"Até que ele não é tão ruim quanto falam" pensou a inocente humana acompanhando os guardas por livre escolha.

O castelo por dentro era surreal. Cada parede tinha um objeto requintado, quadros dignos de artistas renascentistas com molduras de ouro, cálices cravejados em pedras preciosas. Era tanta ostentação que Rosalinda ficou curiosa. Será que o alojamento que estava reservado para recebê-la tinha o mesmo glamour?

A resposta foi definitivamente Não! Ela se deu conta da ironia do rei quando foi jogada bruscamente dentro de uma gaiola e trancada como um animal de estimação.

Rosalinda passou um dia e uma noite completos enjaulada em um aposento do palácio que se parecia com uma sala de estar. Sempre havia movimento de funcionários por ali e uma moça vinha de vez em quando trazer alguma refeição para ela, quando a moça veio servir a seguinte refeição Rosalinda perguntou:

- Porque seu rei tem uma gaiola no meio da sala?

- Essa gaiola já tem 1000 anos e foi feita para a senhorita, o rei quando soube da profecia mandou forjar essa prisão para que fosse visível o fim que teria qualquer um que representasse uma ameaça a sua mão de ferro!

- Me ajude a sair daqui. Tenho medo, quero voltar para minha casa!!

- Sinto muito vossa Alteza, mas eu não posso ajudá-la. Se o rei apenas desconfiar que eu estou conversando com você, cortará a cabeça de todos os membros da minha família.

Confie na profecia! Resista! Nós contamos com você para que os bons tempos voltem! - Um guarda se aproximou interessado na conversa, prontamente a moça abaixou a cabeça e sussurrou tão baixo que Rosalinda quase não escutou - Dance pra ele!

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Rei Mário podia estar dominado pelo seu lado sombrio, mas nada era pior do que enjaular a um leão.

O jogo entre eles havia começado. A caça e o caçador se subestimavam mutuamente.

Talvez o rei tenha esquecido como é ter um leão por perto, e esse foi seu maior erro. A fera que habitava na jovem rugiu e ela ouviu o chamado.

- Ei! Preciso fazer xixi. Alguém me leva no banheiro?

- Você só pode sair daí com autorização do rei. E ele não gosta de ser incomodado.

- Mas você trabalha pra ele! E se eu fizer xixi? Vou deixar tudo sujo, e alguém vai levar a culpa.

- Meus guardas devem lealdade unicamente a mim! - O rei surgiu com um sorriso presunçoso

- Então por favor peça a eles pra me levarem no banheiro. Já tenho 24 horas aqui e ainda não fiz xixi.

Ela conseguiu ir ao banheiro. Era diferente, não existiam torneiras, mas uma bacia com a água verde, a mesma que ela viu no povoado das fadas, uma linda banheira no canto, e um buraco profundo para fazer as necessidades fisiológicas.

Aproveitando que teria atenção, Rosalinda rasgou um pedaço do seu vestido, aumentando o decote nos seios, lavou o rosto e o pescoço deixando bastante água escorrer pelo corpo tornando a pequena peça transparente. O rei Mário seria seu. Confiava nas palavras da oráculo e no seu poder para seduzir um homem.

Saiu do banheiro e os 2 guardas que esperavam por ela na porta secaram seu corpo descaradamente, isso só fez aumentar a autoestima natural que a leonina possuía.

Caminhando de volta para a gaiola ela estudou todos os detalhes do caminho, uma coisa foi a que mais lhe chamou atenção. "Não existem homens feios. Será que é requisito do rei Mário ter funcionários bonitos? Até os centauros em sua metade homem são de tirar o fôlego, olha esses abdômens com musculatura naturalmente desenvolvida! Cabeludos, e seguramente devem ser roludos também!"

Ela não queria pensar nessa parte da anatomia animal deles, mas era uma jovem tarada e não pôde deixar de dar aquela manjada com todo respeito.

- Algo em meus funcionários chamou sua atenção?

- Hã?

- Porque você estava olhando a parte de um homem que é reservada a sua esposa?

- Eeeeuuu? - ela levou a mão ao coração mostrando estar ofendida - Só pensei que a pata dele estivesse machucada e fui conferir, com todo respeito. Mas acho que foi algum reflexo. As vezes a luz engana né?

- Levem-na de volta ao cativeiro.

- Espera! O que você disse sobre as partes de um homem estarem reservadas a esposa? Não existe sexo antes do casamento aqui?

- Não seja tola, óbvio que existe, mas depois que um homem possui uma mulher na intimidade a entrega é total, eles ficam juntos para sempre.

O ato sexual é muito mais do que prazer carnal, as almas se tornam uma só e isso torna os homens mais fortes.

- E tipo... Hummm... Sexo casual ou sexo por diversão?

- Temos vários bordéis cheios de sereias hemafroditas! - Rosalinda fez uma expressão de dúvida e o rei se viu obrigado a concluir a explicação - elas são seres sem alma que se alimentam da energia sexual tanto de homens quanto de mulheres. A troca é favorável para todos, as sereias não morrem por falta de energia e as outras espécies podem desfrutar do prazer carnal antes de encontrar aquele que dividirá a vida por sempre.

- Então deixe eu ver se entendi. Se eu quiser transar sem compromisso tenho que procurar uma sereia hemafrodita porque elas não tem alma? Mas se por acaso eu transar com outro ser vivo desse reino eu devo me casar?

- Sim, nós compartilhamos o mesmo espírito quando unimos nossa carne. Um homem jamais estará completo se deixar ir sua companheira.

Antes que Rosalinda pudesse pensar, as palavras sairam.

- Então quando a gente transar você vai casar comigo?
...Eu tô nova pra casar! Não que eu queira transar com você, pode ser com algum desses guardas. E se eu transar com 2 guardas? Eu não queria dizer isso! Aí meu Deus, pensa! - ela tentava consertar e pior ficava. O rei, os guardas com aparência humana e os centauros observavam calados.- Desculpa é que seus guardas são muito transaveis, de novo eu não quis dizer isso! Você é mais transavel que qualquer pessoa que eu conheci. Aí meu Jesus, vocês colocaram soro da verdade na minha água?

O rei manteve sua postura impassível, mas por dentro viu a humana com graça. Uma pequena fagulha de luz brilhou em seu coração e aquela era uma sensação agradável.

Observou as curvas e o andar sensual da mulata que era escoltada de volta a cela. Estar na presença dela fazia coisas estranhas acontecerem, ele queria descobrir o que era aquilo.