XIII
Crystal
O dia da festa da Izzy chegou, e eu passei o dia ansiosa com esse evento. Claro que estou feliz pela minha amiga, mas só de saber que veria o Doug lá, eu fiquei mais empolgada.
Já havia dois anos que eu gostava dele, e como esse é seu último ano no colégio que estudamos, creio que essa é a última oportunidade de poder falar com ele, e quem sabe conseguir um encontro. Pensar nessa possibilidade me deixa nervosa, mas eu preciso tentar.
Depois de pronta, e conferir meu look pelo menos umas 30 vezes, me sinto pronta pra ir.
- Quantas vezes você ainda vai parar na frente desse espelho, Crystal? - Annie pergunta impaciente.
- Acho que agora já me sinto realmente pronta. - afirmo sorrindo confiante para o meu reflexo no espelho.
Annie veio pra cá se arrumar e ir comigo, já que a Izzy tinha que estar lá mais cedo, afinal, ela era a aniversariante. Annie está usando um vestido preto, sem decote marcante, e não muito curto. Na verdade, pra mim, parece um vestido bem simples.
Já eu, optei por algo, digamos que, mais ousado. Meu vestido é azul, com alças mais grossas, e um decote delineado, nada muito marcante também. Mas como ele é drapeado, fica mais soltinho da cintura pra baixo, então optei por usar um short curtinho por baixo. Não dá pra pra confiar muito no que um vento poderia fazer.
Coloquei um salto médio para não me sentir muito alta, já que de nós três, eu tinha uns centímetros a mais. No cabelo, coloquei uma presilha com detalhes azuis, prendendo apenas duas mechas da frente do cabelo para trás, e o resto deixei solto, com as ondas naturais caindo sobre o ombro.
Meu cabelo é igual ao da minha mãe. Na verdade, todo diz que sou igual a ela. Os olhos no mesmo tom de mel, e o nariz pequeno e fino. Nesse ponto, posso dizer que tenho sorte, não acho que eu ficaria muito bem se parecesse com o meu pai.
Para finalizar, passei uma sombra nude apenas para realçar o delineado nos olhos. Um pouco de rímel, um leve rosado nas bochechas, e um batom levemente avermelhado nos lábios, só para complementar. Eu estava me sentindo bem bonita naquela noite.
- Ótimo! - Annie levanta da cama, pegando sua bolsa em cima da mesa do computador. - Então vamos.
Pego minha pequena bolsa, que estava ao lado da dela, apago a luz do quarto, e saímos.
- Uau, meninas! Vocês estão lindas! - tio Michael diz com um largo sorriso, assim que chegamos na sala.
- Obrigada, Michael! - Annie agradece envergonhada.
- E Crystal, você está maravilhosa. - ele prossegue quando eu lhe dou um abraço. Ele provavelmente chegou aqui enquanto nos arrumavamos. - Me lembra muito a sua mãe quando estávamos na escola. - me aperta em um abraço carinhoso.
- Pois é, e foi nessa mesma época que ela engravidou de você. - meu pai diz desgostoso.
- Pai! - o repreendo.
- Estou falando sério. - prossegue.
- Mas eu não sou a minha mãe! - rebato.
- Não liga pra ele, Crystal, isso é ciúme de pai. - tio Michael sorri complacente.
- Eu sei. - dou uma piscadela pra ele.
- Não falem como se eu não estivesse aqui! - meu pai diz com uma carranca.
- Você não precisa se preocupar, pai. Eu tenho juízo. - lhe abraço carinhosamente.
- Espero que sim. - me devolve o abraço, e deixa um beijo na minha testa.
- Bom, temos que ir. - me afasto dele, indo até Annie, e a puxando pela mão. - E não voltaremos hoje, vamos dormir na casa da Izzy.
- Ei! - meu pai nos chama a atenção. - Serão só você três né?
- Claro pai! - respondo convicta.
- Certo. Espera um pouco, vou só trocar de camisa, e deixo vocês lá.
- O quê? Não! - digo rápido. - Qual é pai, isso não é necessário. Podemos pegar um táxi ou um Uber, não se incomode.
- Não me incomodaria em nada.
- Fala sério, pai! Seria patético sermos as únicas a chegar acompanhada de um pai. - olho para Annie. - Não é mesmo Annie? - ela não esboça nenhuma expressão a meu favor. - Tio Michael? - procuro então, o apoio de um adulto.
- Bom...Antony, você já teve essa idade, sabe como é essa fase. Qualquer coisa desse tipo, é um mico registrado.
- Michael!? - meu pai o repreende.
- Estou falando a verdade. Ou você chegava nas festas da sua época, acompanhado dos seus pais? Até onde eu sei, muitas delas seus pais nunca souberam que existiu.
- Meu Deus! - meu pai protesta passando a mão pela testa.
- Ótimo, então até amanhã pai. - volto a puxar Annie pela mão. - Ah, valeu tio Michael! - surrurro pra ele.
- Ei! - eu paro e presto atenção no meu pai. - Qualquer coisa me liga...
- Sim, eu sei pai!
- Ótimo! E vá de Uber, assim você pode compartilhar sua viagem comigo. Quero ter certeza que chegará bem lá.
- Tudo bem! - digo já do lado de fora do apartamento. - Te amo, pai! - finalizo fechando a porta.
Antony
Eu não sei porquê, mas estou um pouco incomodado com essa festa. Não sei se é pelo que houve ontem com a Izzy, ou se é apenas por ter visto a minha menininha toda produzida e empolgada para ir a um lugar, onde terá muitos garotos cheios de testosterona e com os olhos em cima dela. Mas algo com relação a essa festa, está me deixando inquieto.
- Você vai mesmo ficar acompanhando todo trajeto dela? - Michael questiona zombeteiro.
- Claro que sim. - mantenho meus olhos fixos no celular.
- Imagina só, se a Crystal fosse como você era nessa idade, acho que você já teria infartado. - ele ri.
- Vai a merda, Michael!
- Na verdade...- se levanta do sofá, indo para a cozinha. - Eu vou é pegar uma cerveja, enquanto você banca o pai possessivo. - finaliza rindo da minha situação.
Acho que posso estar exagerando, já que a Crystal sempre foi em festas acompanhadas das mesmas amigas, e não é porque a Izzy teve aquele tipo de atitude, e haverá muitos garotos naquela festa, que significa que ela se deixará levar por qualquer incentivo ousado desse. Pelo menos eu espero que não.
- Trás uma pra mim, Michael! - grito da sala.
Decido relaxar, afinal, a Crystal sempre foi muito responsável e mais ajuizada do que a maioria das garotas da sua idade.
Vai ficar tudo bem, eu que tenho que parar de ser paranóico.
Quando ela finalmente chega ao destino, eu deixo o celular de lado, termino minha cerveja, e decido me trocar pra sair. Como ainda não passou das 20h, Michael e eu combinamos de jantarmos em algum lugar, e mais tarde, encarar a noitada como dois homens solteiros. Merecemos isso, já que a semana foi turbulenta no trabalho.
Após o jantar, pagamos a conta, e tentamos entrar em acordo de onde vamos aproveitar a noite dessa vez.
- Você não quer ir conhecer a boate nova que abriu perto do centro?
- Não. Esses lugares novos costumam estar muito cheios, e eu não curto isso. - respondo prestando atenção no retrovisor, antes de entrar à direita, numa rua não muito movimentada.
- Cara, os outros lugares nós já visitamos tanto, que nem tem mais graça.
- Nós nunca vamos a essas boates pelo lugar. E você sabe bem disso. - dou um sorriso ladino.
- Nisso você está certo. - ele ri largo.
Eu sinto algo vibrar no meu bolso, e me amaldiçoou por não ter tirado o celular do bolso quando entrei no carro.
- Merda!
- O que houve? - me olha confuso.
- Meu celular. - paro o carro próximo a guia. - Tem alguém me ligando.
Quando pego o celular, vejo o nome do Crystal na tela.
- É a Crystal.
- Será que a festa já acabou, e ela resolveu ir pra casa? - Michael questiona.
- Alô? Crystal? - atendo a ligação.
- Pai?
- Crystal, eu não consigo te ouvir direito, tá muito barulhento.
- Pai, você pode vir me buscar? - diz com uma voz murcha.
- O que houve, Crystal? - sinto que estou praticamente gritando para que ela possa me ouvir.
- Eu não tô me sentindo muito bem pai. Minha visão tá embaçada, e eu mal consigo ficar de pé.
- Crystal, você ingeriu bebida alcoólica? - já sinto a irritação na minha voz.
- Não pai, eu só...pode vir me buscar?
- Claro! Chego aí em 5 minutos. - desligo o telefone.
- 5 minutos? - Michael me olha incrédulo. - o trajeto até lá, é de pelo menos meia hora, isso se você não pegar trânsito.
- Então é melhor você apertar seu cinto de segurança, pois hoje eu vou ganhar algumas multas por velocidade.
Volto pra pista com cuidado, mas logo piso no acelerador, correndo o máximo que posso.
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