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26 - Latejando

Lucas havia passado o restante da manhã com Jair na portaria do Condomínio, revendo alguns outros vídeos que o colega conseguira recuperar. Jair era muito bem relacionado e conhecia as pessoas certas, gente que trabalhava na central de monitoramento do condomínio e que, às vezes, lhe prestava favores.

Embora soubesse que o material recuperado não serviria como prova em uma acusação formal, Lucas insistiu em acessar os registros pois estava buscando respostas mais do que justiça.

O turno de Jair havia acabado por volta das três da tarde, momento em que várias pessoas começaram a chegar para uma festa na casa de Ricardo Donatore. Lucas conhecia aquele tipo de festa, tivera que comparecer a várias no passado, e deu graças a Deus por não ser mais obrigado a tolerar todo aquele circo. Antes de ir embora, passou na própria casa a fim de separar alguns itens de uso pessoal.

Depois de guardar algumas peças de roupa e outros pertences menores na mochila, colocou as roupas usadas na lavadora, se acomodou no sofá para aguardar o fim do ciclo e, devido à noite praticamente insone, acabou adormecendo. Quando acordou, já era madrugada, mas ainda podia se ouvir o som abafado de música vinda da mansão Donatore. Sem a intenção de dormir na casa, voltou à portaria para solicitar um transporte.

O porteiro noturno questionava se Lucas preferia táxi ou motorista por aplicativo, quando um movimento nas câmeras de segurança chamou sua atenção. Tratava-se de uma mulher que caminhava sozinha, descalça, com passos incertos. Quando a avistou, mesmo no monitor de baixa resolução, Lucas não teve dúvidas. Aquele cabelo, o corpo curvilíneo... Ana. Seu coração quase parou quando se deu conta de que ela estava justamente na festa do ex-sogro.

Saiu da guarita em disparada pela rua por onde ela caminhava. Também não estava pensando direito, afinal, o que diria a ela para explicar sua presença ali? Estava mais preocupado com o que ela diria a ele para explicar a própria presença naquela festa.

E agora estava diante dela, sujo de vômito e com o coração acelerado. Ele não fazia ideia do que ela teria descoberto naquela festa, e isso o deixava ainda mais apreensivo, já que, durante vários momentos do dia, ele se pegara pensando no que faria em relação ao relacionamento deles.

Ana tinha os olhos fechados e as mãos pressionavam a cabeça. Lucas percebeu que ela estava prestes a desfalecer.

– Que merda, Ana! Essas malditas festas! Provavelmente puseram algo na sua bebida...

Ele tirou a camisa suja, ergueu Ana nos braços e caminhou por mais cinquenta metros até a própria casa. Ali ele a acomodou num grande sofá e foi até a cozinha buscar água. Quando voltou, ela estava novamente sentindo espasmos, e correu para socorrê-la.

– O que você andou bebendo, sereia? – ele perguntou enquanto acomodava um balde de pipoca sob o rosto dela.

– Eu vou morrer... – ela agonizava enquanto ele segurava seus longos cabelos.

– Fica calma. Você se alimentou?

– Não – ela confessou entre um espasmo e outro – ai, minha cabeça...

– Eu sei, eu sei... – ele esperou que ela parasse de vomitar para, entre uma crise e outra, pegá-la nos braços e levá-la até um banheiro no andar superior.

Enquanto ele enchia uma banheira com água morna, ela terminou de esvaziar o conteúdo estomacal no vaso sanitário. Com um comando de voz, ele fez com que as luzes do banheiro ficassem mais suaves, em seguida, a ajudou a remover o vestido e a colocou na água só de biquíni.

Preocupado com ela, ele também tirou as próprias roupas e, usando apenas a cueca boxer, se encaixou na banheira por trás dela, sustentando-a contra o peito.

– Você não devia beber sem se alimentar, minha sereia – ele depositou um beijo no ombro delicado e ligou a hidromassagem.

Ele tinha um milhão de perguntas a fazer a ela, começando pelo fato de ela estar na casa de Ricardo Donatore, mas se conteve. Permaneceu abraçado ao corpo dourado enquanto massageava seus ombros e depositava beijos espaçados em seus cabelos úmidos. Aos poucos, seus tremores foram diminuindo.

– Lucas, que gostoso isso... onde eu estou? – ela perguntou num sussurro enquanto mantinha os olhos semicerrados.

– Shhhh, fica tranquila. Quando você se sentir melhor, a gente conversa – Lucas propôs suavemente, quase como um sussurro. Seu corpo, ignorando o estado dela, estava acordado e reativo, mas ele reprimiu as sensações e se concentrou em abraçá-la, nada mais.

Ana se acomodou melhor no peito dele. O calor da pele e os jatos de hidromassagem a envolviam como uma manta. Gradualmente, ela sentiu o corpo relaxar e o mal-estar diminuir, mas a cabeça ainda latejava.

Num dado momento, ela abriu os olhos e inspecionou o banheiro amplo e elegante, decorado com peças sofisticadas. Não tinha conseguido ver o restante do local, que aparenta ser uma residência de alto padrão.

– Acho que estou melhor, mas minha cabeça dói muito - ela gemeu.

– Você está intoxicada. Precisa comer alguma coisa.

Ele se levantou da banheira, vestiu um roupão e a ajudou a sair da água. A visão do corpo molhado o deixou ainda mais excitado, mas ele ignorou o pensamento inadequado, focado em cuidar dela. Usou uma toalha macia para secá-la quando ela removeu o biquíni molhado, depois a conduziu até o quarto adjacente, um espaço amplo e igualmente elegante, e a deitou numa enorme cama King Size.

— Olhe aqui, Ana. Destrave o seu celular para mim. — Lucas apontou a tela para o rosto de Ana, depois foi até o closet e ela o escutou falando com alguém por telefone.

Ele voltou ao quarto com uma camiseta grande de algodão e a ajudou a vestir. Ana se sentiu abraçada pelo aroma dele e se deitou sobre os travesseiros macios. Algum tempo depois, ela ouviu a campainha, ele saiu, depois retornou com um frasco de isotônico e uma tigela com frutas picadas.

– Um colega meu trouxe isso para você, tente comer, por favor – ele se sentou ao lado dela e, com um garfo, lhe ofereceu um pedaço de fruta.

Seu estômago protestou, mas ela acabou aceitando o isotônico e tentou ingerir alguns cubos de manga, o que a fez se sentir um pouco melhor. Aos poucos, a letargia a dominou, ela empurrou a tigela em direção a Lucas, se acomodou novamente nos travesseiros e adormeceu.

Lucas a cobriu com o lençol e ficou um tempo ali, contemplando-a enquanto a mente vagava. Especulava se era possível saber o momento exato em que uma pessoa se apaixonava. Seria num olhar ou num sorriso? Seria num toque ou quando o aroma da pessoa era captado? Ou seria no primeiro palpitar do coração? Poderia ser no suor que brotava num momento de paixão?

Ele permaneceu um bom tempo sentado à beira da cama, desfrutando a paz do momento e se indagando sobre essas coisas. Ficou surpreso por constatar que fazia muito tempo que não se sentia tranquilo dentro da própria casa. O quarto, por exemplo, ele não o usara desde a morte de Alice. Chegara a pensar que nunca mais usaria esta cama, mas estava ali, sentado, se sentindo subitamente bem com tudo à sua volta, ainda que Ana parecesse tão debilitada.

Ela parecia tão pequena naquela cama, mas seu impacto era enorme. Ela era a responsável por essa tranquilidade. De alguma maneira, ela tinha o poder de fazê-lo agir como se a vida fosse muito mais leve, sem drama, traumas ou medos. Ela era capaz de fazê-lo rir de si mesmo, de inspirá-lo a tentar coisas novas como surfar, e de apagar sua mente só por entrar em seu campo de visão. Ela era como um bálsamo que minimizava suas mazelas, uma brisa que aliviava sua febre, e neste instante, olhando-a tão linda, vulnerável e indefesa, ele compreendeu.

Foi tudo ao mesmo tempo. Foi no olhar, no toque, no cheiro e no desejo. Foi quando ele sentiu o coração rufar para então se acalmar. Foi quando tudo entrou dentro dele pela soma de todos os fatores que a tornavam tão única e essencial, foi então que ele se viu apaixonado por ela.

Não foi de uma vez. Foi quando as peças se encaixaram, cada pedacinho dela, e quando ele pôde contemplar e compreender o conjunto da obra, o impacto o consumiu e o rendeu. Ana torceu o seu controle, quebrou o domínio sobre si mesmo e o colocou de joelhos.

Ele a amava.

Tal percepção o assustou. Era um sentimento diferente, completamente novo. Mesmo antes de os problemas terem corroído seu casamento, Lucas nunca havia sentido algo parecido por Alice ou por qualquer outra mulher. Com Ana, era uma ânsia profunda de estar com ela, muito além do aspecto físico. Ele tinha vontade de continuar surfando ao lado dela, de rir das piadas que ela fazia, de se sentir analisado pelos olhos castanhos procurando mais algum motivo para caçoar dele e, consequentemente, fazê-lo rir também.

Ele tinha vontade de tomar incontáveis cervejas ao lado dela, de sentir a areia do mar sob os pés e o sol aquecendo a pele de ambos enquanto caminhavam à beira mar. Ele queria beijá-la sob a chuva e fazer amor entre as ondas, e tantas outras coisas que ele desejava, que o faziam questionar se seria capaz de partir quando chegasse a hora.

Certificando-se de que ela estava completamente adormecida, recolheu as roupas molhadas e desceu até o andar inferior para limpar as coisas por ali. Ele já tinha mandado uma mensagem para Antônio do próprio celular de Ana avisando que ela estava numa festa se divertindo e que voltaria para a pousada pela manhã.

Depois de limpar os utensílios e o chão sujos de vômito e colocar as roupas de Ana para lavar, ele retornou, cruzou o quarto, foi até a sacada e permaneceu ali um bom tempo contemplando o quebrar das ondas. De onde estava ainda era possível ouvir os graves da música que subia da residência dos Donatore, e ver o movimento de pessoas se divertindo. Ninguém no condomínio reclamaria do barulho, obviamente porque a maioria das pessoas provavelmente estava naquela festa.

Mas Lucas não estava. Até Ana esteve, mas ele não.

Ele observava o mar revolto e o vento intenso, um reflexo exato dos próprios sentimentos. A lembrança das gravações que ele tivera acesso pela manhã voltaram à sua mente, e ele desejou inutilmente que o vento forte pudesse apagar sua memória.

Tudo o que pensava conhecer sobre Alice afundara no mar, assim como ela.

Lucas fechou os olhos e a imagem se formou novamente, vívida em sua mente. Na filmagem, Alice aparecia cruzando a porta dos fundos em direção ao jardim, um pouco antes de um homem. Eles passaram separados pelas portas, mas se encontram em um canto escuro do jardim. Alice se aproximou de uma paineira e se demorou ali, acariciando o tronco da árvore de modo inusitado, até que o indivíduo a empurrou contra a árvore e começou a beijá-la, enfiando a mão rudemente por baixo do vestido que ela usava.

Alice sabia que o jardim possuía câmeras de segurança. No quadro, ela chegava a olhar para uma delas, como se olhasse diretamente para Lucas, mas pareceu não se importar. A gravação, clareada pela lente noturna, registrou o momento em que o homem virou Alice contra o tronco da árvore e começou a fazer sexo com ela por trás. A lembrança da cena o deixou novamente enjoado.

Depois de assistir ao vídeo, Lucas ligou para Jair pedindo acesso às filmagens de segurança de outros períodos, e seu amigo conseguiu reunir vários registros de semanas anteriores, alguns até de meses passados. Em vários deles, Lucas viu o mesmo homem transitando pelo condomínio e visitando sua casa enquanto ele estava fora trabalhando em alguma investigação. Alice o estava traindo há meses.

Quando abriu o assunto para Jair, finalmente descobriu a identidade do sujeito. Diego Moreno, um contato que frequentemente visitava a residência de Ricardo para tratar de assuntos da empresa. Todas as vezes que ele visitou o condomínio, registrou a visita como sendo à casa de Ricardo, nunca à residência de Lucas.

Não havia como explicar o que Lucas sentiu ao constatar tais fatos, e tudo parecia muito mais confuso agora. Seu casamento teria sido real em algum momento ou tudo não passara de uma armação? Aquela história de depressão, as brigas, até mesmo a aparente dependência emocional de Alice, teriam sido autênticas? Ricardo sabia? Sempre soubera? Lucas não sabia mais em que acreditar.

No momento, as únicas verdades que ele conhecia eram que Ana, a mulher por quem estava apaixonado, dormia a poucos metros de distância na cama da sua ex-mulher; e que ele, o homem mais perdido do mundo, estava encostado no gradil da sacada onde essa mesma mulher fora vista com vida pela última vez.

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