Pra sempre.
Todo mundo de colete?
LUDMILLA POV
Os pingos de chuva machucavam meu rosto, talvez fosse pela velocidade que eu estava correndo contra a chuva. Eu só queria achar meu carro e sumir dali. Queria ir para outro lugar, queria ficar sozinha longe de tudo. Eu não conseguia tirar da minha cabeça a imagem de Ian agarrando Brunna daquele jeito. Eu tinha vontade de vomitar, meu estômago doía, minha cabeça latejava, eu estava tonta. Ele estava tocando no que era meu, Ian não tinha esse direito. Eu queria matar aquele cara, Por Deus, que ele não aparecesse na minha frente nunca mais, eu o mataria sem pensar duas vezes.
E Brunna? Eu não sabia o que pensar. O que eu havia feito de tão errado para leva-la a fazer isso? Eu queria entender, queria sumir, queria não ter visto nada daquilo. Agora eu entendia como Brunna se sentiu quando eu estava daquele jeito com Dianna. Será que ela estava se vingando? Ela não tinha esse direito! Já tinha me feito sofrer o bastante por aquele erro, e eu era uma pessoa completamente diferente agora. Nada nunca repararia aquilo, eu não queria ver Brunna, não a queria perto de mim..
- Ludmilla? — Meus desejos foram todos rejeitados quando olhei para trás e vi que a mesma estava correndo atrás de mim.
Corri ainda mais rápido e alcancei meu carro. Enfiei as mãos no bolso procurando a chave enquanto via Brunna se aproximar cada vez mais. Eu estava começando a ficar desesperada, eu queria sair dali logo. Revirei os bolsos um pouco desesperada e finalmente achei a chave, destravei as portas e quando estava pronta para abrir senti Brunna me puxar. Tentei relutar, mas ela se colocou na frente da porta, estava com os olhos vermelhos e parecia desesperada. Eu estava agoniada só de olhar para ela.
- Sai, Brunna! Por favor, só me deixe ir embora! — Eu não estava aguentando. Eu estava agoniada e não conseguia parar de chorar, assim como também não conseguia acreditar que ela havia me traído. Aquilo não fazia sentido pra mim, mas eu tinha visto, não podia negar.
- Ludmilla, me deixe explicar — Brunna segurou meu rosto e eu afastei suas mãos com um pouco de brutalidade. Eu estava com raiva, queria socar alguma coisa, queria descontar tudo aquilo em alguém.
- Não encoste em mim. Me deixe ir embora! — Tentei tira-la da frente da porta. Ela chorava com tanta força, eu não entendia a minha vontade de abraça-la. Deveria estar querendo matar Brunna, mas eu só conseguia me sentir agoniada. Eu queria acabar com aquela sensação, precisava fazer algo.
- Eu não posso deixar você ir embora achando que eu te traí — Falou e senti um estalo na minha cabeça, meu sangue estava fervendo.
- E que caralhos foi aquele que eu vi? — Gritei com ela, sem me importar nem um pouco se ela fosse se assustar ou não. - Eu vi, Brunna. Ninguém me falou, eu vi você se esfregando com aquele nojento do Ian! Você não passa de uma pu.. — Antes que eu pudesse completar senti o lado esquerdo do meu rosto esquentar. O tapa foi tão forte que fez meu rosto virar. Me virei para ela e a encarei de uma forma assustadora até para mim. Ela parecia assustada, parecia estar com medo de mim.
- Eu não traí você, não ouse falar isso de mim! — Ela dizia e eu estava de olhos fechados assim como meus punhos. Ainda sentia meu rosto arder. Ela estava errada e eu que apanhava. Não podia ficar pior. Eu precisava de calma, precisava respirar.
- Eu vi...
- Ah, jura? E o que você viu, Ludmilla? Viu Ian tentando me agarrar e eu relutando? Por um acaso você viu que quando ele me soltou eu estava chorando? — Ela falou e eu engoli seco. Brunna não estava mentindo e estava certa, foi exatamente o que eu vi. - Aquele imbecil estava bêbado e me arrastou pra aquele corredor e tentou me forçar a beija-lo. Eu fui assediada e você ainda acha que eu seria baixa o suficiente pra fazer isso com você.
- Se tivesse ido embora comigo nada disso teria acontecido. Será que você não vê que se me escutasse um pouco e não fizesse tudo do seu jeito as coisas seriam bem mais facies? — Falei alterada e ela ficou apenas me encarando, ainda parecia assustada. - Você nunca me escuta. Relacionamento são duas pessoas, Brunna, duas pessoas, juntas, as duas tem que ter opiniões, as duas tem que escutar uma a outra. Eu não sou a porra do seu cachorrinho, não sou sua filha, eu sou a porra da sua esposa, entendeu? — Segurei o queixo dela com um pouco de força olhando em seus olhos. Por Deus, nunca vi Brunna tão espantada. Os olhos dela pareciam que iam pular para fora. - E eu não vou mais fazer tudo que você quer, se eu achar que não é bom, eu não vou fazer. E não me importo se você quiser ficar de cara feia, isso é problema seu. Vai ficar sozinha porque não vou mais dar atenção a essas suas palhaçadas. Você não é uma criança mais, você entende muito bem que as coisas estão bem erradas. Ou você entende que você tem que estar no mesmo nível que eu, ou nosso casamento vai pro buraco, entendeu? Por que se isso acontecer de novo, eu não vou te perdoar! — Parei de falar e respirei fundo. Brunna estava paralisada. Não mexia um músculo.
Afastei-a da porta do carro e entrei. Eu estava irritada. Já tinha sido rude o bastante com ela e já estava me sentindo mal, então antes que as coisas piorassem, resolvi sair dali sem ela. Não queria deixa-la sozinha, mas eu estava extremamente puta e queria ficar sozinha.
...
POV BRUNNA
Meu corpo estava tremendo descontroladamente de baixo das cobertas, sabia que aquilo era resultado da chuva forte que eu havia tomado na rua enquanto tinha uma das minhas piores discussões com Ludmilla. Em falar nela, já se passavam das 3H da manhã e nada dela aparecer. Eu estava deitada no sofá tentando fingir que estava assistindo filme e não esperando ela chegar. Não sabia se queria que ela chegasse logo, pois eu não sabia o que ia dizer, não sabia como agir.
Por um momento eu revi a Ludmilla de alguns anos atrás bem ali na minha frente. E por incrível que pareça, deixei que a antiga Brunna voltasse também. Eu não conseguia dizer nada a ela, não conseguia revidar, mas uma coisa diferente ali era que eu era a errada dessa vez. O que eu poderia dizer? Eu tinha total noção de que estava sendo uma tola com Ludmilla. Ela não merecia aquilo, eu estava passando dos limites e podia ver isso claramente após o surto de Ludmilla.
Uma coisa que agora era difícil de se ver era Ludmilla nervosa. Principalmente comigo, ela sempre tinha muita paciência, por isso fiquei assustada quando a vi tão nervosa. Ela parecia ter vontade de socar minha cara, por Deus, eu temi tomar uma surra ali naquele momento. Ouvi um barulho na porta e me virei rapidamente vendo Ludmilla entrar. Ela parecia um pouco tonta. Me olhou rapidamente e subiu as escadas. Continuei ali parada como uma debil mental. Eu deveria ir atrás dela? Deveria subir e pedir desculpas? Eu queria fazer isso, como ela sempre fazia quando eu estava emburrada, mas eu simplesmente não conseguia me mover. Não sabia se era medo ou orgulho, talvez os dois.
Fiquei deitada no sofá encarando a TV. Sono era uma coisa que parecia estar decidido a não vir hoje. Eu definitivamente não conseguiria dormir sem ela, mas pelo visto Ludmilla não viria aqui, e eu também não tinha coragem de ir até ela. Então ficaríamos assim. Por Deus, eu estava confusa.
- Você vai dormir no sofá? — Quase dei um pulo quando ouvi a voz de Ludmilla atrás de mim. Respirei fundo massageando o peito, eu realmente havia me assutado. Olhei para ela que estava em pé atrás de mim, estava séria o que me fez estremecer involuntariamente. Ela estava com uma calça de moletom cinza e um moletom da mesma cor. Estava cheirosa, talvez do banho recém tomado, mas não disfarçou o cheiro de alcóol que via nitidamente de sua boca.
- Vo.. Vou — Gaguejei e suspirei alto. Ótima hora para gaguejar Brunna!
- Por que? — perguntou simplesmente e estreitei os olhos. Que tipo de pergunta era aquela? Será que não era óbvio? Talvez não fosse, pois eu não sabia o que responder.
- Ahmmm...
- Vou dormir aqui com você , então.. — Ela falou e deu a volta no sofá, se deitou atrás de mim simplesmente me puxou para baixo, me fazendo deitar sobre o seu peito. Meu Deus, o que ela estava fazendo? Por que sempre fazia isso? Eu queria gritar com ela e dizer que não devia agir assim, que devia me ignorar e me deixar sofrer um pouco pelo o meu erro. Não era certo. De uma coisa eu tinha certeza, Ludmilla era boa demais para esse mundo, era boa demais pra mim.
- Isso é injusto com você! — Falei sem disfarçar a voz de choro. Ela se levantou um pouco, quase se sentando e encarou meu rosto. Os olhos dela estavam tão lindos, era parecia tão calma agora. Era tão bom vê-la dessa forma.
- Bru, pare de chorar! — falou passando a mão no meu rosto tentando secar minhas lágrimas. Mas era involuntário, eu não conseguia parar de chorar. - Me deixe te contar uma coisa sobre você, presta atenção aqui — Ludmilla falou levantando um pouco meu rosto me fazendo encara-la. Ela fazia um afago gostoso no meu cabelo, estava tentando me distrair. Aquilo só estava me dando mais vontade de chorar. Eu era tão idiota e ela ainda me tratava daquele jeito. - Você é uma garota estupidamente dramática, Brunna. Você é frágil, é como um peso leve, qualquer barulho estremece seu mundo todo, se quebra fácil, se abala fácil demais. Eu falo um pouco mais alto com você, e você chora. Se isola do mundo, fica quase em uma pré-depressão. Já estava querendo dormir no sofá — deu uma risadinha e eu apenas suspirei. Eu estava com a cabeça encostada no peito dela escutando ela falar. - E eu, Brunna.. Eu amo você. E você não faz ideia do quanto me mata ver você assim. Você pode ter cometido o erro que for, mas eu sempre vou voltar a você, sempre vou te perdoar até quando eu puder. Por que te ver assim é pior do que qualquer coisa. E eu não me importo de parecer uma trouxa que faz tudo o que você quer, eu gosto disso. Gosto de te agradar, gosto quando você sorri e fica feliz por algo que eu fiz pra você . Então, por favor, sorri pra mim de novo, eu perdoo você pelo o que fez hoje e por suas atitudes. — Ela falou e eu levantei para olha-la. - Quem sou eu pra não te perdoar? Você perdou cada coisa nojenta que eu fiz. Você não merecia nem os meus gritos. Então, me perdo....
- Cala a boca! — Tapei a boca dela e ela arregalou os olhos. - Não peça desculpas. Pelo amor de Deus, Ludmilla. Eu que lhe devo desculpas! — Ela riu e me puxou para um abraço forte. Eu me sentia tão aliviada. Eu só tinha que levantar as mãos para o céu e agradecer por Ludmilla ser assim, por ter se tornado a pessoa que ela é.
Nós ficamos ali pelo resto da madrugada sem nenhum sinal de sono. Ficamos abraçadas o tempo todo e resolvemos assistir um filme. Fiquei o tempo todo deitada no meio das pernas dela sentindo-a alisar meus cabelos. Estávamos assistindo "Irônias do amor". Era uma mistura de comédia romântica e drama. Não era a primeira vez que a gente via aquele filme, mas era um de nossos favoritos. Ludmilla sempre ficava emotiva com esse filme e eu só conseguia rir.
Aquilo estava tão bom. Eu me sentia extremamente feliz só de sentir a pele dela na minha, de sentir os carinhos dela. Ludmilla era sempre tão perfeita. Eu parecia uma idiota pensando coisas sobre ela enquanto a mesma estava bem do meu lado. Me perguntei se ela também ficava assim, ou se era só eu. O filme finalmente acabou e olhei para Ludmilla para certificar se ela estava chorando de novo, mas ela parecia pensativa.
- No que está pensando? — Perguntei chamando sua atenção. Ela negou com a cabeça e sorriu.
- Estava pensando em quando começamos. Você sempre deixou tão na cara que estava a fim de mim — Ela falou rindo e eu revirei os olhos.
- Eu realmente queria muito que você soubesse!
- Mas agora é serio, quando percebeu mesmo que você me amava? — perguntou e eu me sentei. Quando eu havia percebido aquilo? Eu não sabia exatamente. Era uma pergunta difícil.
- Eu acho que... Eu não sei. Sempre foi tão fácil pra mim demostrar, eu sempre senti algo, mas era a primeira vez e eu não entendia. Eu acho que eu percebi que te amava quando me dei conta de que todos os meus planos para a vida incluíam você. Quando te esquecia por minutos e te lembrava pelo resto do dia. Percebi que te amava quando vi que eu poderia caber em qualquer lugar, mas preferia caber dentro de você. Percebi que te amava quando imaginei meus filhos com o seu sorriso.. — Ela sorriu para mim e eu retribuí. - Te amar foi sempre tão fácil pra mim, Ludmilla. Eu realmente não sei quando comecei a amar, mas sempre tive certeza de onde você pertencia! — Falei e ela me puxou para ela novamente.
Ela parecia querer chorar, mas sempre fazia a durona e não chorava na minha frente por nada. Ficamos em silêncio novamente, mas era um silêncio agradável. Eu realmente não tinha certeza de quando havia começado, mas tinha certeza de apenas uma coisa: Eu amaria Ludmilla para sempre.
...
Pronto. Casal ta lindo cheiroso e feliz. Para próximo e último capítulo que será postado amanhã, recomendo 340 coletes, 70 caixinhas de lenços, um travesseiro e colchões para amortecer as quedas. É sério, o último é pesado :(((((
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