Marlboro, dois.
Marlboro
Mesmo sendo Outono, o dia era ensolarado. Nada de nuvens carregadas deixando-os com sombras e nada do frio pouco grotesco, ameno. Era o céu extremamente claro e passando uma visão de aquilo nem fodendo, parecia um enterro.
Os filmes americanos sempre retratavam enterros com dias chuvosos ou nebulosos. Pessoas de roupas pretas com seus guarda-chuvas, mas Jungkook não entendia muito. Nunca foi capaz de ir em enterros e estava ali por Yoongi, só por ele. O rapaz lhe ligara no meio da noite, dizendo ter perdido um amigo para uma doença que nem ele sabia o nome. Mas sabia que havia sido rápida e pouco dolorosa.
Se encontraram pelas oitos horas da manhã naquela terça-feira, estava de folga e por isso seria possível acompanhar o melhor amigo no enterro. Já tinha ouvido falar de Seokjin, mas nunca o conheceu. O Min estava realmente mal pela morte do amigo e todos ali, choravam copiosamente. Menos ele, ele apenas afagava as costas do rapaz enquanto Jimin segurava a mão do ficante, acariciando a mesma, deixando suas cabeças encostadas, um parecia sofrer pelo outro.
— Hyung... Eu vou fumar um pouco, tá bom? — sussurrou baixo no ouvido dele e o mesmo apenas assentiu dando um sorriso fraco, sem vida alguma.
Se afastou do local onde ocorria o enterro e se escorou sobre uma árvore enorme de folhas amareladas. O vento soprou geladinho e ele fechou os olhos pela sensação gostosa. Gostava do frio, se sentia em paz naquela época do ano e adorava como o Outono deixava as árvores. Era nostálgico ver as folhas amarelas cair com um mínimo sopro de vento que fosse, e era perfeito ver aquelas folhas enfeitando as calçadas.
Pensando nisso, tirou o maço do bolso e procurou pelo isqueiro novo que havia comprado, mas ele não estava ali e isso o irritou de certa forma.
Será que fumar em um enterro era proibido e desrespeitoso com um defunto? Mas... Ele estava morto, e Jungkook não acreditava que ele poderia ter virado um fantasma e estaria ali na volta dele.
— Aqui. — o susto fora inevitável, o que ocasionou no sorriso de Taehyung. Que lhe estendia seu próprio isqueiro transparente. Ele suspirou surpreso e aliviado por ver que poderia fumar seu Marlboro na mais pura paz.
— Em boa hora. — não se limitou a soltar um sorriso e pegar o isqueiro da mão do Kim.
Acendeu o cigarro e tragou profundamente. O mais velho se pôs ao lado dele, com as mãos sobre a calça escura que usava. O estilo que tinha era completamente diferente da noite no clube, parecia mais antigo e aquilo combinava com ele de certa forma, por mais que seus cabelos azuis contrastassem a beça. O suéter amarelo combinava com seu tom de pele acobreado.
— Ahn... Minhas condolências. — lamentou, sem o olhar.
— Eu não conhecia o cara, só vim por causa do Yoongi. — fitou o maior e reparou quando ele mordiscou o lábio, contendo o sopro de um riso. Algo dentro do moreno revirou, mas ele evitou pensar sobre isso.
— Seokjin era um cara legal. Mas não éramos muito próximos também. — o olhou, encostando a cabeça na árvore. — Que tal tomarmos um café? Eu tô morrendo de fome. — ofereceu e Jeongguk não pensou duas vezes antes de aceitar. Seria de graça, já que fora convidado por Taehyung e ainda tinha sua barriga implorando por alimento. Pois sua última refeição havia sido na tarde passada, porque teve preguiça de preparar algo para jantar.
— É muito longe daqui? — perguntou quando se pôs a caminhar lado a lado ao Kim. Soprava aquela fumaça de cheiro adocicado com relaxamento, não tinha pressa no que fazia.
— Umas duas quadras. — comentou com as mãos ainda sobre os bolsos. Taehyung era poucos centímetros mais alto que si – talvez até do mesmo tamanho, já que Jeongguk não era o melhor no quesito ereto –, e a postura que tinha, atribuía bastante no quesito. E ele tinha um ar deverás elegante até quando fumava, notou isso na noite em que se conheceram. — Vou pagar seu café como forma de desculpas por ter roubado sem querer, seu isqueiro. — sorriu fechado, olhando para ele. Que se derreteu ao perceber como as bochechas ficavam salientes assim, arriscava dizer que era até fofo.
— Desse jeito eu até esqueço que você o roubou. — eles riram juntos e o mais novo jogou a bituca na rua, demorando a deixar a fumaça sair de sua boca. Aproveitando cada minuto a menos de vida.
— Ah! Jimin hyung me pediu para ficar mais próximo de você. — soou contente.
— E por quê? — o fitou confuso. Não tinha afinidade nenhuma com Jimin, nem eram próximos o suficiente para ele entender o que o alaranjado queria com aquilo.
— Ele citou seu término e disse que Yoongi, anda bastante preocupado com você... — olhou para o moreno com um sorriso triste nos lábios. — Acho bonitinho da parte deles.
— É sufocante, Taehyung. — comentou atônito, chutando o ar enquanto caminhava. As mãos voltaram para os bolsos do corta vento preto que usava. — Não é como se você fosse um remédio ou algo do tipo, eu mal te conheço. — soprou um riso nasal. Aquilo de alguma forma, afetou o Kim. Não gostava de se sentir insuficiente para as pessoas, mesmo que tivesse as conhecido em pouco tempo. Gostava de fazer elas rirem e se divertirem quando estavam por perto dele. — E agora parece que me convidou para tomar café, apenas porque Jimin pediu. — tornou a falar e parou os passos.
Taehyung o observou e parou em sua frente, estalou a língua no céu da boca e respirou fundo.
— Isso não tem nada a ver com eles, Jeongguk. Deixa de drama. — puxou os pulsos de dentro dos bolsos em que as mãos do Jeon estavam, e as segurou. Era um contato muito íntimo para eles que se conheciam há pouco menos de uma semana. — Eu gostei de você e isso é até melhor porque daí as coisas que eu fizer, vou fazer sem ser por obrigação. Já que nunca nego nada para o Jiminie.
— Tá... Vamos ver até aonde isso vai.
— Como assim? — perguntou, confuso. Soltou as mãos quentes com lentidão.
Jeongguk respirou fundo olhando para os lados e mirou o Kim em seguida, vendo a mais pura curiosidade em seus olhos escuros.
— As pessoas enjoam de mim rapidinho, Taehyung. — soprou, lembrando-se de Yeonjun. Por mais que não quisesse, as mínimas coisas ainda o afetavam e o fazia pensar que tinha tudo de errado com ele.
Talvez fosse a maldita insegurança.
— Há quantos anos é amigo do Yoongi? — voltou a andar, colocando as mãos sobre os bolsos da calça.
— Por que quer saber? — soou indiferente.
— Só responda. — deu de ombros, vendo que faltava pouco para chegarem no destino que queriam.
— Desde que terminei o ensino médio e isso já tem uns... Três anos.
— Pelo visto, ele não enjoou de você. — o olhou de canto, sorrindo de lado. — E sabe... Não me compare com outras pessoas, eu sou insistente. — piscou e Jeongguk não disse uma palavra sequer, andaram por mais alguns metros e logo ele avistou a placa enorme onde estava escrito o nome da lanchonete em que tomariam seus cafés da manhã. — Chegamos.
Taehyung disse em um quase sussurro, mas o bastante alto para que o moreno escutasse. Ele empurrou a porta e o sininho acima fez seu costumeiro barulho. Uma moça que estava no balcão, sorriu ao ver o Kim e acenou para ele, alegremente. Jeongguk franziu as sobrancelhas quando ela saiu detrás daquele balcão vernizado, trajando uma simples roupa curta para o ambiente e se pensar, não era calor lá fora. Mas deixou de relutar com isso quando seus olhos captaram o selinho que ela deu nos lábios do mais velho.
Ele tinha a porra de uma namorada?
Foi o que continuou se perguntando após sentarem em uma das mesas vazias ali, e olharem o cardápio com tamanha demora. O Kim nem se deu ao luxo de apresentar a garota e claro, ele não tinha obrigação com isso, mas seria ao menos educado de sua parte, apresentá-la.
— O que vai querer?
— É sua namorada?
As perguntas saíram na mesma hora de suas bocas caladas há mais de cinco minutos. Taehyung riu com isso e o mais novo se perguntou qual era o problema dele, não podia pelo menos rir mais baixo e sem o olhar? Era constrangedor ter os olhos escuros sobre si, enquanto os dentes brilhavam na maldita boca avermelhada, que deixava uma gargalhada gostosa de se ouvir, escapar.
— Ahn... Talvez, por quê? — escorou o cotovelo sobre a mesa e descansou o queixo na palma da mão, batucando os dedos ossudos na bochecha. O olhar dele era duvidoso e sarcástico sobre Jeongguk, e ele quis afundar sua cabeça no chão de madeira encerado do local.
— Só pareceu meio óbvio. — respondeu, deixando o encadernado de lado e cruzando os braços.
Não tinha o porquê de ficar encasquetado com aquilo, nem conhecia o mais velho á sua frente direito. Não podia o forçar a falar sobre sua vida só porque tinham ido tomar café em um dia extremamente caótico.
— Eu só gosto de preparar o terreno. — soltou com naturalidade, arqueando as sobrancelhas grossas após relaxar sobre o estofado.
— O que quer dizer com isso?
— Que eu tenho uma foda garantida quando quiser. — passou a língua por entre os lábios, sorrindo feito um cafajeste.
Por mais que Jeongguk quisesse o xingar de todos os palavrões existentes do mundo naquele momento e querer socar aquele rostinho nada inocente, por ser um completo cachorro e tratar mulheres assim para o seu bel prazer, se viu perdido quando o achou fodidamente sexy ao sorrir daquele jeito safado.
[...]
Não havia um dia em que Jeongguk não tinha vontade de matar sua chefe estrangulada. Ela era hipócrita, arrogante, falsa, desumilde e muito, mas muito bonita. E isso era uma tremenda merda porque só a fazia ser a pior pessoa do universo.
— A minha vontade é de te deixar dois meses sem dez por cento do teu salário. — o tom de voz era severo e raivoso, e aquilo assustava até ele que não tinha nada a ver com a discussão.
— Eu já nem ganho muito mesmo. — ouviu a voz de Jung Hoseok, carregada no sarcasmo de sempre. E era quase todo dia a mesma coisa, ela brigava horrores com ele por quase absolutamente nada e nunca o demitia.
Jungkook tinha certeza de que ela era caidinha pelo funcionário.
— Olha Hoseok, não torra minha paciência. Some da minha frente antes que eu termine de quebrar isso na sua cabeça.
E ele saiu. Aos risos, parando bem ao lado de Jeongguk. O mais novo o olhou com um sorriso fraco nos lábios, negando levemente com a cabeça. O Jung esbarrou seus ombros e disse: — Mais quantos minutos até ela surtar e vir querer descontar em mim?
— Até você quebrar de novo o vidro do molho de tomate. — riu terminando de picar as salsichas e colocá-las sobre o molho.
Jeongguk trabalhava naquela mesma lanchonete, desde o segundo ano do ensino médio. Começou como um meio período e quando se viu livre da escola, foi contratado em turno integral. Seulgi parecia gostar de si, por mais que apresentasse a pior áurea possível do universo.
— Acho que vou quebrar só depois de amanhã. — se escorou sobre a pia, cruzando os braços. — Pra ela poder sentir saudades de mim.
Os dois riram com a frase do Jung e voltaram ao trabalho. Já era fim de tarde e logo acabaria seu turno, não sabia quem vinha depois de si, e nunca teve interesse nenhum de conhecer as outras pessoas que trabalhavam ali. Só tinha amizade com Hoseok, porque o mesmo insistiu em Jeongguk.
Ao dar sua hora, foi para os fundos e puxou a mochila do armário que continha suas iniciais. Deixou uma alça sobre o ombro e jogou os cabelos para trás enquanto se olhava no mini espelho de sua porta de metal. A fechou com pressa e saiu dali, tinha prometido passar na casa de seus pais no dia anterior, mas acabara esquecendo então iria hoje.
O vento batera contra seu corpo quando abriu a porta do estabelecimento. O céu era escuro, mas ainda denunciava o pôr do Sol no horizonte. Olhou para o lado em puro reflexo ao ver um corpo ali, escorado sobre a parede enquanto se deliciava com um pirulito em sua boca.
Taehyung o olhou e balançou os dedos longos em cumprimento, parou de chupar a bola doce vermelha e caminhou até o moreno. Dessa vez ele trajava roupas mais descoladas, como uma jaqueta de couro cobrindo seus ombros, enquanto os braços se destacavam pela regata cinza cintilante que usava e a calça preta rasgada. Sem contar no par de Chucky Taylor estilo botinha na cor mostarda em seus pés.
— Vim te fazer um convite.
— Como sabia que eu estaria aqui? — foi a primeira coisa que se passou em sua cabeça. O Kim tirou o pirulito da boca e lambeu os lábios, degustando do sabor artificial de cereja daquele pirulito.
— Yoongi me contou onde trabalhava e vendo que não ficava tão longe... Resolvi vir pessoalmente. — sorriu.
Por que caralhos Min Yoongi contaria para Kim Taehyung, aonde Jeon Jeongguk trabalhava? Não fazia o mínimo sentido, não tinha a mínima noção, não havia uma explicação plausível para aquilo. Viviam em uma era moderna, onde mensagens de textos, ligações ou o kakao talk estavam ali para isso, comunicação.
— Tá... E por que veio aqui mesmo? — passou a caminhar na direção contrária em que o Kim estava e o mesmo o acompanhou.
— Sexta-feira vamos tocar lá de novo, se quiser aparecer por lá, será bem-vindo.
— Vou ver, mas... Não podia ter apenas me mandado uma mensagem ou ter ligado? Tinha que ter vindo até aqui mesmo? — ainda não se conformava com aquilo.
— Não tenho seu número, espertinho. — em um ato de entusiasmo, apertou a ponta do nariz rechonchudo de Jeongguk.
— Era só ter pedido ao hyung. — se afastou um pouco do maior e coçou o nariz. — E a propósito, o que levou ele a te contar aonde eu trabalho?
— Segredo. — piscou, voltando a colocar aquela bolotinha doce e vermelha na boca. — Vou indo nessa porque se eu chegar atrasado mais um vez, Woosung me mata. — parou, buscando pelo celular no bolso da calça. — Quer uma carona? Vou chamar um Uber.
— De boa, vai nessa. — o caminho seria contrário e não tinha dinheiro para rachar com Taehyung, só tinha as passagens de seu dia a dia e não poderia pagar com aquilo. Ele assentiu com a cabeça e ficou lá parado esperando o carro, enquanto Jeongguk se afastava até chegar no ponto de ônibus mais próximo que havia dali há duas quadras.
[...]
— Quinze minutos de atraso, Tae. Aonde estava? — a voz do Kim mais velho soou quando passou reto pelo quarto dele, mesmo que tentando passar despercebido. Era carregada em dúvida e ele sabia o quão desconfiado Woosung era.
— Ué, vindo pra casa. — parou no corredor e se virou, vendo o irmão escorado no batente da porta, segurando a guitarra. Ele tinha os cabelos úmidos e a camiseta de botões estava parcialmente aberta.
— Pensa que me engana? — sorriu, encostando a língua na parte interna da bochecha. — Eu sei teus horários certinhos, ainda mais que a mãe me ligou quando tu saiu da loja.
— Tá me perseguindo?! — soprou com um riso incrédulo. — Eu só passei em um lugar, relaxa. Tu ainda tá até em casa.
— Os garotos cancelaram o ensaio, parece que o Jaehyeong teve que ir pro hospital com a irmã dele. — se virou para colocar a guitarra sobre a cama e mirou o Kim mais novo. — Quer tentar só nós dois?
— Eu tô cansado e... O que houve com ela? — suspirou enquanto tirava a jaqueta. Woosung deu de ombros, não quis se aprofundar no assunto já que o amigo parecia apressado quando lhe ligou. — Podemos tentar amanhã?
Ele na verdade, não queria. Gostava de música, gostava de tentar compor algo. Amava cantar e sentir a excitação subir por suas veias, amava tudo que era envolto de música. Mas... Não pensava que teria futuro com aquilo, tinha medo de se tornar um cara fracassado no auge de sua idade e depois, achar que mais nada valeria a pena.
Taehyung era bastante negativo quando se tratava de sua vida.
Woosung assentiu fracamente com a cabeça, voltando para seu quarto e fechando a porta. Taehyung respirou fundo revirando os olhos e seguiu para o final do corredor, logo, abrindo a porta totalmente preta de seu quarto cheio de pôsteres de bandas que amava.
Respirou aliviado. O dia tinha sido puxado na loja de sua mãe e o que mais lhe acalmava quando chegava em casa e tinha aquela sensação de bem estar, era quando colocava os pés em seu quarto.
Um canto inteiramente seu e com o design totalmente de seu agrado, amava o quarto que tinha e se pudesse um dia sair da casa de sua mãe, o quarto ainda seria da mesma maneira.
— Um, dois e... Três! — contou e sorriu quando sentiu o celular tocar no bolso da calça. Jimin sempre lhe ligava quando saía do trabalho, mesmo não tendo quase nada para falar, era uma das manias do alaranjado. — Olou.
— Bobão. E aí, idiota. — cumprimentou, todo amigável.
— Caralho, duas ofensas em uma frase só?! — fingiu incredulidade enquanto se jogava na cama macia e sorria olhando para o teto.
— Não começa, Taehyung. Você me cansa. — pôde jurar que ele revirou os olhos, porém, continuou calado e o Park prosseguiu: — Conversou com o garoto lá?
— Que garoto, Jimin? — uniu as sobrancelhas grossas, mas logo se ligou que ele estava falando do Jeon. — Ah...! Falei sim, por quê?
— Ué, me disse ontem que falaria com ele e o Yoongi ainda me disse que tu tinha perguntando por ele.
— Fofoqueiro. — murmurou.
— O quê?
— Nada, nada. Consegue o número dele pra mim? Seria meio vergonhoso eu pedir.
— Tá... Eu vejo com o Yoon e depois te mando.
— Certo, amo-te. — disse, sorrindo fraquinho e o Park se despediu do mesmo jeito.
Atirou o celular na cama e massageou a barriga ainda encarando o teto. Um sorriso enorme se embrenhou em seus lábios quando lembrou dos olhos arregalados do Jeon lhe olhando enquanto estava escorado na parede do estabelecimento em que ele trabalhava. Odiava ter que admitir, mas ele era fofo e de alguma maneira, intrigante.
[...]
Sexta-feira havia chegado com tudo. O estabelecimento em que trabalhava não lhe deu sossego um segundo sequer. Teve que pedir ajuda a Hoseok porque não dava conta sozinho. Estava cansado, seus braços estavam doloridos e a dor de cabeça só aumentava.
— Depois daqui eu vou encher a cara e só paro no domingo. — o Jung resmungou enquanto balançava a frigideira com tamanha habilidade.
— Quer chegar ressacado na segunda louco pra levar uma bronca, não? — alfinetou.
— Tudo sob controle, relaxa. — piscou para o mais novo e sorriu ladino.
Jeongguk negou rindo e voltou ao seus afazeres. Dali a uma hora sairia daquele lugar e poderia descansar em seu cafofo. Tomaria um banho relaxante bem demorado, colocaria o pijama mais confortável que tinha e pediria algo pelo delivery para comer enquanto assistia um filme famoso que passaria na televisão pelas dez horas.
Porém seu pensamento não durou muito tempo. Quando estava sentado no banco do ponto de ônibus, mexendo no celular enquanto esperava sua condução, o feed do Instagram atualizou e a foto estampada em sua tela era de um Yeonjun sorridente ao lado de um garoto de cabelos pretos e covinhas fofas. A marcação tinha o nome de Soobin e logo lembrou que aquele cara era um dos amigos do ex, a legenda deixava tudo claro demais e ele sentiu um leve enjôo com aquilo.
Eu sou um idiota. Pensou, tombando a cabeça para o lado e soltando um riso amargurado. Ainda doía, mas sabia que tinha de superar o Choi.
Quando a lotação chegou, foi um dos primeiros a entrar e se sentar mais ao fundo, escorou a cabeça na janela e deu play na pasta mais triste que tinha em seu Android ferrado. Não parecia certo se martirizar por ele, o cara não merecia uma lágrima sua e muito menos que ele se lembrasse de sua existência. Mas era impossível, Yeonjun ainda fazia parte da sua vida nas mínimas coisas e até em pensamentos indesejados em horas totalmente sem nexo algum, tipo... Três horas da madrugada retrasada ou às cinco da tarde de ontem enquanto fritava batatas.
Desconhecido [20:01]: Vai vir hoje, né?
Não precisou de muito para saber de quem se tratava e o coração até acelerou porque sabia, definitivamente, que era Kim Taehyung.
Jeongguk [20:01]: Taehyung?
Desconhecido [20:02]: O próprio.
Balançou a cabeça e então salvou o número do rapaz. Se sentia mais energizado depois de receber uma mensagem dele? Não sabia exatamente o que era, mais havia tirado um pouco da sua melancolia.
Jeongguk [20:04]: Foi mais fácil me chamar por aqui do que vir atrás de mim, né?
Sorriu, revirando os olhos escuros ao lembrar do Kim na frente do estabelecimento em que trabalhava na quarta-feira.
Taehyung [20:04]: Mas, por aqui não posso te ver :(
Tá. Talvez o coração tenha dado uma baqueada, mas podia ser muito bem pelo modo brusco em que o motorista freou o veículo.
Jeongguk [20:06]: [Mídia]
Pronto :)
A foto havia saído um pouco tremida por conta do movimento do ônibus, mas nada que o deixasse estranho. Jeongguk era bonito a beça.
Taehyung [20:07]: Assim não vale.
Quero te ver hoje, bora lá.
Jeongguk [20:07]: Eu tô cansado, Tae.
Só quero ir pra casa e ficar de boassa lá.
Tô sem ânimo ;(
Taehyung [20:08]: Por favor... Não precisa ficar até tarde.
Hoje é sexta, Jeon. Tem que aproveitar.
Ele pensou. Pensou muito e chegou a conclusão de que poderia apenas ir lá, comer algo, assistir a banda e voltar para casa. Assim uma pessoa não ficaria magoada consigo, era o que pensava pelo menos.
Jeongguk [20:09]: Tá... Vou chegar um pouco tarde porque ainda não estou em casa.
Taehyung [20:10]: Eu te busco, só me passa o endereço.
Ele gelou.
Jeongguk [20:11]: Não precisa, eu chamo um Uber.
Não quero te incomodar.
Taehyung [20:11]: Se eu me ofereci, não é incomodo algum, Jeongguk.
Me manda o endereço ou eu apelo pro lado do Yoongi.
Jeongguk [20:12]: Caralho, Taehyung. Tá bom.
[Localização]
Taehyung [20:12]: Espero que goste de motos ;)
Sorte, Jungkook adorava andar em motos, principalmente se fosse na garupa.
[...]
As roupas escuras lhe caiam bem, combinava com o cabelo preto e mediano. As argolas na orelha e os coturnos pesados nos pés, eram coisas que faziam parte do Jeon.
Taehyung piscou várias vezes quando percebeu o garoto se aproximando e fechou a boca que se encontrava aberta. Sorriu em seguida quando seus olhares se cruzaram e alcançou o capacete de cor neutra para o outro.
— Nada mal, você até que é jeitoso. — brincou, vendo o moreno alcançar o capacete e sorrir, revirando os olhos negros.
— Precisa aprender a elogiar as pessoas, cara. — colocou o capacete sobre a cabeça e o Kim o ajudou a fechá-lo. O azulado sorriu fraco e subiu na moto.
— Sobe aí, eu deixo você segurar em mim.
Jeongguk riu debochado e subiu na garupa. As coxas bem trabalhadas apertaram o traseiro de Taehyung. Mesmo que não quisesse, seria impossível. Segurou nas barrinhas de ferro do assento e ouviu o ronco da moto quando fora ligada, era alto e um tanto 'legal.
O mais velho arrancou com tudo de seu bairro e manteve a velocidade alta, passando por entre carros e caminhões, mas respeitando os sinais amarelos e vermelhos.
Jeon desistiu de segurar nos ferros, Taehyung corria demais, era totalmente insano, por isso optou por agarrar a jaqueta que ele usava e forçar seus dedos naquele tecido. O Kim percebeu e soltou um risinho, no final, todos prefeririam segurar no motorista.
— Vai acabar nos matando desse jeito. — Jeon praticamente gritou, mas só ouviu a gargalhada abafada do piloto.
— Nunca colocaria sua vida em risco, Jeonggukie.
O mais novo sorriu pelo tom usado e pelo jeito carinhoso que fora chamado. Taehyung lhe deixava estranho e isso era bom.
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