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83 - Espaço

Ana viu a porta fechada, e se viu sozinha no espaço que já não se parecia tanto com ela. Seu coração estava pesado por causa da desconexão, o breve toque de Lucas a deixara carente por mais, tanto que, só por aquele pouco de tempo, ela conseguira se desprender de todo o resto como se só existisse ele, como se só existissem eles. Mas quando ele saiu de perto, o vazio voltou, escuro e frio.

Por mais que tentasse, ela não conseguia se desligar dos acontecimentos do barco. Sempre que fechava os olhos, via o rosto de Diego e isso lhe causava um mal-estar generalizado. No hospital, o psicólogo alertara sobre os efeitos emocionais decorrentes de traumas como o seu, e aconselhou-a sobre dar tempo para curar, conversar sempre que possível e não se esconder...

E ela estava fazendo justamente o oposto.

Nos últimos dias, com a ausência de Lucas, ela se lembrou de quando o conheceu. A forma como ele se fechava, não sorria, estava sempre nervoso, cansado, não dormia e tinha pesadelos. Lucas agira da mesma forma que ela agora, e só se abriu quando ela, por si mesma, descobriu a verdade. Agora ela compreendia melhor o jeito como ele lidava com o trauma, pois estava vivendo algo similar.

Com os olhos fechados, ela tentava expulsar a imagem de Diego e trazer de volta os olhos verdes, tão gentis e tão profundos, que sempre tiveram o poder de penetrar sua alma e ler o que se passava ali dentro. Talvez ele tivesse percebido sua confusão, e era provável que isso o ferira de alguma forma.

O clique da porta fez seu coração disparar. Não precisou abrir os olhos para saber quem era, porque a simples presença dele mudava a atmosfera, concedia os elementos necessários para que o vazio fosse preenchido novamente. Isso era o que ele fazia com ela, e quando não estava perto, tudo parecia pior.

Mesmo que ainda se sentisse mal com ele, era insuportável sem ele, e ele deveria saber disso e não vir com aquela conversa idiota de "dar espaço".

– O caralho com o espaço!

– O quê? – Lucas, que ainda estava parado perto da porta, se assustou com as palavras ditas enquanto ela mantinha os olhos fechados.

Ana abriu os olhos e o encarou. Ele parecia exausto, magro, abatido e ela pôde finalmente perceber isso, agora que se dignou a enxergá-lo de verdade. Ela não poderia mensurar tudo o que ele passara nos últimos dias e isso fez sua garganta travar, e mesmo sem conseguir conversar, com um gesto das mãos ela o chamou para perto.

Lucas se aproximou e, quando ela o puxou pela mão, sentou-se na lateral da cama. Ficou um pouco desajeitado, mas inclinou-se na direção dela, inseguro como se o espaço não lhe pertencesse mais. Ana insistiu e estreitou a distância, passando os braços por baixo de seu corpo e encostando a cabeça em seu peito. O gesto lhe permitiu ouvir seu coração descompassado.

Ana percebeu como ele soltou o ar quando ela o abraçou, aliviado como se tivesse se soltado de uma amarra. Se ela erguesse os olhos, veria lágrimas nos olhos dele, reflexo das suas próprias, mas preferiu ficar ali, quietinha, apenas ouvindo seu coração e tentando adivinhar em qual bpm ele pulsava.

Isso foi algo que ela fez bastante nas longas horas de espera, enquanto ouvia o monitor cardíaco do hospital. Ela não era boa em adivinhação, ritmo ou estimativa, mas era evidente que o que escutava estava bem acima dos bpm normais. Com certeza estava!

E batia por ela. Essa consciência a fez questionar o porquê de ser tão difícil falar o que sentia, ainda mais para ele, a razão de tudo o que estava sentindo. O silêncio e o mistério que envolvia Lucas quando se conheceram nunca foi tão compreendido como agora.

– Como você está? – Ela perguntou, enfim.

– Eu? – Ele ficou surpreso – isso não importa...

– Importa para mim.

Ele ponderou. Pelo menos ela estava falando com ele.

– Honestamente, não sei. Com medo, eu acho.

– Medo de quê?

Mais um suspiro. Ele sentia o aperto em seu peito como uma garra que tentava sugar Ana, como se precisasse dela para se soltar. Ela estava o mais perto que estivera desde que voltara, e isso aliviava e doía ao mesmo tempo. "Medo de você me odiar, de odiar estar grávida, de estar arrependida de ter me conhecido, de descobrir que você não me ama mais, de seguir em frente sem você."

– Medo do que você está pensando ou sentindo – ele respondeu, maquiando seus verdadeiros temores.

– Eu não sei o que sinto. Eu fecho os olhos e volto ao barco. Eu tive muito medo, Lucas.

Lucas a apertou entre os braços e aspirou seus cabelos.

– Eu estou aqui com você agora.

O silêncio que se seguiu o fez se sentir vazio e inútil. Ele não prometeu que iria cuidar dela, nem que nada de mal viria a acontecer. Não se sentia nem seguro nem confiante a esse ponto depois de tudo o que ocorrera, e essa insegurança era uma das principais causas do temor que permeava dentro de si.

– Lucas, preciso te contar uma coisa... Sobre a Alice.

Não. Definitivamente não. Ele não queria ouvir falar de Alice agora. Não com Ana em seus braços, fora de perigo e finalmente conversando com ele.

– Tem que ser agora? – Perguntou, desanimado.

– Vamos falar disso agora, depois a gente não fala mais a respeito, combinado?

– Tá, então fala! – Ele ficou irritado, depois se divertiu pelo fato de ela já estar conseguindo irritá-lo. Confusão sentimental dos infernos!

– Enquanto eu estava lá no hospital, desacordada, eu não sei se sonhei ou se foi algo real, espiritual, sei lá, mas eu vi a Alice, e ela deixou um recado para você.

Lucas arregalou os olhos e sentiu a pele se arrepiar. Não acreditava nessas coisas, mas acabou escutando a história. Ele ouvia aturdido enquanto Ana relatava como acreditara estar morta, como escutara a voz dele em meio à escuridão e voltara à vida. O relato, tão profundo e emotivo, o fez sentir vontade de chorar ao reviver os momentos em que quase a perdera.

Aproveitando o assunto, Lucas acabou contando a Ana sobre a história da morte da ex-mulher, o suicídio da mãe dela e a forma como Alice desistiu de viver no fim. Ana ficou profundamente comovida com o relato.

– Eu não sei o que fazer com tudo isso, Ana. – Lucas confessou, no final – Não me sinto à altura de você porque não pude cuidar dela, então não sei se posso cuidar de você. Eu não me sinto seguro. Pela primeira vez na vida, eu não me sinto no controle das coisas, e isso me assusta.

– Talvez, Lucas, seja esse o ponto. Você não pode estar no controle de tudo, principalmente no que diz respeito a outra pessoa. Não pode controlar o que os outros sentem. Como você mesmo disse, ela fez o que fez por amor, foi escolha dela. Aceite isso, e aceite o meu amor por você, sem se preocupar em fazer algo por mim. Não é o que eu preciso agora.

– E o que você precisa agora?

– Que você se perdoe. Que aceite a morte dela, que aceite eu que estou viva porque você me salvou, e que uma coisa está intrincada à outra pois você é o centro das duas histórias, e isso não é o problema. Veja bem, tudo na nossa relação tem a ver com a Alice. Você me conheceu porque investigava a morte dela, se apaixonou por mim enquanto ainda a amava, eu ocupei o mesmo cargo que ela, na mesma empresa, que era do pai dela! Eu estive em perigo nas mãos das mesmas pessoas que ela, e tudo isso é demais para ser coincidência. Talvez tenha alguma força maior que queira tudo isso, vamos permitir que aconteça, sem obrigações ou culpas. Eu quero que você pare de se culpar por tudo o tempo todo, é isso o que eu preciso.

– Minha mãe ia adorar ouvir você agora. – Ele afirmou, comovido.

– Eu contei a ela sobre a gravidez. Eu queria que você estivesse comigo.

– Ela me ligou. Chegou a me dar os parabéns, claramente depois de uma série completa de reclamações por eu ter deixado você sozinha no hospital e ter escondido isso dela. Me senti na segunda série outra vez.

Mais confortável com a proximidade, Lucas mudou de posição e se deitou ao lado dela na cama. Com o rosto muito próximo, ele acariciou a face dela com o polegar. Seus olhos carregavam toda a angústia que aqueles pensamentos e lembranças causaram nele. Ana sustentou o olhar, sentindo o peito pesado com uma ânsia profunda de apagar todas as lembranças difíceis.

– Sobre isso... Como está para você? Saber que vai ser... Pai?

Mais uma vez, ele ficou em dúvida se falava o que sentia ou o que pensava, porque aparentemente seu conflito emocional era tão grande que as duas coisas conseguiam divergir. Ele acabou escolhendo o que saiu da boca, porque imaginou que fosse o melhor caminho; já não sabia se era o que pensava ou o que sentia, afinal.

– Eu não tive pai, Ana. Como eu poderia ser um bom pai?

Ana o amou tanto nesse momento que não sabia se já o amara tanto assim antes disso.

– E eu não tive mãe, Lucas... Isso me tornaria uma mãe ruim?

Ele encostou a testa na dela, e a respiração de ambos se misturou. Gostavam da sensação, sempre que podiam, repetiam esse gesto, como se o seu mundo se resumisse a essa pequena distância entre os lábios. Tudo sempre se tratou disso, porque nesse ponto, parecia que todo o resto ficava menor e mais fácil.

– Isso me assusta também, Lucas, – Ana murmurou – mas acho que juntos, podemos ser o que quisermos.

Então o beijou nos lábios, e ficou surpresa quando sentiu o corpo dele se retesar, surpreso, mas apenas por alguns segundos, até que ele segurou seu rosto e aprofundou o beijo.

E lá estava, o fogo líquido sob a pele, adormecido por algum tempo, mas nunca extinto.

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