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Capítulo 5

- Preste atenção. Esse é um pouco mais elaborado, mas é bem útil. Como não temos muito tempo, vamos focar nesse está bem?

- S-Sim – Lauren estava suada. A respiração estava descontrolada e sentia suas pernas e braços tremerem. Os músculos dos antebraços e a panturrilha formigavam.

- Esse golpe se chama Tai Otoshi*. O ponto forte deste golpe é o braço, ele vai servir como ferramenta principal para desequilibrar o oponente. Você tem que estar de costas par ele, com as pernas flexionadas e semiabertas. Assim, ao puxa-lo pelo braço, o adversário tropeça na sua perna, o que facilita o arremesso ao chão. Você tem uma certa resistência no braço, mas não confunda com força. Por isso, creio que esse golpe é o ideal. Vamos, vou fazer em você uma vez e depois você tenta. Preparada?

- Pode vir – Lauren estava animada. As aulas que estava tendo de judô a deixavam exaustas, mas depois se sentia mais leve. Bill, apesar de ter uma estatura baixa, era extremante habilidoso. Lauren mal conseguia derruba-lo. Ela imaginava que se um daqueles homens que pareceram na sua casa a quase dois meses viesse ataca-la, ela não conseguira se defender. Apesar dos pensamentos negativos, Lauren estava dando tudo de sim e por mais impressionante que parecesse, ela aprendia os golpes com facilidade.

- Concentração Lauren, quando sairmos, não teremos tempo para distrações. Eu gostaria de poder te ensinar a atirar, mas aqui dentro seria impossível.

- P-Perdoe-me, vou me concentrar. Posso tentar? – Lauren tomou posição.

- Venha com tudo.

Lauren fechou os olhos e respirou fundo. Ela sabia que se falha-se ela estaria pondo em risco não só a vida dela, mas a de Dora. A dor e o cansaço foram deixados de lado e uma estranha sensação de força a atingiu. Em um único movimento, de forma extremamente rápida, ela repetiu com perfeição os movimentos de Bill, o derrubando de forma abrupta no chão. Bill ficara estático por alguns segundos.

- Bill? Você está bem? Perdoe-me...

- Isso foi incrível! – Bill abriu um sorriso. – Vamos, mais uma vez! – Bill se levantou com um pouco de dificuldade. Apesar de não perceber, Lauren havia usado uma força fora do comum. Bill fingiu que não tinha sofrido o impacto, mas suas costas ficaram doloridas.

- C-certo.

Como Bill desconfiara, o golpe que Lauren dera era atípico. Ela falhou miseravelmente nos seguintes, porém daria para se virar em casos de extrema urgência.

- Bem, vamos terminar por hoje. Daqui a dois dias chegaremos ao porto. Irei fazer a ronda como de costume, mas creio que não teremos problemas até atracarmos. Pode ir descansar com Dora. – Bill pegou uma toalha e secou o rosto. Laura estava reparando em Bill. Ele estava cada vez mais musculoso e atlético, nada parecido com aquele dono de bar que ela conhecera em Baltimore. Lauren achou que aquele visual combinava com Bill.

II

- Recebeu alguma mensagem de Thomas? Será que ele está bem? – Lauren estava ansiosa.

- Tomel é duro na queda. Ele não se deixaria ser capturado facilmente – Bill fechava as malas. Logo o navio comercial iria atracar - O plano é o seguinte: sair do navio e ir encontrar o pássaro negro em Florença. Vamos pegar o trem na Livorno Centrale, até que cheguemos em Florença não estaremos seguros.

- Como você saberá quem é esse tal de pássaro negro? – perguntou Lauren

- Nós temos um código e um ponto de encontro. De acordo com as instruções, temos que ir até uma igreja chamada Santa Maria Del Fiore. Lá encontraremos o contato. Tomel deve estar nos esperando no porto para dar cobertura, mas se ele não aparecer, temos que nos virar. Preciso do seu foco total Lauren, um passo errado e já éramos. – Bill falava de forma incisiva. Lauren suava frio. A ansiedade era esmagadora. –  Tome, coloque esse uniforme por cima do colete. Vamos passar como trabalhadores deste navio. Ele está transportando peças para veículos e aviões. Vamos colocar Dora e os nossos pertences em uma das caixas e sair o mais depressa possível.

- Tudo bem – Lauren disse de forma mais firme possível. Ela estava com medo, porém ela tinha que ser forte por Dora.

O navio chegou a Livorno por volta das dez da manhã. O clima estava quente. Como havia dias que Lauren não via a luz do sol diretamente, quando os raios brilhosos atingiram sua retina, ela sentiu uma leve dor. Lauren precisou piscar algumas vezes para se acostumar com a claridade. Bill instruiu como Lauren deveria se portar. A movimentação na carga e descarga era frenética. Vários homens de porte físico invejável carregavam caixas que pesariam no mínimo o dobro de seu peso. Lauren ficou aérea por alguns segundos, mas logo voltou sua concentração para saída do navio.

- Não estou vendo Thomas... – Lauren procurava no meio da multidão o rosto familiar do irmão.

- Eu também não, mas vamos seguir o plano. A estação não é muito longe daqui.

Bill passou pela alfândega sem muitos problemas. Porém, quando Lauren ia descarregando a caixa, um agente da receita da Itália a barrou.

- Essa caixa não tem numeração de serie e o peso não bate. Vou ter que abri para conferir. – O agente falava com dificuldade o inglês. Contudo Lauren entendeu perfeitamente. O suor começou a escorrer pelo rosto. A caixa que ela levava continha um conteúdo diferente e de peças mecânicas. Era Dora e seus pertences.

- É realmente necessário senhor? Vai atrasar o restante do descarregamento. – Lauren tentou não parecer suspeita, porém suas feições diziam o contrario.

- A algo de errado?- questionou o funcionário da alfândega. A desconfiança do agente foi representada por um levantar de sobrancelhas.

- De forma alguma, pode olhar – respondeu Lauren quase sem ar. Ela não sabia o que fazer. Bill já havia passado e não podia ajuda-la. Somente um milagre para que Lauren não fosse descoberta. Quando o funcionário pegou um pé de cabra para abrir a caixa de madeira, um outro homem de barba longa e cabelos negros segurou no ombro do oficial.

- Não há necessidade para isso, perdoe-me. Ele é novato aqui. – disse o homem olhando para Lauren. Ele parecia ser o responsável pelo lugar. O funcionário da alfândega o olhou com duvida, mas não questionou o superior – Veja, aquele carregamento! Parece-me suspeito. Vá lá e confira para mim.

- Sim senhor – ainda desconfortável com a situação, o agente foi vistoriar um contêiner.

- Senhorita, quero que leve um recado para mim – Lauren ficou em alerta. Ela mesma achava que tudo tinha se resolvido de uma maneira estranha – Diga a Tomel que minha dívida com ele está paga.

- Qual o nome do senhor?

- Geovane Marti.

- O-Obrigada. – Lauren desceu às pressas a rampa de desembarque.

- Por que demorou? – Bill já estava com suas roupas normais.

- Um funcionário da alfandega me barrou, mas um tal de Geovane me liberou, disse que estava pagando uma dívida ao Thomas.

- Geovanne... esse nome não me é estranho... bom, vamos rápido antes que o trem parta. – Lauren tirou o macacão e pegou Dora da caixa junto com suas mochilas. Eles correram até a estação de trem.

Dentro do escritório da alfandega, o funcionário que parou Lauren fez uma ligação.

- Sono arrivati – disse o funcionário em italiano.

- Capito, farò i preparativi – respondeu uma mulher no outro lado da linha. O funcionário da alfandega desligou. - Eles estão no trem das 11:15. Rápido, vamos fazer uma supresinha para os nossos convidados. 


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