Capítulo 09 - James, Parte II
~James~
Acordo com uma sensação de calor ao meu lado. Abro lentamente os olhos e por um momento me pergunto onde estou. Lembro dormi na casa dela. Olho para o relógio que tinha em uma pequena cômoda ao lado da cama e vejo que ainda é cedo, ainda eram cinco e meia da manhã. Meu braço está aprisionado embaixo do corpo de Camila, mas não faço nenhum movimento, quero apreciar a visão que estou vendo agora.
Nossa, como ela é linda até mesmo dormindo, a visão de seus olhos fechados me apertou um pouco o coração, pois lembrei do dia do incêndio. Mas agora podia sentir a sua respiração no meu peito e seu rosto está tão limpo e pacífico que sorrio sozinho olhando seu belo rosto e espanto a sensação ruim.
"Fica, James". As palavras de Camila ainda estavam nos meus pensamentos, ela falou baixinho, não sei se ela já estava adormecida ou não, mas meu coração se encheu ao ouvir essas palavras. Chegando um pouco mais próximo ao seu corpo, comecei a acariciar seu longo cabelo negro.
– Não vou a lugar nenhum Camila – falei baixinho, e lhe dei um beijo no topo da cabeça. – Você vai ser completamente minha.
Fiquei observando seu sono tranqüilo, ela parece ter um sono bem pesado. Consegui tirar um pequeno cochilo até seis e meia da manhã, quando acordei novamente, me senti completamente desperto. – Droga, acho que não vou conseguir mais dormir.
Camila ainda dormia pesadamente ao meu lado, pude até escutar um pequeno ronco saindo de sua bonita boca. Tenho que resolver algumas pendências do escritório ainda hoje, acho que vou ter que levantar logo, vou só avisar pra Camila que vou pro chuveiro.
– Meu anjo, acorda, vou tomar uma chuveirada agora, quer se juntar a mim? – perguntei baixinho ao seu ouvido. Camila resmungou alguma coisa que não consegui identificar, mas não abriu os olhos. – Camila? – chamei seu nome balançando levemente seu braço pra ver se ela acordava.
– Só mais cinco minutinhos – Camila estendeu sua mão para a porta e balançou levemente os dedos. Ok, então acho que eu vou levantar.
Quando me movimentei para levantar da cama, o lençol que cobria o corpo dela se deslocou, descobrindo seu corpo. Tive que engolir em seco com aquela visão. Seu corpo esguio coberto por aquela maldita minúscula calcinha rendada. Quase que não consigo me controlar ontem. Ela simplesmente começou a se despir na minha frete!!! Se ela ainda não tivesse dolorida por causa do acidente tinha fodido ela duro ali mesmo no sofá. Acho que usei toda a minha força de vontade pra não abusar de seu corpo dolorido. Seu delicioso corpo dolorido.
Suas curvas eram discretas, mas muito bem distribuídas. O meu pênis acordou pra vida com aquela visão. Controle-se James. Minha vontade era de acordar Camila com um oral muito bem dado, mas se eu começar a fazer isso, nunca vou chegar ao trabalho a tempo. E ela ainda estava machucada. Tive que me controlar.
Cobri o corpo dela com o cobertor novamente. Olhar pra ela daquele jeito não ia ajudar em nada o meu controle. Ia saindo do quarto quando lembrei que poderia encontrar a amiga da Camila no apartamento, mas como não queria vestir minha calça ainda, encontrei um lençol, enrolei-o na minha cintura e fui na direção do banheiro.
Respirando fundo entrei no banheiro, ainda tentando controlar minha ereção de adolescente. O banheiro era bem organizado e limpo. Tinham alguns artigos de banho em cima da pia, algumas toalhas em um pequeno armário ao lado da pia. Estava procurando um sabonete no armário, quando a porta do banheiro se abre.
– Cah amiga, você poderia me emprestar seu seca... – a voz de Bianca morreu quando ela me viu e ela corou violentamente.
– Ah Bianca, a Camila ainda está dormindo. Acordei você? – encolhi um pouco meu quadril, não tinha certeza se minha ereção tinha sumido completamente. Bianca pareceu se recuperar do susto de ver ali e falou.
– James, ah não, você não me acordou não, é que ér, eu escutei um barulho vindo aqui do banheiro e eu assumi que fosse a Camila. Vou só pegar aqui o secador dela e você pode tomar banho tranqüilo.
– Ah sim, desculpe Bianca. – ela pegou o secador, e foi em direção a porta. – Bianca, você poderia me dizer onde estão os artigos de limpeza? Estou procurando a um tempinho e ainda não achei.
– Claro James. Tudo o que você pode precisar está naquele armário ali em cima – ela apontou um armário acima do armário de toalhas. – Se você quiser escova de dente tem algumas fechadas lá, e nesse daí de baixo tem toalhas, pode pegar a que você quiser.
– Muito obrigado Bianca. Quando eu terminar meu banho, vou preparar um café da manhã bem legal pra agradecer.
– Que é isso James? Não precisa não. Tá tranqüilo. Bom agora eu vou indo tomar meu banho e deixar você tomar o seu tranqüilo. – e ela saiu do banheiro.
Tomei um banho rápido, sequei meu cabelo com a toalha e penteei com os dedos mesmo. Vesti minha cueca e minha calça jeans. Escovei meus dentes e sai do banheiro bem mais calmo. Fui na direção da cozinha e fui preparar o café da manhã. Não cozinho muito, admito. Mas me viro bem na cozinha, já que moro sozinho há algum tempo e não quis contratar uma cozinheira.
Estava terminando de preparar uma omelete quando Bianca entra na cozinha.
– James, eu disse que não precisava, mas se bem que esse cheirinho de café está ótimo.
– Eu não garanto que tudo ai estar bom, mas meu café é muito bom mesmo – e era verdade, a única coisa que eu tinha certeza que iria ficar bom.
– Você precisa de ajuda com alguma coisa?
– Ah, está tudo bem Bianca, já terminei por aqui mesmo.
– Hum, já que você já fez o favor de fazer o café, pode deixar que eu lavo a louça.
– Não mesmo, eu que la...
– Nada disso James, eu lavo e ponto final. Você é visita, não era nem pra ter feito tudo isso. Se eu te ver próximo dessa pia, vou ficar chateada.
– Tudo bem, já que é assim. – sorrio para ela. A amiga de Camila era uma figura.
– Acho bom. Agora, faz um favor pra mim? Vai chamar a Camila, já ta na hora dela levantar. Enquanto você vai chamar ela, eu arrumo aqui a mesa.
– Claro, volto já.
Fui em direção ao quarto dela. Camila ainda estava dormindo, ainda estava coberta. Ela pediu para acordá-la depois de cinco minutos, e esses cinco minutos já tinham se passado a muito tempo. Vendo-a desse jeito, meu desejo voltou rapidamente.
– Bom dia meu anjo – falei com uma voz rouca de desejo em seu ouvido, esperando que isso bastasse para despertá-la.
– Bom dia – ela me falou com os olhos ainda sonolentos e me dando um lindo sorriso.
– Espero que não se incomode, mas tomei um banho quando acordei. Não ia te incomodar pra perguntar onde estavam os artigos de banho, você estava dormindo tão lindamente que não quis te incomodar, então procurei sozinho mesmo. Mas como não tive muita sorte, sua amiga me ajudou. Fiz também café-da-manhã, caso você queira tomar.
– Ah, tudo bem. Vou só tomar um banho e tomamos café, tudo bem pra você? – concordei com a cabeça, e ela simplesmente levantou a cama.
Ela ainda usava só a calcinha rendada. Engoli duro com aquela visa. Porra. Que delícia de corpo. Acho que Camila percebeu que eu estava olhando para ela. Ela me olhou com um olhar confuso, então olhou para seu corpo e então cobriu os seios com as mãos e corou lindamente. Me aproximei lentamente daquela mulher, tentando controlar meu desejo.
– Você tem um corpo espetacular Camila, você não faz idéia de como eu acordei com você assim do meu lado hoje. Não fique envergonhada minha linda, você é uma mulher espetacular – disse simplesmente. Quando cheguei bem perto dela, não consegui mais me segurar, inclinei meu corpo próximo ao dela. Precisava beijá-la.
– Só depois que eu escovar os dentes James, com meu bafo de múmia não dá. – ri do seu comentário. Mal sabia ela que a queria de qualquer jeito, mas me controlei.
– Como quiser linda, mas aposto que até com esse bafo você vai ser deliciosamente perfeita.
Enquanto ela estava no banheiro, me peguei analisando seu quarto. Era um pouco menor que o meu, tinha alguns quadros de bandas espalhadas na parede. Vi uma estante com alguns CDs de bandas, grande maioria eram de bandas que eu também curtia. Tinha um guarda-roupa enorme no canto do quarto, mas nem me atrevi a olhar. Alguns livros bem grossos estavam em cima de uma escrivaninha, junto com alguns papéis e uma calculadora científica. É mesmo, ela faz engenharia. Além de linda, ainda é dedicada.
Será que ela gostaria de trabalhar na empresa do meu pai? Tenho que me lembrar de perguntar a ela e também falar com o velho, vê se ele concorda.
Mas o quadro que estava acima da escrivaninha foi que me chamou atenção. Um quadro bem grande com várias fotos dela, com amigos, e com um casal muito parecido com ela, que eu presumi que fossem seus pais. O sorriso dela roubava a cena em todas as fotos. Vi uma foto dela bem mais nova com Bianca. Seu rosto inocente ainda permanecia, somente foi acrescentado um corpo delicioso. Vi outra muito engraçada dela e de Bianca, enquanto Bianca sorria, Camila fazia uma careta muito fofa. Senti seu cheiro suave antes de perceber que ela já tinha terminado seu banho e estava atrás de mim.
– Huuuum, vejo que você tem muito amigos aqui na cidade Camila. E se me permite dizer você está deslumbrante em várias dessas fotos, até nessa aqui, – apontei para foto em que ela estava fazendo a careta. Fiquei um pouco curioso, não dava pra dizer quando a foto tinha sido tirada, mas elas pareciam se conhecer a muito tempo – Há quanto tempo vocês se conhecem?
– Há muito tempo. Viramos amigas no colégio e continuamos até hoje. – ela respondeu com um lindo sorriso. Eram amigas há muito tempo.
Um ronco provindo da barriga dela ecoou pelo quarto.
– Por motivos de força maior, vamos comer logo alguma coisa e depois pensamos o que vamos fazer, pode ser? – tomei sua mão e fomos para a cozinha. Enquanto tomávamos café da manhã, escutei meu celular tocar no meu bolso. Desliguei. Quem quer que esteja me ligando, eu só iria falar depois de comer.
Quando terminei de comer, meu celular voltou a tocar, mas como as meninas ainda não tinham terminado, pedi licença e fui atender o telefone no quarto da Camila. Vi que era minha mãe no telefone.
– Oi mãe.
– Meu filho, onde você está? Estou desde ontem tentando ligar para você, mas você não atende minhas ligações... Liguei até para sua casa, mas você não atendeu.
– Mãe, desculpa, meu celular estava baixo ontem e eu não dormi em casa. Mas aconteceu alguma coisa?
– Você não dormiu em casa? Onde você dormiu? – antes que eu pudesse responder alguma coisa, minha mãe me interrompe – James, bem isso não importa agora, é seu pai meu filho.
– Papai? O que aconteceu com ele mãe?
– Ele está aqui no hospital desde ontem. Ele se sentiu mal ontem e viemos aqui pro KLJ. Depois de alguns exames, eles o internaram. Não sei de muita coisa filho, já liguei pro seus irmãos e eles estão vindo.
– Não se preocupa mãe, o pai vai ficar bem. Você sabe o quanto ele é forte.
– Eu sei meu filho, mas você sabe como eu sou preocupada com tudo.
– Eu sei mãe, mas fica tranquila. Tenho só que resolver algumas coisas, mas assim que resolver tudo eu vou ficar aí com a senhora. Não se preocupa.
– Obrigada meu filho, então até mais tarde.
– Até mãe, te amo.
– Também te amo meu querido – e desligou a chamada.
Não consegui acreditar no que a minha mãe tinha me dito. Meu pai? Não era possível, ele era o cara mais inteiro que ele conhecia. Praticava exercícios, se alimentava regularmente e somente coisas saudáveis. Não tinha como. Mas tinha que ligar para a empresa, avisar a todos lá. Vou ligar para o escritório do meu pai.
– Escritório IJJ Engenharia, bom dia, como posso ajudá-lo? – uma voz feminina disse do outro lado da linda.
– Susana, oi, é o James, não sei se alguém já te ligou, explicando a situação? – Susana era a secretária do meu pai, uma senhora muito simpática e eficiente. Trabalhava a tanto tempo com meu pai que era praticamente uma tia querida para mim.
– Ah James, querido, sua mãe me mandou um mensagem mais cedo. Como ele está? Alguma novidade?
– Não sei muita coisa Susana, liguei só pra avisar do ocorrido, caso vocês não soubessem. Estou indo para o hospital daqui a pouco e qualquer novidade, te aviso.
– Obrigada. Não se preocupe James, seu pai é um cara forte, ele comandou essa empresa por todos esses anos, daqui a uns dias ele vai voltar para esses corredores – ri do seu comentário, porque sei que vai ser exatamente o que meu pai fará quando ele sair do hospital.
– Cuida de tudo por aí Susana, qualquer coisa, pode me ligar – e desliguei.
Tinha que fazer ainda algumas ligações para alguns amigos e para alguns clientes mais fiéis da empresa. No meio de uma ligação sem importância, escutei uma pequena batida na porta do quarto, Camila entra e me fala baixinho que está somente procurando o celular dela, que quando encontrasse, sairia do quarto. Meus olhos encontraram com os dela, e tive que continuar a minha ligação, quando ela pegou seu celular, ela saiu do quarto.
Liguei pro trabalho, expliquei a situação e meu chefe me liberou na hora, disse que eu teria o tempo que precisasse pra me organizar.
Terminei a ligação. Tinha que ir pro hospital agora, tinha que apoiar minha família agora. Vesti-me e imediatamente me senti exausto. Não pude deixar de me sentir triste. A noite passada tinha sido tão maravilhosa, e agora tudo parecia ter acontecido em um passado distante. A felicidade que eu sentia mais cedo não me encontrava mais.
Saí do quarto dela, completamente vestido, tentando encontrar minha voz em meio a minha tristeza. Quando ela saiu, foi fraca e eu gaguejava.
– Camila, e-e-eu vou ter que ir. É o meu pai, ele está no hospital – foi tudo o que eu consegui falar.
– Ai meu Deus James! O que aconteceu? Ele vai ficar bem?
– Não sei os detalhes ainda, não me informaram muita coisa. Vou para o hospital agora, para saber mais notícias.
– James, ele vai ficar bem. Estou aqui qualquer coisa. E te ligo mais tarde. Mas vai ficar tudo bem – ela me falou com o rosto um pouco assustado. Não poderia sair sem que ela saiba o quanto a noite passada foi importante para mim.
– Espero muito. E Camila, obrigada pela noite maravilhosa, a noite passada com você foi maravilhosa.
Dei um selinho rápido nela e fui em direção a porta. Não consegui falar nada. Antes que eu saísse, ela me puxou para um abraço, aquele abraço se resumiu a tudo o que eu estava precisando no momento.
– Obrigado – dei um beijo no topo da cabeça dela. Realmente precisava desse abraço.
– Vai dar tudo certo James. Agora vá, eu sei que você está querendo saber o que aconteceu.
Sai do apartamento pensando na força que ela tinha me passado nesse abraço. Dirigi em um estado meio dormente e finalmente cheguei ao hospital. Procurei minha mãe ou meus irmãos. Encontrei minha mãe encolhida em uma poltrona abraçando suas pernas.
– Mãe, cadê o Ian e o Jaime?
– Oi meu filho, eles foram comprar alguma coisa para tomar café da manhã. Acho que daqui a pouco estarão de volta.
– E você mãe? Já comeu alguma coisa?
– Comi alguma coisa ontem, mas realmente não estou com muita fome.
–Mãe, a senhora tem que comer alguma coisa, e você está aqui desde ontem?
– Não se preocupe com isso, eu vim ontem com o seu pai e até agora não sai do lado dele.
– Mãe, pode ir pra casa, eu fico aqui com os meus irmãos e qualquer notícia, eu ligo pra senhora. Mas você tem que ir descansar.
– Eu estou bem meu filho, não quero sair do lado do seu pai.
– Nada disso dona Luíza, pode ir pra casa, tomar um banho, descansar, que quando tivermos notícias do papai, ou quando pudermos visitá-lo, eu ligo.
– Mas eu...
– Nada de mas mãe, a senhora vai pra casa descansar e ponto final. Confia em mim mãe, qualquer coisa que acontecer aqui, eu ligo pra senhora. Vai, e não esquece que eu te amo.
– Também te amo filho, avisa pros seus irmãos onde eu estou.
– Pode deixar, e trate de descansar dona Luíza.
Minha mãe saiu. Cerca de meia hora depois meus irmãos chegam e esperamos notícias do nosso pai. As horas pereciam ter perdido o sentido e em algum momento meus irmãos saíram para resolver algumas pendências do escritório. Estava caminhando tentado me acalmar, quando senti meu celular vibrar no meu bolso. Era Camila.
– Boa noite James, como você e seu pai estão? – sua voz conseguiu me acalmar um pouco.
– Ah oi Camila, estou no hospital ainda, não me deram muitas informações, mas pelo que me disseram meu pai não passa muito bem.
– E vocês estão em qual hospital? Posso passar aí pra visitar você, e se quiser, posso levar uma muda de roupa ou qualquer coisa.
– Estamos aqui no Hospital KLJ. Mas não precisa vir Camila, você ainda tem que descansar. Vamos ficar bem – mesmo querendo que ela viesse ao meu encontro não poderia pedir isso a ela, não conseguia admitir que precisava da sua companhia.
– Nada disso, daqui a pouco eu te encontro aí. E nem adianta me convencer do contrário. Até James. – e desligou. Ela estava vindo, que bom.
Algum tempo depois consegui sentar um pouco. Estava sentado com a cabeça baixa, quando escuto a voz mais que eu mais queria escutar.
– Oi você, – ergui meu olhar para encontrar com o dela.
– Oi Camila, obrigado por estar aqui.
– Não poderia estar em outro lugar. Essa cadeira está vazia? – ela me perguntou apontando para a cadeira que estava ao meu lado.
– Pode sentar, minha mãe já foi para casa e meus irmãos ainda não chegaram – quanto tempo será que se passou? Olhou para a janela de vidro e viu que já era noite. Ian e Jaime já deveriam ter chegado.
– Obrigada. Sua mãe estava aqui? Porque você está sozinho? – ela me pergunta olhando para os lados, como se tivesse procurando alguém.
– Estava, consegui convencer ela a ir para casa, ela estava aqui desde ontem, e ela só foi pra casa porque prometi a ela que qualquer novidade, ligaria imediatamente para ela. Meus irmãos estavam aqui, mas saíram de tarde, precisavam organizar algumas coisas da empresa do nosso pai – apertei levemente sua mão. – obrigado por não me deixar sozinho.
– Sempre que precisar.
Ian chegou ao hospital acredito que já era muito tarde. Dei um abraço no meu irmão e levei-o próximo onde ela estava sentada.
– Ian, essa é Camila, ela é minha eeeer, quer dizer, me ajudou muito nesse momento – como eu ia explicar minha relação com a Camila? Nem tínhamos conversado sobre isso.
Camila falou educadamente com meu irmão, ela lhe deu um sorriso sincero e vi que ela ficou um pouco sem graça quando meu irmão insinuou que ela estava do meu lado. Perguntou se queríamos café, ela iria comprar e nos deixar conversando um pouco. Quando fui retirar a carteira do bolso para lhe entregar o dinheiro, ela falou.
– Nada disso James, pode deixar, eu volto daqui a uns dez minutos, tudo bem? Até logo gente – e saiu antes que eu pudesse falar alguma coisa.
Ian sorriu levemente para mim.
– Ela parece ser uma moça bem legal James, estou realmente feliz que você tenha alguém para dividir esse momento difícil – Ian era um cara legal, mas nunca tinha namorado sério. Ele só escolhia meninas que estavam mais interessadas no nosso dinheiro do eu fazer meu irmão feliz.
– Ela é especial Ian, e eu sei que você vai encontrar alguém para cuidar e ser cuidado.
Depois disso, não houve muita mais conversa, até que Jaime chegou. Ele nos passou rapidamente a situação da empresa. Mas cortamos logo a conversa, ninguém estava com cabeça para pensar em trabalho agora. Quando percebi, Camila estava voltando com três copos de bebidas.
– Ah, você voltou, – virei meu irmão de frente para Camila – Jaime, quero te apresentar...
– Camila? – Jaime fala antes que eu dissesse seu nome. Jaime já conhecia a Camila?
Ainda confuso com a situação, Jaime explicou que a conhecia porque ele é melhor amigo do ex dela. Arg! Meu irmão conhece aquele idiota? E ainda por cima é melhor amigo dele? Acho que Jaime tinha que escolher melhor as amizades dele.
– Tudo bem, que bom te ver. Então quer dizer que você está saindo com o meu irmãozinho é? – Jaime pergunta pra Camila. Ela corou muito. Não dá pra ficar assim, Jaime pode falar com o babaca e desmentir a história que criamos na academia. Me aproximei dela e segurei sua mão.
– Jaime ela é minha namorada – falei com firmeza – Não tinha comentado antes porque estamos nos vendo a pouco tempo.
– Que bom maninho, espero que ela dure mais que a Marina – Jaime falou calmamente. Ele estava querendo me irritar? Porque ele tinha que mencionar aquela mulher?
– Pode deixar que da minha vida, cuido eu, Jaime – puxei a Camila pela mão, e com toda a calma que consegui reunir, continuei a falar. – Camila, te prometo que eu vou contar a história toda, mas não agora. E eu espero que você não tenha ficado chateada por te apresentar como minha namorada, mas como você falou que o Jaime é amigo do seu ex, eu preferi por sustentar a história.
– Não se preocupe com isso James, aqui – me entregou o copo de café – seu café, agora vamos voltar pra lá, é bom você ficar sentado.
Voltamos para onde meus irmãos estavam. As horas voltaram a passar por mim, não conseguia pensar, não conseguia dormir, não conseguia ficar sentado. Camila estava escolhida no sofá e perecia ter começado a cochilar na poltrona. Percebi que seu corpo tremia um pouco, talvez fosse o frio, então tirei meu casaco e cobri seu corpo.
Um enfermeiro veio avisar que meu pai iria entrar em cirurgia. Que somente depois dela, é que poderiam dizer como estava a sua situação. Liguei para minha mãe para avisá-la. Ela me disse que estava a caminho do hospital. Meu celular vibrava novamente no bolso, vi que era Bianca.
– Oi Bianca.
– James, desculpa te acordei? Eu sei que é tarde, mas é que eu não sei onde a Camila foi, ela está com você, por favor, diz que ela está... Já liguei pra um monte de gente e ninguém sabe dela...
– Não me acordou não Bianca e ela está comigo sim, meu pai está aqui no hospital e ela veio me dar apoio.
– Ai, graças a Deus! Não o fato que seu pai está no hospital, mas o fato dela estar com você. Estava muito preocupada com ela, você pode me fazer um favor James?
– Se eu puder, claro Bianca.
– Você pode pedir pra ela me ligar assim que acordar?
– Aviso sim Bianca.
– Obrigada James, e seu pai está bem?
– Ele está em cirurgia agora. Só poderemos saber quando ela terminar.
– Oh! Vou rezar aqui para dar tudo certo James, e obrigada mais uma vez. Tchau James.
– Por nada Bianca, e obrigado por suas orações. Tchau.
Alguns tempos depois escutei a voz da Camila. Me perguntou como estava meu pai. Expliquei rapidamente a situação. E avisei que a amiga dela tinha ligado.
– Esqueci de avisar a ela que estava saindo. Mas já está muito tarde, vou mandar só uma mensagem avisando que estou bem – e segurando seu celular, ela parecia digitar alguma coisa.
– Minha mãe vai chegar a qualquer momento. Eu liguei pra ela quando o enfermeiro avisou da cirurgia. – falei, acreditando que seria melhor avisar a ela sobre a chegada da minha mãe.
Mal tinha terminado de falar e minha mãe entrou na sala. Ela parecia estar um pouco mais descansada.
– Mãe, chegou aqui rápido – levantei da minha cadeira e dei um forte abraço na minha mãe.
– São três e meia da manhã querido, não tem trânsito algum na cidade – minha mãe acariciava meu cabelo, me acalmando quase instantaneamente. Lembrei que Camila estava sentada e que ela precisava conhecer a minha mãe.
– Claro mãe, esqueci completamente. Vem aqui, quero te apresentar alguém. Mãe, esta é a Camila, minha namorada, Camila, esta é minha mãe, Luíza.
– Oh! – mamãe pareceu um pouco surpresa, mas não se abalou. – Prazer em te conhecer Camila, que bom que James tem alguém para dividir esse peso. Só queria ter conhecido você em uma situação melhor. Ela é linda James, espero que ela te faça muito feliz – percebi que Camila ficou um pouco nervosa com a situação, mas acho que era normal.
– E ela faz mãe – continuei – Desculpa ter que apresentar ela aqui assim, mas como ainda faz pouco tempo que nos conhecemos, ainda não tive a oportunidade de apresentá-la propriamente pra senhora e pro papai.
– Eu sei disso meu filho. E não se preocupe com isso, quando seu pai sair desse hospital, vamos fazer um churrasco aí você pode apresentar essa moça linda para o resto da família.
Bem como eu esperava, minha mãe já a acolheu na família. Já amanhecia quando percebi que um enfermeiro estava se aproximando de Ian. Enquanto o enfermeiro falava, Ian fez um gesto para que todos nos aproximássemos. Ele perguntou se todos eram familiares. Minha mãe até afirmou que Camila era da família.
Teria ficado muito feliz com a afirmação de minha mãe se não tivesse muito nervoso com a notícia que o enfermeiro demorava a entregar.
– Bem Sra. Rodrigues, temo que não tenho boas notícias – o enfermeiro diz a minha mãe, e meu coração se apertou no meu peito.
– O que aconteceu com meu marido? – minha mãe chorava copiosamente agora.
– Infelizmente seu marido faleceu – o enfermeiro fala com uma voz baixa.
Meu pai. Faleceu. E eu não escutei mais nada.
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