ꮪꮖꭰꭼ ᏼ ( trᥲᥴk # O6 )
ˑ ۫ . ﹙ I'm the wind in our free-flowing sails.﹚
Rigel estava sentado em sua imponente cadeira de couro, os olhos fixos em Adhara como se quisessem arrancar a verdade dela à força, ele sempre era volátil com a sua filha, parta da sua fraqueza foi por desejá-la antes mesmo de nascer, sua menininha, um presente das estrelas, mas até ele sabia que ceder para Adhara era aceitar ser vulnerável e ele não podia. Rigel não havia dito quase nada ainda, mas o silêncio já era opressor, como um ar denso dentro do escritório. Quando finalmente falou, sua voz era grave, quase um sussurro carregado de ameaça.
── Adhara, você acha que pode continuar navegando entre dois mundos sem consequências? ── Ele apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se em sua direção, então ele sabia, Pollux tinha aberto a boca. ── Nachtraben já começou a questionar a sua lealdade, quando ele faz isso não é como se fosse nos dar muitas escolhas. Você está colocando a todos nós em risco.
Ela manteve a expressão serena, apesar de sentir o coração disparar. Aproximou-se da mesa, encostando as pontas dos dedos na superfície polida, era como se houvesse na sua garganta um nó difícil de ser desatado, quase como uma bola densa de se engolir, que quase a sufocava, Adhara sabia que tinha ido muito longe nos seus planos.
── Pai, você sabe que tudo o que faço é pela nossa família. ── Ela meneou a cabeça, tentando encontrar os olhos dele, mas Rigel estava tão preparado para lidar com a filha que sequer permitiu que ela aproximasse suas mãos dele. ── Você me ensinou a ser estratégica, e é exatamente isso que estou fazendo.
── Estratégica? ── Rigel riu, mas o som era duro, cético. ── Isso que você chama de estratégia parece mais uma tentativa de fuga. Está arriscando e eu não posso protegê-la para sempre.
Ela inclinou a cabeça levemente, deixando um tom de doçura entrar em sua voz, mais uma vez ela tentava envolver o pai em uma espécie de teia, como quem jogava o seu feitiço, mas não poderia arriscar com ele, mesmo com sua legilimência e a forma como sempre conseguiu praticar os feitiços mais fortes com facilidade, ela havia lido o livro do pai, fazia isso no tempo livre, convencê-lo se tornaria quase um embate.
── Você sempre me protegeu, pai. Porque sempre viu algo em mim, algo que ninguém mais viu. ── Ele inclinou o corpo para frente, buscando os olhos dele, ainda em fuga. ── Mas essa missão que eu estou... é maior do que qualquer um imagina. Maior do que o Lorde Nachtraben pode compreender.
── Missão? ── Rigel bateu na mesa, levantando-se. ── Garota tola! Você está me pedindo para enfrentar o principal pilar da Irmandade das Trevas com base em uma 'missão' que não posso sequer questionar? Adhara, não jogue comigo.
── Não é um jogo, pai. É um movimento no tabuleiro. Ela deu a volta na mesa, aproximando-se dele com cuidado, como quem tenta acalmar uma fera, parte da fúria de Pollux vinha dele, Rigel só sabia esconder melhor. ── Você me ensinou que a paciência é uma arma poderosa. E é isso que estou fazendo, esperando pelo momento certo.
── Adhara ... Eu não posso proteger você, nenhum de nós. ── Ele a observou em silêncio, os olhos avaliando cada nuance de sua expressão. ── Você quer que eu confie em você, mesmo quando o perigo está batendo à nossa porta?
── Sim.── Ela tocou o braço dele, olhando diretamente em seus olhos, era a abertura que ela queria, mas hesitou, não mexendo com o pai, ela sabia que com o tempo isso o deixaria instável, ela precisava da rocha. ── Eu sou sangue Black e nós somos como estrelas, vivemos por milênios.
── E causamos desastres quando morremos. ── Rigel suspirou, recuando ligeiramente. ── Você pode ser persuasiva, mas isso não significa que eu não veja o risco. Se você falhar, será o fim não apenas para você, mas para todos nós. É o último aviso que eu te dou.
── Pai ... ── Ela apertou o braço dele, mas naquele momento ele recuou.
Rigel desvencilhou-se dela e então caminhou até a janela, cruzando as mãos atrás das costas enquanto observava a escuridão lá fora, a Mansão Black era incrivelmente silenciosa quando não precisava ser, como se esperasse pelo próximo grito de socorro de alguém. O silêncio na sala era pesado, como se o próprio ar estivesse carregado com o peso da decisão que ele estava prestes a impor, antes de ser um pai, ele precisava ser o chefe daquela família.
── Adhara. ── Ele começou, sem se virar, sem apelidos ou nada do tipo. ── Você tem até o próximo ciclo da lua para se ajoelhar perante o Lorde Nachtraben e aceitar o que é seu por direito. Se você se opuser a isso, não haverá mais proteção minha.
Adhara sentiu o sangue gelar por um instante, mas não deixou que sua expressão traísse a inquietação interna. Ela se moveu para ficar ao lado dele, os dedos formigando enquanto avaliava a situação, não ter os Black ao seu lado era sentenciar-se ao fracasso, adiar entregar-se as trevas como os irmãos e os pais tinha sido um movimento arriscado e calcularo, ao se ajoelhar para a Irmandade ela perderia o que mais presava: Sua individualidade.
── Pai, eu entendo o que isso significa para você, para nossa família. ── Ela apertava os próprios dedos, doía, mas ela ignorava. ── Mas, por favor, veja além da superfície, essa aproximação nos coloca em uma posição vantajosa com a família real, nos dá poder fora do mundo bruxo e a estabilidade que precisamos. Não posso me apressar em uma decisão tão definitiva sem concluir o que comecei.
── Você está pedindo tempo em um jogo onde o tempo não está sob meu controle. ── Rigel finalmente se virou para encará-la, os olhos carregados de uma mistura de frustração e preocupação. ── As trevas não têm paciência, Nachtraben não tem paciência. Eles querem uma resposta.
── E é exatamente por isso que preciso de tempo, pai. Porque, ao contrário deles, eu estou pensando além. ── Ela ergueu o queixo, mantendo a voz firme, mas respeitosa. ── Não quero ser apenas mais um peão neste jogo. Quero ser alguém que possa fazer a diferença, trazer algo mais valioso à mesa, a nossa mesa.
── Você fala como alguém que acredita estar acima do jogo, mas nunca se esqueça, filha: o tabuleiro sempre pertence ao Lorde. ── Rigel a estudou por um longo momento, a dureza em sua expressão vacilando por apenas um instante, mesmo que odiasse assumir, no fim das contas ela era sua menininha. ── Não há espaço para escolhas individuais aqui.
── O que está fazendo é me encurralar. ── Os olhos dela brilhavam e Rigel não sabia se ela estava o manipulando ou sendo machucada de fato. ── Isso vai acabar comigo, por favor ...
Ele hesitou, sua postura rígida enfraquecendo ligeiramente, fechou os olhos, balançando a cabeça como se lutasse contra seus próprios pensamentos, sendo traído pelos sentimentos que o próprio cultivou a vida toda, levado por alguém que tanto quis, ele se via colocado em uma espécie de encruzilhada que não conseguia decidir para onde correr, o que era mais importante? Sua causa? Sua família?
── Muito bem. ── Disse ele, finalmente, a voz mais baixa. ── Um ciclo da lua. Mas se você falhar, Adhara, estará sozinha.
── Eu não falharei. ── Ela assentiu, sentindo uma forte pressão sob os ombros e atrás dos olhos.
Ela parecia um fantasma, flutuando sob o chão do carpete até a porta, o homem em silêncio nada pode fazer a não ser assistir, sua esposa tinha razão, Adhara seria sua ruína, o amor de um pai não deveria ser maior que os deveres de um homem, mas ele não conseguia, não podia lutar contra algo, contra alguém, que tanto amava, de sua maneira Rigel estava tentando protegê-la, mas nem ele conseguiria por muito.
Dias depois, sob o céu cinzento de outubro, Adhara ajustou o capuz do manto enquanto descia de um carro alugado na entrada do chalé, na região rural de Londres. Estava distante de qualquer olheiro mágico ou mortal, exatamente como combinado com Thomas, as vezes ela queria fugir para um lugar onde o sobrenome Black não pudesse encontrá-la, mas ainda era um sonho de menina, a menina que ela não era mais. O rapaz a aguardava sob o arco de hera que levava à entrada principal, um sorriso caloroso iluminando seu rosto, mesmo que as sombras do fim de tarde não o iluminassem completamente.
── Você está linda. ── Ele vocalizou assim que ela estava perto, pegando sua mão com delicadeza e conduzindo-a para dentro do chalé.
Ele estava vestido de maneira casual, um afastamento da formalidade que geralmente o cercava, normalmente havia pompa, mas agora ele usava uma camisa branca e calças escuras, os botões da camisa abertos e seu cabelo estava bagunçado. O lugar era aconchegante, com uma lareira acesa e janelas que permitiam a luz suave do entardecer entrar, era quase como uma pintura.
── Espero que não tenha sido difícil escapar hoje. ── Havia um tom de preocupação na voz da jovem Black.
── Minha avó acredita que estou inspecionando terras reais. ── Ele ponderou com a cabeça, colocando as mãos atrás do corpo. ── Você me inspira a encontrar soluções criativas, teremos o fim de semana para nós dois.
No rosto da mulher havia um curto sorriso, acompanhado de bochechas avermelhadas, mas o coração estava em alerta, haviam momentos que ela não sabia se o que vibrava era seu colar ou o órgão. Cada encontro com Thomas era uma dança, mas também uma aproximação perigosa, em alguns momentos ela achava que sentia algo por ele, além do jogo e da artimanha, mas em outros parecia apenas obcecada por seu propósito. Ele estava a tornando vulnerável demais e ela precisava lembrar que isso era parte do plano.
Mais tarde naquele chalé, depois de Adhara ter se acomodado em um quarto só para si e depois descido para encontrar Thomas em um pequeno salão, o jantar era servido apenas para os dois, sem guardas aparentes nem nada, Thomas parecia inquieto, movendo a taça de vinho de um lado para outro na mesa, os olhos de Adhara não deixaram de notar os sinais.
── O que o preocupa, meu Príncipe? ── Ela apoiou-se nos cotovelos colocados sob a mesa.
── Só Thomas. ── Ele a corrigiu bebericando vinho.
── Ok. ── Ela ponderou, tinha que se lembrar disso. ── O que te preocupa, Thomas?
Ele respirou fundo, deixando a taça de lado, antes de se levantar e andar até a janela, ela quis acompanhá-lo, mas achou que a forma afoita com que ele se movia não pedia sua aproximação, mas no luagr disso uma observação, ela precisava daquilo, saber o próximo passo dele.
── Adhara. ── Começou ele, com um certo nervosismo na voz que capturou toda sua atenção. ── Eu passei os últimos dias pensando em nós. No que somos... no que podemos ser.
── O que você quer dizer? ── Os dedos dela formigavam, ali ela passaria a notar algo que a atingia em camadas, ela tinha sentimentos por ele, mesmo que recusasse aceitar.
── Quero que você se case comigo. ── Ele foi direto, se virando para ela e a vendo com olhos trêmulos
O silêncio na sala foi ensurdecedor por um instante, o pedido ecooava na sua mente, nos meses em que o conhecia e o encontrava escondido, não achou que isso poderia acontecer, era um passo importante e ao mesmo tempo arriscado. Adhara piscou lentamente, processando as palavras, ela tinha outras maneiras de jogar aquele jogo, mas ele tinha feito algo inétido: Surpreendido quem estava no tabuleiro. Não era o momento, não era o plano. Mas ela precisava reagir.
── Thomas... ── Sua voz saiu quase como um sussurro, quando ela se levantou devagar. ── Isso é tão repentino...
── Não para mim. ── Ele interrompeu de pronto, caminhando até ela. ── Eu sei o que sinto por você. Desde quando meus olhos encontraram o seu naquele salão, desde cada carta lida e momentos trocados, é como se você tivesse me tocado de um jeito ... Eu não sei, mas não quero me sentir diferente disso e sem você não é possível.
── Você está se precipitando. ── Ela tentou tomar as rédeas da situação, mas ele avançou contra si, tomando seus dedos entre os dele. ── Se eu não for a pessoa certa?
── Nenhuma outra seria, haveria apenas um buraco fundo e obscuro em mim. ── Os olhos dele estavam marejados. ── Por favor, aceite ... Seja minha esposa, me deixe estar ao seu lado se for digno.
── Thomas ... ── As lágrimas desciam pelo rosto dela, podia ver desenhado entre as lembranças dele, mesmo que não quisesse, ele tinha pensado nisso por semanas, não era certo se o plano ali era aquele, a mente dele parecia incerta, ia e vinha, a menção ao obscuro a lembrou do plano original, parte de vencer era se adaptar. ── Você não sabe o quanto essas palavras significam para mim.
Aquele era o tempo que ela precisava, aquela era a jogada que faltava para se sentir mais segura de continuar no jogo. Com ambos os braços ela puxou Thomas para um abraço, por mais que quisesse beijá-lo ali teria a noite toda, queria a sensação de controle, de segurança, tê-lo em seus braços enquanto olhava a lareira atrás dele a lembrava disso, a trazia esse conforto. Seus olhos foram para a janela ao lado da lareira, quando via uma sombra se mexer, ela abraçou o Príncipe mais forte ainda, sentindo o próprio coração estremecer e acelerar, estaria ela ficando louca ou aquele lugar não era tão isolado quanto pensava?
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