Capítulo 7.
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Após alguns aurores conversarem separadamente com os britânicos, estes foram levados para a sede dos aurores canadenses. Harry ficou visivelmente impressionado com o fato de a sede não estar localizada dentro do Ministério deles, o que provavelmente lhes dava mais liberdade para trabalhar sem as restrições desnecessárias impostas pelos demais departamentos.
Todo o processo levou apenas meia hora; os depoimentos separados não duraram nem dez minutos, como se os aurores quisessem poupá-los do frio do verão na Floresta Boreal. Assim, um a um, os britânicos entraram pela lareira, esbarrando uns nos outros conforme chegavam à sala da diretora.
O primeiro a entrar, Harry, parou instantaneamente ao deparar-se com o olhar severo da diretora, que estava parada de braços cruzados aguardando-os. Todos os que se chocavam contra as costas dos outros exclamavam de raiva, mas se calavam imediatamente ao notar a figura imponente à sua frente, ficando cabisbaixos.
Assim que o último chegou, todos ficaram em um silêncio constrangedor.
— Eu me pergunto, Sr. Potter, como você ainda tem fôlego para envolver a Srta. Granger e o Sr. Weasley em suas artimanhas — disse McGonagall. Ela usava suas vestes habituais, mas os cabelos um tanto desarrumados indicavam que provavelmente estava dormindo e fora acordada por algum aviso para recebê-los.
— McGonagall, o Harry não...
— Silêncio, Srta. Granger. Vocês três têm sorte de não estarem mais aqui. Ou seria detenção por três semanas.
Ela direcionou seu olhar duro aos Sonserinos, que quase derreteram e se entreolharam nervosamente.
— Vocês três. Honestamente, eu sei de todas as broncas que levaram de Severus. Eu não preciso dizer que esses jovens... — ela apontou para os Grifinórios — ...são uma péssima influência para vocês, preciso?
— Professora... — Harry tentou conter uma risada, mas colocou a mão na boca ao perceber o olhar severo da mulher.
— Eu espero que vocês voltem para a festa e não quebrem mais nada, incluindo os ossos, entendido?
— Sim, senhora. — todos responderam em uníssono.
Assim, sua expressão severa suavizou e ela deu um suspiro fraco, deixando os ombros relaxarem.
— Fico feliz que estejam se dando bem... — ela logo reprimiu o sorriso e retomou sua postura rígida. — O que estão esperando? Saiam.
Imediatamente, eles se apressaram para fora da sala, trocando empurrões e iniciando uma onda de risadas assim que chegaram ao corredor.
— Eu nunca imaginaria que veria McGonagall dizendo que seu amado Trio de Ouro é uma má influência para nós, Sonserinos — disse Parkinson com um sorriso, quando já estavam quase chegando ao Salão Principal.
— Oh, ela sabe o que diz. Está certa — comentou Hermione, lançando um sorrisinho à outra garota.
— Bom, vou descobrir então o que tem de tão errado na Srta. Boazinha Sabe-Tudo — Parkinson lançou um sorriso de flerte e estendeu a mão para a morena quando pararam em frente às portas. — Primeiro, uma dança?
— Definitivamente — respondeu Hermione, segurando a mão da Sonserina e entrando no salão com ela.
Os quatro restantes se entreolharam boquiabertos, até que Rony começou a rir.
— Eu não acredito. — ele diz se apoiando em Harry. — Puta merda, Hermione.
— Oh, cale a boca Ron. Deixe ela descobrir o que há de tão incrível embaixo da saia da garota que ela tem falado a semanas. — Harry respondeu também risonho, dando um leve empurrão no amigo.
— Espera aí, como que é? — Zabini pergunta, interessado.
Harry e Rony trocaram um olhar cúmplice e sorriam largo para Zabini.
— Hermione lê todos os artigos, matérias e resenhas de Parkinson, vive falando disso nos nossos almoços no Ministério. Eu e Rony apostamos se ela cairia nas graças de Parkinson se tivesse oportunidade de sair com ela.
— Pelo visto não só nas graças ela vai cair... — Rony fala em murmúrio, mas eles ouviram e deram risada enquanto entravam no salão.
Ao longe viram as duas dançando a música agitada, entre conversas que não era possível ouvir dali.
— Bom, acredito que eu também gostaria de uma dança. Então, Ronald? — Zabini se virou ao ruivo, que corou intensamente ao ouvir seu primeiro nome seguido da mão erguida em sua direção.
— Oh-... Ah-... — ele olhou para Harry, que deu um sorrisinho pequeno e moveu a cabeça para ele aceitar. — C-certo, claro. Por que não? Você... céus, vamos. — calou a boca ao notar o sorriso presunçoso do homem por estar tagalerando envergonhado.
Harry sorriu observando os amigos se divertindo na pista. Mas se recordou de quem sobrou ao seu lado, ele olhou de relance para Malfoy que também encarava os demais.
— Está todo mundo olhando pra eles. — Malfoy murmurou sem tirar os olhos da vista.
— Bom, levando em conta que Rony e Zabini estão com as roupas amassadas e cortes nos rostos. Hermione e Parkinson com as vestes rasgadas e remendadas, também com hematomas visíveis. Acho que está todo mundo mais em dúvida de onde eles estiveram. — Harry comenta divertido, finalmente ganhando o olhar de Malfoy.
— Você está uma bagunça, Potter. Não conte vantagem.
— Ah não, eu não estava. Estão olhando para nós também. — continuou sorrindo para o loiro, percebendo ele olhar a volta deles.
Como se algo tivesse atingido o subconsciente de Malfoy, ele fechou a expressão enquanto olhava ao redor, mantendo a pose mais firme do que antes. Isso vacilou o sorriso que Harry tinha nos lábios.
— Bom. De qualquer forma, eu vou retornar para a balça e aguardar no trem o horário de voltar.
— Ah... não vai ficar na festa até o final?
— Tive o suficiente por uma noite.
Malfoy o encarou por alguns segundos antes de mexer a cabeça em um cumprimento. Dando as costas ao Eleito e seguindo para fora.
Harry olhou para seus amigos e viu os quatro juntos trocando conversa enquanto olhavam para si. Ele corou quando viu Hermione mover as mãos como se perguntasse o que aconteceu. Harry mexeu os ombros e a cabeça em negação demonstrando não saber. Ele notou Rony e Parkinson movendo as mãos em sinal de "vai!"
E, num surto Grifinorio de coragem, ele sorriu aos quatro, e seguiu para fora do Salão a passos apressados.
— Malfoy?
Harry chamou, enquanto andava pelo corredor que levava a saída.
— MALFOY?
Sem retorno ele acelerou o passo e ao fazer a curva, trombou nele novamente, que parecia ter ouvido e estava retornando. Aquelas mãos firmes agarram sua cintura mais uma vez e isso o deixou tonto por breves segundos, até erguer o rosto para olhar ele nos olhos.
— Sim, Potter? — Malfoy é o primeiro a se dar conta que se encaravam. Soltando Harry e dando um passo para trás.
— Ah-... eu... eu queria saber se você não quer ficar até o final. Vou ver o nascer do sol de novo. Vai ser divertido, foi divertido passar as últimas horas com vocês três. Eu... eu gostaria de passar as próximas horas com vocês de novo. E eu... hm... eu não quero ser vela deles. Então... digo. Nós-...
— Potter.
— S-sim?
— Cale a boca está me dando dor de cabeça.
O comentário ácido não afetou Harry, porque tinha um sorriso largo e sincero nos lábios do loiro, que contagiou o Eleito a sorrir de volta.
— Você... quer vê-los dançar?
— Vê-los dançar?
— É... comigo.
— Vê-los dançando com você?
— Não!
— Potter, não estou entendendo uma palavra do que está dizendo. Alguém te lançou um confundus?
Harry suspirou e massageou as temporadas, dando um passo para trás. Se deu conta que talvez não soubesse como convidar Malfoy para dançar. Talvez estivesse sendo idiota em acreditar que ele aceitaria sua presença e unicamente sua presença. Mas quem Harry queria enganar? Ele estava a noite inteira fascinado por Malfoy.
Harry parecia confuso, ele suspirou e olhou Malfoy, desistindo de tentar falar o que desejava.
— Nascer do sol em meia hora, vou avisar eles para irem a torre de Astronomia. Pode nos esperar lá?
— Sim.
— Certo.
Harry praticamente correu para longe com o coração batendo a mil no peito. Se perguntando porque estava se sentindo tão estupidamente idiota.
•••
Draco estava inclinado sobre a balaustrada que oferecia uma visão ampla dos terrenos de Hogwarts e do Lago Negro. Tudo era tão bonito na penumbra que se dissipava com o início da manhã. Ele ouviu passos e olhou para trás, vendo Potter entrar, seguido pelos outros. O moreno parou ao seu lado, enquanto os demais se apoiaram não tão perto, mas o suficiente para que todos pudessem se ouvir.
— Está começando... — Potter disse, olhando o horizonte além das montanhas.
Todos olharam na mesma direção e notaram os tímidos raios solares alcançando o céu, iniciando uma dança lenta nas montanhas ao longe. Era uma visão bonita e inspiradora.
O segundo nascer do sol que viam em tão pouco tempo. Era sempre acolhedor, como o renascer de uma nova oportunidade.
— Merlin, eu adoro o sol — disse Pansy com um risinho.
— Não deixe Hades descobrir — brincou Draco.
— Hades? Hades, Draco? Por Merlin! Eu sou filha de Afrodite. Não sei como ainda te considero meu melhor amigo — resmungou ela.
— Vocês vão deixá-los confusos — brincou Blaise, notando os olhares curiosos dos Grifinórios.
— Vocês estão falando de mitologia grega? — perguntou Granger. Pansy assentiu. — Ah, acho que conheço algo assim... De quem eu seria filha?
— Atena — disseram os sonserinos em uníssono, rindo em seguida. Granger sorriu, parecendo gostar da resposta.
— E eu? — Rony perguntou com uma fagulha de animação.
— Você, Ronald, deve ser filho de Apolo, ou Deméter. — disse Draco, quase resmungando.
— Não. Potter é filho de Apolo. Ronald é filho de Poseidon — discordou Blaise.
— Nunca. — Draco debochou. — Potter é filho de Ares.
— Não! Ele não é... — começou Blaise, mas foi interrompido.
— Já olhou para esse garoto? Ele arruma briga e confusão com todo mundo que vê pela frente. Olha na minha cara e diz que estou errado, Blaise — insistiu Draco, apontando para o Eleito.
Potter, que observava a discussão com uma expressão curiosa, não pôde deixar de dar um sorriso discreto enquanto os outros continuavam a debater. O brilho do amanhecer refletia em seus olhos, iluminando seu rosto de maneira quase mágica.
O mais alto entre eles, Blaise, prensou os lábios ao notar ter sido refutado. Ele deu uma risadinha e mexeu a cabeça em concordância após alguns segundos. Potter tinha um sorriso largo nos lábios, observando a interação dos Sonserinos. Parecia tão fascinado quanto estava ao admirar o nascer do sol, que agora coloria o céu com tons dourados e rosados.
Draco evitou olhar seus amigos, envergonhado por ter sido tão fã de Potter em suas recentes falas. Ele respirou fundo, apoiado na grade, observando a vista. A paisagem de Hogwarts iluminada pelo sol nascente era um espetáculo que nunca deixava de maravilhá-lo.
Quando todos já estavam iluminados pelo sol, foi o momento de se dispersar. Embora, de forma estranha, estivessem todos muito confortáveis com a presença uns dos outros. O momento compartilhado parecia ter criado um laço efêmero, mas significativo.
— Tenho que ir — Draco foi o primeiro a se despedir. Ele se aproximou de Pansy, envolvendo-a em um abraço caloroso, e em seguida, abraçou Blaise com a mesma afeição. Voltou-se ao trio de ouro. — Vejo vocês por aí.
E, sem aguardar resposta, o loiro caminhou a passos firmes para fora. Era bom ter uma lembrança feliz daquela torre. Admitia para si mesmo que desejava ser seguido por Potter de novo, mas sabia que o moreno não viria. Ele não estava mais sob efeito de álcool ou qualquer adrenalina.
Ao descer as escadas da torre, Draco olhou uma última vez para o cenário que deixava para trás. O nascer do sol, a companhia inesperada e a troca de provocações amigáveis. Tudo isso havia transformado aquela manhã em algo memorável. Um raro momento de paz e compreensão mútua.
Foi um bom baile de máscaras, apesar de tudo. A noite anterior havia sido cheia de mistério e revelações, mas o amanhecer trouxe consigo uma sensação de renovação e esperança.
Bom, tinha sido melhor para Pansy e Blaise, definitivamente. Mas a inveja de Draco iria cessar, em algum momento.
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