, para eles somos colegas e artistas também", disse ela. " Temos que nos esconder do mundo exterior para podermos trabalhar em paz. Mas, por vezes, é bom sair e aproveitar um pouco o mundo lá fora." E continuaram a andar, até chegar ao carro de Triny, "E agora, eu gostaria de levá-lo a um lugar especial. Vamos fazer um piquenique na montanha.", disse ela.
Edolon concordou, e eles partiram em direção ao carro de Triny, que estava estacionado num pequeno parque, junto à saída do cerco que envolvia a vila circense.
Edolon estava um pouco ansioso e queria perguntar muitas coisas a Triny, especialmente sobre a sua relação com Chyph, mas ele tinha receio de ser inconveniente e acabou não perguntando.
Enquanto isso, Triny dirigia com cuidado, prestando atenção ao caminho e ao que estava ao seu redor. Um cordão de urzes, antigas de raízes salientes, mostrando o peso da idade, separava a estrada da floresta, composta essencialmente por louro, vinhático e til, alguns carvalhos, davam à paisagem uma cor verde-escura.
A estrada antiga, serpenteada por entre as montanhas, provocava uma viagem, de carro, que desafia a gravidade. O vento soprava forte, balançando as árvores de louro que dominam a paisagem. As folhas verdes brilhavam ao sol, num espetáculo de cores e texturas que só a natureza consegue criar.
A viagem era lenta, mas a vista deslumbrante. O carro sobe e desce, contornando curvas fechadas que se revelam a cada novo trecho. À medida que vai avançando, as nuvens iam-se dissipando.
A luz dourada do sol filtrava-se pelas árvores, criando padrões de sombra e luz no chão. O ar estava perfumado com o cheiro de flores silvestres e ervas aromáticas.
"É lindo aqui", disse Edolon, olhando em volta.
Triny sorriu, sentindo-se feliz por estar com ele.
"Eu sempre venho aqui quando preciso de paz e tranquilidade", disse ela. "O ribeiro fica no final da estrada. É um lugar incrível, você vai adorar."
A beira do ribeiro, a transparência das águas permitia a observação de pequenos peixes e plantas aquáticas, enquanto uma exuberante relva verde se estendia ao longo da margem, proporcionando serenidade e harmonia ao ambiente. Ao meio da tarde, a luz do sol projetava sombras suaves sobre a superfície do ribeiro, que parecem nadar ao sabor da corrente leve. Um antigo moinho de água se erguia em frente ao ribeiro, com grandes rodas de madeira girando lentamente, criando uma atmosfera acolhedora pulsando de vida.
Edolon, olhando para a piscina natural, que a água, ao longo do tempo, tinha escavado nas rochas, estava impressionado como aquele lugar tinha uma história, uma memória, mas ele sentia-se a apenas como a corrente, que corria, sem saber da sua própria história.
"Este lago deve ter uma bonita história.", disse Edolon. De fato, a paisagem natural de um lago e uma pequena corrente de água pode ser vista como uma metáfora para a relação entre o passado e o presente. O lago representando o passado, que pode ser profundo, vasto e cheio de memórias, a corrente representando o movimento da vida. Essas memórias podem ser bonitas e serenas, como a superfície lisa e reflexiva do lago, ou podem ser perturbadoras e escuras, como um lago turvo e sombrio. Boas ou más recordações, não tinha, no momento importância para Edolon, o que seria bom era ter memória, como se a existência, ou melhor, a identidade dependesse do que tivéssemos vivido.
Triny, olhando em volta, para o desgaste sofrido pelas rochas, e a beleza do lugar disse: "Parece que água, é uma escultora, uma artista para criar algo tão belo. Se falasse este lugar teria com certeza muitas histórias para contar."
Edolon, sentiu uma leve tristeza, encoberta pela alegria de estar com Triny, e disse, "Eu também gostava de ter uma história, por vezes sinto que não existo."
Triny, olhando para as águas calmas com uma ligeira corrente, de forma nostálgica, "A memória é como o lago, quieta e profunda, enquanto a corrente é como a vida, segue. Mas a água que está no fundo, um dia há de vir acima."
Ele, olhou para o moinho e olhando para Triny, tentando colocar o ambiente menos profundo, "Águas passadas não movem moinhos."
Ela, olhando para Edolon, e a seguir baixando a face, e com as mãos suavemente inquietas beliscando o seu vestido, "Por vezes, é difícil esquecer o passado".
Ele colocou a mão sobre a de Triny, "Eu não me lembro, é como se não existisse."
Triny, sentiu um impulso de contar a Edolon um pouco do seu passado, "Sabes o meu poder nem sempre foi como é agora. Tinha um poder, que não sabia usar, causava mal às pessoas, colocava-as doentes."
Edolon, apreensivo "Como assim?"
Triny, sorriu, mas os olhos permaneciam sérios, "Agora consigo curar as pessoas, antes quem se aproximava de mim, ficava doente. A origem do problema, foi quando beijei um rapaz pela primeira vez, em que senti que lhe retirava a energia, ele afastou-me, quase sem força, completamente pálido e abatido. Depois foi sempre a piorar. A minha mãe levou-me para uma casa isolada no campo. Tentei... tentei com todas as forças que ela se afastasse de mim, mas ficou sempre comigo. À noite, rezava para que ela não me viesse ver, mas vinha todas as noites aconchegar-me os lençóis, eu fingia que dormia, desejando que saísse rápido. A minha mãe acabou por falecer uns meses depois. Vivi sozinha durante um ano, até que Cyph me encontrou, pressentindo algo em mim, ele ajudou-me, Cyph tem o poder de retirar e pressentir o veneno, a maldade, no corpo de alguém. Após encontrar-me e me retirar o veneno que existia em mim, levou-me ao Mestre que me treinou, durante estes dez anos, desenvolvendo o meu poder de forma saudável. O mesmo fará contigo. Por isso eu tenho muita dificuldade em relacionar-me com alguém, fujo, não suporto recordar o passado. Tentei amar, Cyph, mas nunca consegui para além da amizade e da gratidão que me liga a ele."
Edolon, olhando para Triny com ternura, "Você é incrível, e como a água corre também você vai superar isso. Eu estou grato a você, pelo que tem feito por mim."
Triny, corando, "Obrigada, Edolon. Mas a verdade é que ainda tenho medo de me aproximar das pessoas, devido ao meu poder, e as recordações que ele me traz. Agora vamos falar um pouco de magia. Eu quero ajudar-te. Todos nós, exceto você, que tem mais que um, incorporamos um objeto, onde a nossa energia mágica está canalizada. No meu caso, é um livro, que representa o que está antes e depois." Disse, juntando as mãos, e depois separando-as, lentamente. À medida que separava as mãos, um livro surgia, envolto numa aura dourada, como se fosse um holograma.
Quando Triny, olhou para Edolon, para ver a sua reação, Edolon, já tremia em esforço, algo dentro de si, se manifestava com uma força impetuosa. Ele gritou, e a pen-drive circulou em volta da sua cintura, acompanhada por uma luz vermelha, que se expandia rapidamente. Um vento soprou forte, folhas eram arrancadas das árvores, a intensidade aumentava, ramos se partiam.
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