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45 - Suspeita

Ana usou o resto da manhã para surfar. Fazia muito tempo desde que pegara uma onda, e o momento de adrenalina ajudou-a a canalizar a irritação com Lucas e a insegurança desse relacionamento tão novo e tempestuoso.

O final de semana, apesar de prazeroso na maior parte do tempo, tinha sido pontilhado de fortes emoções conflituosas. Ana começava a se questionar se conseguiria lidar com o desânimo de cada vez que Lucas se distanciava emocionalmente, o que acontecia muito mais do que ela gostaria. Tudo nele era sempre intenso demais, e as tentativas de interpretar o que se passava na mente dele a esgotavam.

Depois que voltou da praia, enquanto almoçava, Ana recebeu várias mensagens enviadas por Pablo insistindo novamente em conversar. Rendida e sabendo que fazia tempo que o rapaz insistia no assunto, ela acabou marcando um horário com ele no fim do dia.

Agora ela o esperava na cafeteria próxima à pousada com certa ansiedade. Enquanto aguardava, pensou em ligar para Lucas, checar se ele estava bem, mas teve medo. O que ela menos precisava agora era lidar com aquele olhar matador, aquela boca curvada, aquela ruga de irritação, aquela fúria incontida... Bem, conversar estava bem longe do que ela queria agora.

Pablo chegou às 19h em ponto e abriu um lindo sorriso quando a viu. Ana pensou em como a vida seria mais fácil se ela ainda fosse apenas uma adolescente no ensino médio.

– Boa noite, Ana, como vai? – Ele a cumprimentou com um beijo no rosto.

Eles tinham quase a mesma altura, Pablo era alguns centímetros mais alto. Era magro, mas não do tipo raquítico como os nerds costumam ser. Ele estava bonito, usava um par de óculos despojado de aro azul marinho, e os cachos brilhantes cobriam a testa. Era de fato um rapaz muito fofo.

– Vou bem, e você, o que manda?

– Tranquilo. Alguns estresses com a faculdade, mas vou levando.

Uma atendente entregou um café a Ana e anotou o pedido de Pablo. Ana o aguardou enquanto ele parecia escolher as palavras, o que demorou mais tempo do que o esperado. Ele parecia tenso, encabulado, e Ana tentou ajudá-lo.

– Pablo, aconteceu alguma coisa? Pode me falar. É sobre o trabalho?

Ana ainda não tinha decidido se iria ou não trabalhar no dia seguinte. Estava mais dividida do que o esperado com essa questão. A reunião com Nancy deveria ter sido suficiente para fazê-la mudar de emprego, procurar outra coisa, mas Ana ainda não sentia que era isso o que deveria mesmo fazer. Algo a impelia a continuar frequentando aquele lugar, e ela desconfiava que tinha alguma relação com a história de Lucas.

Ou talvez fosse uma tentativa secreta de provocá-lo. Ela não iria assumir, mas desafiar o lado controlador de Lucas produzia nela um certo prazer perverso.

– Ana, você sabe mais ou menos o que eu faço na Donatore, não é?

– Bem menos do que mais. Na verdade, não faço ideia – ela riu, fazendo Pablo sentir um calor nas extremidades.

– Além da parte de programar, gerenciar a infraestrutura tecnológica e aprimorar os sistemas e os processos, eu também cuido da segurança da informação. Meu papel é implementar medidas como firewalls, sistemas de detecção de intrusões, políticas de acesso e procedimentos de backup para proteger os sistemas e os dados contra ameaças tanto internas quanto externas.

– Complexo. Eu me perdi depois que você falou a palavra "programar" – Pablo deu uma gargalhada, e Ana o acompanhou – fico encantada com essa capacidade que vocês têm de praticamente falar outra língua.

– A programação é uma linguagem, sim. Mas é você que entende de linguagem, certo? Fala quantos idiomas, mesmo?

– Três e meio e você sabe disso! - Ela respondeu sorrindo.

– Não é à toa que Ricardo gosta de você. Por isso e por outros motivos também.

Ana ficou tensa de repente.

– O que quer dizer, Pablo?

– Não me entenda mal, não penso que seja algo maldoso da parte dele, mas ele anda muito interessado em você. Talvez seja porque você ocupou uma das áreas da Alice, eu não sei ao certo, mas ele pediu para eu fazer vigilância cerrada no seu computador, segundo ele foi por interesse, não por desconfiança.

Ana pensou por um instante. Talvez fosse por causa daquela conversa de que ela trabalhava para Lucas. De qualquer maneira, era muito incômodo saber disso agora.

– Você quis passar um tempo comigo só para me contar isso? – Ela perguntou, imaginando que havia algo mais.

– Tem mais uma coisa. Nos meus trabalhos de monitoramento de segurança, interceptei uma mensagem. Eu escrevi num papel para te entregar. – Discretamente, ele passou por sobre a mesa um papel dobrado, preocupando-se em mantê-lo oculto sob a palma da mão. Quando Ana o alcançou, Pablo colocou a mão sobre a sua num gesto mais protetor do que carinhoso – eu quero que você saiba, Ana, que pode contar comigo para qualquer coisa. Veja com cuidado, poderemos pensar a respeito do que fazer sobre isso.

Era um papel pequeno de bloco de notas, mais ou menos do tamanho de um cartão de visitas. Ana abriu discretamente o breve manuscrito e o leu.

"O que faremos a respeito da garota da pousada?"

"Por enquanto, nada. Ela é um bom truco, mas precisa ser na hora certa. Acho que ela não sabe de nada, e ele parece bem envolvido com ela."

Ana segurou o papel por mais um tempo, incrédula. Não precisava ser muito inteligente para saber de quem se tratava a conversa. Seu coração foi até a barriga e voltou, explodindo em sua cabeça e fazendo-a se segurar para não devolver ao copo de forma humilhante o café que acabara de ingerir.

– Quem são essas pessoas? – Ela enfim perguntou, sua voz soou trêmula.

– Não consegui identificar. A mensagem estava numa VPN, criptografada. Eu consegui desencriptar mas não deu ainda pra rastrear os IPs.

– Em português, Pablo!

Pablo riu e Ana percebeu que ele ainda estava segurando uma de suas mãos. Ela ficou irritada se perguntando por que ele estava rindo de algo tão sério como esse bilhete.

– Desculpa, eu nem percebo. O que você quer que eu faça, Ana? Não podemos falar sobre isso no trabalho, você agora entende o porquê.

– Você sabe que estão falando de mim. Sabe de quem mais estão falando?

Pablo a olhou de modo enigmático. Ela temeu que ele soubesse, já que foi tão ligeiro em descobrir quem era a "garota da pousada".

– Tenho minhas desconfianças, mas me parece tão improvável que nem sei se vale a pena mencionar. De qualquer maneira, você pode ficar tranquila. Naquela empresa é difícil encontrar pessoas para confiar, todo mundo "baba ovo" para o Ricardo, mas eu não. Se você quiser me contar, fique à vontade, eu não vou dizer a ninguém.

Ana se calou. Ela não queria contar e sabia que se fizesse isso sem consultar Lucas, ia cavar ainda mais o buraco onde estava sua relação com ele. Tudo o que envolvia a Donatore era um problema para ele, que ficava fora de si só com a menção do nome do Ricardo.

– Obrigada por me contar isso, Pablo. Eu não sei o que fazer com essa informação, sério. Agora que sei que estão me vigiando desse jeito, tudo o que eu quero é desaparecer.

Pablo estendeu o outro braço sobre a mesa e apertou suas mãos de modo carinhoso.

– Ana, não acho que seja o melhor caminho. Já ouviu o ditado que fala sobre manter os inimigos por perto? Se você fugir, nunca vai saber o que está rolando, e se manter na Donatore é um bom jeito de descobrir.

A Donatore. Não tinha decidido o que fazer, mas essa situação mudava tudo; ela se sentiu inclinada a acreditar em Pablo. Independente dos entraves emocionais com Lucas, ela tinha a vida dela, era adulta e capaz de tomar as próprias decisões.

– Acha que pode conseguir mais informações?

– É só saber onde procurar. Se tiver mais coisa, eu vou encontrar, uma hora ou outra.

– E, quando encontrar, existe alguma forma segura de a gente se comunicar?

– O único jeito seguro hoje em dia é conversar, literalmente, cara a cara. Tudo o que a gente faz que precisa usar a rede, cai na rede, e se cai na rede, é peixe, então não dá para confiar.

– Certo. Vamos tentar almoçar juntos essa semana e ver o que mais a gente descobre.

Pablo pareceu extremamente satisfeito com essa resolução, pelo tamanho do sorriso que deu. Ana continuava tensa, mas deu um sorriso para disfarçar o mal-estar. Pablo recebeu um alerta no celular e consultou o aparelho. Uma ruga de preocupação surgiu por trás dos aros azuis.

– Merda!

– Algum problema? ­– Ana sentiu a tensão.

– Só um assunto chato. Mas eu vou resolver.

– É do trabalho?

– Basicamente. Tem um hacker rondando os sistemas da Donatore. É tão liso que eu não consigo isolar, um inferno! Enfim, se eu tentar te explicar, você não vai entender nada mesmo, sem ofensa...

– Não perca seu tempo! – Ana riu. Lembrou-se do hacker mencionado na carta de Alice e imaginou se teria relação com isso. Depois de algumas trocas de palavras triviais, eles pagaram a conta e ela se despediu dele com um abraço carinhoso.

– Obrigada, amigo. De verdade. A gente se vê amanhã.

Pablo prolongou o abraço por um tempo quase constrangedor antes de soltá-la, então, com um beijo no rosto, se despediu e finalmente foi embora. Ana guardou o bilhete na bolsa de modo discreto e permaneceu por um tempo pensando sobre o seu conteúdo.

"A garota da pousada". Quando foi que Ana deixou de ser só uma garota da pousada? Por um breve momento, ela sentiu uma falta tremenda de quando sua vida era entregar e guardar chaves, surfar três vezes por semana e dispensar rapazes assanhados. A vida era bem mais fácil até...

Lucas.

Agora ela era muito mais do que uma garota de pousada. Talvez sempre tivesse sido, mas ninguém sabia disso, e agora que sabiam, ela tinha um patrão que achava que podia tratá-la como um acessório indispensável, um namorado muito invocado que vivia em mundos paralelos entre o presente e o passado, um alguém aleatório que se achava no direito de trocar conversas sobre ela, e um quarto na pousada para o qual ela não queria mais voltar.

Mais uma vez, a vida adulta era um porre.

De repente, Ana sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Olhou em volta, apreensiva, e ainda que considerasse ser apenas uma reação ao que acabara de descobrir, a sensação de estar sendo observada fez com que deixasse rapidamente o local.

Do outro lado da cafeteria, numa mesa pouco iluminada e oculto por uma coluna, Lucas observava Ana e Pablo numa conversa para lá de casual. De onde estava, via as costas de Ana, e claramente o rapaz. O olhar apaixonado de Pablo, os risos, toques e gestos direcionados a Ana transpareciam suas intenções nada puras, e o sorriso, aquele maldito sorriso que ela abriu enquanto se abraçavam, deixaram Lucas completamente ensandecido.

Lucas havia passado boa parte do dia meditando na conversa que tivera com Antônio. A outra parte ele usou para se odiar. No fim, sem conseguir suportar, pegou o carro e voltou para a pousada, mas ao chegar, viu Ana saindo em direção à cafeteria.

E agora estava ali, totalmente confuso e com vontade de esmurrar todo mundo. As dúvidas, a insegurança e o medo devoravam suas entranhas, prejudicando sua capacidade de pensar com clareza.

O que Ana estaria tramando? O que ela estava fazendo ali com aquele moleque? Lucas não podia acreditar que ela estivesse pensando em desistir sem dar uma chance a eles.

Ou será que ela já ficara com Pablo antes? Talvez naquela maldita festa? Eles pareciam bem íntimos... Seria Lucas "o outro"?

Não. Precisava ser objetivo. Ana não era esse tipo de garota, ele sabia, tinha certeza disso. Lucas não costumava se enganar com as pessoas; ele sempre fora bom em ler e interpretar gente o tempo todo.

Não cometeria esse tipo de deslize.

"Mas cometeu com Alice..."

Não! Ele conhecia Ana! Ele a conheceu por acaso, aliás. Ela já estava na pousada antes de ele aparecer, então não poderia ter sido "plantada" para o confundir, para o ludibriar.

Definitivamente não!

Mas nada impedia que ela tivesse sido contactada posteriormente. Pessoas foram atrás dela na pousada. Pessoas poderiam ter falado com ela enquanto ele estava distante. O dinheiro podia comprar tudo, poderia tê-la comprado também. Por isso ela começou a trabalhar na Donatore, por isso estava naquela Pool Party e, posteriormente, na casa de Ricardo para uma "suposta" reunião com Nancy.

"Você tá ficando doido? Que paranoia é essa, caralho? Acha que ela fingiria a esse ponto?"

Lucas esfregou os olhos. Sentia o peito pesado e a cabeça a mil. Em que momento o ciúme virou desconfiança ele nem conseguia saber. Sua mão direita tremia de um jeito difícil de disfarçar agora, e ele sentia as emoções conturbadas. Por mais que estivesse determinado a dar um tempo a ambos, não suportava a ideia de que Ana estava de conversa com aquele rapaz.

Precisava tirar isso a limpo. Precisava ter certeza de que ela não fazia parte de toda aquela trama. A desconfiança já tinha feito seu trabalho queimando tudo dentro dele como um veneno, e quando a viu deixando a cafeteria, determinado, pediu a conta.

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