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Único: Jovens Mascarados


"Temos que usar máscaras para nos esconder, usar armas para nos defendermos. Somos a única salvação para a humanidade: os adolescentes.

No ano de 2019, um vírus desconhecido se espalhou pelo mundo, transformando pessoas em monstros insaciáveis, consumidos por um desejo insano de matar e devorar carne humana. A consciência se esvaía, e a loucura tomava conta. Aqueles seres, conhecidos como Ranchos, se reproduziam a cada arranhão ou mordida, transformando outros em suas próprias aberrações.

Recentemente, descobrimos que adolescentes entre quinze e dezenove anos possuem uma possível imunidade. Eles se movem mais devagar, e o vírus só os afeta após serem atacados duas vezes. Mesmo assim, a transformação leva mais tempo. 

Meu nome é Mark Dean, e para sobreviver, tornei-me um Mask Young, um jovem mascarado."

— Ta-Tatsuna!

As palavras ecoaram em sua mente enquanto ele se levantava, os olhos se adaptando à penumbra do quarto. O lugar era um caos; móveis revirados, objetos quebrados, um cenário que parecia ter sido arrebatado por um furacão. O único refúgio era um colchão surrado, que lhe proporcionava apenas vinte minutos de sono antes que os pesadelos o acordassem. O bastão de beisebol, sua única arma, estava firmemente em suas mãos, como se fosse um prolongamento de seu próprio ser.

Ele caminhou devagar, cada passo cuidadosamente calculado para evitar fazer barulho. Em uma bancada, um rádio antigo chiava, e a única estação que funcionava era a voz incessante do presidente do Japão.

— Lembre-se, todos devem encontrar máscaras ou algo para cobrir o rosto. As forças armadas do país matarão todos que estiverem com o rosto exposto.

Mark desligou o rádio, o som do botão girando ecoando como um presságio. Um arrepio percorreu sua espinha. Ele precisava agir. Com um movimento rápido, pegou uma máscara branca de raposa, adornada com detalhes vermelhos que lembravam cortes. Colocou-a sobre o rosto, transformando-se em uma sombra ameaçadora.

A pressão aumentava enquanto se agachava atrás da bancada, observando a porta quebrada. Dois Ranchos se aproximavam, movendo-se de forma lenta, mas grotesca, emitindo sons bizarros que faziam seus pelos se arrepiarem. Mark suspirou suavemente, uma lágrima escapando por trás da máscara, lembrando-se da família que havia perdido. Eles estavam no Japão para comemorar seu aniversário, mas o que deveria ser uma festa se transformou em um pesadelo. Ele viu sua família ser devorada diante de seus olhos, um trauma que nunca se apagaria.

Mas não havia tempo para o luto. Ele precisava se manter vivo. Então, com um golpe de determinação, agarrou o bastão com força e se preparou. Os monstros estavam perigosamente próximos, e ele se levantou rapidamente, desferindo um golpe certeiro na cabeça de um deles. O impacto foi brutal; o crânio se estilhaçou, e sangue e vísceras espirram por toda parte, manchando seu rosto e suas roupas.

O segundo Rancho, surpreso, lançou-se em sua direção com uma velocidade chocante. Mark rolou para o lado, esquivando-se e passando uma rasteira. A criatura caiu com um baque surdo, e ele não hesitou em esmagar sua cabeça contra o chão, sentindo o estalo dos ossos sob seus pés.

Ofegante, ele olhou ao redor. O chão estava coberto de sangue, e a adrenalina pulsava em suas veias. Era hora de sair. Rumo ao colchão, onde havia preparado uma mochila minutos antes, ele se moveu com cautela em direção à porta do apartamento, cada passo cuidadoso para não chamar a atenção.

Assim que desceu para o primeiro andar, o horror se intensificou. O local estava tomado por Ranchos, errantes e famintos. Mark sentiu seu coração disparar. Como ele conseguiria escapar? Enquanto se escondia, um pedaço de pedra sob seus pés se quebrou, ecoando pelo ambiente e atraindo a atenção de pelo menos dez criaturas. Uma delas, que estava atrás dele sem que percebesse, agarrou seu pescoço com uma força aterrorizante, a boca aberta e coberta de sangue, salivando vorazmente.

Mark lutou, tentando levantar o bastão, mas suas forças se esgotavam. A pressão aumentava, e a voz em sua mente gritava em desespero.

— Que inferno! Eu não sobrevivi nem dois dias, e agora vou morrer como minha família, devorado por esses... zumbis... ou sei lá o que são!

— O nome é Ranchos! — 

Era a última coisa que Mark ouviu antes que a escuridão o consumisse.

Seus olhos estavam revirando, a falta de ar se intensificava. Subindo as escadas à sua frente, outros Ranchos se aproximavam, famintos. O zumbi que o enforcava estava prestes a morder quando, num lampejo de sorte, sua cabeça estourou em uma explosão de massa cerebral e sangue. Mark, sem saber de onde vinha o tiro, aproveitou a oportunidade. Com um empurrão, afastou o corpo do zumbi e girou o bastão, derrubando os dez monstros escada abaixo, ganhando um pouco mais de tempo.

— Como é? Quem está aí? — gritou uma voz de cima, chamando sua atenção. Uma figura estranha, armada, disparava contra os Ranchos que se aproximavam.

— Eu disse que eles são Ranchos! Agora dá pra subir, negão?!

— Negão? — Mark repetiu, confuso, enquanto corria em direção à voz. 

Mas antes que pudesse se aproximar, mais zumbis apareceram, quebrando a parede ao lado dele. Com um movimento rápido, ele rebateu um deles, atingindo seu calcanhar e fazendo-o cair de joelhos. Sem hesitar, levantou o pé e pisou com força na cabeça do monstro, pegando impulso para pular em direção à figura armada, esmagando a cabeça do Rancho com um golpe certeiro.

A pessoa o ajudou a se levantar, estendendo a mão.

— Rápido! Para a janela! — disse, apontando.

Mark correu atrás dele, saltando pela janela. A figura misteriosa pulou primeiro, e Mark o seguiu. Ao sair, notou que havia um telhado e, logo em seguida, uma tirolesa improvisada. Sem pensar duas vezes, ele pulou a janela, utilizando o "Lazer" — um movimento de parkour que consistia em apoiar uma mão na bancada e saltar com os pés para cima — caindo sobre a telha e rolando, seguindo a figura até a tirolesa.

Ele desceu rapidamente, aterrissando no teto de um mercadinho. Mark continuou a seguir o desconhecido até que, com um movimento rápido, ele abriu o teto de ventilação e mandou Mark entrar. Hesitante, mas sem muitas opções, Mark se enfiou no buraco, caindo com precisão nos pés dentro do mercado. A pessoa entrou logo em seguida, fechando a abertura atrás de si. A porta da frente do mercado estava trancada dos dois lados, bloqueando a passagem de qualquer um.

O lugar estava repleto de estoques. Estranhando a quantidade de suprimentos, virou-se para a figura que o havia ajudado. Agora podia ver melhor: era um adolescente, vestido com um blazer e bermuda, um boné na cabeça e uma máscara preta que exibia um sorriso grotesco, com olhos iluminados em vermelho, extremamente chamativa e "da hora".

— Então, a máscara é bem foda — comentou Mark, admirando o adereço.

— "Qualé, negão!?" — respondeu o adolescente, com um sorriso largo. — Me chamo Kerbeus. Você tava quase morrendo lá, né?! Saquei...

— Obrigado por aquilo, eu sou o Mar—

— Não, não, não! Aqui você não pode dizer seu nome verdadeiro! Tem que criar um nome para se juntar a nós. Saca?

— Nós? — Mark questionou, intrigado. 

— Isso mesmo! — Kerbeus respondeu, com um brilho nos olhos. — A gente é uma resistência. Tem mais gente como nós. O mundo lá fora tá uma bagunça, mas aqui, a gente se protege e luta. 

Mark sentiu um frio na barriga, a adrenalina ainda pulsando em suas veias. Ele precisava de um novo nome, algo que o representasse naquele novo mundo. Enquanto pensava, os sons de gritos e estrondos ecoavam do lado de fora, evidenciando que os Ranchos não estavam longe. 

— Então, o que vai ser? — Kerbeus perguntou, a ansiedade crescendo.

— Eu... posso ser... Mortal? — Mark disse, testando a palavra nos lábios.

— Mortal? — Kerbeus riu, balançando a cabeça. — Não tá ruim. Mas precisa ser mais impactante.

Mark sorriu, mas logo se lembrou da situação tensa. 

Kerbeus avançou pela loja, guiando Mark em direção aos fundos do armazém. Eles passaram por prateleiras abarrotadas de mantimentos e objetos diversos até que, atrás de uma imensa estante, se depararam com uma porta. Kerbeus a abriu e entrou, puxando Mark para dentro antes de fechar a porta com um estalo seco.

Assim que a porta se fechou, Mark foi recebido por uma cena inesperada. Mais de vinte jovens, todos usando máscaras variadas, o encaravam com armas apontadas. O coração de Mark disparou. Entre eles, três usavam máscaras idênticas à de Kerbeus, mas com cores e formatos diferentes.

— Ei, pessoal! — Kerbeus levantou a mão como se estivesse apavorado, mas logo começou a rir, dando um tapinha nas costas de Mark. — Carne nova, galera!

As armas foram abaixadas, e a tensão se dissipou rapidamente. Os jovens voltaram a suas atividades: alguns conversavam, outros se divertiam com jogos de dama, xadrez e dominó, enquanto uma boa parte estava dormindo, completamente alheia à nova presença.

Kerbeus seguiu em frente, gesticulando para que Mark o acompanhasse. Enquanto caminhava, Mark percebeu olhares estranhos lançados em sua direção, mas ignorou. Logo, chegaram a uma nova porta guardada por dois jovens mascarados que, ao verem Kerbeus, o deixaram passar sem hesitação.

Dentro da sala, uma garota e um garoto estavam em meio a uma discussão acalorada. O garoto, sentado em uma mesa, parecia sério, usando uma máscara azul escura que brilhava sob a luz, enquanto um casaco encapuzado amarelo o envolvia.

— Você está diferente comigo! — a garota, vestindo um short curto e um moletom branco, exclamou, a voz carregada de emoção.

— Saia, tenho coisas mais importantes para cuidar. — O garoto respondeu, impassível.

— Mais importantes do que eu? Do que a sua família? Você está obcecado por poder, Olly! O mundo está acabando e você se divertindo?! Vai se foder!

— Eu mandei você ir embora, depois conversamos, Raposa!

A garota, com lágrimas visíveis por trás da máscara, virou-se indignada e esbarrou em Mark. Ele fixou os olhos nela, notando que suas máscaras eram idênticas, exceto pelo estilo. Irritada, ela o socou no ombro antes de sair, batendo a porta com força. Olly, o garoto de capuz amarelo, percebeu o olhar de Mark e um lampejo de raiva cruzou seu rosto.

— Olha o que eu trouxe, mais um "negão". — Kerbeus interrompeu, tentando aliviar a tensão.

Mark, no entanto, estava tão absorto nos pensamentos sobre a garota que não prestou atenção ao que Kerbeus disse. A porta pela qual ela havia saído parecia ter um magnetismo que o atraía.

— Que bom, temos mais um para ajudar. E como você se chama, talarico? Ou, amor à primeira vista? — Kerbeus provocou, piscando para Mark.

Os dois se encararam, o clima entre eles carregado de hostilidade. Kerbeus, sem jeito, fez uma expressão cômica, como se estivesse assistindo a um drama de comédia.

— Não... eu me chamo Raposo. — Mark respondeu, tentando manter a calma.

— E eu sou Aço. — O garoto de máscara azul disse, com um tom desdenhoso. — Sou quem fornece segurança e abrigo para esses adolescentes perdidos, e você é um deles. Kerbeus, mostra o lugar para ele e depois volta aqui. Quero bater um papo contigo, "negão".

— Pode deixar, parceiro. — Kerbeus afirmou, saindo da sala.

Enquanto Kerbeus se afastava, Mark sentiu um puxão em seu braço. Era Kerbeus, que o olhava com uma expressão de surpresa.

Kerbeus: - Puta que pariu, parceiro...

Mark: - O que houve?

Kerbeus: - O Aço mandou eu te mostrar o lugar, certo?! Mas olha, só temos essa parte onde ficamos, o banheiro, o mercadinho e a sala dele. Ou seja, não tem mais nada pra mostrar. Se divirta.

Mark: - Espera aí! Você acha que eu vou me divertir?

Kerbeus: - Sei lá, meu chapa, mais tarde a gente sai depois do jantar. E, como novato, você tem que ir na busca no primeiro dia. Então, se prepara.

- Acho que ele vai morrer hoje.

Uma voz feminina soou por trás de Kerbeus, e logo uma loira com uma máscara amarela apareceu.

- E aí, eu sou a Sol. E você, quem é?

Mark: - Mar-- (Kerbeus interrompeu com um tosse forçada). - Raposo.

Sol: - Raposo, é mesmo?! O Aço já está sabendo disso?

Mark: - Sabendo de quê?

Kerbeus: - É, eu também estranhei, branquela. Pode ser só coincidência, né?!

Os três se entreolharam, e Kerbeus deu um tapa no próprio rosto, demonstrando frustração.

Kerbeus: - Cara, você tá muito fudido...

Sol: - "Fudidinho" mesmo. Ou o Aço vai deixar você morrer hoje, ou você vai ralar muito aqui dentro.

Mark: - Não me importo. Quando é o jantar?

Minutos depois, Mark estava sentado sozinho, observando as pessoas ao seu redor, quando Kerbeus e Sol apareceram à sua frente, acompanhados de duas outras figuras.

Sol: - Esses são Joker e "Palnocu"... ops, quero dizer, Panic.

Os dois pareciam extremamente sérios, mas se mostraram humildes ao cumprimentar Mark. Joker usava uma máscara semelhante à de Kerbeus e Sol, com um sorriso bizarro como de palhaço e detalhes verdes. Panic, por outro lado, tinha uma máscara totalmente preta, com riscos brancos nos olhos e na boca. Enquanto Sol era extrovertida, animada e um tanto vulgar, sempre sorrindo por trás da máscara, Kerbeus exibia um humor forte e uma personalidade marcante, embora soubesse quando agir com seriedade. Joker se aproximou de Mark após o cumprimento, com uma voz baixa e um tom obscuro.

Joker: - Eles estão te tratando bem porque você vai morrer.

Sol: - Pior que é verdade.

Kerbeus: - Aposto cinquenta paus que ele sobrevive.

Sol: - Apostado!

A atmosfera se tornava cada vez mais densa, as palavras ecoando em um ambiente que parecia predestinado a tragédias. Mark sentiu um calafrio percorrer sua espinha, mas decidiu ignorar as ameaças implícitas. Ele não estava ali para ser um alvo fácil. 

Mark: - Eu não vou morrer. Preciso de uma chance.

Kerbeus: - Ah, você vai precisar de mais do que isso, meu amigo. Aqui, a sorte é uma moeda de duas caras.

Aço apareceu e o ambiente estava impregnado com o cheiro forte de comida sendo preparada. Alguns jovens se aglomeravam na cozinha improvisada, os rostos ansiosos e cansados. Kerbeus, com um olhar de determinação, pegou um prato de sopa para Mark. Enquanto a conversa fluía, uma ideia ousada começou a se formar na mente de Mark. Com um movimento furtivo, ele se desvencilhou do grupo e se dirigiu à loja, subindo pelo caminho que havia utilizado na primeira vez com Kerbeus.

Assim que alcançou o telhado, um frio na espinha o atingiu. Uma pistola foi apontada em sua direção. O brilho metálico da arma refletiu a luz do sol, e Mark se deparou com uma jovem de longos cabelos negros, a máscara de raposa idêntica à sua cobria seu rosto.

Mark: - Relaxa, eu não sabia que tinha alguém aqui.

Raposa: - O Olly te mandou aqui?

Mark: - Olly?

Raposa: - Hunf... - Ela fez uma pausa, deixando escapar um suspiro pesado. - Esquece.

Mark subiu a escada novamente, fechando a entrada atrás de si. A jovem caminhou até a borda do telhado, sentando-se na beirada, os olhos fixos na cidade caótica abaixo. Os ecos de tiros e gritos de desespero ressoavam no ar, uma sinfonia de horror que parecia nunca acabar. Ele se juntou a ela, o olhar fixo na máscara que cobria seu rosto. Respirou fundo, buscando coragem.

Mark: - Não vai comer?

Raposa: - Que nojo. Como consegue comer sabendo que tem gente morrendo a cada segundo por aqui?

Mark: - Eu não vou passar fome só porque pessoas estão morrendo.

Ela, em um ato de pura frustração, deu um tapa na tigela de sopa, fazendo-a voar e derrubar o conteúdo na rua abaixo.

Mark: - Que porra é essa?

Raposa: - Foi ele quem te mandou aqui, né? Pra encher meu saco e me fazer ficar pior.

Mark: - O Aço, Olly, ou sei lá qual seja o nome daquele cara, eu só subi aqui pra comer, e você estava aqui. Meus pais ou, possivelmente, todas as pessoas que já conheci estão mortas. Todos estão sentindo o mesmo que você!

Ela ouviu suas palavras, mas um silêncio pesado se instalou entre eles. Mark sentiu que suas palavras não alcançavam seu coração, e a tensão cresceu.

Raposa: - Qual seu nome?

Mark: - Raposo.

Raposa: - C-Como é?! Sou Emily, me desculpa por... derrubar sua sopa. Pera, Raposo?

Mark: - Pois é, Raposo. Agora... posso saber seu problema com o Aço?

Raposa: - É que... ele ficou louco depois que os Ranchos apareceram. Depois que metade do mundo foi morta... ele é, ou era, meu namorado. Juntamos alguns jovens que encontramos por aí e criamos esse grupo. Todos os que têm máscaras brilhantes são os Caçadores, aqueles que saem da loja para fora em busca da cura. O Aço, Kerbeus, Sol, Joker e Panic, conhecidos como "Mask Young" – "Jovem Mascarado", que é o que somos. A cura foi encontrada pelo grupo na madrugada de ontem, mas fomos impedidos por algo que não era um Rancho normal. Disseram que era grande, forte, e matou os outros três que faziam parte do grupo. Ficaram surpresos quando um deles encontrou o frasco e tomou segundos antes de se transformar em um Rancho, voltando ao normal... Mas, infelizmente, foi morto por aquele Rancho mais poderoso, que chamamos de Rancho Deus.

Mark: - Nossa, então... vocês encontraram a cura? Vou tentar ajudar.

Raposa: - Eu... quero ajudar as pessoas, mas tenho muito medo de piorar tudo e acabar morrendo. Não posso me tornar uma Caçadora. E... você vai morrer hoje mesmo.

Mark: - Eu não vou morrer. A gente mal se conhece, mas eu te prometo que não vou morrer. Só porque todos os novatos morreram não significa que essa é minha vez. Vou voltar pra loja, e com a cura. Temos uma vantagem por sermos jovens. Eu te prometo que vou voltar, Raposa.

Ela olhou para ele, a esperança e o medo misturados em seus olhos. Um sorriso hesitante surgiu em seus lábios, e ela se inclinou um pouco mais perto, como se a conexão entre eles pudesse mudar o destino sombrio que os cercava.

Raposa: - Vou confiar em você, Raposo…

Mas a cidade lá embaixo continuava a gritar, e o peso da realidade se espremia entre eles. A promessa de um futuro melhor parecia tão distante, um sonho que poderia se desvanecer a qualquer momento, como sombras que se estendiam sob a luz de um sol que mal conseguia atravessar as nuvens de desespero.

Eles se encaram e sorriem um para o outro enquanto apertam as mãos, descendo em direção ao fundo da loja. Ao entrarem, todos os olhares se voltam para eles. Kerbeus e Lua levantam as sobrancelhas, trocando olhares cúmplices, insinuando algo que parecia pairar entre Mark e Raposa. Aço, que estava preparando as armas, nota que eles voltaram. Sua expressão é de irritação, mas ele se mantém calmo, pegando dois fuzis e entregando-os a Panic e Joker, além de pistolas para Sol e Kerbeus. 

Mark, no entanto, percebe que não recebeu nenhuma arma. Ele tenta se explicar para Aço, que o interrompe, mudando de assunto.

— Aço: — Novamente, alguém quer ir à caçada hoje?

Um silêncio constrangedor se instala, ninguém se manifesta. Então, Raposa levanta a mão, determinada, e avança.

— Raposa: — E-eu...

— Aço: — Como é que é? Nem fudendo!

— Kerbeus: — Qual foi, negão? A mina ganhou coragem. Não desanima, senão ela muda de ideia.

— Raposa: — Eu não vou mudar. Quero ir à caçada hoje, e eu vou, você querendo ou não.

— Aço: — Então esse "Raposinho" chegou mudando de ideia, tão rápido assim. Eu sabia que você era uma...

Ele se aproxima dela, segurando seu braço com força.

— Raposa: — T-ta me machucando... Olly...

— Aço: — Meu nome é Aço agora. Qual parte você não entendeu? Garota burra!

Sem pensar duas vezes, Mark segura o punho de Aço e o empurra para longe de Raposa. Kerbeus, percebendo a tensão, se coloca entre eles e empurra ambos, tentando acalmar Aço com um abraço.

— Mark: — Não fala assim com ela, seu babaca!

— Kerbeus: — Qual foi, camarada? Fica calmo! Cadê seu espírito? Temos problemas maiores pra resolver.

Sol se aproxima de Raposa, segurando sua mão enquanto entrega um fuzil para ela e uma pistola para Mark.

— Sol: — Não liga pra ele, Raposa. O Aço fica grosso e nervoso às vezes.

— Raposa: — Espera... o que você quer dizer com isso?

— Sol: — Então, ela vai com a gente. É hoje que pegamos esse antídoto!

Mark vira de costas, colocando a pistola na cintura e segurando seu bastão. Ele dá meia volta, vai até sua mochila e pega um moletom preto com capuz. Respirando fundo, começa a seguir os outros para fora da loja, sabendo que o pior podia estar à sua espera.

Todos sobem no telhado da loja, observando a cidade destruída sob a luz da madrugada. Gritos e pedidos de socorro ecoam, enquanto chamas fortes iluminam os carros em chamas. O cenário é um verdadeiro caos.

— Aço: — Então, pessoal, nossa meta é passar pelo Rancho Deus, pegar o frasco e voltar para o esconderijo. Todos de acordo?

Os integrantes confirmam, alguns com um aceno de cabeça, outros gritando em afirmação. Eles se movem na direção do destino conhecido — um pequeno posto de saúde local, onde atrás havia um laboratório que apenas tinham visitado uma vez na noite anterior.

Mark caminha ao lado de Sol e Raposa, que carregam fuzis. Ao se aproximarem do posto, mais especificamente da porta, deparam-se com uma quantidade exagerada de ranchos bloqueando a passagem.

Kerbeus puxa um binóculo da cintura, todos atentos atrás de um carro capotado. Através das lentes, Kerbeus avista algumas pessoas dentro do posto e sente a adrenalina subir, ansioso para sair e eliminá-los de uma vez. Aço manda que esperem e só saiam ao sinal de avanço. O clima se torna insuportavelmente tenso quando notam a presença de uma jovem e uma mulher adulta com duas crianças escondidas na parte direita do posto, ao ar livre. Uma das crianças deixa um brinquedo cair, fazendo barulho e atraindo a atenção dos ranchos que se dirigem em sua direção.

— Sol: — Kerbeus, o que está acontecendo lá?

— Kerbeus: — Meu Deus...

— Aço: — Fiquem todos aqui!

— Panic: — Eles vão...

— Sol: — Nós temos que ajudá-los!

A urgência nas palavras de Sol ecoa no ar, e a tensão entre eles aumenta, enquanto a cidade ao redor continua a desmoronar sob o peso do desespero. O tempo parece parar, e a escolha entre a sobrevivência e a compaixão se torna um dilema mortal.

Os ranchos, criaturas grotescas e famintas, começaram a correr descontroladamente em direção às crianças. A mãe, desesperada, agarrou uma de suas filhas no colo, enquanto a outra se refugiava nos braços da adolescente. Mas o destino foi cruel — a mulher tropeçou, caindo pesadamente no chão. O grito angustiado da criança ecoou como um lamento em meio ao caos. Um dos ranchos, com olhos insanos e boca ensanguentada, agarrou o pé da mulher que, em um ato desesperado, largou a criança. O pequeno ser, em prantos, estendeu as mãos, implorando por socorro.

— Vá! Vá embora com seus irmãos! — gritou a mãe, com uma mistura de pânico e determinação.

— Não! Não mamãe! — a menina chorava, com os olhos arregalados de terror.

A jovem tentava segurar as mãos da mãe, o desespero transformando suas lágrimas em um rio de angústia. Raposa, segurando seu fuzil, tremia, uma máscara de horror cobrindo seu rosto enquanto as lágrimas escorriam.

— Eu vou lá! — ela gritou, a voz carregada de uma coragem desesperada.

— Você não vai a lugar nenhum! — Aço a cortou, sua expressão feroz.

— Temos que ajudar! Elas vão morrer, Aço! — Sol interveio, a adrenalina pulsando em suas veias.

— Se você for lá, vai acabar morta também! — Aço gritou, o tom de sua voz ecoando em meio ao caos.

Mark, observando a cena com uma mistura de raiva e impotência, disse:

— O Aço tá certo. Judging pela quantidade de ranchos lá, se formos, poderíamos morrer.

— Se acalma, braquela! Mas se for pra morrer salvando gente boa, eu morro. — Kerbeus, sempre pronto para a batalha, fez uma piada, mas a seriedade da situação pesava no ar.

Aço, com um olhar determinado, formulou um plano rápido. Ele contaria até três, e todos se separariam em uma coreografia de movimento mortal. Sol, Raposa e Panic correriam para dentro do posto, enquanto Aço, Kerbeus, Joker e Mark iriam resgatar a mulher e as crianças.

O tempo parecia desacelerar enquanto Aço e Kerbeus avançavam, disparando seus fuzis sem parar nos ranchos que atacavam a mulher. As balas encontraram seus alvos, mas a cena era um pesadelo grotesco. A atenção dos ranchos se virou, permitindo que Sol e Raposa passassem, mas ao atingirem a porta, duas criaturas repugnantes surgiram, olhos famintos e bocas ensanguentadas.

Raposa começou a atirar freneticamente, mas os tiros não faziam efeito. Desesperada, Sol disparou certeiramente, um tiro em cada cabeça, os corpos caindo inertes ao chão.

— Na cabeça! Sempre atire na cabeça! — ela gritou, a adrenalina correndo em suas veias.

Panic, logo atrás, chutou um rancho, derrubando-o no chão e disparando sem piedade em sua cabeça. O horror era palpável, e a luta pela sobrevivência transformava-se em um balé sangrento.

Mark afastava a jovem de perto da mãe, enquanto Aço fuzilava os ranchos que se aproximavam. Kerbeus, com a mulher nos braços, a levou até a filha, e o ferimento da mãe era horrível, carne exposta e osso à vista. A jovem abraçou sua mãe, as lágrimas misturando-se ao sangue no chão.

— Vai ficar tudo bem... — Mark murmurou, embora soubesse que as palavras eram um consolo vazio.

Mas a realidade era brutal. Estavam cercados. Ranchos se moviam em todas as direções, suas garras afiadas e bocas ensanguentadas se aproximando. Aço, irritado pela incapacidade de controlar a situação, gritou:

— Joker, agora!

— Se abaixem! — Joker gritou, sua voz cortando o ar.

Ele pegou uma granada do cinto, arrancou o pino e lançou-a no tumulto de ranchos que se aproximavam. Todos se abaixaram, e a explosão foi ensurdecedora, levando dezenas de criaturas à morte. Mas a explosão teve suas consequências; um poste caiu, arrebentando fios e provocando uma nova explosão, que os arrastou para longe, separando-os em meio ao caos.

Mark estava encostado em uma parede, ofegante, com apenas uma pistola e um bastão de baseball em mãos. As chamas consumiam o lugar, atraindo mais ranchos que se aproximavam incessantemente. Desesperado, ele escalou a parede do posto através de um cano, subindo até o telhado, onde teve uma visão panorâmica do horror que se desenrolava abaixo.

Dentro do posto, Sol, Raposa e Panic faziam o máximo possível para manter o silêncio. Moviam-se furtivamente pela parte principal, adentrando em uma porta que levava à seção dos fundos. O odor de carne podre e sangue era insuportável. O chão estava coberto de tripas e restos humanos. Caminhavam em direção ao laboratório que haviam explorado na missão anterior, rezando para não encontrarem o temido deus rancho.

Foi então que Raposa sentiu um movimento atrás dela, um rancho atacando-a pelas costas. Outro se prendeu ao seu pé, e, em um ato reflexo, ela chutou a cabeça da criatura. Quando estava prestes a atirar no rancho em sua retaguarda, Panic agiu rapidamente, puxando um facão de caça e decepando a cabeça do rancho, que caiu com um baque surdo no chão. Raposa, nervosa, suspirou pesadamente.

— Xiu... sem barulhos — Panic sussurrou, seus olhos alertas.

— M-Me desculpe... — Raposa murmurou, voltando a se mover com cautela.

Logo à frente, Sol fixou o olhar na passagem que levava ao laboratório. A tensão aumentou quando uma sombra imensa se projetou sobre eles, e, ao olharem para cima, foram tomados pelo terror. Um rancho colossal, repugnante e tenebroso, pairava sobre eles, sua presença ameaçadora fazendo com que o ar ao redor parecesse mais denso, como se a própria escuridão estivesse se aproximando para devorá-los.

(Ao lado de fora)

Uma espessa nuvem de fumaça envolvia o ambiente, e os gritos da garota ecoavam em meio ao caos, cortando o ar como facas afiadas. Mark estava paralisado, o coração batendo forte em seu peito. O fogo dançava voraz, e ele não sabia como atravessar aquele inferno. Seus olhos se fixaram em Aço, que surgia como uma miragem em meio ao calor e à destruição. Ele pulou sobre um carro carbonizado, fazendo um mortal para aterrissar ao lado de Aço, que estava preso sob uma viga de metal, a dor estampada em seu rosto.

— O que você tá fazendo aqui? Porra... — Aço grunhiu, sua voz arrastada pelo sofrimento.

— Eu vim te ajudar, não posso deixar você aqui! — Mark respondeu, a determinação transparecendo em sua voz.

— Cala a boca, seu merdinha! Tem outras pessoas pra ajudar, eu sou a última pessoa que você deveria querer salvar! — Aço cuspiu sangue, um rastro vermelho no chão em meio ao cinza da destruição. Os ranchos se aproximavam, sua corrida frenética e insaciável fazendo Mark sentir um frio na espinha.

— Você... é o primeiro novato que faz isso... — Aço comentou, sua voz tremendo.

— Hã? — Mark se surpreendeu, sem entender.

— Normalmente, os novatos nos abandonam na primeira missão! Não ligam pra ninguém... e eu... te tratei mal pra cacete. Desculpa... mas não vou aceitar sua ajuda, valeu de qualquer forma... — Aço murmurou, sua expressão uma mistura de dor e resignação.

— Para de falar besteiras, Olly! Vamos sair daqui, juntos... — Mark insistiu, o desespero crescendo à medida que os ranchos se aproximavam, suas garras esfomeadas prontas para o ataque.

Aço fez uma expressão de decepção, e antes que pudesse protestar, um rancho se lançou sobre Mark, lançando um soco direto em seu rosto. A máscara de Mark se quebrou com o impacto, e a dor se espalhou pelo seu corpo. Ele pulou para cima do carro novamente, fechando os olhos por um instante, um leve sorriso surgindo em seus lábios.

— Fala pra Tatsuna, Raposa... que eu a amo, e lamento muito... Você tá no comando agora, Raposo. Só não morre... — Aço fez seu último pedido, sua voz quase um sussurro.

— Tatsuna... — Mark repetiu, confuso. — Mas o nome dela não era Emily?

Ele sentiu o estômago revirar ao ver dezenas de ranchos devorando o corpo de Aço, a cena grotesca cravada em sua mente. Saltou de um carro para outro, avistando a porta de entrada do posto. Com um salto audacioso, ele aterrissou em segurança na área livre de chamas.

— Tatsuna... — ele sussurrou, a esperança se esvaindo.

Um grito cortou o ar, e Mark sacou sua pistola, mirando na direção do som. Era Kerbeus, junto com a jovem Kedra e os irmãos, segurando as crianças penduradas em um poste, o desespero estampado em seus rostos.

— Coé, negão! Pode ir entrando, tô te dando cobertura! — Kerbeus gritou, a voz firme apesar da situação caótica.

Os ranchos corriam em direção a Mark, a ferocidade deles fazendo seu sangue gelar. Ele se lançou contra a porta, que estava estranhamente enferrujada. Com um puxão desesperado, conseguiu abri-la, escorregando para dentro e rolando pelo chão, ouvindo a explosão de uma granada que Kerbeus havia lançado. O eco da explosão ressoou, e ele fechou a porta com força, protegendo-se do horror que ficara do lado de fora.

Dentro da sala, o cenário era caótico. Sol, Raposa e Panic disparavam freneticamente contra um rancho colossal que se erguia como um monstro indestrutível, sua presença dominadora preenchendo o espaço.

— É ele, o Rancho Deus! — Sol gritou, a adrenalina pulsando em suas veias.

— Não vamos morrer agora... — Panic respondeu, a determinação em sua voz.

— Raposa, nós vamos abrir a cobertura e você entra dentro do laboratório! — Sol ordenou, sua voz firme e decidida.

Os tiros ecoavam pela sala, um som ensurdecedor que se misturava ao cheiro de metal e fumaça. O Rancho Deus, uma abominação colossal, avançava com uma ferocidade insana, como se estivesse se alimentando do terror ao seu redor. Panic disparava freneticamente, mas as balas ricocheteavam em seu corpo de forma inútil, como se a criatura fosse feita de aço. Assim que seu carregador se esgotou, o desespero tomou conta dele. Ao tentar recarregar, um golpe brutal o atingiu em cheio, arremessando-o contra a parede, fazendo seu corpo colidir com um baque ensurdecedor. O impacto deixou marcas profundas em sua carne, um aviso cruel de que ele não sairia vivo daquela batalha.

Sol, em contraste, estava em um estado de frenesi. A transpiração escorria pelo seu rosto enquanto ela disparava incessantemente, seus olhos focados na parte superior do Rancho. Cada tiro que acertava parecia irritar a besta, que rosnava com um som gutural. Desesperado para acabar com aquilo, o monstro jogou uma granada em direção ao grupo e se lançou para trás, buscando abrigo. A explosão iluminou a sala, e Raposa, percebendo a distração, se lançou à ação. Com um movimento ágil, ela deslizou pelo chão, passando por debaixo das pernas do Rancho, pegou um fuzil e começou a atirar nos pés da criatura. Um tiro certeiro fez com que a abominação perdesse o equilíbrio e caísse como um edifício em ruínas.

Raposa, agora atrás da monstruosidade, se apressou em apertar o botão que abria a porta do laboratório. Mas o que deveria ser um momento de vitória rapidamente se transformou em pesadelo. O Rancho Deus, em um último esforço, agarrou suas pernas com garras afiadas como lâminas, arrastando-a brutalmente pelo chão. Ela tentou se segurar na borda da porta, mas suas mãos logo se cansaram, e a força do rancho a puxava implacavelmente.

Enquanto isso, Sol continuava a disparar, focando em fazer o monstro perder a atenção na Raposa que ele segurava em suas garras. O som das balas ecoava, mas nada parecia deter a criatura. Com um movimento de esmagamento, a mão do Rancho se fechou em torno de Raposa, esmagando-a com uma força que fez seu corpo contorcer em agonia. A dor era excruciante, e Raposa não pôde evitar que a arma escorregasse de suas mãos.

Panic, com o rosto ensanguentado e a respiração difícil, se levantou. Ele segurava duas granadas, sua única esperança de salvar Raposa e talvez a si mesmo. Com um grito desesperado, correu em direção ao Rancho, gritando para Sol.

— Atira na mão que segura a Raposa! — ele ordenou, a voz cheia de determinação.

Sol obedeceu, disparando repetidamente até que a mão da criatura se estourou, a carne e os ossos se despedaçando em um espetáculo grotesco. Raposa caiu, o impacto com o chão quebrando sua máscara e a fazendo gritar em agonia, enquanto uma viga de ferro enferrujada se encravava em sua perna. O sangue jorrava, e as lágrimas misturavam-se com a dor que a consumia. Ela se arrastou até a porta do laboratório, finalmente conseguindo entrar e se trancando para se proteger do horror lá fora.

Panic estava em um frenesi, segurando um dos pés do Rancho, enquanto Sol continuava a disparar em direção ao rosto da criatura que, enfurecida, se aproximava dela. O monstro decidiu que era hora de terminar a luta, e com um movimento brusco, tentou agarrar Sol. Ela se esquivou, rolando para o lado, mas a palma do Rancho, do tamanho de seu próprio corpo, a esmagou contra o chão, fazendo seu corpo se contorcer de dor.

Panic gritou em desespero, mas o Rancho já havia apanhado Sol em sua mão colossal. Ela estava ensanguentada, sem a máscara, revelando um rosto pálido e marcado por cortes, apenas um olho aberto, cheio de ódio e desespero. Enquanto a boca do monstro se abria, revelando dentes afiados prontos para devorá-la, Panic, em um último ato de coragem, soltou o pino de ambas as granadas. A explosão foi devastadora, estourando os pés do Rancho e fazendo-o soltar Sol, que foi arremessada violentamente contra a parede.

Sol: - Panic, não! Porra!

Com a visão embaçada, Sol lutava para respirar, suas costas ardendo em dor. Ela viu o Rancho ainda vivo, arrastando-se em direção a ela, a boca aberta, salivando, olhos contorcendo-se em uma mistura de fúria e fome. O corpo da loira, coberto de sangue, estava em frangalhos, sua blusa rasgada e metade do sutiã à mostra. O Rancho, com suas garras afiadas, cravou-as em sua barriga, fazendo-a arregalar os olhos em desespero e cuspir sangue, incapaz de se mover.

No entanto, em meio ao horror, ela vislumbrou uma figura enigmática. Alguém vestindo um moletom preto, uma máscara completamente escura adornada com um triângulo vermelho ostentando a palavra "Aviso". Ele estava em cima do Rancho, empunhando um lança-chamas que, em segundos, carbonizou a criatura em um espetáculo de carne queimada e gritos agonizantes. Antes que Sol pudesse entender o que estava acontecendo, a figura olhou para ela, e em um piscar de olhos, desapareceu na escuridão, deixando apenas o eco do horror em seu rastro.

Dentro do laboratório, o frio era cortante, como se a própria morte tivesse decidido estabelecer seu domínio ali. O ar pesado, impregnado de um odor metálico, quase era palpável, envolvendo tudo em uma névoa de desespero. Não havia remédios, apenas um corpo de um jovem, pálido e sem vida, estirado no chão, e um frasco azul, solitário, repousando sobre a mesa, como um testemunho silencioso das atrocidades cometidas naquele lugar. 

Raposa se arrastava pelas paredes, suas mãos cobertas de sangue, o corpo debilitado e a mente em frangalhos. Cada movimento era uma luta, mas a esperança a impulsionava. Quando finalmente levantou o olhar, avistou um adolescente, um garoto com um boné virado para trás e um casaco colorido que parecia um remanescente de dias mais felizes. Ele estava de pé diante de uma geladeira, abrindo-a com uma calma inquietante. Um frasco semelhante ao que estava sobre a mesa desapareceu rapidamente nas sombras do interior da geladeira. 

— Quem é você? — perguntou Raposa, a respiração ainda entrecortada, mas ligeiramente mais leve agora.

— Me chamo Peter. Vim trocar o frasco — respondeu ele, sem qualquer emoção aparente.

— Como assim? É você quem coloca o antídoto? O que você cura aqui? 

Peter apenas sorriu, um sorriso que não chegava aos olhos. — Tome isso... vai se sentir melhor...

— Você não respondeu minha pergunta! — Raposa insistiu, sua voz carregada de desconfiança.

— Vocês sabem o motivo de estarem aqui? — Peter virou-se lentamente, os olhos brilhando em um tom de desafio.

— Claro, estamos aqui para pegar o antídoto... a cura... 

— Mas já parou pra pensar que, por uma pura coincidência, vocês encontraram a cura em um laboratório abandonado, sem saber da existência dele até agora? Apenas com a vontade insaciável de entrar e obter o antídoto?

Raposa sentiu um frio na espinha. — Está querendo dizer que algo nos motivou a vir aqui? Não sabíamos da existência do antídoto até termos a vontade de entrar... e agora, apesar de falharmos antes, conseguimos voltar...

— Não acha estranho? Por que o destino escolheria vocês como os únicos a encontrar isso? 

— Não somos os únicos, tem você — retrucou Raposa, sua desconfiança crescendo.

Nesse instante, a porta se abriu abruptamente. Mark e Kerbeus entraram, acompanhados de uma garota chamada Kendra e algumas crianças. O ambiente estava impregnado de sangue e o cheiro da morte pairava no ar, como um manto pesado. Mark correu até Sol, que estava caída, com a expressão cheia de dor.

— Hey, Sol! Aguenta firme… — ele exclamou, a voz trêmula.

Sol olhou para ele, a expressão uma mistura de alívio e desespero. — Você veio? Cacete, pensei que você ia morrer antes de mim.

— Onde está o Panic e a Raposa? — Mark perguntou, a preocupação estampada em seu rosto.

— O Panic explodiu... e a Raposa... está no laboratório... merda... eu vou morrer de verdade...

— Vai ficar tudo bem, aguenta firme... Kerbeus, cuida da Sol, eu vou até a Raposa!

— Espera, Mark! — Sol segurou a mão dele, a força quase desesperadora. — Não estamos sozinhos aqui… toma cuidado. 

Ele balançou a cabeça, concordando, e se dirigiu à sala do laboratório. A porta estava trancada, e ele podia ver a cena lá dentro, mas não ouvir nada. Ele pressionou a maçaneta, mas estava firme, como os segredos que o lugar escondia.

Kerbeus correu até Sol, segurando a mão dela com força, retirando a máscara e revelando um sorriso que contrastava com a tristeza do ambiente.

— Pois é, branquela, o Negão lá ficou vivo. Ta me devendo cinquenta paus — disse ele, tentando quebrar o clima sombrio.

— É... tem razão... você até que é um nego bonitinho, me beija? Eu já vou morrer mesmo. 

Os olhares se cruzaram, e Kerbeus se aproximou, com a mão delicadamente pousada no rosto dela. Eles se beijaram, um momento de intensidade e urgência, os lábios se encontrando em meio ao caos. 

A garota que acompanhava as crianças não pôde conter a aversão. Com uma expressão enjoada, ela cobriu os olhos das crianças, tentando protegê-las daquela cena, enquanto o mundo ao redor se tornava cada vez mais sombrio. 

Raposa encarava Peter, o nervosismo pulsando em suas veias como um veneno. O ambiente ao redor parecia vibrar, uma sinfonia de desespero e questionamentos. A luz fluorescente piscava, criando sombras dançantes nas paredes, como se as próprias paredes estivessem tentando sussurrar segredos obscuros. 

— Você parece saber muito — disse Raposa, a voz trêmula, mas carregada de determinação. — Como não está ferido? Você entrou aqui antes de nós? E por que esses ranchos estão aqui?

Peter, com um olhar distante e enigmático, pareceu ponderar a profundidade da pergunta. Ele respirou fundo, como se estivesse prestes a revelar um conhecimento que poderia desmantelar a própria realidade.

— É complicado — começou ele, a voz pesada com a gravidade das palavras que se seguiam. — Há muitos anos atrás, o presidente dos Estados Unidos enviou o primeiro homem à lua. O que não sabíamos era que, dentro da bandeira que ele plantou, havia algo que nunca desconfiariam. O homem não estava na lua... na verdade, ele estava em Marte. E a bandeira? Era uma lança. O governo a usou para assassinar uma espécie de alienígena que trouxeram de lá. 

Raposa ficou boquiaberta, a lógica de tudo aquilo se esvaindo como areia entre os dedos. 

— Meu... Deus… — murmurou, a mente tentando processar a complexidade da revelação.

— O pior... — Peter continuou, com um tom de voz quase sombrio. — Vocês estão vivendo uma mentira! Não estamos em dois mil e dezenove. Já se passaram cinco anos desde que os ranchos dominaram metade do planeta. Um mês após a população se transformar, o ar começou a se poluir, criando um efeito de perda de memória e de déjà-vu. Você acredita que está apenas sobreviver por dois ou três dias, mas na verdade, não percebe que já fazem cinco anos, vivendo o mesmo dia repetidamente, como uma roda do destino que nunca para. A outra parte do planeta é protegida por uma enorme cúpula. Nós vivemos em dois mil e vinte e três, tranquilos, abandonando vocês, aqueles que não conseguiram entrar na cúpula cinco anos atrás.

A realidade começou a desmoronar ao redor de Raposa. A ideia de um mundo exterior, intacto e seguro, contrastava com a situação em que se encontrava. 

— Não estou acreditando... e-eu... isso é loucura! — A incredulidade se misturava ao terror.

— O frasco não é o antídoto — disse Peter, quase com um certo desdém. — Não existe cura. Beba!

Nesse momento, Mark começou a socar a porta de vidro, a fúria se acumulando em seus punhos. Ele gritava, mas seus gritos se perdiam na cacofonia do desespero coletivo. Raposa, com a mente turva e os olhos cheios de lágrimas, apontou uma arma para a própria cabeça. O desespero tomou conta dela, e enquanto as lágrimas escorriam, ela desenhou um coração com o sangue, escrevendo "Eu te amo" em letras trêmulas.

Mark parou, confuso, percebendo que a mulher que estava prestes a se suicidar não era americana, mas japonesa. O ato de amor em meio ao caos era um golpe devastador. 

— Raposa, não! — ele gritou, a voz quebrada pelo desespero.

Raposa fechou os olhos, um sorriso de resignação se formando em seus lábios. Peter observava a cena, com uma calma perturbadora, respirando fundo. Então, com um movimento ágil, pegou um skate que estava ao seu lado, subiu e apertou um botão em seu celular, desaparecendo em um instante, como uma sombra que se desvanece no escuro.

Mark, em estado de choque, começou a socar o vidro novamente, suas mãos agora sangrando, a dor física se misturando à agonia emocional. 

— Por que...? — ele se ajoelhou, a cabeça baixa, lágrimas escorrendo por seu rosto.

A garota, com as crianças tremendo nos braços, encostou-se na parede, observando tudo com horror. O lamento silencioso dela ecoava no ar, uma sinfonia de desespero que envolvia o ambiente.

E então, como se o universo decidisse dar um golpe final, tudo escureceu. A escuridão se espalhou como uma névoa densa, engolindo a luz e a esperança, deixando apenas o eco do desespero.

(Epílogo)

Levantou-se com um sobressalto, os sentidos aguçados, o instinto de sobrevivência pulsando em suas veias. Olhou ao redor, reconhecendo aquele lugar de forma quase visceral. Era um apartamento, mas não um apartamento qualquer—era um labirinto de caos e destruição. O que antes poderia ter sido um lar agora se resumia a um espaço repleto de desordem, como se uma tempestade tivesse passado e deixado apenas os destroços para trás. No centro de tudo, um colchão desgastado e sujo era a única coisa que restava de conforto, e mesmo assim, só o deixava dormir por exatos vinte minutos antes que o terror o acordasse de novo.

Apertando o bastão de baseball com força, Mark caminhou lentamente, como um predador em um território conhecido. Cada passo era calculado, evitando qualquer barulho que pudesse chamar a atenção. Em uma bancada próxima, um dispositivo de rádio crepitava, a única fonte de informação em um mundo que havia se despedaçado.

“Lembrando a todos que encontrem máscaras ou algo para esconder os rostos. As forças armadas do país matarão todos que estiverem com o rosto exposto”, dizia a voz do presidente do Japão, ecoando pelo ambiente, um lembrete sombrio da nova ordem mundial.

Mark desligou o rádio, a sensação de claustrofobia aumentando. Um barulho estranho cortou o silêncio, e ele segurou o bastão com mais força, como se a madeira pudesse protegê-lo de qualquer ameaça invisível. Quando olhou para a porta, que estava quebrada, seu coração disparou. Dois dos ranchos—os monstros que haviam transformado suas vidas em um pesadelo interminável—avançavam lentamente, seus corpos deformados e os olhos vazios, emitindo sons bizarros que pareciam vir de outra dimensão. 

Mas então, um som diferente cortou o ar, como lâminas cortando carne. O instinto de Mark disparou, e ele observou com horror enquanto os ranchos caíam, suas cabeças arrancadas, o sangue jorrando como um rio vermelho. Ele se levantou rapidamente, a adrenalina inundando seu corpo, o bastão pronto para o combate.

Diante dele, um jovem apareceu, vestido com um moletom preto que parecia absorver a luz ao seu redor. O capuz escondia seu rosto, mas a máscara que usava, negra com detalhes vermelhos, contrastava com a escuridão do ambiente. Sem hesitar, o jovem colocou a mão por dentro do casaco e retirou um frasco azul, jogando-o em direção a Mark.

EM BREVE

Mask Young 2 - Sociedade Mas

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