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28 - Coisa Alguma

Eles chegaram à pousada no início da tarde. Durante todo o trajeto, um silêncio absoluto se formou entre eles, como se um muro invisível estivesse se erguendo, separando-os. Ana, acostumada a ser bastante reservada em relação aos próprios sentimentos, se fechou num casulo de inseguranças, enquanto Lucas, também habituado a esconder as emoções, calou-se porque quanto mais o tempo passava, mais irritado ele ficava com a falta de conclusão do caso.

Assim que adentraram o saguão da pousada, Antônio se dirigiu a Ana, aparentemente aflito.

– Oi, filha. Preciso conversar com você. É urgente! – ele falou com ela sem sequer olhar na direção de Lucas, que pegou a deixa.

– Bom... eu vou pro quarto. Boa tarde, Antônio. – Lucas olhou brevemente para Ana antes de sair andando.

Bem que Lucas queria ficar sozinho por um tempo para se reorganizar emocionalmente, mas sua alma de investigador não permitiu. Ele subiu as escadas mas permaneceu oculto atrás de uma coluna, o mais próximo possível, se aproveitando do eco do espaço para ouvir atento ao que pai e filha conversavam.

– Recebi sua mensagem, você não mencionou que estava com Lucas.

Ana achou que Antônio se referia à mensagem que ela mandara antes de sair para a festa. Ela sequer percebeu que Lucas usara o seu celular para avisar que ela não voltaria para a pousada.

– Eu não estava, pai. Eu só o encontrei por acaso.

– Não precisa mentir, filha.

– Eu não estou mentindo, pai.

Por mais que não fosse mentira, Ana pensou nos momentos que ela e Lucas compartilharam e entendeu o porquê de o pai ficar desconfiado.

– Bom, ok, não vou insistir nisso. – Antônio não pareceu nada convencido. – Hoje de manhã, dois homens vieram procurar por você.

– Ah é?... E de onde são?

– Não sei, filha. Eles não se identificaram.

– Estranho... Eles disseram o que queriam comigo?

– Não falaram muito. Eu achei esquisita a postura deles, meio formais demais, sabe? Tinham um jeito meio impositivo, eu fiquei um pouco cismado.

– Às vezes pode nem ser nada, pai. Se era importante, eles provavelmente irão voltar.

– O que me deixou preocupado não foi o fato de procurarem por você, foi o tipo de pergunta que fizeram.

– Que tipo de pergunta?

– Coisas relacionadas à sua relação com nosso hóspede, Lucas Russo. Queriam saber se vocês se conhecem a muito tempo, se você sabe por que ele está hospedado na pousada. Esse tipo de coisa.

Lucas teve um sobressalto quando ouviu o próprio nome. A mão direita começou a se mover involuntariamente, e ele a escondeu no bolso da calça. Percebeu o suor brotando na testa. O que queriam com ele, afinal? Por que estavam atrás da Ana?

– Mas, como podem saber algo assim? Nós sequer... nós não temos coisa alguma!

Ana constatou isso com profunda tristeza, mas era verdade, eles não tinham nada definido. Ela continuava no escuro a respeito de quem era Lucas ou Alice, e a única certeza que tinha era que o sexo com ele era fenomenal. Nada além disso.

"Tá, mas e o carinho dele quando te encontrou depois da festa? E a forma como ele cuidou de você ontem, sem segundas intenções? E o modo respeitoso que ele lidou com sua vergonhosa bebedeira e limpou todo aquele vômito nojento? Isso não significa nada pra você?"

– Ana... abra os olhos, filha! Tenho tentado te avisar, mas você não me escuta. O que você sabe sobre esse rapaz?

Ana sentiu um nó na garganta. Ela não queria preocupar o pai com suas próprias dúvidas e receios, mas a situação parecia estar se tornando cada vez mais complicada.

– Pai, eu... eu não sei muito sobre o Lucas, pra te falar a verdade. Nós nos conhecemos aqui mesmo na pousada, você sabe, e ele é muito reservado. Ele nunca disse por que estava hospedado aqui, nunca me deu nenhum detalhe. Quanto a esses homens que vieram me procurar, o que você respondeu a eles?

– Que isso não era da conta deles, e perguntei por que estavam sondando você. Filha, você precisa ter cuidado. Se essas pessoas estão te procurando, pode ser perigoso. Talvez seja melhor você se afastar de Lucas até descobrirmos o que está acontecendo.

– Eles não tentaram falar com o Lucas?

– Não, e achei isso estranho demais. É como se soubessem que ele não estava aqui. Eles estavam mais interessados no que você diria sobre ele, e isso me deixou muito preocupado, filha. Talvez eles quisessem te alertar sobre o Lucas, eu não sei...

Ana fechou os olhos e sentiu novamente uma pontada nas têmporas. Um misto de angústia e indecisão a envolveram. Ela não queria acreditar que Lucas pudesse estar envolvido em algo obscuro, mas aquela aura de mistério ao redor dele não colaborava para minimizar sua impressão.

– Ana... o que você vai fazer a respeito disso? Você sabe onde está se metendo? Eu não quero invadir o seu espaço nem me intrometer nas suas decisões, mas você precisa ser cautelosa. Pare de fugir e enfrente essa situação. Ainda dá tempo de deixar tudo isso para trás antes que a coisa fique mais complicada. Afaste-se desse homem, por favor.

– Pai, eu vou pensar a respeito. Amanhã tenho que trabalhar e acredito que até lá saberei o que fazer.

Num momento raro entre ambos, ela deu um abraço demorado no pai, depois seguiu em direção ao próprio quarto, fechou a porta e se apoiou nela.

Precisava tomar uma decisão. Em poucos dias, Lucas passou como um rolo compressor sobre ela. Sem aviso, coerência ou razão, o sentimento por ele foi crescendo, tomando conta do seu autocontrole e, para sua angústia, do seu amor-próprio. Ela não podia estar com uma pessoa que se fechava e escondia o passado como ele fazia. Precisava decidir sozinha o que fazer, já que as tentativas de conversar não deram em nada.

Ela viu o notebook sobre a mesa e digitou o nome dele na barra de busca. "Lucas Russo". Apareceram várias linhas, de outros Lucas, homônimos e nomes similares; um certo Lucas Russo surgiu num perfil privado do Instagram onde sequer aparecia a foto, podia nem ser ele. Tinha mais páginas para procurar, mas o celular tocou e ela atendeu.

– Alô, Ana? Está tudo bem? Só estou ligando pra saber se você chegou bem em casa.

Ela ficou surpresa. Tinha acabado de entrar no quarto, o timing não poderia ter sido mais perfeito.

– Quem é?

– É o Pablo.

– Cheguei sim, Pablo. Obrigada por ter ligado.

– Certo, eu liguei antes, mas você não atendeu a nenhuma ligação... – ele pareceu sem graça, como quem não sabia o que dizer a seguir. Ana facilitou para ele.

– Eu preciso tomar um banho agora, Pablo. Depois a gente se fala, ok?

– Tudo bem. Até amanhã.

– Até.

A dor de cabeça voltou com força depois que desligou. Talvez pela tensão, pelo conflito interior ou pela ressaca que ainda não se dissipara totalmente. Ana fechou o notebook, tomou mais um analgésico e se deitou, tentando se acalmar, até que a queda de pressão causada pelo medicamento fez com que ela cochilasse.

Lucas seguiu para o próprio quarto, angustiado. Sentia que o tempo estava acabando, e ele precisava decidir o que fazer. Seria capaz de deixar tudo para trás por causa de Ana? Ele fechou a porta do quarto, e como de costume, foi direto para a sacada.

Mesmo se decidisse abandonar a investigação, agora era tarde demais. Já sabiam sobre a Ana, involuntariamente ela já estava envolvida na bagunça que ele criara, e agora ele se odiava por isso. Já sabiam quem ela era, onde morava e, provavelmente, usariam isso contra ele de alguma forma.

"Teimoso dos infernos, por que você foi desenterrar ossos? O que ganhou com isso?"

Pensando bem, se não fosse a investigação, jamais teria conhecido Ana. Cansado, ele abriu o notebook. Tinha que escolher... ou continuava com a investigação, deixava Ana seguir com a própria vida e ia embora, ou contava a verdade a ela e encarava as consequências. De qualquer maneira, ele sabia que sairia perdendo independente da decisão.

Era madrugada. Lucas ainda não conseguira pregar o olho, e não teve mais contato com Ana, apesar de tê-la procurado na hora do jantar. Ele bateu à porta dela duas vezes, e concluiu que ela provavelmente não queria falar com ele ainda.

Assim como ele, ela devia estar tentando entender o queria. Não podia julgá-la; no lugar dela, ele talvez escolhesse não o ver nunca mais. Lucas não estava pronto para aceitar isso, mas entendia que ela precisava de tempo, então resolveu respeitá-la.

Decidido a isolar a mente do assunto, ele pegou uma pasta dentro da mochila e despejou o conteúdo sobre a cômoda. Usando Post it, ele passou a escrever os nomes dos principais suspeitos investigados conectados ao caso até o momento.

O primeiro nome era de um dos convidados da festa, um conhecido de Ricardo que Alice tinha feito questão de chamar: Rodrigo Feijó, gerente geral do escritório da construtora que ficava em Santos. No início, quando Lucas foi escalado para auxiliar na investigação contra a Donatore, achou suspeita a movimentação financeira da empresa, que lucrava um valor absurdo mesmo tendo poucas obras em andamento, até que soube que o escritório constava na lista de licitações da Prefeitura de Santos. Não ficou claro em que tipo de construções a empreiteira estava envolvida, já que os relatórios financeiros foram barrados por algum juiz a pedido dos advogados, atravancando a investigação.

O segundo nome era Euclides Pontes, um Deputado Estadual, e Lucas estava listando os projetos de Lei que ele propunha na Câmara a fim de criar conexões entre os demais investigados.

O terceiro nome: Kleber Assis, um empresário do setor de construção naval, a Sea Nau. As contas da empresa também apresentavam movimentações suspeitas e havia denúncias de solicitações ilícitas de manutenção em navios e barcos que já tinham sido liberados para navegação.

Além desses, havia Ricardo Donatore, seus irmãos e sua relação suspeita com alguns traficantes e até juízes, e Nancy Leviv, a sócia que morava na Espanha e na época concentrava recursos para implementar uma rede de hotéis e pousadas na costa do Mediterrâneo. Ricardo e Nancy eram os mais difíceis de investigar por conta da sua equipe de advogados, que conseguia blindar toda e qualquer informação.

Havia Donatores demais nessa história.

Em um último Post it, Lucas escreveu o nome recém-descoberto: Diego Moreno, o homem que estava transando com a sua ex-mulher. Até o momento, as únicas informações que Lucas possuía acerca dele era que ele era estrangeiro, possivelmente espanhol, e trabalhava como agente alfandegário.

Lucas organizou também algumas cópias de documentos que Garcia havia conseguido, relatórios policiais relacionados a mandatos de busca e apreensão nos escritórios da Donatore e da Sea Nau, mandatos estes que acabaram cancelados por falta de jurisprudência aplicável, segundo o juiz que os embargou.

E no meio de tudo isso estava Alice, se vítima ou dano colateral, ele já não estava tão certo. Precisava encontrar o ponto frágil na história para que a investigação tivesse êxito, mas sem os recursos necessários e afastado do caso, ficava quase impossível seguir adiante. Esse tipo de operação só poderia continuar se tivesse o apoio de várias frentes, e Lucas era só um braço, praticamente amputado, em tudo isso.

Talvez este fosse o sinal que ele precisava para finalmente desistir, deixar tudo para trás, como aconselhou seu parceiro, e ver no que podia dar a sua história com Ana.

Conseguiria? Ele seria capaz de abandonar o caso?

Ainda pensando nisso, distribuiu os Post it 's no quadro de investigação oculto no guarda-roupas, enfileirou os cabides e fechou as portas. Usando o notebook, organizou uma cópia de todas as informações de maneira coesa e concluiu que estava pronto para conversar com Ana a respeito de tudo.

Pegou o telefone e, sem se preocupar com o horário, fez a ligação.

– Russo? – A voz sonolenta o atendeu do outro lado.

– Você sabia? – Foi logo perguntando.

– Sabia o quê? – Garcia estava confuso.

– Que a Alice me traía?

Um silêncio incômodo perdurou, até que Lucas o quebrou, irritado.

– Sabia ou não, porra?

– Russo... Isso não vem ao caso agora...

– Não vem ao caso o caralho! Como você pôde esconder isso de mim?

– Eu não escondi nada! Eu só descobri isso quando tive acesso aos vídeos...

– Então você sabia! E veio com aquele papinho de que queria me ajudar! Mas que merda, Garcia!

– Que diferença isso faria? Só ia te aborrecer mais do que você já estava aborrecido! Caramba, Russo, eu sou seu amigo! Estava preocupado com você...

– Meu amigo? Meu amigo e escondendo as coisas?

– Sim! Eu ou seu amigo, porra! Eu tentei te proteger!

– Você e todo mundo que está rindo às minhas custas agora!

– Russo, para com essa porra de paranoia! Não tem graça nenhuma nessa história para que alguém esteja rindo!

– Como posso continuar confiando em você se escondeu algo tão importante?

– Quer falar de confiança? Pois bem! Você não esconde nada, não é mesmo? Estou aqui dando a cara a tapa por você, colocando um alvo nas costas, e você me vem falar de confiança? Eu nem sei por onde você anda, caralho! Tem cinco meses que estou segurando as broncas sem sua ajuda na D.P. enquanto você fica roendo o mesmo osso! Vê se para de ser a porra de um mimado de merda e escuta algum conselho para variar! – Garcia deu um suspiro nervoso, depois continuou, com a voz um pouco mais calma: – Eu não contei mesmo, porque não queria te ferir. Achei desnecessário. Eu pretendia revelar, mas estava esperando você parecer mais calmo, mais equilibrado. Minha intenção era ajudar, nunca te prejudicar, ok? Eu sou seu amigo, e você precisa acreditar nisso porque você é o meu melhor amigo. Eu confiaria minha vida a você.

Lucas suspirou, nervoso. Estava sendo injusto e sabia disso. Um pouco mais calmo, respondeu:

– Certo. Me desculpe, mas você não tinha o direito de ocultar isso, não importa o motivo. De toda forma, agradeço a sua preocupação, mas não preciso dela. Agora o que eu preciso é que você me ajude com outra coisa. Algumas pessoas andam fazendo perguntas sobre mim e sobre a... garota da pousada. Ana é o nome dela. Veja se consegue descobrir algo a respeito. Você pode fazer isso por mim?

– Claro, Russo. Pode contar comigo. Mais uma vez, me desculpe, ok?

Lucas desligou. Pensou em Ana, em Alice e buscou coordenar os sentimentos. Não tinha mais como segurar essa bronca. Precisava ser verdadeiro com Ana. Muito em breve, contaria toda a verdade a ela.

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