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7 - Gotas ao Luar

– Já disse que está tudo bem!

Lucas encarava a bela mulher de modo angustiado. O quarto estava mergulhado em sombras, e a parca luz que entrava vinha da lâmpada acesa no corredor, que invadia timidamente o espaço através do vão da porta.

– O que você está bebendo? – Mesmo na escuridão, era possível ver o copo nas mãos dela.

– Estou bebendo exatamente o que você me deu. Um cálice de decepção e tristeza – ela murmurou com os olhos marejados. Deu mais um gole e as lágrimas rolaram pelo rosto alvo e delicado.

– Deixa eu te ajudar... – ele sussurrou, resignado. Já tinha desistido de alcançá-la.

– Ninguém pode me ajudar, Lucas. Me deixa em paz! – Ela ralhou e cambaleou em direção à sacada. Em um instante, ela se apoiava na grade, no seguinte, desaparecia, caindo em direção à encosta do mar.

Lucas abriu os olhos, aflito. Uma generosa camada de umidade cobria seu corpo, uma lágrima solitária, sem forças para deslizar, persistia no canal lacrimal, e o coração rufava sem controle. Ele fechou novamente os olhos, buscando equilibrar as emoções conturbadas por causa do pesadelo. Aos poucos, as batidas retomaram o ritmo, e com isso, uma capa de exaustão o cobriu dos pés à cabeça. A sensação opressora o fez sentir-se pregado ao colchão.

Um gemido escapou de sua garganta, o som mais parecia um rosnado. Um misto de cansaço, raiva, tristeza e mágoa bailava em seu peito. Chegara a pensar que a manhã incrível de exercícios e tentativas de surfar o ajudaria a dormir melhor.

Mas estava errado. De novo.

Ele olhou a tela do celular: 4h18 da madrugada. Concluiu que não tinha dado tão errado assim, afinal, havia tido sua melhor noite de sono em meses.

Talvez o Dr. Joaquim tivesse uma certa razão.

Pena que o sono terminou bruscamente por causa do pesadelo.

Quase todas as noites, os sonhos voltavam. Alguns eram vívidos e realistas, outros confusos e embaralhados, fruto da culpa e da imaginação de alguém que ainda buscava respostas. Contrariado, ele se levantou e foi até a sacada. Sabia que não conseguiria mais dormir, pois a última cena do pesadelo continuava vívida em sua mente.

Alice

O sonho tinha sido bastante realista desta vez. Tanto os detalhes quanto os diálogos foram exatamente como ele se lembrava. Claramente, o pesadelo o levou de volta ao passado e aos últimos meses desafiadores que antecederam a tragédia.

Mais de um ano. Alice lutara contra a depressão por mais de um ano. Lucas recordou-se da mulher linda que ela fora, elegante e inteligente, porém frágil e terrivelmente insegura. Desde o início, ele questionara se deveria ter se casado com ela tão rapidamente, reconhecendo que havia sido prematuro, mas naquela época, estava fascinado.

Lucas conheceu Alice na delegacia da Polícia Civil, logo depois de ter sido transferido para a divisão que investigava crimes contra a Fazenda. Alice era filha de Ricardo Donatore, um renomado empresário do setor imobiliário no Litoral Norte de São Paulo, que, além de administrar uma vasta quantidade de imóveis e condomínios, também era proprietário de uma grande construtora chamada Donatore.

Ricardo prestava depoimento sobre um esquema de lavagem de dinheiro associado a um de seus escritórios, e Lucas ingressara no caso em andamento. Ricardo tinha um time imbatível de advogados, formado por mais dois irmãos Donatore, e Lucas temia que a investigação não avançasse por conta disso; mesmo assim, manteve-se determinado a continuar no caso, até que ela apareceu.

Alice Donatore adentrou a delegacia logo após o fim do depoimento de Ricardo e caminhou até o pai. Ela era linda, com uma pele alva, cabelos pretos, lisos e brilhantes que desciam como uma cascata até a altura da cintura, lábios cheios e sensuais e olhos... que olhos! De um azul tão profundo que Lucas teve que se esforçar muito para fechar a boca. De cima das sandálias delicadas e altas que lhe adornavam as pernas expostas por uma saia relativamente curta, Alice olhou para ele, diretamente nos olhos, e naquele momento, Lucas se sentiu fisgado, e decidiu que iria conquistá-la, não importando o custo.

E custou caro. Se soubesse o que viria, não teria se envolvido com ela, com aquele caso e, principalmente, não teria se prestado a investigar Ricardo Donatore.

No começo, Lucas chegara a desejar a inocência de Ricardo para facilitar sua relação com Alice, todavia, conforme eles se envolviam, encontrou-se em uma situação delicada. Obviamente, ele foi afastado do caso por conflito de interesses, mas continuou acompanhando a investigação paralelamente.

Por insistência de Alice, acabaram oficializando o namoro e terminaram por se casar apenas oito meses depois do início do relacionamento. Na época, Lucas não se importou tanto com isso, pois estava realmente apaixonado por ela.

Desanimado, ele fechou os olhos e procurou afastar os pensamentos. Sentia o corpo pegajoso por conta do suor; a noite estava abafada e o quarto não tinha ar-condicionado. Foi até a sacada para se refrescar, olhou ao longe a espuma das ondas no breu do mar e o brilho tênue da areia branca, e decidiu sair para caminhar. Talvez sentir a brisa noturna acalmasse seus anseios e o sono retornasse. Vestiu qualquer roupa e calçou um tênis, então deixou o quarto e se dirigiu à recepção. Para sua surpresa, encontrou o saguão vazio, as luzes apagadas e as portas fechadas.

Não se tratava de um hotel, então talvez fosse normal que não houvesse pessoas na recepção o tempo todo. Quando necessário, uma campainha no balcão servia para chamar alguém, e Lucas se sentiu constrangido de usá-la pois era evidente que todos estavam dormindo. Decidiu voltar ao quarto, mas quando girou sobre os calcanhares, Ana surgiu no vão do corredor, tal qual uma assombração.

– Oi... você precisa de alguma coisa?

Lucas ignorou o pequeno rebuliço que ocorreu em suas entranhas com a visão. Ignorou a pergunta também, afinal, ele precisava de muitas coisas, mas infelizmente nenhuma estava ao alcance da garota da pousada.

– Me desculpe... Eu não pretendia te acordar.

Não dava para vê-la claramente na penumbra do saguão parcialmente iluminado pelas luzes das geladeiras do hall, mas era possível enxergar seu peculiar pijama composto por um short curto e uma camisa folgada de time de futebol.

Um time do tipo ruim, segundo a opinião de Lucas.

– Sempre que alguém aparece no saguão, toca uma campainha no nosso quarto. Estamos acostumados.

– Nosso...? Você está com alguém?

No mesmo instante, Lucas percebeu o duplo sentido da pergunta. Ficou quieto para não piorar a situação, mas esperou ansioso pela resposta. Não que fosse de sua conta, mas ele estava um pouco irritado com a possibilidade de ter interrompido um momento importante dela com alguém, talvez até um namorado. "Definitivamente isso não é da sua conta."

– Estou acompanhada, sim. Meu pai está comigo – e ela fez aquilo de novo, curvou levemente os lábios no prenúncio de um sorriso travesso.

– Ah... certo – o fato de se sentir aliviado o deixou mais irritado, depois confuso por estar irritado por estar aliviado.

Que baderna emocional!

– Há algo que eu possa fazer por você?

– Eu estava planejando sair para caminhar um pouco, mas vejo que vocês estão dormindo e não quero incomodar.

– Vou buscar as chaves. Só um momento.

Lucas ficou aguardando no saguão, sentindo-se um pouco idiota por tê-la acordado só para perambular sem rumo por aí. Decidiu que só voltaria à pousada depois de amanhecer, assim não acordaria mais ninguém.

Ana retornou pelo corredor usando tênis de corrida e, no lugar dos shortinhos, uma legging de cor neon.

– Vou abrir para você. Quer companhia? Posso te mostrar alguns pontos bacanas da praia, embora acredite que estejam todos fechados a esta hora.

– Você não está dormindo?

– Eu pareço estar dormindo?

– Ahn... – ele se sentiu um pouco mais idiota.

– Eu já ia me levantar de qualquer maneira – ela respondeu, matreira.

Ana sabia que estava sendo inconveniente, mas não se importou. Quando a campainha tocou no quarto, ela foi até o saguão e encontrou Lucas parado com um ar tão perdido e solitário que teve vontade de abraçá-lo. Ela não sabia de onde vinha esse impulso, mas era algo significativo o suficiente para fazê-la ignorar a estranheza de se convidar para acompanhar no meio da noite um cara que conhecia há bem pouco tempo e de quem não sabia praticamente nada.

– Bom, eu não estou com muita vontade de conversar, se não se importa – ele respondeu ligeiro.

– Ook... – ela ergueu as sobrancelhas e, constrangida, deu meia volta para retornar ao quarto.

Ele teve vontade de dar um chute em si mesmo pela própria estupidez.

– Mas podemos andar em silêncio... – sugeriu.

E ela olhou para ele com aquele sorriso dos infernos.

– Eu já aprendi a normalizar o silêncio.

Então passou por ele e cruzou a porta, sem saber muito bem se estava agindo corretamente. "Imprudente, Ana! Devia ter aproveitado o fora para voltar pro quarto..." De fato, devia. Mas não tinha tanta força de vontade, e a curiosidade a respeito do homem era muito mais forte do que qualquer outra coisa, mais forte até do que o aparente e constante mau-humor dele.

Ambos saíram para o sereno da noite. O vento estava forte e prenunciava chuva, mas o clima continuava quente. Eles caminharam em direção à praia e percorreram uns 40 minutos em completo silêncio, perdidos cada qual nos próprios pensamentos.

Lucas apreciava a quietude enquanto andavam lado a lado, pois não tinha nada a dizer. A mente ainda estava poluída pelo sonho ruim, contudo a presença da garota ao seu lado minimizava gradativamente o mal-estar.

Ana, por sua vez, se sentia confortável sem aquela necessidade comum de preencher o vácuo com conversas vazias. Ela não se sentia compelida a nada, exceto a tocá-lo, o que fazia pretensamente, apoiando-se nele sempre que pisava em alguma irregularidade na areia.

Num dado momento, Lucas percebeu que seu corpo relaxara; o pensamento em Alice não passava de uma bruma distante que se espargia mais a cada toque da garota da pousada, fazendo-o desejar ainda mais a proximidade. A lembrança de tê-la nos braços mais cedo, quando ela quase dera de cara com a prancha, fez seu corpo acordar, e a brisa noturna parecia intensificar a eletricidade latente entre ambos. Preocupado com o rumo dos pensamentos, decidiu quebrar o silêncio.

– Toda a sua família trabalha na pousada?

– Sim. Na verdade, minha família se resume a mim e ao meu pai.

– Entendo.

Ele evitou fazer mais perguntas, mas ela pareceu não se importar em responder desta vez.

– Eu perdi minha mãe quando nasci. Meu pai nunca se casou novamente, então somos só nós dois. Ele tem irmãos em algum lugar fora do estado, mas nunca saiu daqui e eu nunca conheci mais ninguém. E quanto a você, mora com sua família?

– Moro sozinho.

Ana percebeu que ele foi meio brusco em responder. Talvez fosse de fato um recém-divorciado magoado, ou talvez o mau-humor fosse sua natureza predominante e ele não soubesse lidar com isso.

– Não gosta de falar disso?

Ele apreciou a ousadia dela. O jeito livre e despreocupado como ela se insinuava em sua vida o deixava deliciosamente desconcertado. Talvez fosse por ela não o conhecer de fato, não havia julgamento ali. Se ela soubesse de sua história, quem ele era e o que fizera, estaria tão interessada? Provavelmente não.

– Não é isso. É que eu sempre vivi cercado pela família, mas agora não vivo mais. Sou o segundo de quatro filhos, tenho muitos primos, primas e sobrinhos fofos. Perdemos nosso pai em um assalto no bairro em que morávamos quando eu era criança, e minha mãe nos criou sozinha.

– Sinto muito...

– Foi difícil, mas sentimentos como pena não se encaixam na história da minha mãe. Ela é como uma muralha. Muito religiosa, levava eu e meus irmãos à igreja com ela quando pequenos, e nos ensinou a sermos unidos. Há alguns anos, vim para cá por causa do trabalho e agora vejo pouco todos eles, apesar de morarmos a uma balsa de distância. Eu sinto falta deles.

– Por que não faz uma visita?

Lucas suspirou, desanimado. Os dois meses em que ocupara seu antigo quarto na casa da mãe só serviram para fazê-la perder o sono e se angustiar. A mulher já tinha feito a parte dela ao criá-lo; não precisava mais ficar administrando seus dramas de adulto.

– Eles andam sem tempo para visitas – mentiu.

– Deve ser legal ter uma família grande. Sempre fui muito sozinha – ela expressou depois de um tempo de silêncio.

Lucas olhou para ela e achou difícil acreditar que estivesse sozinha. Ela parecia tão... interessante. Não apenas interessante. Ela era intrigante, instigante, insinuante... De repente, ficou buscando uma forma de interpretá-la, e...

Não conseguiu mais desviar o olhar.

Fascinado, acompanhou o movimento dos longos cabelos que, mais uma vez, haviam se soltado do elástico devido ao vento e se moviam em todas as direções. Sua boca secou e o coração disparou ao perceber que algo semelhante acontecia dentro de si.

Desde o início, ele a observara e buscara uma forma de "passar o pano" no que sentia. Desde o início, ficara interessado, de fato intrigado com ela, mas evitara dar asas ao interesse velado. Contudo ali, na brisa noturna, ele finalmente admitiu o quanto a achava linda. O tom amendoado dos olhos e o nariz arrebitado, característico de garotas travessas, o fascinaram desde o começo. As marquinhas de riso em torno da boca bem desenhada provocavam nele um impulso quase insano de tocá-la. E não era só isso. Sempre que estava perto dela, ele sentia um imenso bem-estar, uma leveza, e o desejo de corresponder ao sorriso da mesma forma que o seu corpo correspondia ao dela de modo tão involuntário.

– Acho melhor a gente começar a voltar — ainda sem desviar os olhos, ele parou de caminhar.

Mesmo sugerindo isso, ambos ficaram no mesmo lugar, se encarando. Ana se remoía com as sensações provocadas em seu corpo ao contemplá-lo mais cedo no banho de sol, e Lucas estava paralisado, sem saber o que dizer.

Um vento mais forte soprou e inundou o ar dele com o cheiro dela, o misto de baunilha, sal e mulher, e nesse exato momento, começou a gotejar, uma chuva lenta e esparsa. Ela olhou para o céu, e sorriu.

Aquele sorriso.

E então aconteceu. Lucas a puxou para si, mirou seus lábios por um instante, e finalmente a beijou.

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