XLI
Antony
Como eu pude deixar que a Izzy me atraísse pouco a pouco nesse seu jeito envolvente?
Não é uma questão apenas de corpo, todo esse seu jeito foi me cativando dia após dia, e agora me vejo querendo mais do seu toque em mim.
Isso não podia ter acontecido.
Quando penso em todas as vezes em que suas mãos me tocaram, ou nas vezes em que me abraçou, ou quando rimos juntos de alguma coisa, na atenção que ela sempre se dispôs a me dar, eu me sinto confortado. E pensar em dar fim a tudo isso, parece angustiante.
Eu não posso ultrapassar o limite que temos. Não posso!
Observando-a de longe, eu fico repassando tudo o que aconteceu entre nós nas últimas semanas. Não que tenha sido algo realmente característico, mas cada pequeno detalhe, torna tudo ainda mais forte.
Quando eu pensei em encontrar alguém, firmar um relacionamento, e quem sabe construir família novamente, não era, nem nunca seria a Izzy no papel de minha companheira.
Se fosse algo físico, era muito fácil de resolver. Já fiz isso várias vezes, mas não é. E é exatamente isso que fode com tudo.
Pra piorar tudo, Crystal sai da piscina, e deixa a Izzy sozinha com aquele garoto, e o olhar que ele dirige a ela, não me agrada nem um pouco.
Sentando na beira da piscina, ele parece até comer a Izzy com os olhos. Enquanto ela boia, chega a ser ridículo o quanto ele olha para os seios dela.
- Ela não é uma boneca sexual, seu pervertido. - cochicho sozinho.
Eu não tenho nada com a Izzy, nada! Mas se fosse com a Crystal, eu certamente faria alguma coisa. E é pensando assim, que pego minhas muletas, e sigo até o garoto tarado.
Ao me aproximar dele, eu paro e apenas observo seu olhar incessante.
- A vista aí está boa, não é?
Ele se assusta com minha investida, e quando olha pra mim, encontra uma expressão sarcástica no meu rosto.
- Como assim? - tenta desconversar.
- A outra garota não estava exibindo o suficiente dos atributos dela, então melhor apreciar quem está. Certo?
- Não sei do que está falando. - encara as próprias pernas dentro da água.
- Acho que você já teve o suficiente para poder bater uma boa punheta mais tarde. Agora cai fora, seu pervertido de merda.
- O que...
- Eu mandei cair fora! - minha expressão de fúria o deixa assustado.
Sem protestar, ele apenas levanta e some do meu campo de visão.
A Izzy me observa do meio da piscina, e logo nada ao meu encontro.
- O que houve com o Olie?
- Ele não será mais um problema.
- Como assim?
- Onde está a Crystal? - olho em volta da piscina à procura dela.
- Eu não sei. Ela disse que ia no...
- Chega de piscina por hoje. É melhor vocês duas subirem. - sem dar espaço mais conversa, eu me afasto.
- Ei... Antony! - ela grita, mas ignoro e continuo em frente.
Quando entro no elevador, a Izzy me alcança. Pelo menos ela teve a decência de pegar a canga antes de adentrar o condomínio.
- Antony!?
Ela apressa o passo, e consegue entrar no elevador.
- Por que já temos que subir? O que houve?
- Eu estou cansado, e preciso descansar um pouco.
- Não entendi por que isso tem que nos privar de curtir a piscina.
- Porque está claro que vocês duas não sabem se cuidar sozinhas. Então é melhor que subam.
- O quê? - ela ri incrédula. - Não temos mais 10 anos de idade Antony. Somos adultas, e sabemos muito bem como...
- Sabem? Não acho que você possa dizer isso com convicção. Aquele garoto tarado estava te estuprando com os olhos, e você nem percebeu. E ainda vem me dizer que sabem se cuidar. Então, o que não quero para a Crystal, também não quero pra você. - digo alto e claro.
- Pois escuta bem, Antony...há muito tempo, eu me viro sozinha nessas questões, nunca precisei de um homem para cuidar de mim, até porque o homem que deveria zelar pela minha segurança, sempre fez o contrário. Então não preciso de seus cuidados, nem do de ninguém.
Falando desse jeito, eu chego a ficar apreensivo de não poder tê-la protegido de quem realmente devia.
- Eu só fiz o que um pai faz para proteger uma filha.
Digo olhando no fundo de seus olhos, mas isso parece despertar uma fúria nela, que eu não imaginei que havia lá.
- Você não é o meu pai! Pare de agir como se fosse, merda! - esbraveja.
Eu fico sem reação, e o único som que se ouve a seguir, e o da porta do elevador se abrindo.
Ela parte feito um furacão para dentro do apartamento, e até ignora a Crystal que saía no momento.
- O que houve com ela? - Crystal me encara confusa.
- Acho melhor dar um tempo pra ela.
Acho que eu realmente chateei a Izzy, ela não saiu mais do quarto o resto do dia. Mas para minha surpresa, eu a encontro na varanda, e seus pensamentos estavam longe.
- Oi! - digo ao me aproximar.
- Oi.
Pelo seu tom de voz, ela parece estar mais calma agora.
- Posso? - pergunto ao menear a cabeça em direção ao lugar vago no pequeno sofá.
- Claro. Essa é a sua casa, afinal de contas.
Eu sinto um certo sarcasmos na sua resposta, mas ignoro. Após me sentar, eu penso no melhor jeito de abordar a questão que nos mantém nessa situação tensa.
- Izzy...eu espero que você possa me desculpar pelo ocorrido de mais cedo. Você está certa, não devo tomar partido com relação a qualquer coisa que aconteça com você. Eu não tenho esse direto.
Ele me encara impassível, o que me dá coragem para continuar.
- Eu sei que você é uma mulher forte, que sabe se virar sozinha, e eu jamais deveria julgar seu senso de autoproteção.
- Obrigada. - sua voz soa embargada. - Era isso que eu precisava, Antony. Que você, e qualquer outra pessoa tivesse ciência que eu sei me proteger. Independente da situação.
- Entendi. - digo simples.
Apensar de reconhecer isso, eu ainda me sinto inquieto, e sinto a necessidade de falar mais.
- Mesmo que você saiba se proteger sozinha, eu achei que devia fazer algo a respeito. Não consegui ficar parado lá, só observando o que estava acontecendo. Parecia errado da minha parte. Se fosse a Crystal ali, acho que eu agiria ainda pior.
- Eu sei. Mas eu não...
- Eu estou ciente, Izzy. Você não é minha filha. Mas quis protegê-la. - encaro seus olhos cheios de expectativas. - Em certos momentos, precisamos ser protegidos também, por mais fortes que sejamos.
Seus olhos marejados entregam uma fragilidade que não é comum em se ver nela.
- Eu só quis muito, te proteger naquela hora. Você entende o que quero dizer?
Ela assente levemente a cabeça, e uma lágrima solitária rola por seu rosto. Sou pego de surpresa por um abraço, e sem pensar duas vezes, eu a envolvo em meus braços, retribuindo esse gesto de carinho.
Quando se afasta, ela mantém os olhos nos meus, e nessa proximidade, me atrevo a tocar seu rosto, eliminando qualquer vestígio de que uma lágrima esteve ali.
- Desculpe por ter feito você se sentir impotente.
Com a mão ainda seu rosto, ela inclina levemente aquela face rosada sobre minha mão, aproveitando o carinho tímido que deixo ali. É tão bom poder observá-la tão de perto, nunca havia notado aquelas sardas discretas que tem em seu rosto, assim, tão próximo. O formato arredondado de seu nariz, e as linhas tão definidas de sua boca.
Ah, essa boca... Tenho uma vontade tão grande sentir seu gosto agora...
Eu me aproximo ainda mais de seu rosto, e observando cada traço de seus lábios, eu os toco com os meus. A sensação inicial é de que meu coração vai pular para fora do peito. Estou me arriscando com tamanha ousadia, mas é como se eles me puxassem ao seu encontro, e me envolvesse por completo.
Quando ela coloca as mãos em meu pescoço, e sobe até meus cabelos, é como se estivesse me enfeitiçando, como se o mundo todo parasse para nós naquele momento.
Eu adentro sua boca com a minha língua, e de encontro a dela, elas parecem dançar em um ritmo sincronizado, fazendo meu corpo arrepiar por completo. Com a outra mão, eu passo por sua cintura, e a puxo para mais perto, nos deixando colados. O calor que emanada do corpo dela, acalma o meu, e ao mesmo tempo libera uma espécie de frenesi, um desejo de um pouco mais.
Minha mão deslisa de seu rosto para sua nuca, e a intensidade que toma aquele beijo, parece surreal. Um beijo profundo, e cheio de significado é o que temos agora.
Esse momento se tornou marcante e intenso, que chegou a nos faltar o fôlego.
Quando olho para ela, ambos estamos ofegantes, e ela permanece de olhos fechados. Mas quando lentamente ela os abre, não consigo distinguir o que realmente se passa na cabeça dela. Sua expressão é um misto de surpresa e confusão, e ela pisca várias vezes tentando entender o que houve ali.
Ah não, será que não era o momento certo pra isso? Será que fui muito ousado, e acabei me jogando no abismo?
- Izzy...me desculpe...- começo pelo que parece ser o certo a fazer. - Eu não...
- Antony, não! - seu olhar parece perdido. - Não faz isso, por favor!
Ela se afasta por completo de mim, e se levanta.
- Izzy, vamos conversar.
- Agora eu não posso. Sinto muito. - diz por fim, e entra às pressas.
Eu levo as duas mãos ao rosto, e recosto no sofá.
Ah merda! O que foi que eu fiz?
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