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Capítulo 1

"Mas é preciso ter força

E preciso ter raça

é preciso ter gana sempre

Quem traz no corpo a marca

Maria, Maria

Mistura a dor e a alegria"

Maria, Maria – Milton Nascimento

Vila de Vitória – Capitania do Espírito Santo, 25 de maio de 1.646

Gabriel subia o caminho pelo meio do cemitério ofegante ante o tempo abafado daquela tarde. Por fim, parou sob a sombra de uma árvore e, apoiando-se à enxada, enxugou o suor na fronte com a manga da própria camisa. O vento quente pouco contribuía para diminuir aquela sensação de calor que fazia o suor escorrer por todo o lado enquanto nuvens carregadas bailavam pelo céu parecendo trocar de lugar em uma dança de luz e penumbra.

Alguns pássaros voavam baixo e um deles passou rente ao telhadinho da igreja, indo pousar no galho de uma árvore um pouco mais distante daquela onde estava Gabriel e, enquanto acompanhava o voo da ave, seus olhos pousaram na coroa de flores pendurada na cruz de uma das sepulturas. As flores, agora, já haviam perdido o viço e pendiam ressequidas, balançando ao sabor do vento que profetizava a chuva vindoura. Aquela cena lhe causou impressão e estranheza ao mesmo tempo.

Estava na cidade havia dois meses, vindo de uma das missões jesuítas no interior do Estado e durante todo o tempo em que havia auxiliado Clécio, o zelador, na execução dos vários serviços do cemitério, nunca a vira faltar uma única vez. Ela, uma mulher morena de cerca de quarenta anos, visitava aquele túmulo toda semana e parecia seguir uma espécie de ritual: aproximava-se da lápide e substituía uma coroa de pequenas margaridas amarelas cujas flores já começavam a amarelar, por outra de flores frescas e cores vivas. Em seguida, ajoelhava-se à sua frente e, com um terço em mãos, rezava em silêncio. Até aí, não havia nada de muito diferente do que qualquer outra pessoa poderia fazer por um ente querido, mas era o que a mulher fazia ao final daquele procedimento que chamara a atenção do jovem ajudante: ela depositava uma garrafa minúscula ao pé da lápide em substituição à anterior. Aquele, sim, era um gesto que o intrigava. Então, ela se levantava, pousava a mão sobre a pedra fria e cinzenta e com um último olhar, deixava o cemitério.

Mas naquele dia, Gabriel sentiu que havia algo de errado. Aquelas flores não haviam sido trocadas! Estaria a mulher, doente? Envolvido por uma curiosidade monstruosa, Gabriel olhou para os lados apenas para se certificar de que realmente estava sozinho e, encostando a enxada no tronco da árvore de cuja sombra estivera se aproveitando, rumou até a sepultura. Com curiosidade, tomou o frasco na mão e observou seu líquido dourado. Por que ela depositaria um vidro de perfume? O que aquilo queria dizer? Seria aquele um aroma preferido daquele ente querido?

Gabriel agitou o frasco e ficou ainda mais intrigado ao notar que o líquido não oscilava como tal: movia-se lentamente em seu interior aparentando uma textura pegajosa. Afinal, o que era aquilo? Sem pensar duas vezes, retirou a pequena rolha que o tampava e aspirou o seu conteúdo mal imaginando o cheio suave e aromático que o envolveria. Com uma careta e o cenho franzido, afastou o vidro do nariz ainda mais pensativo: aquilo não era perfume, era azeite! Mas...por que aquela mulher se incomodaria em deixar um vidro de azeite ali?

Matutava sobre aquela descoberta quando ouviu Clécio chama-lo uma vez mais, agora parecendo realmente irritado com sua demora. Depositou o frasco de volta ao seu lugar e, tomando a enxada, correu para o local onde estava o zelador.

— Por que demorou tanto? – indagou o homem, ajeitando algumas flores sobre um dos jazigos.

— Eu estava procurando a enxada.

— Deixe aí e venha me ajudar com isso. O sepultamento acabou há pouco e o coveiro pediu para que arrumássemos todas as flores aqui.

— Puxa! Nunca vi um túmulo tão enfeitado! Por acaso é alguém importante? – indagou Gabriel, ajeitando alguns ramalhetes sobre a pedra escura da campa.

Neste momento, quando o rapaz endireitou-se, viu uma coroa de margaridas amarelas que Clécio posicionava exatamente no meio do jazigo. Embora fosse do tamanho exato de uma cabeça e até muito simples em relação às outras, aos olhos daquele jovem, as pequenas margaridas amarelas se destacavam de todas as demais. E não só isso: ela era igual a que a mulher costumava depositar sobre a lápide em forma de cruz e isto explicava o porquê de sua impontualidade, mas ainda assim, havia um mistério...

Embora para o jovem Gabriel não fizesse o menor sentido, a coroa e aquele pequeno vidro de azeite que a mulher depositara, ano após ano, no sopé da sepultura, representavam muito não só à ela, mas também ao ente que tão abruptamente lhe fora tomado e, principalmente....ao nosso Brasil em uma história que havia se desenrolado vinte anos antes.

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