XIV
Crystal
Chegamos na festa, e a música estava bem agitada. Assim como alguns convidados da Izzy.
Tinha muita gente que eu não conhecia, e a outra parte da galera era do nosso colégio, então não dava pra se sentir totalmente fora de eixo. Mas o pessoal que eu não conhecia, parecia ser bem mais velha, e eu nem sei de onde a Izzy os conhece. Mas quem sou eu pra falar alguma coisa sobre os convidados da festa dela?
Essa casa é bem maior que o apartamento onde a Izzy mora, e com a quantidade de gente nessa festa, fica bem óbvio que não caberiam no apartamento onde ela vive com os pais.
Ao chegarmos na sala, avistamos a Izzy conversando com um grupo de garotas que eu nunca vi.
- Já viu alguma daquelas garotas antes? - Annie me perguntado próximo ao ouvido.
Eu apenas respondo com um balançar de cabeça. Quando ela nos vê, abre um sorriso ainda mais largo, e vem ao nosso encontro.
- Finalmente! Achei que vocês não viriam mais. - ela praticamente grita, tentando sobrepor sua voz à música alta.
- Se fosse por mim, já estaríamos aqui a muito tempo. Mas a Crystal demorou muito pra ficar pronta. - Annie grita para Izzy.
- Venham meninas! - Izzy pega na minha mão, e eu pego na da Annie, e seguimos casa à dentro.
Chegamos na cozinha, próximo a porta que dá acesso ao grande quintal. Aqui a música está bem mais baixa. Eu permaneço ao lado da Annie, e nos encostamos no longo balcão que há na cozinha.
- Quem são todas essas pessoas, Izzy? - Annie pergunta ao observar três rapazes adentrarem a casa, vindos do quintal.
- É uma galera da faculdade que eu tenho visitado ultimamente. Provavelmente vou cursar Moda e Design lá. - ela da um gole na bebida que estava no copo que ela segurava, e que eu só percebi agora. - Vocês querem beber alguma coisa? Temos cerveja, wisky, ponche...
- Eu prefiro alguma coisa não alcoólica. - digo de imediato.
- Eu também. - Annie me acompanha.
- Meninas, vocês podem ficar a vontade. Não temos "fiscais" aqui.
Eu olho para a Annie, e ainda concordamos.
- Refrigerante! - falamos juntas.
- Ah, vocês são mesmo muito certinhas. - ela vai até a geladeira, e nos traz duas latinhas de refrigerante, e logo nos entrega. - A propósito, Crystal, o Doug já está aqui, e só veio acompanhado dos amigos. - ela da outro gole em sua bebida, e me olha sugestiva por cima do copo.
- Isso é bom. Quer dizer que ele não está mais com a Rachel mesmo. - fico empolgada.
- Eu te disse que não.
- Ai Meu Deus! Eu não sei se vou ter coragem de falar com ele.
- Não bebendo isso. - ela aponta para a minha latinha de refrigerante. - Experimenta isso. - ela me entrega o copo que bebia, e toma o refrigerante da minha mão.
Eu encaro o conteúdo escuro dentro do copo, sem ter ideia do que seja aquilo.
- Bebe! - Izzy incita.
- Não faça isso, Crystal. - Annie intervém.
- Não é veneno, Annie. - Izzy rebate.
- Mas não acho que ela precise disso pra chegar em um garoto. Se ela não consegue, é porquê não está pronta pra isso. - Annie explica.
- Então ela não terá coragem nunca.
Enquanto elas debatem sobre a "coragem" nas minhas mãos, eu apenas viro o copo na boca, e esvazio todo o conteúdo. A bebida queima a minha garganta, mas agora, não há como voltar atrás.
- Caramba Crystal! - Annie protesta aborrecida.
- Muito bem, Crystal! - ela pega o copo vazio da minha mão. - Com uma dose dessa, acho que você não precisará de outra. - Izzy comemora.
A festa continua rolando, e eu e a Annie continuamos ali, no mesmo lugar, conversando trivialidades, enquanto a Izzy circula por toda a casa, falando com um e outro.
Nós não podemos cobrar atenção dela hoje, não somos as únicas convidadas, e pelo menos temos uma a outra para fazer companhia durante esse período.
Não muito tempo depois, Izzy se aproxima de nós, acompanhada do Doug. Eu sinto meu coração bater mais rápido, e minha respiração mais acelerada.
- Meninas, esse é o Doug. - ela pisca pra nós. - Doug, essas são Annie, e... Crystal. - percebi ela dar ênfase no meu nome ao nos apresentar.
- Prazer, Annie. - ele cumprimenta minha amiga ao lado.
- Oi, Doug.
- Prazer, Crystal!
Quando ele olha em meus olhos, eu sinto como se meu corpo flutuasse, e quando ele toca minha mão, meu corpo todo arrepia.
- Oi, Crystal! Quero dizer, Doug. Eu sou a Crystal. - começo a me embaralhar com as palavras, tamanho é o meu nervoso de estar tão próxima dele.
- Ok, Crystal. - ele ri da minha gafe.
O sorriso dele é tão lindo. Tudo nele é lindo. Dos cabelos castanhos claros, aos olhos azulados. Ele está usando uma calça jeans preta, e uma camisa azul de botões, com as mangas dobradas até a altura do cotovelo. Os cabelos levemente bagunçados, nos pés um tênis branco, e nas mãos, duas latas de cerveja. Ele percebe quando eu encaro as latinhas em suas mãos.
- Ah, eu não sou tão guloso assim. - sorri simpático. - Eu ia levar uma para o meu amigo, mas a Izzy me arrastou primeiro.
- Ótimo, assim você pode dar uma para a Crystal que já está sem nada pra beber, seus amigos podem se virar.
- Izzy! - Annie se manifesta, e me encara preocupada.
- Ah, olha só, você também não está bebendo nada, Annie. Vamos buscar algo pra você. - Izzy arrasta a Annie com ela, me deixando sozinha com o Doug.
- Essa Izzy é muito divertida. - Doug comenta após a saída das duas.
- É sim! - é só o que eu consigo dizer.
- Eu conheço você de algum lugar. - ele me olha de lado, como se tentasse me reconhecer.
- Estudamos no mesmo colégio. - afirmo.
- Então é isso.
Ficamos alguns segundos em silêncio, e os olhos dele parecem me analizar. Eu começo a me sentir insegura, então abro a latinha de cerveja, e dou um gole generoso na bebida.
Começamos uma conversa, e ela parece fluir naturalmente, logo decidimos ir para o quintal, e nos sentarmos nas cadeiras que tem disponível por lá.
Eu acabei descobrindo que ele é um típico garoto do ensino médio. Gosta de vídeo games, de esportes, e prefere programas ao ar livre. Em dia chuvosos de invernos, gosta de ficar em casa, e assistir séries ou filmes, porque não gosta muito do frio, então prefere não sair de casa. Tem muitas amizades, e quer cursar computação gráfica no ano seguinte. Já namorou algumas garotas bem diferentes umas das outras, mas não se sentiu realmente apaixonado por nenhuma delas. Elogiou meu vestido, falou que meu cabelo era lindo, e que meus olhos transmitiam uma inocência marcante. Ele foi bem galante, mas já tendo tido tantas namoradas, ele sabe bem como ser galanteador.
- Olha só pra mim, falando sem parar, e deixando você aí com sede. - sorri tímido.
- Eu tô bem. Juro.
- Não, tudo bem - se levanta. - eu vou buscar alguma coisa pra nós.
- Não se preocupa com isso.
- Eu volto rapidinho. - ele sorri terno, e da uma piscadinha, saindo em seguida.
Eu ainda não tô conseguindo acreditar que estou aqui, tendo uma conversa tão boa com o Doug, e podendo apreciar tão de perto o seu sorriso. Eu estou mesmo toda boba com isso.
Quando ele volta, está com dois copos nas mãos. E assim que se aproxima, estende um pra mim.
- Ah, não precisava trazer nada pra mim. Eu não tenho idade pra isso, e nem sou acostumada com bebidas alcoólicas. - sorrio fraco.
- Tudo bem. Então essa será a última. Só para brindarmos.
- Brindarmos?
- Sim! - ele estende o próprio copo. - Às novas amizades. - pisca pra mim.
- Ok! - estendo o meu. - Às novas amizades!
Ele bate de leve o copo dele no meu, e bebe tudo em um único gole.
- Sua vez. - incita.
Eu observo o conteúdo do copo, e o viro de uma vez na boca, repetindo seu gesto.
Nossa conversa seguiu por mais alguns minutos, no mesmo entusiasmo de antes, até eu começar a me sentir estranha.
- Tudo bem com você, Crystal? - ele me encara parecendo confuso.
- Está sim, eu só...- eu me levanto, mas me sinto tonta, e me apoio na mesa à nossa frente.
- Você não parece estar bem. - ele se levanta, e fica ao meu lado, me dando apoio. - Vem, eu te levo para algum que você se sinta mais confortável.
- Ok.
Eu apoio meu braço em seu ombro, e ele segura firme na minha cintura, e nós seguimos para dentro da casa.
Já lá dentro, eu começo a ver as pessoas como borrões, e minhas pernas parecem não atender mais aos meus comandos. E a última coisa que sinto, é o Doug me pegar no colo, e passar por entre as pessoas que estão bem agitadas com a música ainda alta.
Em um lapso de consciência, eu me vejo em um quarto com pouca iluminação, e sinto o colchão macio sob meu corpo.
- Izzy...- tento chamar por alguém que possa me dizer o que está acontecendo. - Annie...
Quando viro de lado, bato com a mão na minha bolsa, e não sei como, mas consigo pegar meu celular, e ligar para o meu pai.
- Pai, você pode vir me buscar?...
Depois de falar com o meu pai, eu vejo a porta do quarto se abrir, e alguém passar por ela. Ao se aproximar, percebo se tratar de um homem.
- Pai? É você? - mas eu não tenho tempo de receber uma resposta, pois apago de novo.
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Olá, galerinha!
Passando por aqui, só para dar um aviso, que é muito importante.
Em qualquer festa, evento ou confraternização, só aceite bebidas de pessoas que sejam de sua extrema confiança.
Se previnir, e priorizar a sua segurança, deve estar sempre em primeiro lugar, então não se arrisquem por atenção de ninguém, e nem para estar na "vibe da galera".
Seu bem estar vale muito mais que isso.
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