Epílogo
– Ela finalmente dormiu! – Ana se enroscou em Lucas na cama.
– Quando vão passar esses pavores noturnos? – ele perguntou, preocupado.
– A professora da escolinha disse que é normal, é um tipo de ansiedade de separação. Ela acha que a gente foi embora para todo o sempre, ou algo assim. Mas é fase, ela é encrenqueirinha mesmo – Ana acariciava a coxa de Lucas, sugestivamente.
– Encrenqueira, é? – Ele virou o corpo sobre o dela, prendendo-a na cama. Ana sentiu a manifestação do corpo masculino e derreteu de contentamento.
– Nada disso! Você tem prova amanhã, precisa dormir bem!
Ana se referia à prova do concurso que Lucas prestaria para tentar ingressar na Polícia Federal. A decisão de avançar na carreira ocorreu depois que eles se mudaram, quando Alice estava para completar um aninho. Os responsáveis pelos crimes relacionados à Donatore no Brasil foram punidos, mas a Polícia Federal ainda não havia concluído as investigações relacionadas ao tráfico internacional, e como Lucas era incapaz de desistir de um caso, encontrou o motivador necessário para seguir com a decisão.
– O que eu preciso, é te comer bem! – Ele puxou a calcinha dela, depois jogou-a para trás.
– Ainda bem que você parou de roubar minhas calcinhas.
– Não preciso mais, eu moro com a dona delas!
Eles haviam se casado logo depois do nascimento da filha, a quem deram o nome de Alice em memória à mulher corajosa que perdera a vida tentando fazer o que era certo. Foi uma cerimônia simples à beira mar, similar ao luau de aniversário de 25 anos de Ana. Ela usou um vestido de alcinhas curto e branco, e Lucas uma bermuda com camisa estampada. Alice saiu em todas as fotos com uma faixinha de flores no cabelo; eles trocaram os votos com os pés na água, Ana deixou cair a aliança e quase a perdeu no mar.
– Lucas... Você é um viciado em sexo!
– Sou viciado em você! – Ele colocou a perna dela sobre o ombro e mordiscou a pele da parte interna de sua coxa.
Ela riu, mas a risada se transformou num gemido quando os lábios dele invadiram sua intimidade quente. Ele a acariciou até o limiar do prazer, então ela rolou sobre ele e o despiu, depois, como um déjà vu, torceu os longos cabelos enquanto o encarava, sedutora, enquanto se aproximava de sua virilha.
– Ah, Ana... caramba...
E, obviamente, nos últimos três anos, eles continuaram transando muito, porque era difícil dizer quem gostava mais da coisa.
≈
Lucas se recuperava do torpor das várias peripécias eróticas que haviam acabado de experimentar. Ana passeava com os dedos em sua barba macia e se perdia na transparência de suas íris, agora claras, pacíficas, sem fantasmas ou sombras. Ele devolvia o olhar e contemplava, embevecido, a marca do sorriso ao redor dos lábios cheios e a exuberância dos cabelos longos espalhados na fronha do travesseiro.
Eles respiravam um ao outro, se misturavam e se fundiam num invólucro de amor e cumplicidade, muito mais maduros, conscientes e conectados. Ana o tocou no ombro onde uma nova imagem descia pelo braço na vertical. Como a anterior, a nova frase também fora tatuada em grego: "Porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado."
– Lucas... Acho que vou fazer uma nova tatuagem!
– É mesmo? De que?
– Não sei... Algo que me faça parecer uma rebelde sem causa, livre, sem amarras, sem marido controlador... Aii!
Ele a prendeu novamente sob o corpo, e ela riu até perder o fôlego enquanto tentava se soltar.
– Sem marido controlador, é? Quer que eu pegue as algemas? – Ele capturou a mão esquerda de Ana e contornou sua aliança de casamento com a língua.
– Você nunca precisou de algemas, nem de aliança para me prender, investigador Russo...
– E você faz questão de continuar me irritando, senhora Russo. Agora vou ter que fazer meu papel de marido controlador e tomar providências...
Ana arfou enquanto ele a beijava no pescoço e contornava o piercing no bico do seio com o polegar.
– Mamã?...
Da porta do quarto, a pequena Alice perscrutava as sombras com os olhinhos verdes e redondos parcialmente cobertos por uma pequena moita de cabelos escuros emaranhados, tal qual uma adorável assombração.
– Sua vez – Ana determinou e se moveu para o próprio lado da cama. Lucas vestiu a cueca por baixo do lençol e foi até a menina.
– Você, pequena encrenqueira, está aprendendo direitinho com a sua mãe a me irritar... – Ele gracejou e a pegou no colo a fim de levá-la ao próprio quarto.
Ana sorriu, inebriada com a visão do homem mais lindo do mundo segurando a cria mais perfeita de todas, e antes de finalmente adormecer, pensou que não poderia haver no mundo ninguém mais feliz, mais amada, mais satisfeita e mais sortuda do que ela.
* FIM *---
Obrigada por todos os que chegaram até aqui!
Beijos e até a próxima história!
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