XXXIII
Crystal
- E aí Crystal, como acha que se saiu no exame de hoje?
Tyler, um dos meus colegas mais próximos de classe pergunta ao se aproximar de mim.
- Acho que me sai bem. Mas com certeza valeu a pena todas as tardes que passamos estudando.
- Isso é ótimo! Porque a gente não reúne a galera pra tomar alguma coisa?
- Acho que seria uma boa idéia.
- Beleza! Eu sei onde encontrar a Liss e a Amélia.
- Eu encontro os outros.
- Nos vemos lá fora então. - eu concordo com um leve balançar de cabeça.
Ele segue no sentido contrário do corredor.
Ao ligar meu celular, vejo que tinha quatro ligações da Izzy. E pela sua insistência, já que não conseguiu falar comigo e me enviou mensagem, deve ser algo importante.
Quando leio sua mensagem, toda a cor do meu rosto se esvair.
Crystal, seu pai sofreu um acidente de carro. Quando ver essa mensagem, corre para o hospital Sta Marie!
- Ai meu Deus...
Sem pensar duas vezes, peço um carro de aplicativo, e corro para o hospital. No caminho mando uma mensagem para o Tyler, e explico que não poderei sair com eles.
Ao chegar no hospital, paro rapidamente na recepção e procuro pelo meu pai.
Antony
- Izzy...você não precisa se preocupar, eu estou bem. Acredite.
- Como pode estar bem com a perna desse jeito?
Ao olhar mais uma vez para minha perna, vejo um corte superficial, e uma pequena quantidade de sangue. Mas devo confessar, meu tornozelo incomoda bastante.
- Isso não está tão ruim. Mas o médico já já chega com a radiografia, e saberemos mais sobre a minha situação.
- Eles precisam fazer exames mais detalhados. Só uma radiografia da sua perna não é suficiente.
- Izzy...
- Sr Moretti!? - o médico entra na sala.
- Sim, Dr!
- A radiografia mostra que o osso do seu tornozelo está trincado. Então precisaremos colocar uma tala. - ele puxa uma cadeira próximo a mim, e pega minha perna cuidadosamente para verificar.
- Mas Dr, ele também está sangrando. Como pode ser só isso? Não vai pedir mais exames?
- Izzy, se acalma, por favor. - tento apaziguar.
- Ela também estava no acidente? - o médico questiona.
- Sim, Dr. Ela foi examinada, e está bem.
- Entendi!
Ele pega a prancheta dele e anota algo, depois volta a dar atenção ao meu tornozelo.
Apesar da batida ter sido, consideravelmente forte, somente eu me feri, e não foi nada grave. Mas a Izzy parece ter entrado em desespero, e desde então tem se mostrado muito agitada.
- Bom, Sr Moretti, você precisará ficar com a tala por três semanas, e terá de ficar em repouso nesse período. Nada de esforços, ou sua situação se agravará para uma lesão mais grave. - ele volta a pegar a prancheta e faz mais algumas anotações. - Eu vou lhe prescrever alguns medicamentos para dor, e recomendar o uso de muletas, pois seu pé esquerdo está inapto para qualquer tipo de locomoção.
- Entendi, Dr.
- E para a Sta, vou prescrever um calmante.
- Eu não preciso disso, e mesmo que insista em me dar uma receita, eu não tomarei.
- A Sta só precisa de uma dose agora. Depois estará melhor. - o médico se levanta.
- Mas...
Izzy começa a protestar, mas a toco no braço, e com o olhar, peço que apenas aceite. Ela não diz mais nada, e então o médico se retira.
Cerca de duas horas depois, eu vejo a Crystal vindo em minha direção no corredor do hospital.
- Pai!? - indaga ao se aproximar de mim. - O que houve? Você está bem? - pergunta esbaforida.
- Calma, princesinha, eu estou bem.
- A Izzy me mandou uma mensagem, dizendo que você havia sofrido um acidente de carro. - ela agacha para ficar na minha altura, já que estou em uma cadeira de rodas até providenciar as muletas.
- Crystal, a Izzy estava muito nervosa com o acidente, e fez um grande alarde do que aconteceu.
- Por falar na Izzy, onde ela está?
- Ela precisou de um calmante, pois estava bem agitada. Mas logo ela deve despertar e poderemos ir pra casa.
- Você está bem mesmo, pai? - sua expressão é triste. - Eu sei que você gosta de bancar o durão, mas tem momentos que podemos nos permitir parecer um pouco mais frágil.
Eu toco carinhosamente seu rosto, e ela põe sua mão sobre a minha.
- Eu estou realmente bem. Só vou precisar ficar de molho por algumas semanas. Mas foi apenas uma lesão leve no tornozelo.
- Tudo bem então pai, eu vou ver a Izzy.
Ela se levanta, me olha bem nos olhos, deixa um aperto em minha mão, e entra pela porta logo atrás de mim.
Nesse tempo, o médico volta com a papelada do hospital para que eu assine.
- Sr Moretti, depois de assinar o Sr já pode ir pra casa. - me entrega a prancheta. - Já tem alguém para buscá-los?
- Minha filha acabou de chegar.- assino os papéis. - Apensar de que isso não resolve muita coisa, já que teremos que voltar de táxi.
- Entendo. A sua outra filha já acordou?
Filha? Mas que merda é essa?
- Ah, não, a Izzy não é minha filha.
- Oh, me perdoe Sr Moretti.
- Tudo bem. - lhe entrego a prancheta, ele confere, e me dá um sorriso satisfeito.
- Bom, geralmente quando me despeço dos meus paciente, aconselho que se cuidem, mas com a Izzy do seu lado, tenho certeza que será bem cuidado.
Eu lhe encaro pensativo, tentado entender onde ele quer chegar com aquele comentário.
- Do jeito que ela se importa e cuida de você, tenho certeza que ela tem uma estima e um carinho grande pelo Sr. - ele sorri afetuosamente. - Boa sorte, Sr Moretti! - diz por fim, e segue pelo corredor.
Sozinho no corredor, eu pondero as palavras do médico. Estima e carinho. Essas duas palavras me deixam estranhamente confortado.
É uma sensação boa sentir que mais alguém, além Crystal, se importa comigo. Mesmo que isso soe estranho na maior parte do tempo, principalmente vindo da Izzy.
Depois que a Izzy acordou, nós viemos para casa. Ela ainda se sentia grogue pela medicação, então apenas se trancou no quarto, enquanto a Crystal teve lidar com sua avó ao telefone, já que ela cometeu o erro de falar sobre o ocorrido com ela.
Já eu, tive que tomar um dos piores banhos que tomei na vida. Foi extremamente desconfortável, mas eu terei de me acostumar com isso pelas próximas semanas.
A noite, foi a vez da Crystal se trancar em seu quarto, e dar início aos trabalhos da faculdade, enquanto eu, permaneci na sala, fazendo algo que já não fazia há algum tempo: assitir tv.
- Essa série é bem legal. - ouço a voz da Izzy atrás de mim.
- É bom saber disso. Mas dispenso spoilers. - me remexo no sofá.
- Olha, eu poderia lhe contar alguns muito bons. - ela dá a volta no sofá e me encara sorridente.
Por alguns instantes, eu apenas avalio sua expressão, e ela parece um pouco cansada.
- Você está bem?
- Estou sim. - ela senta na outra ponta do sofá. - Só meu braço que dói um pouco.
- Posso dar uma olhada?
Ela se ajeita no sofá, e me mostra o lado de trás do braço, e lá consta uma mancha arroxeada.
- Nossa! Isso parece incomodar bastante.
- Não tanto quanto parece.
Eu passo levemente a mão pelo local, e eu sinto ela repuxar involuntariamente o braço.
- Você quer ir ao hospital?
- Não. Eu estou bem. Acho que você se lembra bem que meu corpo já foi acostumado a lidar com esse tipo de coisa.
Isso é algo que nunca é bom relembrar, mas ela entende do próprio corpo melhor do que ninguém.
- Se achar que precisa ir, pode contar comigo. - tento ser solidário.
- E como, exatamente, você poderia me ajudar? - ela encara minha perna sobre a mesinha de centro.
Eu sigo seu olhar, e acabamos sorrindo juntos.
- Eu não sei como, mas daria um jeito.
- Posso imaginar que sim.
Ela senta no sofá de frente para a tv, põe os pés sobre o sofá e abraça as pernas. E assim, começamos a assistir a série, e comentando muitas das cenas. Foi um bom fim de noite.
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