XXXII
Izzy
É tão bom pode voltar e rever a minha melhor amiga. Apesar da distância, a Crystal e eu nunca deixamos de nos falar, e nossos papos eram quase que diários.
Mas estar aqui, e poder abraçá-la, não se compara com nada que já tenha me deixado mais feliz nessa terra.
E claro, para melhorar tudo, ainda tem o Antony. Foram anos de um amor platônico pelo pai da minha melhor amiga, e mesmo estando longe, e não poder admirá-lo às escondidas, um carinho terno permaneceu guardado aqui dentro, e lembrar do quanto eu pude contar com seu apoio da última vez que estivemos juntos, me deixa com uma sensação de voltar ao lar.
- Muito obrigada pelo convite para ficar na sua casa! - o agradeço ao cumprimenta-lo com um abraço.
- Ah... é...bem, é sempre um prazer recebê-la, izzy.
- Muito gentil da sua parte, Sr Moretti.
Sr Moretti...eu sempre gostei de chamá-lo assim, claro, eu gostei de ter sido um pouco mais íntima dele, e de poder chamá-lo de Antony da última vez. Mas pronunciar Sr Moretti, sempre me trás lembranças boas.
- Bom, vocês querem ir pra casa, ou preferem passar mais tempo por aqui? - Antony se pronuncia.
- Acho que é melhor irmos.
- Claro que sim, tenho muitas coisa pra te contar, izzy. - Crystal laça seu braço no meu, e me puxa em direção a saída. - Pai, pode trazer a mala dela, por favor?
E sem esperar que ele responda nada, ela segue comigo pela saída, enquanto Antony fica pra trás, carregando a minha bagagem.
Ao sairmos no estacionamento, e chegarmos ao carro, olho em volta e não o vejo próximo.
- Crystal, acho que não devíamos ter deixado seu pai carregar minha bagagem. Isso não foi nada educado da minha parte.
- Não se preocupa Izzy, ele não se incomoda. Eu conheço meu pai. - ela abre a porta do carro.
- Onde ele está?
- Deve ter passado no guichê para pagar o estacionamento.
A Crystal entra no carro, mas eu permaneço do lado de fora, olhando em volta, à espera dele.
Mas quando o vejo vindo ao longe, eu sinto como se meu coração acelerasse um pouco. Ele trajando uma bermuda preta, uma camisa azul clara parece até um oásis. O tempo tem feito muito bem a ele, está envelhecendo como vinho, cada vez melhor, e cada vez mais irresistível.
E o tempo que ele parece andar dedicando a academia, só têm o tornado ainda mais gostoso.
- Ah...merda! - praguejo baixo.
Eu não posso seguir por esse caminho, não mais. Depois de tudo o que eu passei, e o que eu aprendi e ouvi dele a respeito de um nós, sei que isso tudo seria uma perda de tempo. Então vou tentar fazer como ele me disse uma vez: nossa relação seria no máximo como a de pai e filha.
- Isso, pai e filha!
Eu entro no carro, e procuro não colocar meu olhar sobre ele novamente. Isso facilitaria muito as coisas.
Ele chega ao carro, coloca minha bagagem no porta malas, e logo seguimos para sua casa.
Durante o dia eu fiquei junto a Crystal em seu quarto, e assim seguimos pela noite. Na hora de dormir, apesar de eu ter um quarto de hóspedes preparado pra mim, a Crystal e eu decidimos apenas usar a cama auxiliar do seu quarto, e eu deitei para dormir lá.
Eu não cheguei a ver mais o Antony naquele dia, o que eu queria a todo custo encarar como algo bom, mas estava bem difícil.
Apesar de uma parte de mim dizer: permaneça deitada e vá dormir! A outra praticamente gritava: levante-se e vá dá uma olhada na casa, as chances de vê-lo são praticamente certas.
Eu, tola como sempre, não me contive, e logo estava no corredor, fora do quarto.
O que eu estou fazendo?
Era uma pergunta interessante a me fazer, por que nem eu sabia ao certo.
Mas esse passeio noturno foi em vão. Eu não o vi, e só me restou voltar para a cama, e tentar dormir aí invés de ficar pensando nele.
Antony
No café da manhã, a casa estava em silêncio, como havia sido nos últimos dias.
Mesmo com a visita da minha mãe, ela não estava sendo a tagarela que costumava ser. Muitas das vezes eu a pegava com o pensamento longe, o que me ajudou muito a me manter afastado daquele assunto.
E ontem a noite, quando a levava para a rodoviária, já que ela sempre insiste em viajar a noite, eu achei que teria enfrentar o assunto a contragosto. Porém, ela se mostrou estranhamente calada, e nem um pouco fria comigo. Não sei se há algo errado com ela, mas prefiro pensar que ela está respeitando o fato de eu não querer falar sobre esse assunto. Posso até ter pensado em seguir com essa parte na minha vida, mas não seria algo que eu gostaria de debater com ela. Não mesmo.
Enquanto divago sobre isso, tomando uma xícara de café, ouço uma gritaria vindo do corredor.
- Pai!?
Quando ouço a Crystal me chamar, me levanto rápido da mesa, e corro para o corredor.
- Crystal? O que está acontecendo?
Ela sai do quarto passando a escova pelos cabelos.
- Preciso de um favor, urgente.
- O que houve? - pergunto ainda sem entender tudo aquilo.
- Preciso de uma carona para a faculdade. Estou super atrasada. E você tem que ser bem rápido. Consegue fazer isso?
- Meu Deus, Crystal! Achei que alguém estava morrendo.
- Pois, eu terei uma parada cardíaca se perder a prova de hoje! - ela volta correndo para o quarto.
Olho para o teto, suspiro, e tenho certeza absoluta que a Crystal é quem vai me fazer ter uma parada cardíaca um dia desses.
Ouço uma porta abrir, e quando olho para o corredor, a izzy está saindo do quarto de hóspedes. Vestindo uma camiseta branca, bem larga e com fendas que mostram seu sutiã rosa nas laterais, um shorts jeans, e all star também branco nos pés, ela me cumprimenta passando as mãos pelo comprimento dos cabelos.
- Bom dia, Sr Moretti!
- Bom dia Izzy!
Ela me olha de cima à baixo, e eu me sinto desconfortável com tal análise.
- Eu vou pegar as chaves do carro. - forço um sorriso, e sigo para a porta do meu quarto, entrando e pegando as chaves o mais rápido que posso, e volto para a sala de jantar.
- A hora que você quiser, podemos sair Crystal. - grito do corredor.
No estacionamento, eu aguardo a chegada da Crystal, e quando ela entra no carro, logo ouço a porta de trás se abrir também.
- A Izzy também vai?
- Não tem problema ela ir, né pai? Ou você vai a algum lugar depois de me deixar na faculdade?
- Não, eu só... esquece. Vamos lá.
Eu segui o mais rápido que pude, e isso ajudou a Crystal a não chegar mais do que quatro minutos atrasada. Foi o melhor que eu consegui fazer sem precisar passar por cima de ninguém.
Depois que a Crystal desembarca, a izzy vem para o banco da frente. Calmamente ela coloca o cinto de segurança enquanto eu a observo.
- Podemos ir?
- Claro! - eu ligo o carro.
- Então pisa coroa!
Eu desligo o carro.
- Coroa? - a encaro incrédulo.
- Bom, se você me trata como se eu fosse sua filha, então não é surpresa que eu te trate como se fosse meu pai.
- Mas a Crystal não me chama assim. - insisto.
- E você não me chama de princesinha. Ou vai começar a me chamar?
- Muito provável que não.
- Então é isso.
Eu volto a ligar o carro. Ela coloca o braço na janela do carro, e com o olhar ainda sobre mim, apoia a cabeça na mão.
- vamo nessa, coroa!
Eu sou obrigado a rir do seu jeito espontâneo e carismático, apesar de não curti muito ser chamado de coroa.
Enquanto estamos voltando para casa, ela coloca uma música agitada no rádio, e ao final de uma música, ela me olha toda serelepe quando ouve o início da música seguinte.
- Eu amo essa música! - aumenta mais o volume.
Eu não tenho ideia de que música seja aquela, mas ela parece curtir mesmo a vibe eletrizante da música. Pois começa a dançar mesmo estando sentada.
Eu paro no farol vermelho, e observo seus movimentos aleatórios. É, ela realmente parece bem contente, e isso começa a me contagiar de certa forma, pois um sorriso se torna permanente em meu rosto.
Mas de um segundo pro outro, toda aquela alegria parece se esvair do rosto dela. E agora o que eu vejo é uma expressão de pânico, e a última coisa que ouço ela dizer, antes de sentir meu carro ser fortemente atingido, é o meu nome.
- Antony!
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