Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

5

Os dias se passam rápido, os treinamentos continuam cansativos, porém, bem mais divertidos. Tobias ainda me fazia treinar mais do que as meninas do time, mas eu não via aquilo como um problema, ainda mais quando ele se envolvia nos treinos e se exercitava comigo. Conversava comigo sobre o seu passado e seus sonhos futuros.

No segundo jogo das quartas de finais, nós ganhamos, e como já havíamos ganho a primeira partida, nos classificamos para a semi final. Tobias me deixou participar daquelas disputas, sabendo que eu conseguiria contribuir com o time e, na hora certa, quando Cotty, ergueu para mim e eu fiz o corto, marcando o ponto, deixando todas as meninas de boca aberta. A partir daquele momento, Sabrina e sua gangue pararam de pegar no meu pé a respeito de minha importância no time e começaram a implicar sobre o meu envolvimento com Tobias.

Mas eu já não me importava mais com a sua implicância. Eu sabia o que eu queria o que eu tinha que fazer para alcançar os meus objetivos. Quando você está na estrada da vida, sempre encontrará pelo caminho buracos para te fazer mudar de rota, pedras para te fazer tropeçar e cair; diversos desafios para te desaminar. Contudo, se você persistir, a vitória será certeira.

Sempre teremos que enfrentar desafios, não importa o ramo dos nossos sonhos. Encontraremos pessoas que nos apoiam e nos elevam e outras que tentarão nos afundar. Por isso temos que ter discernimento para quem nós daremos atenção, pois nossa escolha posterior pode ser fatal.

Após treinar diariamente, os jogos das semi finais chegaram e jogamos contra o Bate-Pará Voleibol. Foi preciso 3 jogos para decidir quem iria para a final. O adversário jogou muito bem, mas não foi surpresa nenhuma, já que elas pegaram a segunda colocação de pontos. Vencemos no sufoco e isso mostrou que talvez não conseguiríamos vencer o time Dragão, nosso inimigo mortal.

No final da tarde, da véspera do jogo, Tobias me convidou para passear e relaxar um pouco, ao invés de ficar treinando naquela noite. Andamos pela Faria Lima despreocupado com os possíveis fãs, que já estavam especulando um namoro não oficial entre nós. Poderia admitir que havia muita química, mas não poderia misturar um relacionamento amoroso com o trabalho, só complicaria as coisas, e ele entendia aquilo.

— De onde surgiu seu sonho de se tornar jogadora? — ele me pergunta, roubando uma colherada do meu sorvete de flocos. Olho-o avisando que escapou da morte por um triz, pois na próxima não teria perdão. Mas ele não me teme e rouba mais uma vez.

— Acho que foi quando eu conheci a Danny Costa — respondo, também furtando um bom pedaço do sorvete de morango dele. — Ela foi palestrar na minha escola, os professores a convidaram para ela fazer um discurso motivacional para trazer mais jovens ao esporte. Eu tinha trezes anos e havia acabo de mudar de escola, por causa do meu pai, que havia falecido e não tínhamos como mais me manter em uma escola particular.

— Eu sinto muito — Tobias me oferece o sorvete, me agradando com aquela triste lembrança.

— Obrigada. Depois daquilo, eu me encontrei no esporte. Antes era uma forma de escape da dor, mas depois eu vi que poderia seguir os mesmos passos que a Danny, incentivando as pessoas a fazer algo além. Marcar o mundo com alguma ação nossa. Ela sempre dizia: "Você pode ser o que você quiser, desde que acredite nos seus sonhos e lute por ele". Como eu sou descendente de indígenas, eu sofri muito bullying e o esporte me ajudou a me curar dessas mágoas e abrir a minha mente para um universo que eu não enxergava antes.

Continuo contando para ele a forma que eu cresci, que após acabar a escola, eu segui esse sonho de ser jogadora de vôlei, treinando em clubes esportivos da prefeitura e me destacando, sendo assim convidada para torneiros de municípios, cidades e depois estaduais. Falei de minha amiga, Júlia, que também treinava comigo e caminhava ao meu lado. Quando percebemos, já estávamos em torneiros nacionais e sendo convidadas para times profissionais.

— E você? Por que ser treinador? — devolvo a pergunta, nos sentando em um banco que havia pelo caminho.

— Eu nunca gostei de ser o centro das atenções, mas eu sempre tive apresso em liderança, a encontrar soluções para os problemas. Meu pai viu isso em mim quando eu estava na escola ainda, por assisti-lo em seus treinos e dar bons conselhos do que fazer ou qual jogadora trocar... Eu fiz faculdade de educação física e fisioterapia enquanto trabalhava com meu pai. Apesar de toda jogadora ter o seu nome em destaque, gosto de pensar que eu quem a ajudei chegar onde está hoje.

— Então podemos te comparar com um escultor? — sugiro e ele anue, entendendo o que eu queria dizer.

— Sim, eu as lapido, faço aparecer o brilho que tem, mas sempre fico nos bastidores, enquanto todos apreciam a obra de arte.

Olho-o e coro um pouco.

— Está me chamando de obra de arte?

Tobias me fita, inclinando o seu corpo em minha direção e puxa um sorriso sedutor, um que ele começou a expor mais, antes de responder:

— Estou. E desejo chamá-la assim todos os dias, se me permitir.

Ele me olha com ansiedade por minha resposta e desejo em prosseguir as suas ações. Eu também ansiava por aquilo, mas sabia que misturar trabalho e relacionamento não daria muito certo. Tobias, percebe a minha hesitação antes de me pronunciar e acrescenta:

— Receio que não deseja namorar agora, ainda mais com a sua carreira promissora. Eu entendo e por isso eu ficarei aguardando por sua resposta. Não precisa me dá-la agora. Quando mudar de time, sabia que eu estarei te esperando, o tempo que for necessário.

Sorrio por amar a sua sinceridade e sua compreensão com a minha decisão. Tobias, nessas últimas semanas me conheceu também, que já sabia de minhas preocupações em focar no jogo e por não ter pressa em começar algo agora, ainda mais com alguém do time. Talvez o homem que eu esperava conhecer estava ali na minha frente, e eu não havia reparado.

— Obrigada por me entender, Tobias. E o que o faz pensar que já me escolherão?

— Lembra que eu sou o seu treinador, certo? Conheço a jogadora que eu treinei e a vi batalhando para merecer o reconhecimento que tanto esperou. Não vai demorar muito para te encontrarem.

Rio e o olho, esperançosa para aquele novo passo do meu sonho. Não era o fato de mudar de time, mas mostrar a minha superação com o meu trauma e que eu consegui me reerguer com ajuda das pessoas certas e que, agora, estava continuando a sonhar com o que eu tinha em mente e torná-lo real. Inspirar aos futuros jogadores e, quem sabe, outros jovens com outras profissões e crer que tudo é possível de acontecer. Bastava um pouco de fé e coragem.

🏐🏐🏐

A final chegou e todas nós estávamos entusiasmadas com a partida. Seria épica. Finalmente teríamos a chance de vencer o Dragão e ficarmos em primeiro lugar. Sem dizer que seria um privilégio jogar contra Júlia, minha amiga. Quando eu me feri, ela mudou de time, por ter acabado o contrato e perdemos o contato também, por isso eu estava animada em reencontrá-la em uma final importante.

No primeiro set, Tobias me deixou no banco, eu sabia que havia feito isso para eu estudar o inimigo, pois havia sido contra eles que eu me feri e tinha muita coisa em jogo: meu trauma, que eu já tinha resolvido internamente, mas como eu ficaria ao jogar contra eles novamente? O título importante para nosso time ganhar. Toda aquela ansiedade em jogar, mas o medo de me atrapalhar e errar o básico.

Já tínhamos feito 1 X 0, mas no começo do segundo set, o time desandou e começaram a ter muita bola fora, erro de saque, coisas que deixava nosso treinador muito irritado, porque ele nos treinava justamente para não cometer esse tipo de erro. No time break, ele solta os cachorros para cima das meninas, fazendo o time voltar a ter sincronia, só que o tempo de reação delas para voltar foi atrasado, perdendo de 25 X 19.

— Está preparada, Dina? — Tobias pergunta, ao parar em minha frente e levantar o seu boné de minha cabeça. Quando o jogo tinha iniciado, ele colocou sobre mim, como uma forma de me dar apoio e confiança, em eu crer em minhas habilidades e no nossos treinamentos excessivos.

Solto um suspiro longo, tirando todo pensamento tenso de minha mente e sabendo que, ao entrar ali, não poderia carregar mais as minhas dúvidas e temores. Somos uma família e tínhamos que todas nós estarmos juntas e em equilíbrio para fazer acontecer. Anuo, ficando de pé e me alongando um pouco.

— Estou, treinador — encontro com os seus olhos azuis, que concorda comigo. Ele também parecia estar nervoso, mas não fala nada sobre aquilo. Ambos sabíamos que aquele jogo era muito importante para mim. Devolvo o seu boné, fazendo-o puxar os lábios um sorriso terno. —Obrigada, Tobias.

Ele troca a jogadora, para eu entrar no jogo. Sinto a adrenalina a cada passo que eu dava para assumir a minha posição. Agora era hora da virada.

O início da partida foi desafiadora, ambos os times estavam se esforçando para ganhar aquele set e ter uma vantagem no jogo. Mas estava difícil quebrar aquela marcação e a sequências de pontos que vinham fazendo, nos obrigando a marcarmos um ponto de cada vez. As nossas oponentes tinham saques potentes e cortes poderosos, que nos faziam cansar com mais facilidade.

Minhas companheiras reclamam só com o olhar para nós das dores nos braços, pelos impactos. Por isso, eu me sinto na obrigação de devolver aquela saudação. Quando Coty levantava para mim, eu mirava no fundo da quadra, sendo os buracos que as jogadoras deixavam. Marquei muitos pontos assim, mas elas eram teimosas e me bloqueavam, fazendo outras bolas voltarem para nossa quadra.

A torcida acompanhava aquele jogo inebriados com a adrenalina e a emoção de ver qual time sairia vencedor. Escutava eles vibrarem com os pontos, uivar com o time adversário. Todos estavam sintonizados com aquela partida.

Quando nosso time chega ao set point, a pressão sobe. Solto a ar e me preparo para o saque. Vejo a garota do time adversário se preparar para o saque e, é quando eu reparo em Julia, ali em minha frente. Ela observava as minhas amigas, até seus olhos encontrarem com os meus. Meu estômago se embrulha e eu perco o ar.

Estava tão concentrada em jogar e vencer, que mal havia reparado nela. Eu lhe daria um sorriso, se não fosse a forma na qual ela me encarava: não era de um jeito amigável. Seu semblante fechado, pelo que eu me lembrava, que ela queria impressionar alguém. Ela só ficava séria assim quando queria intimidar alguém e mostrar que era superior as outras — havia sido as palavras dela e não minhas, em uma vez que eu perguntei porque existia partidas que ela sorria mais e outras que ela parecia que mataria alguém.

Aquilo me faz refletir do por que ela me encarava. Eu teria feito alguma coisa em nossa amizade, para ter acabado com tudo? Teria sido alguma falha minha, para termos perdido o contato?

O juiz apita e eu perco a noção do que fazia, pela diminuição de adrenalina e concentração. A bola vem em minha direção, mas eu, por falta de atenção, a pego de mal jeito, fazendo ir para longe da nossa quadra. As minhas companheiras até tentam recuperá-la, mas não conseguem. Sendo assim, ponto de Dragão, 26 X 25.

Coço a cabeça e evito olhar para Tobias, pois saberia que já estava me analisando para entender o que eu havia feito. Minhas companheiras batem as mãos, se dando apoio moral e eu assinto, voltando para a minha posição. O juiz apita e está permitido o saque.

Fico na posição e me concentro em jogar. Depois eu teria chances de conversar com Julia e perguntar porque aquela atitude fria comigo. A moça saca novamente em mim, mas desta vez, eu estava pronta e ergo para o levantador, que passa a bola para a Sabrina.

Ela é bloqueada em seu ataque, fazendo nossa líbero ter que mergulhar para conseguir recuperar a bola em nossa quadra. Ela consegue. Novamente Coty levanta a bola para mim, que exploro o bloqueio, mas elas conseguem buscar a bola e continuar na jogada.

No momento em que elas cortam, eu e Coty bloqueamos, mas a bola passa por nós e acerta Chris, que defende e cai no chão com o impacto do corte. Mais uma vez, Coty levanta para mim e eu corto, contudo a bola vai para fora e o juiz apita encerrando aquele set.

O meu time começa a andar para sair da quadra, para descansar um pouco, tomar uma água, mas eu encaro Julia e a sigo com os olhos, tentando chamá-la para conversar com ela. Sei que poderia fazer aquilo mais tarde, porém, eu não aguentaria até o final do jogo aquela dúvida do que houve entre nós. Não havia sido somente o meu acidente e a mudança de time que a fez se afastar de mim.

— Julia! Julia! — grito me aproximando da rede, vendo-a se distanciar. As outras jogadoras me olham, confusas e frias, não gostando da minha tentativa de conversar.

Ela me olha, mas me ignora, dando de ombros e continuando a andar. Aquilo ferve o meu sangue e eu ponho a mão na rede, com o intuito de passar para o outro lado. Todavia, Tobias põe a sua mão em meu ombro, me impedindo de continuar.

— Eu preciso conversar com ela — digo, sem olhá-lo e tirando a sua mão de mim, para ir ao outro lado da quadra.

Mas ele me segura e puxa para me afastar.

— Depois do jogo, Dina.

Aperto a minha mão fechada, com raiva, mas eu sabia que não era a culpa dele. Só que eu tinha uma mau pressentimento, alguma coisa mal resolvida entre nós, que não me permitiria jogar como eu sei fazer, se eu não colocasse todos os pingos nos is. Aquilo se infiltraria em minha mente de tal forma, que me bloquearia de enxergar o jogo e me fazer errar ponto após ponto.

Respiro fundo e olho para bem dentro dos olhos azuis de Tobias, suplicando para ele me ajudar a resolver aquilo.

— Por favor, Tobias. Eu preciso falar com ela agora. Eu não sei explicar... — ele me tira da quadra, colocando-me para sentar e se ajoelha em minha frente, para me escutar.

— Foi por isso que errou aquela recepção. — ele conclui e ergue o meu queixo para eu continuar olhando em seus olhos. Eu assinto, vendo-o suspirar e olhar para o lado, pensando em algo. — Tudo bem, eu vou ver o que eu posso fazer. Só aguarde aqui, por favor.

Tobias se vai e eu fico esperando, pegando uma toalha, que uma pessoa da equipe me entrega e ponho no pescoço, enxugando o suor. Aproveito e tomo água refrescando o meu corpo quente e o calor que sentia por causa da partida.

Escuto-o me chamar e eu vou ao seu encontro, vendo o treinador do time Dragão e Júlia ao seu lado.

— Vamos ter dar um pouco de privacidade para conversarem — professa Tobias, se afastando junto com o técnico do outro time.

Meu coração bombardeava meu peito com a intensidade daquele momento. Fito-a e reparo que ela não estava muito contente em ter que conversar comigo.

— Julia, eu te fiz alguma coisa? Depois que eu me feri, você sumiu... — eu pergunto diretamente o que eu queria, porque não tinha tempo para perder.

— Claro que não. Por que você acha isso? — ela pergunta, franzindo o cenho e cruza os braços, desconfortável com a minha presença.

— Porque eu te conheço e eu a vi me olhar daquele jeito obstinado, quando quer se vingar de alguém — respondo, avançando o passo. Seus olhos castanhos de desviam do meu olhar e ela mexe em suas unhas.

— Não parece que me conhece tão bem, querida — ela abre um sorriso ordinário. — Nós nos separamos e fim. Não há nenhum mistério nisso. Não sei porque está fazendo um dramalhão. — Mas então ela solta um riso, com algum pensamento seu e me olha com diversão. — Acho que eu sei porque está fazendo isso: sabe que perderá para nós e está tentando sair do jogo, sem ser prejudicada. Só que você não acha que fica meio repetitivo isso, Dina? Da última vez que saiu do time, por causa do acidente, você também estava enfrentando o Dragão.

O que? Eu pisco, perplexa e embasbacada com as palavras dela. Por que ela me diria aquelas coisas maldosas? Júlia não era assim.

— E você também — afirmo, porque eu me lembrava perfeitamente daquele momento em que eu me feri. Julia havia erguido a bola para mim.

— Não exatamente — ela me confidencia, se aproximando de mim para que ninguém mais escutasse a nossa conversa. — Eu escutei uns dias atrás, antes daquele jogo, que estavam interessados em nós, mas não queriam te perder, por isso pagariam o dobro para você, por ser muito importante para o time. Como o meu contrato já estava no fim, eles não iriam renovar e eu poderia ir para outro time. Eles nunca me quiseram.

— Julia, eu não estou entendendo...

— Você nunca percebeu, não é? Você sempre foi o centro das atenções, sempre foi a queridinha. Até na escola, quando jogávamos. Mas eu me cansei de ficar na sua sombra e resolvi agir.

Franzo o cenho, processando as informações. Eu não sabia daquela inveja que ela tinha sobre mim, sobre o que eu fazia por minha dedicação e horas de treinos para ser a melhor em quadra. Ela sorri, quando percebe que eu estava seguindo para o caminho que ela desejava.

— Começou a entender? Eu lutei para entrar nos clubes, nos quais você era convidada a participar. Até parecia que o destino nos obrigava a permanecer juntas. Então eu resolvi alterar o meu destino. Precisei pressionar um pouco mais forte a bola do jogo e bingo. Eu me mudaria de Clube, a favorita do jogo estava fora das quadras e não seria mais uma sombra.

Julia abre um sorriso asqueroso, mexendo as mãos, satisfeita com o estrago que causou em meus sentimentos e concentração no jogo.

— Eu não tenho mais nada para te dizer, querida.

Ela se vira, mas eu a impeço, segurando o seu braço e a faço ficar no lugar, dando uma encarada no treinador dela, que estava atento em nós. Julia abana a mão, como final que não precisaria se preocupar.

— Você me fez eu me acidentar de propósito? — fico em segundos sem reação para a sua declaração. — É isso que vc está me dizendo? Tudo isso porque você não conseguia se destacar com os seus próprios méritos?

— Finalmente você me entendeu, índia. Por que você não volta para o mato, onde é o seu lugar?

Por um segundo eu fico cega de raiva e o sangue sobe para a cabeça. O seu insulto fere o meu coração e toda consideração que eu tinha por ela, me fazendo agarrar o seu braço com força e ela gritar com a dor. Todos olham para nós e correm em nossa direção, para nos separar da possível briga que teríamos.

Todas as companheiras de Julia, chegam me empurrando, mas as minhas me dão cobertura, me defendendo os ataques elas. Sinto mãos fortes me segurando pela cintura e me puxando para trás, me separando da confusão. Não precisava olhar para trás para saber quem em era.

O juiz veio correndo soprando o apito para acabar com a confusão e tira do seu bolso um cartão amarelo, apontando para mim por ter causado uma briga. Ergo os braços, em redenção e os ânimos não diminuem, ao soar a volta da partida. Aquele set seria tenso.

— Está mais calma? — ele pergunta, me virando para olhá-lo. Mexe o pescoço, como forma de me descontrair um pouco e relaxar a dureza dos meus músculos com tudo aquilo. — Dina, você está bem?

— Estou! — exasperada, por não conseguir me acalmar como planejava, eu recruto. Ao encontrar os seus olhos azuis, eu passo a mão pelos cabelos, sabendo que não deveria estar respondendo assim o meu treinador. — Desculpa. Eu estou.

— Ótimo, porque você não participará deste set.

— O que? — questiono-o, indignada com a sua decisão. Eu sabia que era justo, por causa do fuzuê que eu provoquei, mas eu não poderia acatar a sua ordem de ficar no banco. Não depois do que ela havia me revelado. — Você não pode fazer isso! Não depois...

Ele somente me encara, esperando pelo meu lapso momentâneo de raiva. Piso duro no chão e aperto os meus punhos. Eu tinha que me acalmar, senão seria até proibida de jogar nos próximos torneios.

— Eu não estou te impedindo de jogar agora, mas eu não permitirei ir em quadra com essa raiva. Isso só irá te atrapalhar. Dina, eu a treinei e percebi que sabe lidar com a pressão, quando os seus sentimentos não estão juntos. Por isso que, neste set, você não participará. Agora, venha e senta comigo, o jogo irá começar.

Eu obedeço sabendo que ele estava certo. Não conseguiria a minha vingança com aquela cabeça quente. Quando elas ganhassem o set, Tobias me colocaria de volta e, seria nessa hora que eu teria a minha justiça.

🏐🏐🏐

O jogo foi intenso, ambos estavam fervilhando por causa da discussão que teve entre eu e a Julia. Porém, isso não impediu que o meu time revidasse à altura, abrindo uma diferença de 15 pontos no placar. No final ganhamos o set por 25 X 13. Foi um massacre e eu amei assistir Julia ficar irritada e preocupada com a possível derrota.

Estava pronta para o set decisivo. Tobias me olha, não parecendo se arrepender do que havia me prometido e me troca novamente de lugar para eu poder entrar acabar com aquele jogo. Antes de eu entrar, ele me diz:

— Não entre no jogo dela, foque no que você sabe fazer — eu assinto saindo do lugar, mas paro quando ele continua a falar e estica o punho para mim: — Ah e ganhe no que ela acha que sabe fazer.

Rio e bato o meu punho no seu, encontrando com os seus olhos azuis me observando com intensidade e um sorriso bonito nos lábios, para mim. Retribuo o sorriso, corada. Eu não queria mais vencer para humilhá-la, mas seria por mim. Para colocar um ponto final com toda aquela história. Um recomeço.

A adrenalina permanece nesse último set, sentia que todas jogavam por mim, para me ajudarem, e claro que era pelo nosso do Gaio-Azul, que estava em jogo. Para obter os primeiros pontos foi árduo o jogo, erramos muitas bolas de cortes, defesas que não poderíamos ter permitido passar.

No time-break, Tobias grita conosco similar aos treinos, nos motivando a reverter o jogo. E funciona. Conseguimos fazer uma sequência de 6 pontos seguidos, empatando em 12 X 12. O match point se aproximava, mas não poderíamos nos dar o luxo de ganharmos na base daqueles dois pontos, tínhamos que definir a vitória antes delas fazerem 14.

Não funciona. O Dragão vira o jogo e força a vitória, mas não permitiríamos levar remorsos para casa. Lutamos, suamos e entregamos o nosso sangue por aquele jogo.

Respiro fundo quando chega a minha vez de sacar. Bato a bola no chão, mentalizando o que eu queria fazer, igual aos treinamentos. Soa o apito e eu conto os segundos, esperando o tempo passar e passador 8 segundos, eu saco uma bola flutuante. A bola vai até o fundo da quadra e pega em cima de linha. Ace.

Olho para o placar: 15 X 15, se eu conseguisse fazer mais um ponto assim, abriríamos uma vantagem e só faltaria um ponto. Tento no mesmo lugar, porém a bola bate na rede e perde a sua força, sendo entrega de graça para o time adversário.

Elas atacam e a bola vaza com o bloqueio, dificultando que pegássemos, fazendo um ponto sobre nós. No outro saque, elas erram, deixando o placar igual novamente. Respiramos fundo quando o saco é do nosso time. Dá certo, mas elas atacam com vigor, obrigando a nossa líbero quer que pegar a bola que veio espirrada com o pé. Coty ergue e Sabrina marca o ponto.

Era match point agora.

O saque sai perfeito, sendo forte e complicando para a jogadora pegar, mas a companheira dela a ajuda e ergue a bola para a atacante. O corte é tão rápido que nem temos tempo de reação. E lá se foi o ponto extra.

O jogo chega a 18 X 19 para nós. A exaustão nos afeta, nos fazendo errar passes óbvios, mas não somente a nós, o outro time também falhava. Aquele tinha que ser o ponto da vez!

Elas sacam e recebemos a bola, Coty ergue e eu corto no bloqueio, mas conseguimos continuar, ela ergue mais uma vez para mim e eu coto no fundo da quadra. O juiz apita que foi para fora, mas Tobias pede o desafio, alegando que foi dentro.

Todas nós esperamos pelo resultado, olhando para o telão onde mostraria o percurso da bola. Vemos a quadra de fundo e a bola pingando bem no final da linha. Nós gritamos, comemorando o ponto, pois seria nosso. O juiz apita nos dando o ponto e nós vencemos por 20 X 18.

Fim de jogo.

Nossa equipe comemora se abraçando e as outras jogadoras também festejam vindo até nós. Eu sorrio feliz por ter conseguido fazer a minha parte na equipe e marcar pontos necessários.

— Ei — Sabrina me chama. — Fez uma bela partida, mas não me engana a respeito de você e o nosso treinador. Posso não estar jogo, mas sei reconhecer um homem comprometido. O conselho não se agradará com essa falta de responsabilidade de ambas as partes.

Eu assinto, sem saber se ela estava me alertando sobre o futuro problema que nós teríamos ou me ameaçando, por ter ficado enciumada por Tobias preferir a mim, ao invés dela. Dou  de ombros, sem me preocupar com aquilo momentaneamente e procuro por ele naquela festa.

Seus olhos já estavam sobre mim, antes de eu fitá-lo, com isso coro, tentando arrumar o meu cabelo emaranhado e a roupa coberta de suor. Eu não poderia fazer milagres, mas poderia tentar parecer menos descabelada. Cruzo os braços atrás do meu corpo, acompanhando os seus passos até mim.

— Dina Caiubi — Tobias pronuncia o meu nome rompendo com todos os limites permitidos. A diretoria certamente chamaria atenção pelo seu comportamento. — Está tentando se arrumar para mim?

A quentura sobe ainda mais, me fervendo por inteira. Meu coração já tinha encontrado um dono, mas eu não sabia se poderia entregar mesmo para ele, com todos os riscos que tínhamos em nossos mundos. Ele estaria disposto a tudo?

Reparo em seu sorriso provocador e na maneira que me fitava intensamente. Eu o conhecia e acho que valeria o risco.

— Certamente foi para as câmeras. Sei que a minha volta causou um furor, ainda mais agora que eu sai brigando em quadra — comento conseguindo fazê-lo rir. Respiro fundo e pergunto, a sua opinião me importava muito, porque ele quem me guiou desde o acidente até a minha recuperação total. — Como eu sai na partida?

— Como uma jogadora profissional — alargo o sorriso e recordo do seu questionamento de quem nós éramos em um do treinos. Aquilo era um baita elogio. — Está pronta para voar às alturas? Teve gente interessada em te contratar — ele comenta ficando ainda mais perto.

Meu coração acelera, pois o que eu queria fazer mudaria tudo entre nós. Mas eu não me arrependeria das consequências. Desvio o olhar para os seus lábios e subo para encarar os seus olhos azuis, que fitavam meus lábios também.

— Tem, é? Mas e você? — flerto mordendo os lábios e elimino todo centímetro que havia entre nós. — Vai estar na arquibancada me assistindo?

Inclino a cabeça e faço um beicinho, imaginando como seria legal partir, mas tê-lo junto comigo em minha jornada, que mal havia começado. Eu tinha sim iniciado a trajetória como o seu sonho, contudo, qual é a graça de conquistar o mundo sem ter com quem compartilhar a sua vitória? Eu queria um companheiro para essa minha nova etapa. Alguém para me apoiar e me aconselhar quando eu precisar, para quem eu posso surtar com toda a tensão que vivo e me alegrar com cada degrau que passármos.

Uma pessoa para testemunhar cada desafio que o meu sonho me proporcionará e me ver, saindo dessa caminhada, vitoriosa.

Tobias retribui o sorriso e, nada profissional, põe a mão em minha cintura, me puxando para mais perto e não se incomodando com o resto, com os olhares e falatórios.

— Eu serei aquele torcedor que gritará mais alto por você, quando marcar os pontos.

E ele me beija, com uma promessa, uma entrega e liberdade. Eu me deleito em seus braços sabendo que os meus sonhos, em suas mãos, estariam completamente seguros.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro