[m a r c i a n o]

Jaebum encarava a tela da tevê enquanto acariciava Nora, que estava esparramada sobre suas pernas, com a mão esquerda e, com a direita, segurava Odd, que tentava aconchegar-se em seu ombro para poder dormir. Kunta estava deitado sobre o braço do sofá, em seu sono felino da beleza, como dizia o Im.

Se Jinyoung visse aquela cena, com toda a certeza, diria que Jaebum era a nova definição de "Velho dos Gatos", sem a parte do velho, claro, mas com todas as outras partes, incluindo antissocial e solteirão. O Park já deveria ter se acostumado aos hábitos caseiros de seu amigo, depois de tantos anos, mas, oras, nem sempre Im Jaebum havia sido tão "quietinho no seu canto", costumava sair para se divertir na adolescência, andava de skate e ralava os joelhos, além de sempre aprontar durante as aulas e ser o mais comunicativo de sua roda de amigos, sempre querendo se enturmar com os novatos e sempre sendo gentil — coisa que ele ainda é. No entanto, agora, o Im preferia mil vezes ficar em casa esparramado em seu sofá descansando, com seus três gatos, do que sair para uma festa cheia de gente desconhecida, e parecia que isso não entrava na cabeça de Jinyoung.

Ele até tentava arrastar o Im para uma festa ou outra, mas Jaebum era tão teimoso quanto o amigo. Aliás, por falar em Jinyoung, ele estava mandando mensagens, sem parar, para o Im, perguntando quando veria a nova "paixonite" de Jaebum. Não que Jaebum tivesse dito que gostava de alguém — na verdade, ele negou sem parar quando foi questionado sobre — mas Park Jinyoung o conhecia desde que usavam fraldas, e sabia muito bem identificar quando os olhinhos do Im brilham demais.

E bem, Jaebum apaixonado significava um Jinyoung preocupado — e levemente histérico.

Oras, havia sido Jinyoung o primeiro a perceber a paixão do amigo por Mark Tuan, à algum tempo, e deu uma de cupido, contando ao rapaz sobre os sentimentos do Im. Só que, a ideia de Jinyoung de unir o casal não havia sido uma boa pois, cerca de dois meses depois do início do relacionamento do amigo com o rapaz da cafeteria, Mark se declarara para o Park, alegando que não sentia nada por Jaebum. Jinyoung havia aguentado noites e mais noites ouvindo day6 juntamente ao amigo que, naquele momento, parecia uma criança perdida que necessitava de carinho e atenção, então, prometeu a si mesmo ficar de olho nos relacionamentos de Jaebum, pois ele não queria ter que escutar "i need somebody" durante duas horas, sem parar, com um Im Jaebum fungando ao seu lado, novamente.

No fim, lá estava Park Jinyoung, enchendo o Im de perguntas sobre sua nova paixãozinha que, Jaebum dizia não existir.

Quase jogando o celular o mais longe possível, para parar de ser importunado pela curiosidade de Jinyoung, Jaebum se levantou do sofá, sorrindo ao ver o cobertor que havia sido usado por Youngjae noutro dia, dobrado ao lado do Notebook que o Im usava para assistir seus amados doramas. Ele havia esquecido o cobertor ali desde aquele dia, ou, apenas não quis colocá-lo para lavar ou guardá-lo, e usava o esquecimento como desculpa.

Jaebum sorriu para Nora e Odd, enquanto via Kunta ir para algum canto do cômodo.

— Vocês também querem vê-lo?— perguntou, mas os bichanos permaneceram em silêncio.

Talvez fosse só Jaebum que estivesse cheio de vontade de ver Youngjae. Tanta que, se o vizinho o chamasse para dar uma volta por aí, o Im iria sem pensar duas vezes no quanto estava cansado ou nas horas de sono perdidas enquanto ele olhava para o teto de seu quarto.

Kunta se esparramou sobre o cobertor, em busca de um lugar quentinho e confortável para continuar dormindo. Jaebum foi até a pequena cozinha, pegou uma de suas canecas favoritas e colocou café quente, soltando um suspiro enquanto olhava por uma pequena fresta, no vão da porta, para ver se havia alguma movimentação no corredor do prédio.

A quem ele queria enganar? Ele estava mesmo apaixonado.

Enquanto Im Jaebum suspirava e bebericava seu café quentinho, do outro lado do corredor, Youngjae tinha uma toalha jogada sobre a cabeça enquanto via as paisagens que o Sábio Google lhe mostrava. A ideia de Yugyeom de pedir ao Sábio Terráqueo para lhe mostrar novos lugares no curioso planeta havia sido ótima. Youngjae gostaria que, tivesse o correio Wi-Fi em seu planeta.  

O marciano queria poder visitar todos aqueles lugares e, era isso o que faria.

Youngjae se arrumou rapidamente, pegando o estranho objeto de cor escura que, quando você colocava suas coisas dentro, elas sumiam e depois reapareciam. Colocou-o nas costas e calçou os sapatos, mas antes de sair, teve que perguntar ao Sábio Google mais uma vez a como se amarravam aquelas cordinhas.

Assim que passou pela porta, o vizinho Jaebum apareceu, com uma caneca nas mãos um pijama colorido.

— Oi! — O Im disse, sorrindo para o marciano. Ele estava tão feliz em ver Youngjae que, poderia ficar parado naquele corredor por horas, e nem veria o tempo passar, apenas admirando seu vizinho.

— Olá. — Youngjae sentiu as coisinhas estranhas no estômago ao encarar Jaebum, novamente. O mais baixo respirou fundo e fez uma reverência, se despedindo do moreno que, ficou todo jururu enquanto observava o marciano sumir pelo corredor.

Só quando saiu do prédio que Youngjae se lembrou de algo: ele não fazia ideia de como chegar ao lugar que queria visitar. Meio contragosto — pois queria ir até o lugar ovon logo — , ele voltou para dentro, vendo que Jaebum ainda estava parado no corredor, sem o seu sorriso otinob no rosto.

— Vizinho Jaebum, eu quero ir à este lugar chamado praia, como faço para chegar lá?

— Praia?— o Im repetiu e, como se tivesse a ideia mais genial do universo inteirinho, sorriu novamente. — Eu posso te levar até lá, você chegou aqui à pouco tempo, pode acabar se perdendo.— com a desculpa mais esfarrapada do mundo (tirada da coleção pessoal de desculpas esfarrapadas de alguém que prefere gatos à pessoas de Im Jaebum) o mais alto encarou seu vizinho, deixando-se, por um breve momento, perder nas pintinhas espalhadas pelo rosto e pescoço dele, nos olhos bonitos e no leve rosado de suas bochechas. Tão adorável.

— Está bem, você me levará até a praia. — o marciano assentiu, cruzando os braços contra o peito.

Jaebum sorriu todo bobo e, mais do que rápido, se arrumou. Verificou várias e várias vezes se não tinha esquecido as chaves de sua moto ou qualquer outra coisa, deixou comida para seus bichanos e trancou a porta. Ele estava tão feliz por sair com Youngjae que, até acenou alegremente para o vizinho do apartamento oito, que os estava observando enquanto continha gritinhos — afinal, mesmo que ninguém saiba, o vizinho do apartamento oito é o mais jaejae shipper do universo inteirinho.

Jaebum e Youngjae foram até a garagem do prédio e, o marciano olhou espantado para a estranha criatura metálica em que o Im montava e, achando interessante a ideia de também domar o estranho ser terráqueo, o Choi subiu sem pestanejar quando seu vizinho o disse para o fazer, e por questões de segurança, Jaebum e Youngjae colocaram os estranhos setecapac terráqueos — que incomodavam as anteninhas do marciano, mas ele não reclamaria disso com Jaebum.

Quando o Im acelerou, Youngjae não conteve um gritinho amedrontado, afinal, ele quase caiu e, isto fez com que Jaebum o dissesse para se segurar nele. O marciano o fez, colocando as mãozinhas na barriga do Im, e sentindo as coisas estranhas no estômago novamente, mas dessa vez, acompanhadas pelos batimentos rápidos de seu oãçaroc; parecia até que ele iria explodir, assim como as pipocas que Jackson fazia quando ia assistir à um filme.

Enquanto o vento batia em seu rosto — pelo fato de estar com a viseira do capacete aberta — e as paisagens passarem rápido por eles, o marciano desejou conseguir escrever um relatório naquele momento; ele queria descrever tudo o que via e o que sentia, mas, ele não largaria Jaebum enquanto a coisa com duas pernas circulares não parasse, então, resolveu deixar os relatórios para depois.

Quando finalmente pararam, Youngjae arregalou tanto os olhinhos que, Jaebum não conteve uma risadinha enquanto tirava o capacete e ajudava seu vizinho a descer da moto.

Era simplesmente... adnil! Nas imagens que o Sábio Google havia mandado, a praia não parecia ser um lugar tão adnil daquela forma. O tal mar era tão azulzinho que se misturava a cor do céu, parecia até que os dois se abraçavam, as nuvens pareciam tão fofas e a areia cheia lembrava Youngjae de sua terra natal.

Jaebum, vendo os olhinhos de Youngjae brilharem, sorriu e se abaixou para tirar os próprios sapatos, atraindo a atenção do Choi e, ainda sorrindo, desamarrou os cadarços do mesmo, o ajudando a ficar descalço também.

— Andar na areia de sapatos é sem graça.— o Im disse, pegando um dos pares de sapato nas mãos e colocando o outro debaixo do braço, para que ele conseguisse dar a mão livre para se entrelaçar a de Youngjae.

Os dois começaram a andar em direção ao mar, sentindo a areia fofinha sob os pés, com as mãos dadas. O marciano, pela primeira vez desde que havia chegado à terra, se sentiu em casa. Pela primeira vez, Youngjae não se preocupou com relatórios, ele apenas sentia o peito quase explodir com um monte de sensações desconhecidas. Talvez fosse felicidade, mas, o marciano não se preocupou com isso, ele apenas continuou andando na areia da praia segurando na mão de Jaebum, enquanto um sorriso se fazia presente em seu rosto e, fazia o Im se apaixonar ainda mais.

A água ia e vinha, estava gelada, mas nenhum dos dois ligou muito para isso, não quando estavam mergulhados num oceano de sentimentos inéditos, afinal, ninguém nunca se apaixona da mesma forma e, mesmo que um dos dois já tivesse passado por esse avalanche, ainda era como se fosse a primeira vez, mas, quando eu digo "apaixonado", não digo apenas sobre nosso casal principal e seus sentimentos um pelo outro, mas também do quanto Youngjae estava apaixonado por aquele mar e aquela areia fofinha e quente, ou o quanto Im Jaebum se apaixonava novamente pelo sol e pelo céu azul, assim como todas as manhãs, mesmo que preferisse ficar em casa dormindo o dia inteiro.

O Im procurou várias conchinhas para Youngjae guardar como recordação, enquanto o Choi achava muito atinob a combinação de sorrisos de Im Jaebum e um dia ensolarado.

Se Jinyoung os visse, com toda a certeza do universo, ele sorriria para o amigo e, gritaria aos quatro ventos: — Um otp desses bicho! No entanto, para a sorte de Jaebum, as mensagens de seu amigo haviam parado à pouco mais de cinco minutos, e suas chamadas também. Jinyoung devia estar soltando fogo pelos olhos e xingando o amigo de todos os palavrões já criados na face da terra. Jaebum, no fundo, sentiu uma leve pena de Mark, por ter que aturar o Park todo mal humorado, e até temeu um pouco por sua vida, já que um Jinyoung nervoso não é algo que você queira ver, mas, suas preocupações se foram com o vento quando ele viu Youngjae desenhando na areia da praia. Ele estava com os lábios franzidos e as pernas encolhidinhas, batia os dedinhos dos pés contra a areia e desenhava com um gravetinho. Uma cena tão adorável que, Jaebum sentiu que poderia explodir a qualquer momento.

O Im se aproximou para ver o que o Choi desenhava com seu traço meio infantil e, a areia estava cheia de "pessoas palito" e prédios altos e de formatos engraçados, fazendo Jaebum sorrir ainda mais, enquanto se sentava na areia, ao lado do marciano.

Os dois ficaram ali, numa espécie de conversa silenciosa, onde olhavam para o mar e depois se encaravam. Jaebum só percebeu que estava ficando tarde quando vários tons de rosa e laranja estavam no céu e, o pôr-do-sol os avisava que, já era hora de ir; além de um Choi Youngjae cansado, dormindo confortávelmente em seu ombro.

Na volta, Youngjae quase dormiu sobre as costas de Jaebum, só não o fez porque o capacete o incomodava e, ele não queria correr o risco de cair. Assim que desceu da moto e tirou o capacete, o cansaço se apossou do corpo do marciano que esfregou os olhos, enquanto Jaebum segurava sua mão para que ele não desse de cara com nenhuma pilastra por aí, do jeito que estava com sono.

Assim que os dois chegaram em frente ao apartamento do Choi o mesmo abriu a porta e entrou, o Im veio atrás e, assim que o marciano jogou a mochila no chão, Jaebum soltou sua mão, levando ela aos cabelos cheios de areia do mais baixo e bagunçando-os. Foi aí que Jaebum as viu.

Jaebum havia visto as anteninhas de Youngjae e, agora, o Choi tinha os olhinhos arregalados de medo.

— Jaebum... — o marciano começou a dizer, mas, a expressão indecifrável de Im Jaebum estava o deixando cada vez mais amedrontado. Não era como a expressão de Yugyeom ao vê-lo e, mesmo tendo estudado sobre as estranhas expressões terráqueas, Youngjae não soube identificar a expressão de Jaebum.— Eu não sou o quê pareço ser...

— Quem é você, Choi Youngjae?— Jaebum arqueou as sobrancelhas, confuso. Ele não estava com raiva, nem com medo de Youngjae. E, vendo que o mais baixo estava tremendo de medo, soltou um suspiro, colocando as mãos nos ombros de seu vizinho.— Você é especial para mim, Youngjae, então, não importa quem você realmente seja, você ainda será o mesmo Choi Youngjae, adorável e brilhante, que eu conheço.

Youngjae respirou fundo e olhou nos olhos de Jaebum antes de dizer:

— Eu sou um marciano, Jaebum.

[m a r c i a n o]

Aqui é a Madureira, falando diretamente da terra.

Duas mil e trezentas palavras, estou até surpresa

Mais uma vez, perdão pela demora de mais de um mês para a att (já perceberam que a coisa que eu mais faço é me desculpar pelos atrasos nas att's?risus)

Vou tentar não demorar tanto, afinal, faltam três capítulos pra Marciano acabar aaa

gostaria de dizer que got7 só destrói o meu psicólogico e...

... 2jae é muito lindo tomara que eu exploda (e eu 'tô só o Jinyoung ali atrás).

Até a próxima att marcianos! Madu desligando...

[xoxo]