[m a r c i a n o]

Youngjae observou-se no espelho, penteando os cabelos castanhos com os dedos gordinhos de forma que suas pequenas anteninhas ficassem escondidas entre os fios e suspirou, encarando seu reflexo. As bochechas levemente infladas, as pintinhas espalhadas por seus braços, pescoço e uma bem pequenininha abaixo de seu olho, os cabelos caindo sobre os olhos e um biquinho nos lábios, era incrível o quanto o marciano parecia-se um habitante comum da terra, era tão idêntico, exceto pelas suas anteninhas e claro, por sua terra natal.

Terra natal... Youngjae sentia saudades de sua casa. Sentia falta da cidade subterrânea.

Aproximou-se da janela, encarando o céu claro, quase sem nuvens. Forçou os olhinhos, mas não conseguiu ver nada, apenas o sol quente e brilhante.

Ele não conseguia ver marte pela janela.

Fechou a cortina, se jogando na cama. Bateu os pés e resmungou baixinho em sua língua nativa. Vez ou outra ele confundia-se com o coreano, mas nada que o Sábio Google não resolvesse. Youngjae até arriscava dizer que o Sábio Google era ainda mais inteligente que o Conselho dos Sábios Marcianos.

Youngjae se levantou, colocando os tais sapatos, amarrando-os do jeito que seu instrutor de missão havia ensinado. Pegou seu equipamento para relatórios, que era apenas um caderno com uma capa cinza com estrelinhas e um tinteiro humano.

Fechou a porta atrás de si, e em questão de minutos já estava na rua. Tinham coisas estranhas entre as casas de pedra colorida, pareciam com as satnalp de marte, mas ao invés do caule comprido esguio e que se enrolava nas pontas, com algumas sahlof vermelhas, eram grandes e firmes, com muitas coisas verdes. O marciano anotou cada detalhe da coisa estranha, logo depois começou a encarar os habitantes da terra e viu que, muitos deles tinham um ser ainda mais estranho que as coisas verdes acompanhando-os, eles eram pequenos e andavam sobre quatro pernas, tinham um braço comprido e peludo na parte de trás do corpo, um nariz e um par de orelhas grandes.

- Eu deveria perguntar ao Sábio Google o que é isso.- disse para si mesmo, colocando a tampa do esquisito tinteiro terráqueo na boca. Olhou para o céu, onde uma estranha nave espacial humana passava cortando as nuvens e as transformando num caminho no azul.- Woah!- Youngjae soltou, andando pela calçada, tentando seguir a nave terráquea, mas num piscar de olhos a mesma já tinha sumido, e o caminho de nuvens se desfazia no céu.

O Choi bateu os pés no chão e bufou. Algumas pessoas olharam para o estranho e bonitinho rapaz de casaco rosa e expressão irritada.

Continuou andando, mas não muito longe, apenas até o final da rua. Faziam apenas três dias que o marciano estava na terra, se ele se perdesse causaria problemas, principalmente para seu tutor e veterano de missão, Jackson, que havia conseguido o apartamento e estava ajudando o mais novo a se adaptar ao novo planeta, o Wang até mesmo o ajudou a escolher seu nome terráqueo, já que seu nome marciano não era muito adequado.

Choi Youngjae.

O marciano girou os pés no fim da calçada, voltando pelo mesmo caminho. Subiu as escadas do prédio onde agora vivia, no corredor de seu andar haviam vários terráqueos com coisas na cabeça e roupas iguais, e eles carregavam grandes coisas quadradas.

Youngjae pegou a chave e a colocou na fechadura do apartamento de número sete.

- Olá, eu sou seu novo vizinho, do apartamento da frente, me chamo Im Jaebum.- um ser cutucou o ombro do Choi, e o mesmo se virou na hora. Era um terráqueo que usava roupas da cor do sol, ele mostrava os dentes e, isso seria um pouco ameaçador se o marciano não tivesse achado aquilo fofo. Os olhos dele ficaram bem pequenininhos, as bochechas pareciam maiores, era estranhamente bonito de se ver.

- O que está fazendo?- perguntou curioso, fazendo o novo vizinho arquear as sobrancelhas, confuso.

- Eu... estou te cumprimentando.- Jaebum falou, brincando com os dedos das mãos em nervosismo. Ele esperava que o vizinho fosse com a sua cara.

- Não, não, o que você fez com os dentes. Assim.- Youngjae mostrou os dentes e fechou os olhos, arrancando uma risadinha de seu novo vizinho.

- Ah, você está falando do meu sorriso?- entortou um pouco a cabeça, olhando o mais baixo com as sobrancelhas um pouco arqueadas.

- SIM, ISSO!- o marciano gritou animado, fazendo o Im dar um pulo e levar uma das mãos na direção de seu coração pelo susto.

O Choi, apressado, abriu a porta de seu apartamento, fechando-a com tudo enquanto Jaebum tentava formular qualquer frase.

Youngjae jogou suas coisas de qualquer forma sobre a cama, mas logo lembrou-se das coisas que seu instrutor de missão havia falado sobre os terráqueos.

- Quando algum terráqueo se apresentar, você deve ser educado e dizer o seu nome.

Então Youngjae correu pelos cômodos e abriu a porta, assustando Jaebum outra vez.

- Sou Choi Youngjae.- disse rapidamente, batendo a porta em seguida.

Jaebum, que ainda estava parado no meio do corredor, sorriu. Seu vizinho parecia ser alguém legal.

Já em seu apartamentinho, o marciano ligou o tal computador que havia ganhado de Jackson, abriu a janela de comunicação com o Sábio Google, enviou uma mensagem para ele, e ele lhe respondeu imediatamente, após isso, procurou por seus equipamentos de comunicação extraplanetária. Pegou o objeto de formato oval, apertando a parte superior. Logo ouviu-se um bip e o objeto foi aberto, deixando sua tela azul escura à mostra. Youngjae apertou alguns botões, e logo uma luz vermelha apareceu no canto inferior.

Sua mensagem estava sendo gravada.

- Aqui é o Ars, diretamente da terra.- encarou seu reflexo na tela escura.- Por onde devo começar... Hoje, eu vi algo extremamente bonito, se chama sorriso. É algo que os terráqueos fazem com a boca e com os olhos. O Sábio Google disse-me que os terráqueos sorriem quando estão felizes, mas uma espécie de terráqueo chamada vizinho sorriu quando me disse seu nome. Estudarei mais sobre o sorriso nos próximos dias, creio que é uma tradição terráquea muito interessante.- disse em sua língua natal, inflando as bochechas e ouvindo um barulho vindo do corredor.- Também pude observar uma estranha coisa no céu, uma nave com grandes asas, mas parecia inofensiva, e descobri uma espécie estranha de terráqueo que anda sobre quatro pernas e possui um braço peludo na parte de trás do corpo. Farei um relatório escrito com mais detalhes, Ars desligando.

[m a r c i a n o]

eu nunca sei o que escrever nas notas finais kkk

[xoxo]