Resenha | A Peste Vermelha
♔—Introdução Ao Conto—♔
“Como é belo o sol” pensou, antes de fechar os olhos para sempre.”
A gente sabe que um bom livro é aquele que consegue fazer as emoções virem à tona enquanto estamos lendo e é com essa maravilhosa frase do prólogo de A Peste Vermelha que eu quero iniciar essa resenha.
Logo no início do conto somos apresentados a um rei, até então sem nome, cujo reino está completamente em ruínas. A narração avança como uma câmera cuidadosamente em cima do protagonista, e o leitor é levado a descobrir uma doença que assolou todo aquele reinado. Mas o que comove mesmo são os vários sentimentos misturados do rei em seus últimos momentos: ele arrasta um pequeno baú consigo enquanto revive as memórias felizes do seu povo, e mesmo que não haja nenhuma lágrima para acompanhar essas memórias, a autora fez um contrabalanço essencial utilizando os aspectos físicos dele naquele momento: o cansaço , o suor, o sol testemunhando aquela última pessoa sobre os escombros do que um dia foi um reino feliz.
E então, quando ele finalmente enterra o baú que trazia, o rei abandona seu corpo ao chão encarando ao seu velho companheiro sol quase num momento de intimidade, e morre.
Sério, não tem como ler esse prólogo de outra forma: são tantos sentimentos empenhados na narração que não nos resta nenhuma opção senão sentir aquele pesar no nosso coraçãozinho pelo rei.
Autora, se tu quis me fazer entrar numa bad do caraças então você conseguiu porque não tem ninguém com quem eu tenha me identificado mais do que o Rei. Parabéns, minha filha, chorei lagos internamente!
♔—Trama—♔
A trama, então, pula de tempo e caímos de paraquedas num café, onde nos encontramos com uma estudante lendo jornal: Ava. Mas é lendo mesmo gente, sabe aqueles jornais impressos de antigamente? Eu devo parabenizar a autora pelo uso desse artifício porque quase nenhuma pessoa hoje em dia sequer usa isso em livros ou contos.
Através dos olhos da Ava, nós somos levados ao deserto da Etiópia onde tem uma galera desenterrando coisas, entre eles o irmão da Ava, Elijah.
E se você acha que era só uma informação, segura na sua bombinha pra asma porque: misteriosamente, os jovens apenas desapareceram. Do NADA!
Mas esse é só o começo, ela chega em casa só para pôr no telejornal e levar outro bang: “Uma doença misteriosa tem atacado todo o mundo durante as últimas 12 horas...”
Ah, mas é claro que você e eu, leitores experientes, macacos velhos, já fazemos relação direta com o prólogo. Você olha e diz "Hum, desaparecimento misterioso, doença, morte, noticiário... EUREKA! A doença do rei, lá!”
E é isso mesmo.
Daí pra frente, o desespero toma conta da protagonista, que se tranca em casa esperando um milagre cair do céu.
Mas o que cai é só a porta mesmo...
Ou melhor, não cai, porque ela abre, mas falta de ameaça não foi: uma elite aparece na casa ordenando que ela abra sob ameaça de derrubar a porta.
E esse meus amigos foi apenas o PRIMEIRO CAPÍTULO, entendam o desespero.
Eu achei tendência, visse? Nada como um capítulo cheio de reviravolta pra fazer a gente arrancar os cabelos da cabeça — não, é sério, se você leu meus comentários lá provavelmente me viu gritando a cada três segundos. Normal como sempre... 😂😂😂
♔—Personagens—♔
Agora, aqui nós temos um problema enorme. Pra quem é autor ou autora, sabe que geralmente há uma dificuldade no que se diz respeito a passar sentimentos através do que seus personagens sentem. Como escritora nas horas vagas, eu tenho muito esse problema e é só por isso que eu identifiquei que esse problema também está em A Peste Vermelha.
O prólogo foi incrível. Me senti perto do Rei como se fosse um familiar dele e todas as emoções comentadas no capítulo foi o que deu ao prólogo a força que tem. Mas quando a Ava perde o Elijah pra pandemia, a única passagem sentimental que temos acerca dessa perca ou a forma como ela lida com essa perca é isso:
E calma lá, para tudooo:
É um personagem importante para a segunda protagonista. Ela deveria se sentir mais do que "desgostosa" com a morte dele.
Quando o perdeu, no próximo capítulo não havia luto, nem tristeza, apenas o interesse dela em saber como foi a morte — o que é bizarro. Seu irmão acaba de morrer e você tá mais interessada em saber como isso aconteceu, não com o fato de ter morrido.
Foi simplesmente como se ele nunca houvesse existido.
E e com isso eu não quero dizer que a personagem é ruim, a autora é SIM ótima no que diz respeito aos personagens. A Luh os trabalha muito bem e dá a eles uma personalidade própria, coisa que EU não consigo fazer, às vezes. A sua escrita técnica e detalhista nos permite entrar nos pormenores do conto e ter imersão mais completa, porém há momentos onde a narração técnica não consegue fazer a ponte entre o personagem e a pessoa que está lendo.
E a Ava não conseguiu me despertar empatia simplesmente por isso. Ela perde o irmão, sente muito por isso, mas nos próximos capítulos foi como se ninguém houvesse morrido e ela está abundantemente feliz com a nova vida que tem na ilha 2.0.
Então, se houve um personagem em A Peste Vermelha que teve de tudo pra ser bom mas não atingiu a expectativa, foi, sem dúvidas, a Ava. E como a autora prometeu estender o conto a um livro maior, eu espero que lá você altere ou mude isso. Nos apresente Elijah, a relação dos dois, e dê ao leitor um motivo para ser mais próxima com Ava.
Mas eu abro um destaque para três personagens que, sinceramente, foram o estopim do sucesso no conto — ao menos pra mim:
1. O Rei
(prevejo pessoas revirando
os olhos ajbsjssj)
Sim sim, eu sei que já o citei. Ele foi de longe o personagem que mais amei na trama, pelos motivos que citei anteriormente: os momentos felizes que relembrou antes de morrer, a forma como usou o sol de guia em sua morte, o cansaço interminável que sentia com a proximidade do seu fim... Tudo isso me teve na mão!
2. Agente Warren e Ruby
Eu sei que a entrada da galera do FBI foi tipo do nada, e meio que me fez parar um minuto pra pensar “Por que ela?” mas se tem algo que eu aprecio numa história é um bom conflito de personalidade e é isso que a Niniluzinha entrega. Houve ali um momento de tensão na frase "Preferes despir-te na frente de um homem ou duma mulher?" do Ajax. O leitor ficou meio que esperando que a qualquer momento ele iria entrar e arrancar na faca e mano, esse momento, K K K K K K. Eu vou guardar na memória.
E a Ruby me fascinou por ser uma mulher no cargo. A gente que é mais das antigas sabe que representatividade feminina nestes cargos era quase extinta, então quando vi a Ruby, gritei. Literalmente. #GoFeminism!
E o Warren gente... O que falar do Warren? Super sentimental, quase vi os olhinhos dele brilhando quando disse: “Toda a energia aqui é sustentável.” Gente, um fofo!
♔—Desenvolvimento—♔
O desenvolvimento de A Peste Vermelha até que é rápida, acredito eu, até por se tratar de um conto. A forma como os personagens foram apresentados — de supetão — a pandemia alcançando todos numa velocidade a nível trem-bala da coisa tornou o conto um pouco rápido. Também há o fato da narração descritiva. Quando tendemos a descrever muito as coisas para chegar logo na ação principal isso dá a impressão de uma corrida e novamente devo voltar na morte de Elijah: se esse momento em diante fosse narrado sob a perspectiva de um luto emocional talvez aproximaria o leitor da protagonista. Como a narração emocional foi descartada, ficamos apenas na questão técnica da coisa.
De novo, não é um defeito, mas eu recomendaria muito que a autora treinasse ou até mesmo aprimorasse sua narrativa emocional dramática. Quanto mais drama passa um personagem, maiores as chances dos leitores se identificarem com ele e não o esquecerem tão rápido.
♔—Desfecho—♔
O conto, então, encerra da mesma forma que começou: enigmático.
Ava está nessa nova sociedade 2.0, um mundo sustentável, já sorriram, já encontrou outras pessoas e conheceu o lugar onde vai passar o resto de sua vida — ou talvez não; nunca se sabe!
Mas ela pega os papéis que trouxe do quarto do irmão e os começa folhear, onde finalmente conhecemos o nome do rei do início lá: Preste João.
As folhas contam sobre esse antigo reinado e como ele foi destruído por uma doença misteriosa.
Mas o Bang final vem mesmo é na última folha, uma nota escrita à mão e, possivelmente às pressas, onde se lê: “Scott sabe a sua localização. Estamos tramados! O mundo está condenado.”
Eu não sei vocês mas eu terminei esse conto igual o Gif do Travolta. “Mas gente, quem é Scott? Será um X-man? Será um cachorro? Será uma avião?” Não sabemos.
O que sim, sabemos, é que o conto terá uma continuação e nossas dúvidas serão explanadas! Isso mesmo!
Então, quem sabe o tal Scott não aparece lá... Ou será que já morreu? Só lendo pra saber...
♔—Pontos Positivos—♔
☑ Narração impecável: se tem algo que a gente não pode reclamar é da narração da Nilu. Todas as obras dela são repletas de detalhes, cores, cenários que conseguem pôr o leitor dentro da história. É perfeito!
️☑️ Revisado: quem me conhece sabe que sou chata com erros ortográficos. Pra mim, livro bom, é livro corrigido e revisado, e aqui nós podemos ver claramente que tá tudo nos conformes.
☑️ Suspense inegável: a forma como os capítulos terminaram deixando aquele sentimento de “E agora?” realmente leva a melhor em A Peste Vermelha. Parece que estamos acompanhando cenas de um filme dramático!
☑️ Elementos quantitativos: eu quero muito exaltar a quantidade de recursos que foram utilizados para explicar ao leitor tudo que estava acontecendo. Os jornais, o grupo do FBI, a última carta lida por Ava... Todos esses elementos tornaram a obra fundamental!
♔—Pontos Negativos—♔
❎ Narrativa Emocional: a carga emocional usada no prólogo poderia ter sido tranquilamente usada também na morte do Elijah.
❎ Sentimento de velocidade: uma das coisas citadas no Feedback foi que o conto deu a impressão de pressa, e realmente deu. Espero que no livro seja menos acelerado os acontecimentos.
♔—Classificação e Recomendação—♔
Acho que se tivesse que classificar esse livro até 10, seria um 8/10.
Mesmo com esses pequenos probleminhas, A Peste Vermelha definitivamente merece uma vista de olhos. Foi um universo bem construído que, afim, terá uma continuação.
Quer um incentivo maior que esse para ler? Só lendo 😂😂!
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