LI
Antony
Quando eu estava próximo a saída do parque, encontrei com a Rubia, que trabalha na casa Megan. Ela empurrava o carrinho de bebe, e carregava pendurada no ombro, uma bolsa de bebê.
- Rubia! - me aproximo rápido - Eu te ajudo com isso. - pego a bolsa de seu ombro.
- Ah, obrigada, Antony. Mas eu já estou indo embora. - ela sorri amigável.
- Está sozinha? - caminho ao seu lado.
- Sim. Mas vou pegar um taxi.
Eu dou uma breve olhada dentro do carrinho, e o pequeno parece estar em um sono tranquilo.
- Bom, acho que não precisará mais.
Ela para e me encara com um sorriso simpático.
- Eu jamais aceitaria lhe dar esse trabalho.
- Você sabe que não é trabalho algum.
- Mas eu vou para o lado contrário do seu destino.
- Ainda assim, não é um problema.
Mesmo que ela tentasse recusar, alegando que seria um incômodo, no final das contas, acabou não tendo encolha senão aceitar.
Sei que não sou a melhor pessoa para estar na companhia do Henry, pelo menos essa deve ser a opinião da Megan, mas não me importo com isso quando posso prestar essa gentileza a Rubia.
Ao chegar em frente a casa da Megan, Rubia desembaraca e vai até o portão para abri-lo. Eu desço do carro, e pego o pequeno dorminhoco no colo. Ele é leve, e para uma criança de quase um ano e meio, ele até que é grande. Bem diferente da Crystal, que sempre foi muito pequena.
Fecho a porta do carro, e aguardo logo atrás da Rubia, até que ela pegue o carrinho dele, e coloque para dentro da casa. Eu permaneço com o Henry no colo, e o observando melhor, ele me lembra muito quando eu era da idade dele. Não que eu fosse ter realmente lembranças dessa época, mas as fotos que minha mãe guarda, me trazem tal perspectiva.
Se não fosse tão impossível, eu poderia jurar que ele é minha cópia fiel.
- Antony?
Ao me virar para a voz que me chama, vejo que nem havia percebido a Megan chegar de carro, e parar logo atrás do meu.
- Megan!?
- O que faz aqui?
Ela olha para os meus braços quando viro pra ela, e vê o pequeno Henry dormindo.
- Aconteceu alguma coisa? - ela pergunta preocupada, e vem a mim esticando os braços para pegar o bebê.
- Não. Está tudo bem com ele, eu apenas dei uma carona para Rubia do parque até aqui. - explico, entregando o bebê pra ela.
- Mas você nem mora pra esse lado. - ela beija o rosto do Henry.
- Eu sei disso Megan. Mas achei que seria rude deixar ela pegar um taxi com o bebê, sendo que eu estava lá, e não me custaria nada. - digo simples, colocando as mãos no bolso da bermuda.
- Entendi. - ela me encara afetuosa. - Obrigada! - sorri gentil.
Confesso que foi muito bom receber esse sorriso dela, isso me deixou uma sensação de déjà vu, e não me surpreende em nada.
- Você quer entrar e beber alguma coisa? - ela me convida.
- Não, eu estou bem.
- Vamos lá, o mínimo que posso fazer, é te oferecer algo pra beber, depois de ter sido tão gentil. - ela vai para o portão, e então se vira pra mim, esperando uma resposta.
Não. Você não está precisando beber nada. Apenas recuse e vá embora.
- Tudo bem! Eu aceito um pouco d'água.
Puta merda, eu não sei onde estava com a cabeça pra aceitar isso. Mas não consegui evitar, depois de tudo o que aconteceu entre a Megan e eu, não tivemos mais a oportunidade de estarmos em paz por um único momento. E já que ela está sendo simpática, não tem porquê eu ficar evitando estar na presença dela.
Lá dentro, Rubia subiu com o Henry, e Megan me convidou até a cozinha.
- Você prefere suco, chá, uma vitamina...? - ela pega um copo no armário, e se volta pra mim quando para em frente a geladeira.
- Só...água mesmo. Obrigado.
- Tudo bem. - ela pega uma jarra na geladeira, enche o copo, e me entrega.
Pra falar a verdade, eu bem que precisava me hidratar um pouco. Depois de me despedir do traíra do Michael, eu ainda corri meio parque até chegar na seção que havia deixado meu carro, então foi bom ter aceitado o convite dela.
- Então... Estava passeando?
Ela está mesmo puxando assunto comigo?
- Hã... Na verdade, eu tinha ido correr com o Michael. Mas ele me deixou na mão. - reviro os olhos.
- Imagino. - termino a água, e coloco o copo sobre a bancada que está entre nós. - Como andam as coisas na sua casa?
- Como assim? - eu fico confuso com a pergunta, mas também curioso pra saber o que realmente ela quer saber.
- Bom... - ela cruza os braços, e se recosta na bancada. - Os preparativos para o aniversário da Crystal devem estar tirando qualquer paz que possa já ter havido naquele apartamento.
Eu encaro meus pés, passando a mão pelo rosto, e rindo desconcertado. Não que eu tivesse alguma ideia do que ela estava falando, e é exatamente por isso que não consigo agir de outra forma.
- Na verdade, nem parece que elas estão preparando alguma coisa. Tudo anda muito calmo por lá. Mesmo com a Izzy um tanto quanto empolgada pra isso.
- Queria que tivesse sido assim todas as vezes em que elas dormiram juntas por aqui, planejando as festas anteriores. - ela ri brincalhona.
Deveria ser muito estranho ver esse comportamento da Megan comigo, mas eu não consigo deixar de desejar que fosse sempre assim a partir de agora.
Não sei como essa conversa chegou a época em que nós éramos os adolescentes que planejavam as festas surpresas dos colegas de classe, mas foi bom poder relembrar um pouco daquele tempo.
A Megan sempre foi tão espontânea, tão animada, e toda e qualquer oportunidade ela queria estar reunindo a galera. Sempre tinha um sorriso largo no rosto, o mais lindo de todos o que eu já havia visto naquele tempo. Ela era a garota mais bonita que eu já tinha visto na vida pra falar a verdade, e por mais que eu enchergasse mais do que a maioria dos outros garotos, nós sempre fomos só amigos. E hoje, eu vejo que isso deveria ter ficado do jeito que era. Nunca deveria ter mudado.
Enquanto ela puxa da memória, alguns dos acontecimentos mais aleatórios que já tivemos em bando, eu ainda divago sobre o rumo que nossas vidas tomaram.
Se não fosse pela festa de aniversário do Ben, hoje não estaríamos assim. Nossas vidas teriam sido bem diferentes. Talvez nunca tivesssemos transado naquela noite, e nunca teriamos nos envolvido de tal forma a ponto de nos casar.
Ou talvez pudessemos ter chegado a esse ponto, mas de forma diferente, e hoje estaríamos juntos ainda. Ou jamais teríamos nos visto até então. As possibilidades são muitas, e eu não tenho como me arrepender totalmente disso. Afinal de contas, aquela noite me proporcionou a melhor coisa da minha vida, que é a Crystal. E isso, eu não mudaria de forma alguma na minha vida, independente de como ela está sentimentalmente bagunçada hoje em dia.
Olho atentamente para Megan, e sorrio bobo ao pensar nessa parte importante da minha vida, mesmo ela achando que estou prestando atenção no que ela tanto relembra com sorrisos tão alegres.
Quando me dou conta de tudo a minha volta, Megan está sentada ao meu lado na bancada. Sequer me recordo de quando me sentei, mas sua proximidade, faz meu corpo arrepiar, e meus olhos percorrer cada curva dos lábios dela.
Eu quero muito beijá-la. Muito mesmo.
Eu me aproximo devagar dela, mas ela ainda permanece ali, falante como no início. Ao se virar pra mim, ainda sorrindo, ela percebe meu movimento silencioso, e então se cala. Seus olhos, assim como os meus, seguem direto para um objetivo em comum. Ela também quer me beijar, e sinto isso, e ao invés de me afastar, manter o máximo de distância possível, e apenas prossigo.
Quando nossos lábios estão terrivelmente próximos um do outro, ela faz a besteira de fechar os olhos, e abrir levemente a boca, esperando pelo ato que eu tanto desejo. Ao decidir por fim me entregar os que tanto desejamos, fecho meus olhos, e em um suspiro que ela dá, alguém na minha cabeça me impede de dar o último passo.
- Sinto muito...- ela abre os olhos e encara os meus. - Eu não posso.
Eu me afasto rapidamente dela, me levanto, e vou embora.
No caminho pra casa, eu tento entender como realmente chegamos àquele ponto, e por mais que me esforce, eu não consigo. Minha mente lembra e relembra de cada segundo com a Megan antes da minha partida.
Eu queria, e puta merda, queria mesmo beijá-la, assim como em muitos dos momentos em que pensei nela durante esses ultimos dois anos. Mas é como se alguma coisa dentro de mim tivesse me impedido de fazer algo que não mudaria nada em nossas vidas.
A razão, foi isso que me tirou daquele transe irracional.
Não, na verdade não foi a razão; Foi o sentimento que me tirou daquela emboscada. Um sentimento diferente, que agiu no momento certo, que me fez ter lucidez.
Ao chegar em casa, quando entro no corredor, indo para o meu quarto, encontro a Izzy.
- Você chegou! - ela sorri feliz. - Tenho que te contar a novidade!
Com apenas dois passos largos, eu a pego pelo braço, e a puxo gentilmente para um abraço.
- Você está bem? - ela questiona quando eu deixo um beijo em sua testa.
- Estou ótimo!
Ao ouvir minha resposta, ela me abraça forte, e põe sua cabeça recostada em meu peito.
- Tem certeza?
- Tenho sim.
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