Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

40 - Alguma Coisa

O trajeto de volta a São Sebastião foi marcado por profundo silêncio. Ana havia recusado por duas vezes as ligações em seu aparelho celular. A primeira tinha sido de Ricardo, enquanto ela e Lucas deixavam o cemitério; a segunda, de Pablo. Seu pai também havia ligado, mas ela o atendeu apenas para avisar que chegaria mais tarde. Em toda aquela confusão, ela tinha passado a noite fora sem avisá-lo.

Diferente da ida, Lucas dirigia agora em calma contemplativa. Ana já não notava mais o mesmo peso em seus ombros, nem o tremor na mão. O rosto não sustentava a mesma carranca, mesmo porque os óculos escuros estavam de volta, protegendo seus olhos da claridade e ocultando as olheiras marcadas.

Ele parecia cansado. Eles quase não haviam dormido na noite anterior, e a manhã foi bem angustiante, principalmente para ele. O dia seguinte seria feriado nacional, e ela se sentia aliviada por não ter que ir trabalhar. Sequer tinha conseguido pensar na questão, se voltaria ou não à Donatore.

Depois de aproximadamente duas horas de trajeto, ela puxou conversa apenas para espantar o sono. Ela queria falar sobre Alice e tudo o que descobrira, também queria saber como Lucas estava emocionalmente, mas ainda não tinha coragem de tocar nesse assunto, então resolveu falar de outra coisa.

– Lucas... por que você foi embora sem se despedir?

Lucas reduziu a velocidade e mudou de faixa, como quem quer protelar o momento da chegada. Ele sabia que precisavam conversar, mas não tinha nenhuma vontade. Ele só queria estar com ela, amá-la, e nada mais.

– Achei que quando você mandou aquela de "eu não consigo fazer isso" já era um adeus.

– Você não avisou, foi embora do nada...

– É sério isso?

Ana sabia que estava sendo ridícula, mas ainda estava magoada com o sumiço dele.

– É que... eu fiquei muito mal.

Lucas a observou mais uma vez, muito abatida e magra. Seu coração apertou.

– Eu quis te dar espaço. Na verdade, achei que a gente não ia mais se ver, entendi que era o que você queria.

– Não era o que eu queria. Nunca foi.

– Mas foi o que pareceu.

Mais alguns minutos de silêncio, e ela continuou:

– Você até desligou o telefone.

Lucas não respondeu. Não foi por isso que ele desligou. O número era provisório, e o aparelho, descartável. Era só um disfarce. Quando ele deixou a pousada, se desfez do acessório.

– Não foi por sua causa.

– Eu tentei falar com você, sabia? Várias vezes.

Ele não disse nada, só deu um longo suspiro e colocou a mão na coxa dela, profundamente chateado consigo mesmo e irritado com todo o resto. Ela insistiu:

– Me desculpe por ter dado a entender que eu queria que você fosse embora. Eu só precisava pensar um pouco... – ela murmurou, entristecida.

– Você está fazendo de novo. Pare de pedir desculpas, Ana! A culpa foi minha. É minha, sempre minha! Pare com isso, ok? – Lucas demonstrou a irritação na voz, e Ana se encolheu no banco.

Ela decidiu esperar para conversar mais tarde. Não queria que ele incorporasse de novo o Vin Diesel em Velozes e Furiosos. Ficou distraída com as lanternas dos carros, e o tédio voltou. Não mais do que 20 minutos depois, ela voltou a puxar assunto.

– Lucas... agora que a gente não tem mais segredos, como você soube que eu estava na casa do Ricardo, nas duas ocasiões?

– Eu estava no condomínio enquanto rolava a festa. Quando fui embora, vi você nas câmeras de segurança. Por incrível que pareça, foi realmente uma grande coincidência.

– E ontem? Você também me viu nas câmeras? Você estava na sua casa esse tempo todo? Porque eu fui te procurar e você não estava lá. O porteiro disse que você tinha ido embora sem previsão de voltar.

Ele suspirou, desalentado. Levou a mão à nuca e esfregou os cabelos. Tinha que contar a ela.

– Eu estava na casa da minha mãe esse tempo todo e... Instalei um rastreador no seu celular.

– Você o quê? – Ela se inclinou no banco, aturdida. Nem prestou atenção na primeira frase.

– Na noite da festa. Você estava bêbada e eu muito puto porque você estava na casa do Ricardo, então você desbloqueou o aparelho para mim. Achei que se lembrasse.

– Não me lembro disso. Não me lembro de ter sido consultada sobre o rastreador também.

– Eu instalei e não te avisei. Me desculpe, mas é o que eu faço, eu sou assim.

– Controlador? – Ela perguntou, incomodada.

– Protetor. – Ele respondeu, resoluto.

Ana recostou no banco e o silêncio voltou. Ela continuou matutando.

– Lucas... então você sabia onde eu estava esse tempo todo?

– Sim.

Silêncio.

– Vai ser sempre assim? – Ela inquiriu.

– O quê vai ser sempre assim?

– Você, tomando as decisões sem me consultar?

– Ana... O que você quer de mim? Eu só fiz o que achei importante para te proteger.

– Ou para me vigiar.

– Tanto faz.

Silêncio de novo.

– Lucas...

Meio nervoso, ele ligou a seta e entrou em um posto de combustível à beira da estrada; estacionou o carro, removeu o cinto, tirou os óculos escuros e se virou para ela com o braço apoiado no banco.

– Sobre o quê exatamente você quer conversar, Ana?

Ela ficou encabulada por ele ter parado o carro. Bom, melhor parado do que voando...

– Você podia continuar dirigindo enquanto a gente conversa...

– Prefiro ler você.

– Como assim, me ler?

– É o que eu faço, Ana. Eu observo. Como agora, por exemplo; você tem um milhão de perguntas a fazer, mas não faz. Você quer que eu, deliberadamente, conte as coisas, mas eu não sei fazer isso.

– Não sabe conversar?

– O que você quer saber, Ana? Pergunte de uma vez!

Ela suspirou e enxugou as palmas das mãos na saia. Estava tensa sem saber o motivo.

– Agora que tudo isso veio à tona, o relato da Alice e tal, o que você vai fazer a respeito? – Aguardou, apreensiva. Ela gostaria que ele desistisse de toda aquela história, mas já tinha percebido o quanto ele era obstinado.

– Ainda não sei o que fazer, Ana – ele respondeu, sincero.

– Você não vai deixar isso para lá, não é?

– O que você acha?

Ela negou com a cabeça, resignada.

– Ok... Você acha que eu corro algum tipo de perigo?

– Tenho pensado nisso.... Eu vou ter que te manter por perto, agora.

"Que conveniente..."

– Você sabia que isso poderia acontecer? Que eu correria riscos? Por isso o rastreador? Ou você estava desconfiado de mim por trabalhar com o Ricardo? Fale a verdade, por favor.

– Num primeiro momento, eu desconfiei sim. Depois, não.

– Não mesmo?

­– Já disse que não.

– Se não estava mais desconfiado, por que continuou me rastreando?

– Você sabe por quê.

– Não, eu não sei.

– Sim, você sabe.

– Eu quero que você diga, Lucas! Por quê?

– Por precaução! – "e por minha incapacidade de seguir em frente sem você..." pensou. Ainda não conseguia falar de sentimentos. Que inferno!

– Me diz uma coisa... Você acha que eu devo continuar trabalhando na Donatore?

– Você ainda cogita essa possibilidade? Depois de tudo?

– Eu gosto do trabalho, e do pessoal, mas fiquei com medo. A coisa toda com a Nancy me desestabilizou. Mas eu fiquei pensando, talvez eu possa ser útil...

– Nem pense nisso! Por mim você não chegaria perto daquele lugar nunca mais, mas eu não posso te dizer o que fazer, apesar de você me acusar de "controlador", – ele ergueu os dois dedos para simular as aspas – de todos os lugares do mundo, você foi arrumar emprego justamente lá. Agora vou ter que te monitorar.

– Ah, então você assume que é controlador!

– Talvez um pouco... – ele colocou a mão na perna dela e insinuou um movimento em direção à parte interna da coxa. Estava de saco cheio desse papo.

– Lucas...

– Cansei de conversar – Ana ofegou quando ele tocou seu pescoço com a língua enquanto subia a mão até o meio de suas pernas. Determinada, ela segurou a mão dele no lugar e impediu o avanço.

– Você sempre vai fugir de uma conversa com sexo?

– Não... Talvez eu precise fugir do sexo para conseguir conversar – ele respondeu agora com a boca no lóbulo da orelha. Quando ele contornou os piercings com a língua, ela quase se rendeu.

– A gente precisa conversar, Lucas! Conhecer coisas um sobre o outro!

– Quer saber algo sobre mim? Eu gosto de sexo. Muito. – Ele desceu com a língua pelo pescoço deixando-a molhada em vários lugares.

– Oh, que grande descoberta!

– Acho importante deixar claro, talvez você demore para perceber... – agora uma mão puxava a camiseta larga de dentro da saia e a outra se insinuava pela barra.

– Lucas, pare com isso! Estamos em um local público!

– O carro é filmado. Impossível enxergar aqui dentro.

– Ai... impossível é você! – Ela se esquivou dele, que soltou uma breve gargalhada. O som foi quente, aconchegante, muito excitante... Era a primeira vez que ela o ouvia rindo de verdade, e achou o som eletrizante.

Mas o sorriso morreu de repente e ele assumiu a Máscara do Investigador (ok, o nome é péssimo, mas Ana estava sem ideias).

– O que foi? – Ela questionou, preocupada.

– Aquele carro.

Ela estreitou os olhos para enxergar. Havia uns dez carros no posto.

– Qual deles?

– Aquele sedan prata. Ele estava no motel.

– Mas... As garagens estavam fechadas! Como você viu?

Ele não respondeu, continuou com o olhar fixo no veículo e ela pensou em quão idiota era aquela pergunta em se tratando dele.

Intrigado, ele passou a mão sob o painel do carro, pelo quebra-sol, vasculhou dentro do porta luvas e apalpou embaixo dos bancos, até que, frustrado, deu a partida e fez a manobra para deixar o posto. Após avançar lentamente por uns 50 metros, a lanterna do sedan acendeu.

– Vamos embora daqui.

– Mas... – Ela ficou apreensiva e procurou o sedan com o olhar.

– Não olhe para trás. Finja que o carro não existe.

Eles acessaram a rodovia e ele entrou no modo Piloto de Fuga. (sim, ela estava se achando muito criativa hoje). Lucas dirigiu em alta velocidade costurando entre os demais carros sem dizer uma palavra.

Ana olhou no painel do SUV, marcava 210 Km/h, então agarrou as laterais do banco até os nós dos dedos ficarem brancos. Depois de um tempo que para ela pareceu eterno, ele reduziu a velocidade e, gradativamente, voltou ao ritmo normal.

– Acho que dei uma boa distância. Claramente ele vai nos alcançar uma hora porque é provável que haja um rastreador nesse carro. Ao menos por um tempo você poderá ficar mais tranquila.

– Lucas, eu acho que eu ficaria muito mais tranquila sendo seguida por um estranho do que num carro com você dirigindo desse jeito!

Ele riu, e de novo ela teve aquela sensação deliciosa de borboletas na barriga. Era como se uma chama se acendesse dentro dela, esquentando tudo por ali.

– Como é viver prestando atenção em tudo? Observando cada detalhe o tempo todo? – Ela perguntou depois de um instante.

– Eu nem penso nisso. É natural, eu acho. A gente se habitua a colher informações mentais de tudo o que vê ou escuta. E você, como é viver alienada em relação a tudo?

– Ei... Espera um pouco! Eu não sou uma alienada!

– Eu teria descoberto que eu sou policial só com um olhar – ele troçou, sorrindo.

– Petulante!

Mais uma gargalhada deliciosa. Ela teve vontade de fazer cócegas nele só para ouvir esse som para sempre.

– Você errou a minha idade – ela provocou.

– É verdade. Com esses braços finos, eu te daria uns 13 anos hoje. Se fôssemos barrados, acho que pensariam que eu sou seu pai, afinal, segundo você, eu tenho cara de velho.

– Não exagera, Lucas!

– Mas, agora é sério Ana. Você quer conversar, então vamos falar. Sem querer eu acabei te trazendo para esse meu mundo. Eu não sou um cara padrão, que trabalha de segunda a sexta, folga nos fins de semana, vai a jantares e posta foto de prato no Instagram. Eu também não quero que você fique infeliz com o que eu faço para viver. Às vezes pode ser bem pesado, e na maior parte do tempo eu não vou poder conversar sobre o meu trabalho.

Ana ficou um tempo ruminando sobre o que ele dizia, enquanto aquela luzinha pulsante que a gargalhada dele provocou continuava aquecendo seu interior. Aos poucos, ela foi compreendendo o rumo da conversa, e a luz se espatifou e espalhou o calor por todo o seu corpo.

– Então é oficial? – Ela sondou, hesitante.

– O quê é oficial?

– Nós... quero dizer, a gente é alguma coisa, agora?

Ele sorriu, e ela se sentiu como um marshmallow derretido. "Deus, como ele fica lindo sorrindo... Se soubesse não passava tanto tempo carrancudo."

– Achei que eu tivesse deixado isso claro lá no cemitério. Nós podemos ser alguma coisa, Ana. Se você quiser.

"Se eu quero?"

– Lucas, pare de ficar dando voltas! Você já sabe o que eu quero!

– Então nós somos alguma coisa – ele deu um beijo rápido nela, depois mudou de pista, e acelerou.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro