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72 - Maresia

Era noite e o vento soprava forte, fazendo os longos cabelos das duas mulheres na sacada esvoaçarem, emaranhando-se juntos como se pertencessem à mesma pessoa. Muito próximas uma da outra, as mãos entrelaçadas, elas trocavam um olhar em cumplicidade.

Alice enroscou o dedo na alça da camisola de Ana, puxando e fazendo a peça escorregar pelos ombros morenos, expondo os seios pequenos, então permitiu que a própria camisola caísse, amontoando-se aos seus pés.

Elas estavam nuas, e os corpos brilhavam com uma leve camada de transpiração que resistia ao vendaval. Alice olhava para dentro do quarto onde Lucas, sentado na cama, as observava em silenciosa expectativa. Os olhos verdes brilhavam na penumbra como se tivessem luz própria, e ele sentiu o coração acelerar quando Alice voltou a olhar para Ana, se aproximou e a beijou nos lábios.

Um misto de surpresa e excitação o atingiu, deixando-o aturdido com a reação do próprio corpo. Alice enlaçou Ana pelo quadril e colou os seios ao seu corpo, a pele branca tocando a morena enquanto aprofundavam o beijo.

Lucas podia ouvir a respiração acelerada das duas mulheres se confundindo à sua própria quando Ana levou a mão ao ventre de Alice, contornando seu umbigo com o polegar numa carícia sugestiva, e em seguida, correndo os dedos pela barriga e descendo lentamente em direção ao meio das pernas, ao mesmo tempo em que Alice tocava um dos seus seios.

Sem poder se conter, Lucas se ergueu da cama e caminhou em direção a elas, o corpo inflamado de desejo. Quando estava para cruzar a porta, Alice interrompeu o beijo e o olhou, bem dentro dos olhos, e então, rápida como um felino, pulou da sacada levando Ana consigo.

Lucas despertou num pulo, assustando algumas poucas pessoas na sala de espera do hospital. Era madrugada e mais uma vez ele tinha cochilado involuntariamente, vencido pelo cansaço. Aturdido e constrangido, ajustou o corpo e limpou um filete de baba que lhe escorria pelo queixo.

Seu coração seguia descompassado, um suor frio lhe cobria o corpo, tudo nele vibrava e, para sua surpresa, uma inconveniente ereção acompanhava o tremor generalizado numa reação sem sentido quando, subitamente, o baque da consciência o fez despertar de vez.

"Ana!"

Num supetão, ele se levantou e correu em direção ao quarto dela, ignorando os funcionários que tentavam detê-lo pelo caminho. Ao chegar à porta, os bipes dos aparelhos pareciam altos demais. Três profissionais se inclinavam em volta de Ana, um deles fazia as manobras de RPC, pressionando o peito desnudo de modo nada gentil, mas constante. A enfermeira regulava o fluxo de ar, e um médico segurava o desfibrilador.

– Afastar!

O corpo dela subiu e caiu sobre a cama como um pedaço de carne. Lucas teve a visão do saco preto e seu negror desceu sobre si, tingindo sua razão, obscurecendo sua coerência. O ar lhe faltou, não entrou no corpo do jeito que deveria pois tinha algo no caminho, um bolo enorme e preto como o saco funerário. Era o pânico se manifestando e assumindo o controle.

— Ana... Não!

Sem pensar, Lucas se enfiou no meio dos profissionais, do mesmo jeito que no passado ele se enfiara entre as canelas dos adultos até chegar ao seu pai que jazia no asfalto quente. Ensurdecido pela voz do médico que ordenava que ele se afastasse, e lutando contra as mãos que o puxavam no sentido contrário, ele resistiu e chegou até a cabeceira da cama.

O corpo desacordado levitou e despencou novamente sobre o leito numa nova onda de choque. Um ruído constante e ensurdecedor permanecia no recinto, cada vez mais alto e agudo, como uma agulha perfurando seus tímpanos. Mais uma vez, a voz do médico foi seguida por outro tranco no corpo já exausto de Ana, que reagia bruscamente à descarga elétrica. O ruído constante persistia.

– Assistolia. Adrenalina! – o médico pegou a seringa e, irritado, ordenou que a enfermeira removesse Lucas do quarto, mas ele permanecia agachado ao lado da cama, usando toda a sua energia para se colar ao chão e não ser movido dali. Quando a enfermeira o soltou, ele colou a boca no ouvido de Ana.

– Ei, Ana, minha sereia... Eu estou aqui. Fica comigo, por favor... – seus olhos nublaram de desespero – Vamos, garota! Pegar onda é bem mais complicado que isso... Me escuta, você tem que continuar remando... Por favor... – suas lágrimas molhavam o lençol quando um enfermeiro voltava a puxar seu braço ao mesmo tempo em que o médico enfiava uma agulha direto no peito de Ana – ...Minha pequena sereia, não faz isso, continua remando, por favor...

Ana sentia a areia fresca e macia sob os pés. O vento era suave, envolvente como um abraço. Ela aspirava o cheiro do oceano e escutava o barulho das ondas se quebrando na praia... era a maresia.

Uma profunda paz a envolveu, fazendo as dores e medos se dissiparem lentamente, se desprendendo dela como fragmentos de um tempo longínquo. Curiosa, abriu os olhos e percebeu que era noite. A lua brilhava, agigantada pela fase cheia e refletia no mar até onde a vista alcançava. Distante e paralela a ela, a silhueta de uma mulher permanecia estática, etérea, com olhos fixos no mar. Ao longe se podia ver os longos cabelos negros se movendo, como se dançassem ao som das águas.

Alice.

Ana caminhou em direção a ela, mas não importava quantos passos desse, a mulher permanecia no mesmo lugar e à mesma distância. Era como se Ana andasse em uma esteira invisível.

Alice virou o rosto para Ana, como se de repente se desse conta de que havia mais alguém ali. Ela sorriu e Ana se espantou com sua beleza fascinante. Alice então começou a caminhar em direção a Ana e, somente desta forma, elas se aproximaram.

Quando estavam de frente uma para outra, Alice continuou sorrindo, estendeu a mão para que Ana a segurasse, mas Ana não conseguiu erguer a mão. Alice baixou o braço, resignada e repentinamente triste.

– Sempre sonhei em ser amada assim... – Ana a ouviu sussurrar. – Nunca entendi por que não merecia. Eu daria minha vida para ser olhada como ele olha para você... ops, tarde demais.... – Ela riu da piada autodepreciativa. Ana sentiu o corpo todo arrepiado de medo ao se dar conta de que aquilo não poderia ser real, a não ser que...

– Pois é... Que tristeza, não é mesmo? Imagine só, sepultar duas mulheres em menos de um ano. Eu só queria que ele pudesse ser feliz, Lucas, o meu único amor...

Alice tinha o rosto pálido banhado em lágrimas e Ana conteve o impulso de tocá-la, não entendia bem o porquê.

– Ele amou você, Alice. Ele me disse isso, com todas as letras.

– Sim... Pode ser. Mas eu fui uma menina muito má. Eu devia ter confiado nele, deixado ele cuidar de mim. Mas coloquei ele acima de mim mesma. Veja bem, você não deve fazer isso. — Ana ouvia sua voz, suave, compassada e duplicada, como se pertencesse a outras pessoas, como se ela falasse fora do próprio corpo... Como se todas as mulheres que já existiram falassem ao mesmo tempo — Eu não precisava ter acreditado em tudo o que me disseram, eu devia ter fugido pra bem longe, com ele, Lucas. E ele teria cuidado de mim, mas...

Um silêncio sepulcral se instalou ao redor delas. De repente, o mar deixou de emitir som, a noite ficou muito mais escura, a atmosfera ficou tão densa e pesada que se tornou difícil respirar. Onde fora parar a lua?

– Alice...

– Ana... Eu preciso que você saiba que eu o amei, de todo o meu coração. Por favor, diga isso a ele, diga que eu nunca quis fazer mal a ele, tanto que, apesar de querer que você fique aqui comigo, me escute bem, eu preciso que você volte a remar.

– O quê? – Ana ficou confusa com o que Alice dizia. Do que ela estava falando?

– Continue remando!

Nesse momento, uma onda gigantesca atingiu Ana, arrebatando-a pela força da água, fazendo-a girar sem controle tal qual ao ser jogada do barco, ainda amarrada. A pressão esmagava seus pulmões como se pudessem explodir, o ardor da água salgada lhe invadia a garganta e o nariz, e a agonia por não conseguir respirar a torturava, e no meio desse tormento, ela escutou uma voz, tão distante, mas tão distinta, atraindo-a, puxando-a para a superfície...

– Minha sereia... Continua remando...

— Ela voltou! — Exclamou a enfermeira.

Lucas escutou o bipe ritmado, não mais contínuo, do monitor cardíaco. Seu peito doía pelo esforço em respirar; subitamente, os músculos da panturrilha e da coxa começaram a queimar, suas pernas ficaram trêmulas e incapazes de sustentar seu peso, e ele se deixou desabar, sentado no chão.

Alguns minutos se passaram enquanto ele observava as pernas dos profissionais se movendo em torno do leito de Ana, e os diálogos indistintos não conseguiam penetrar-lhe a mente exausta. Gentilmente, dois enfermeiros o ajudaram a se reerguer e o escoltam para fora do quarto.

– Precisamos cuidar dela, você não pode permanecer aqui. Você não devia estar aqui. Desculpe.

Ele viu a porta se fechando, ele no corredor, ela novamente a quilômetros de distância, então escorregou com as costas apoiadas à parede e se sentou no chão, ao lado da porta. Suas mãos tremiam incontrolavelmente, ele escondeu o rosto nos joelhos flexionados, fechou os olhos e tentou regular a respiração enquanto pavor e alívio se misturavam e corriam sem controle em forma de lágrimas.

Lucas permaneceu ali, sentado no piso, durante um longo tempo. A equipe de plantão chegou a abordá-lo, mas não o removeu do local. Um médico foi ter com ele e pediu que a enfermeira lhe administrasse um calmante leve. Por estar esgotado emocionalmente, ele se rendeu e aceitou a medicação.

Perto do amanhecer, o médico o procurou e lhe explicou que o quadro de Ana se complicara porque ela não estava respondendo adequadamente aos antibióticos, então eles resolveram trocar a medicação. Depois, levou Lucas para vê-la, já estabilizada, e permitiu que ele acompanhasse o monitoramento cardíaco do feto a fim de tranquilizá-lo. O coraçãozinho pôde ser ouvido, ainda que tênue, e menos rápido do que da primeira vez.

— É normal. – O médico tentou acalmá-lo – Ele foi novamente privado de oxigênio, está cansado porque o corpo da mãe está lutando. Estamos administrando suplementos a ela para ajudar. O fato de estar aí, respondendo, é porque é forte. Mantenha-se calmo, ok? Eles precisam de energias positivas agora.

Quando enfim amanheceu, Lucas ligou para Antônio a fim de atualizá-lo sobre o quadro de Ana. Ele explicou sobre a troca de medicação, porém não mencionou a parada para não o alarmar. Antônio chegou ao hospital meia hora depois e conseguiu conversar com o médico. Lucas acompanhou de longe a comoção do homem, sentiu-se exausto e levemente entorpecido pelo efeito do calmante.

Enquanto aguardava que Antônio terminasse de falar com o médico, se deu conta de que estava há quase 24 horas sem comer nada, então foi até a lanchonete no primeiro andar do hospital e pediu um sanduiche ao atendente. Enquanto tentava ingerir o alimento sem sentir o sabor, viu o delegado Alencar e Souza passarem pelo saguão de entrada. Alencar viu Lucas e se dirigiu diretamente a ele.

– Diego acordou. Estamos aqui para colher seu depoimento. 

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