XIX
Megan
Os últimos dois meses têm sido bem difíceis. A Crystal anda pra baixo desde a festa da Izzy. Ela ainda não me falou como foi a decepção que ela teve com o garoto que ela gostava, e a partida da Izzy, deve ter colaborado para ela ficar ainda mais deprimida. Elas eram tão unidas, e sua partida deve ter mexido muito com a Crystal.
Sem falar que não tenho passado muito tempo em casa, as viagens à trabalho se tornaram constantes, e não pudemos mais ter nossas noites de "garotas" como costumávamos fazer. Parece que tudo tem colaborado para nos manter afastadas. E isso é péssimo.
Pra piorar, não tenho me sentido muito bem. Mal tenho tido tempo para descansar, e a exaustão já está dando sinais.
- Bom dia, Sra Bianchi, está precisando de um puxão de orelha, hein. - o médico entra na sala, com o prontuário na mão.
- É doutor, eu imagino que sim. - respondo me levantando e sentando na maca.
- Seus exames constam uma anemia significativa. - ele puxa uma cadeira para próximo da maca, e se senta.
- Pelo menos não é nada mais grave. E eu sei que preciso me alimentar melhor, mas não tenho conseguido comer direito por causa das ocupações no trabalho. - me explico.
- Está pelo menos tomando corretamente as vitaminas? - ele me encara acusador.
- Vitaminas? Não! Eu nunca aderi a esse tipo de recurso.
- Sra Bianchi, está tentando matar o seu bebê? - ele tira o óculos e me encara divertido.
- Bebê? - sinto minha voz falhar.
- A Sra não sabia que está grávida?
O mundo parece girar ao meu redor, e eu meu coração até para por alguns instantes. Sinto minhas mãos tremerem, e suarem. Meu estômago da uma volta, e eu sinto a bile na subir a minha boca.
- Sra Bianchi, está tudo bem? - o médico se levanta da cadeira, e pega na minha mão, e eu o vejo fazer um movimento rápido para me segurar, antes de eu apagar em seus braços.
Deborah
Quando recebi a ligação da Megan, dizendo que havia passado mal, que estava no hospital, e precisaria de uma carona para voltar pra casa, eu cancelei meu almoço, e fui ao seu encontro.
Mas ao chegar no hospital, fui informada que ela estava desacordada, e que precisaria ficar em observação e fazer mais alguns exames para ver se está tudo bem o "bebê". Foi aí que eu fiquei pasma.
A Megan grávida? Como isso era possível? Depois de tantos anos sozinha, e passar os últimos dois com o Peter de forma tão segura, como ela deu um vacilo desse? Nem dava para acreditar que essa informação era verdadeira.
Eu a vejo se remexer na cama, e por fim acordar.
- Megan! Você está bem? - me aproximo dela, e passo a mão por seus cabelos.
- Eu tô bem, sim. - ela senta na cama. - Só estou um pouco abalada. Não esperava por isso.
- Megan...como você deixou que algo assim acontecesse? - me sento ao seu lado na cama.
- Eu não sei. - ela passa mão pelo rosto. - Estou tão surpresa quanto você.
- Já estou até vendo quando o Peter souber. Se ele já insistia tanto pra voltar com você sem um bebê na jogada, imagina como será agora. - ela me olha assustada, e seu olhar também transmite uma sensação de estar perdida.
- Ele não... - ela não termina a frase, e eu apenas seguro a sua mão, tentando mostrar o meu apoio.
Ela se aproxima mais de mim, e me abraça forte, e eu retribuo.
- Você consegue encarar tudo isso, eu sei que sim. Você é forte, já passou por coisas difíceis e permaneceu de pé. E agora não será diferente. E eu estarei sempre com você, para tudo que precisar. - ela sorri em meio as lágrimas.
- E eu vou precisar muito. - ela se afasta do abraço e me olha nos olhos. - Não sei se ainda consigo trocar uma fralda. - ela sorri divertida.
- Então é bom começar a praticar, porque isso eu não vou fazer. - nós duas rimos.
Ouvimos duas batidas na porta, e logo o médico adentra o quarto.
- Desculpe interromper, mas preciso saber se a mais nova mamãe está bem. - o médico diz simpático.
- Bom doutor, ainda em choque com a notícia, mas estou bem.
- Precisará ficar melhor que isso, seu bebê precisa disso. - ele se aproxima de nós.
- Eu prometo que farei o necessário. - Megan diz confiante.
- Ótimo! Então ele ficará ainda mais saudável.
- Ainda mais? Isso quer dizer que ele está bem? - ela pergunta enquanto aperta a minha mão.
- Sim. Ele está ótimo, e bem forte, e creio que por isso a Sra não está tão bem. Ele tem subtraído do seu corpo, tudo o que precisa. - ele levanta uma das folhas em sua prancheta, olhando atentamente ao que está nela.
- Isso é bom.
- É sim. Como a Sra não sabia que estava grávida, eu pedi alguns exames adicionais enquanto a Sra estava desacordada. - ele levanta outra folha. - Na ultrassonografia, aponta que a Sra está entre 9 a 10 semanas, o bebê está evoluindo normalmente, e sua formação está de acordo com o tempo de gestação. - ele explica.
- É muito bom saber disso. Mas doutor, eu preciso de tudo que for necessário para mantê-lo assim, já que estou bem atrasada com consultas e exames, gostaria que o Sr prescrevesse tudo o que preciso fazer quando sair daqui. - Megan se preocupa.
- Não se preocupe, a Sra já sairá daqui com tudo encaminhado. - ele a tranquiliza.
- Obrigada, doutor!
Depois de pelo mais uma hora no hospital, Megan foi liberada, e nós seguimos para a casa dela.
- Como vai dar a notícia ao Peter? - questiono sem tirar os olhos da rua.
- Eu...- ela faz uma pausa - o bebê não é dele.
- O quê? - eu a encaro incrédula.
- Da pra você manter sua atenção no trânsito? Não quero morrer em um acidente. - ela me repreende.
- Megan, me explica essa história direito.
- Bom, quando eu era mais nova, tomava anticoncepcional normalmente, mas depois de anos sem precisar tomar nada, já não estava me dando bem com nenhum tipo de medicamento.
- Sei...- permaneço com a atenção na rua.
- Então eu e o Peter tivemos que nos cuidar com preservativo mesmo.
- Ok. Mas onde se encaixa o possível pai?
- Então, uma semana antes de terminar com o Peter, eu comecei a desconfiar que ele me pediria em casamento, e fiquei reticente com isso, então passei a não deixá-lo dormir lá em casa. Sempre inventava alguma desculpa pra manda-lo embora.
- E como você passou a desconfiar disso?
- Eu vi notificações em seu celular, e era da secretaria dele, falando a respeito de uma loja de jóias, e quando li em uma delas, que as alianças ficariam prontas na semana seguinte, preferi me manter mais afastada.
- Entendi.
- Então quando ele realmente fez o pedido, eu terminei com ele...
- Sim, essa parte eu já sei, pula pra parte interessante.
- Tá bom, curiosa. - ela debocha. - Uma semana depois, eu me envolvi com outro homem, e nós acabamos não tomando os devidos cuidados.
- Caramba Megan, então você saiu mesmo com uma cara por uma noite, e deu o azar de engravidar? Você anda sem sorte mesmo, amiga. - sorrio descrente.
- Não foi um homem de uma noite só.
- O que? Então você saiu com ele mais vezes? - me empolgo com o assunto. - Conta mais.
- Na verdade foram duas noites.
- Não faz muita diferença, Megan. - bufo e ela me encara ameaçadora. - Espera...então se foi uma semana depois de você romper com o Peter, significa que foi na viagem para a praia. Certo? - ela se retrai.
- Sim.
- E quando você teve tempo pra sair com alguém? - pergunto confusa.
- Eu não saí.
- O que...? Espera! - eu dou seta para a direita, e logo paro o carro próximo a guia. - Megan...pelo amor de Deus, não me diga que você se envolveu com o Michael, ou pior ainda, com o David! - pergunto temerosa pela resposta.
- Não! Credo, Deby.
- Uffa, então posso respirar aliviada. - encosto no banco com a mão no peito, dramatizando a cena. - Calma aí, se não foi o Michael, nem o David, e você não saiu pra noitada, isso significa que...- eu a encaro incrédula com a possibilidade.
- Antony. - ela solta a bomba.
Meu queixo simplesmente despenca com a incredulidade do que ela me conta.
- Puta que pariu, Megan! Eu não tô acreditando nisso!
- Eu imagino que sim. Nem eu acredito que dormi com ele. - ela suspira pesado.
- Finalmente você cedeu.
- O quê? - ela me olha confusa.
- Qual é Megan, tanto eu quanto a Lucy, sabemos que você ainda ama o Antony.
- Como é? De onde tiraram esse absurdo?
- Megan, querida...- eu viro de frente pra ela. - Todo esse seu rancor perpétuo, e sua repulsa pelo novo estilo de vida dele, só demonstra o quanto você é ressentida com ele por ainda ama-lo.
- Tá ficando doida, Deby? Eu não amo o Antony. Aquele amor morreu, no momento em que ele dormiu com outra. - ela diz irritada.
- Bom, eu não vou debater isso com você Meg, mas isso é um tanto óbvio. - volto com o carro para pista.
- Não diga besteiras, Deby, você sabe que isso é um delírio. - tenta se defender.
- Delírio é você continuar negando isso a si mesmo, e caindo nos braços dele, ao ponto de engravidar.
- Merda! - diz irritada.
- Como pretende contar a ele?
- Eu não sei. Preciso pensar nisso.
- Então lhe desejo boa sorte, porque você vai precisar.
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