Capítulo 3
- Vamos Lauren! Não temos muito tempo - Thomas fazia sinal para que Lauren entrasse em uma porta no final de um extenso beco. Podia-se ouvir os latidos dos cães farejadores e a gritaria dos policias que os perseguiam ferozmente. Dora estava desmaiada. A agonia de Lauren parecia não ter fim. No inicio da manhã daquele dia, Lauren imaginava que finalmente poderia se despedir dignamente de seus pais e de seu marido. Todos eles foram arrancados de sua vida num piscar de olhos. Ela queria poder dizer ao menos adeus.
- Para onde estamos indo? - Lauren perguntava enquanto corria com Dora em seus braços.
- Temos que buscar ajuda! Se continuarmos assim, eles irão pegar você e matarão a mim e a Dora! - Thomas dizia com a voz falha. O tiro que levara na panturrilha o incomodava e quanto mais se esforçava com a perna, mais a dor enraizava nele. - Venha, vamos entre aqui - Thomas abriu um alçapão que dava para um encanamento de esgoto, e fez com que Lauren entrasse depressa. Logo em seguida ele empurrou um latão de óleo e arrastou para impedir a passagem dos homens da lei. Um tiro atravessou a porta de madeira e quase acertou Thomas. Com uma agilidade fora do comum, o irmão de Lauren furou um barril que também continha óleo disel. Correu de volta para o alçapão e aguardou até que os policiais arrombassem a porta. Quando a maioria já estava dentro do prédio abandonado, Tomas acendeu uma centelha e puxou a porta do alçapão.
- Corre Lauren, vai ser agora! BOOM!! - um grande estrondo vindo de cima provocou um abalo sísmico no lugar. Lauren perdeu o equilíbrio, mas não caiu. Auxiliada por Thomas, Lauren e a filha conseguiram sair da passagem mal cheirosa. A passagem dava para o açude Gwynns Falls ao norte de Baltimore. Era final de tarde e a temperatura estava ficando mais baixa. Dora permanecia sem consciência e seus batimentos cardíacos eram fracos. Lauren estava desesperada
- E-Eu devia ter te escutado!! Como fui burra! - Lauren começou a chorar - E agora? Se eu perder Dora.. - uma dor forte atingiu o peito de Lauren. Se algo de ruim acontecesse com a garotinha de olhos azuis ela não teria mais razões para viver.
- Não vai acontecer nada está me ouvindo? Nós vamos salva-la nem que eu morra para isso.
- Chega de mortes! - Lauren rosnou. Thomas a olhou nos olhos e no fundo, se não tivesse sido treinado e disciplinado para enfrentar situações como aquelas, ele estaria tão acabado quanto ela.
- Venha, tenho um conhecido a poucos quilômetros daqui, se não me engano tem um ferro velho mais à frente, vamos pegar um carro. - Lauren ficou admirada ao ver como Thomas conseguia ser tão frio e calculista. Por um instante ela desejou ser como ele.
Após fazer uma ligação direta em uma picape, Thomas, Lauren e Dora seguiram rumo a Hagertsown. A cada minuto que se passava para Lauren parecia uma eternidade. Tudo o que ela mais queria naquele momento era descobrir o que realmente Dora tinha.
Horas antes Lauren achava que fez o correto em avisar a policia sobre Thomas. No fundo o próprio Tomas sabia que isso poderia acontecer e por isso preparou contramedidas com antecedência. Lauren estava em uma espiral de confusão e medo e esse seria o trunfo que a AEG tanto queria, quanto mais Lauren se sentisse vulnerável mais ela confiarem em quem lhe desse apoio.
- Malditos! Perdoe-me Lauren por chegar tão tarde - Thomas segurava o volante com tanta força que parecia querer arranca-lo.
- Eu que devo desculpas. Se tivesse acreditado em você naquela hora, não estaríamos nessa situação. Acho que aquele cretino tinha razão, a culpa disso tudo é minha. - disse Lauren com ar pesado.
- Você é a maior vitima aqui. Não se culpe.
- O que afinal realmente está acontecendo? Por favor, Tom, me fale.
- Quanto menos você saber, melhor. A prioridade agora e curar Dora -Thomas ficara com um semblante sério.
- Tudo bem. Você tem razão. - Eles permaneceram em silêncio no restante o percurso.
Quando Munioz saiu do quarto de Lauren naquela manhã ela se sentiu segura. Ela devia confiar na policia, eles eram homens da lei que protegiam os menos favorecidos e procuravam a justiça. Ela ainda estava em choque pelas fotos que vira seu irmão conversando com o assassino de seus pais. A cabeça de Lauren estava um caos. Passada algumas horas, antes que se encaminhasse para o funeral, Lauren teve que ir até uma pequena loja de conveniência próxima ao hotel. Dora não estava se sentindo bem e começou a dar febre. Ela pediu que um dos policiais para cuidar da menina enquanto ela buscava um remédio. O policial disse que ela não devia demorar devido às ameaças contra a vida de dela permanecessem de pé. Ela concordou com ele e disse que não demoraria.
Depois de comprar um antibiótico Lauren voltava rapidamente para o hotel quando observou uma movimentação estranha aos arredores do lugar. No mesmo instante ela lembrara do que Thomas dissera a ela, que ela não devia confiar neles e lembrou da escuta que achou no banheiro. Lauren sacudiu a cabeça. Ela deveria esquecer Thomas e confiar na policia. Quando chegou mais perto da entrada do local, Lauren pode ouvir a voz alterada de Munioz.
- Você a deixou sair? O que foi que eu disse? Droga! Para onde ela foi?
- Foi até uma loja comprar remédio para a filha - respondeu o policial que deixara Lauren sair do quarto.
- E ninguém foi escolta-la? Se ela sumir estávamos ferrados! - Lauren nunca tinha visto Munioz tão alterado.
- Perdoe-me chefe.
- Vá atrás dela logo. - quando o policial ia saindo Lauren dobrou a esquina e tentou disfarçar que ouvira a conversa entre os homens.
- Jeffrei! Chegou cedo. O funeral está marcado para as 15h. - disse Lauren ao caminhar na direção deles.
- Eu disse para não sair do quarto! É muito perigoso - Munioz tentava disfarçar a irritação.
- Alguma noticia do meu irmão? - Lauren ignorou a repressão feita pelo policial.
- Ainda não. Mas logo o encontraremos, provavelmente ele tentará aparecer no funeral.
- Entendi - disse Lauren apaticamente.
- Vou dar esse remédio a Dora, com licença. - quando ia passando Munioz segurou firme o braço de Lauren e a advertiu
- Não sai até a hora do funeral, estamos entendidos? - Lauren ficou apreensiva no momento, mas concordou com a cabeça.
Após medicar Dora, Lauren foi se arrumar para o funeral. Tomou um banho e vestiu uma blusa preta de cetim e uma calça jeans. Fez um coque no cabelo e deixou o rosto limpo de maquiagem. Ela finalmente poderia se despedir.
Um carro preto aguardava Lauren e Dora. O policial Munioz estava ao lado do motorista. Dora ainda não se sentia bem, não conseguia andar direto e já avia vomitado minuto antes. Lauren estava preocupada com o mal estar repentino da filha.
- Você tem sido forte - Munioz puxou assunto. Ele agora aparentava estar mais calmo do que antes.
- Acho que a ficha não caiu, para mim eles ainda estão vivos.
- Essa sensação passará quando vê-los no caixão. - Lauren que estava distraída olhando para a paisagem olhou para retrovisor na direção de Munioz. De relance Lauren não conseguiu esconder o espanto ao ver que abaixo da gola da farda do policial havia uma tatuagem. Era a mesma tatuagem que os agentes da AEG que foram até a sua casa. O policial percebeu.
- Dora não está se sentindo muito bem. Você poderia parar um instante?
- Estamos quase chegando, ela pode esperar um pouquinho. - Munioz disse friamente. Lauren tentou abrir a porta, mas ela estava travada.
- Vocês estão com eles não é? Vocês fazem parte desse show de horrores! Deixe-me sair! - Lauren empurrou a banco onde o policial estava.
- As coisas estavam indo tão bem Lauren! Não queria usar da força bruta -Munioz virou e agarrou Lauren pelos cabelos. - Fique quietinha se não sua querida filhinha ira morrer mais rápido.
- O que vocês fizeram com ela? - Lauren ficou atônita. Ela tentava se soltar.
- Se você se comportar eu te entrego o anti... - antes que Munioz terminasse de falar um carro que vinha sentido contrario bateu de frente com eles. No impacto Munioz soltou Lauren que bateu a testa no encosto do banco e num efeito chicote voltou para trás batendo a cabeça no vidro. Lauren ficou meio zonza, por instinto olhou para Dora que estava desacordada ao seu lado. Ela não conseguia se mexer. O homem que provocara o acidente saiu do carro e rapidamente tirou Lauren e Dora, era Thomas.
- Lauren você está bem? Consegue me ouvir?
- Thomas? - a visão de Lauren estava turva. Ela sentiu algo quente escorrer pelo coro cabeludo.
- Venha eu te ajudo - Thomas tentava segurar Lauren do melhor jeito possível.
- D-Dora... onde ela esta? Cadê a minha filha?
- Calma, já levei ela para o carro.
- Eles envenenaram ela - Lauren dizia com certa dificuldade. O gosto de ferro era forte em sua boca.
- Nós vamos dar o jeito, temos que sair daqui. Logo chegarão reforços.
Lauren caminho com dificuldade até o carro. Mesmo que a frente estivesse quase totalmente destruída Thomas conseguiu colocar o veiculo para funcionar. Após se distanciarem um pouco do centro de Baltimore, o irmão de Lauren parou em um local abandonado. Lá ele enfaixou a cabeça dela e deu analgésicos para dor. Dora permanecia desacordada, a respiração da garotinha era fraca e vez ou outra ela murmurava coisas sem sentido.
- Temos que colar vocês duas dentro de um avião, você não estará segura nos Estados Unidos.
- O que está acontecendo? Quem é essa tal de AEG?
- Logo você saberá.
Ouviram-se sirenes se aproximando. Eles haviam os encontrado.
- Droga! Foi mais rápido que eu pensei. Vamos nos esconder ali. - Lauren pegou Dora no colo e correu. Assim que se aproximaram de um prédio abandonado o carro em que estavam explodiu. Na corrida até a construção Thomas foi atingido por um tiro na perna.
Várias viaturas da policia cercaram o prédio. Cães farejadores foram soltos no terreno. Eles estavam encurralados até que Thomas teve uma idéia.
II
- Chegamos - Thomas estacionou o carro. O lugar parecia desleixado. Era um bar. Alguns homens bebiam e riam enquanto umas garotas seminuas serviam as bebidas. Já era noite. Lauren se sentia exausta. Thomas carregava Dora nos braços enquanto caminhava com dificuldade. Eles adentraram no estabelecimento.
- Gostaria de falar com Bill, por favor, diga que Tomel quer falar com ele - a atendente olhou com desdém para os clientes.
- Só um instante - a garçonete entrou por uma porta e logo em seguida um homem gordo, careca e de estatura baixa apareceu com os olhos esbugalhados.
- Por Deus! Thomas? O mundo deve estar acabando para aparecer de repente! E que estado é esse?
- Preciso da sua ajuda Bill, a menina não está nada bem acho que foi intoxicada com alguma coisa.
- Venha traga ela aqui para dentro. - Thomas rapidamente entrou para os fundos do bar. Ele deitou Dora em uma maca improvisada. Menina já parecia estar morta. A pele estava fria e a boca estava ferida. A pulsação era fraca e ela respirava com dificuldade. Apesar do corpo estar gelado ela suava muito.
- O que você acha que pode ser Bill?
- Bem... - Bill examinou a menina dos pés a cabeça - Apesar de não apresentar alguma lesão na pele, provavelmente ela ingeriu alguma substancia tóxica através de algum alimento. Qual foi o ultima coisa que ela comeu?
- Um pirulito
- Isso foi quando?
- Ah aproximadamente quatro horas.
- Hum... pelos sintomas só pode ser isso! - Bill correu até uma espécie de cozinha e voltou com uma faca. Pegou a mão de Dora e fez um pequeno corte para extrair o sangue. Depois pegou a amostra coletada e a jogou em uma substância que estava dentro do armário. Após alguns minutos ele teve a confirmação.
- Víbora, isso é veneno de vibora! Rápido Thomas faça um acesso na garota, vou pegar o soro.
Lauren estava estática, as vozes de Thomas e Bill ficavam cada vez mais longínquas. Ela tentava focar em Dora. Lauren não acreditava em Deus ou deuses, mas naquele momento ela pediu que existisse alguma força maior ela ajudasse sua filha. Uma dor forte atingiu a cabeça de Lauren que acabou caindo no chão.
III
- Ela vai ficar bem, não se preocupe - Thomas estava sentado ao lado de Lauren. Os olhos fundos dele mostravam as noites mal dormidas. Ele ficara acordado por dois dias seguidos. A morfina ajudava com o ferimento da perna, por sorte a bala não ficara alojada no membro e nem acertara a safena. Lauren teve traumatismo craniano leve, mas significativo. Como Lauren não sabia do segredo, ela não pode usar suas reais habilidades e se recuperou como uma pessoa normal. Dora havia despertado e a todo o momento perguntava sobre a mãe adormecida por indução.
- Obrigada - Lauren estava fraca. Porém, ao ver Dora animada ela se sentiu feliz.
- Bill conseguiu aplicar o antiofídico a tempo, vai demorar mais uns três dias para que Dora fique cem porcento boa. O veneno não era letal, mas se demorasse mais poderia deixa-la com seqüelas.
- Entendo, fico mais aliviada. Quem esse Bill? É médico?
- De certa forma sim. Olha preciso que você e Dora saiam daqui o quanto antes. Tem um abrigo no centro da cidade, vá para lá até segunda ordem. Se eu não aparecer em três dias você e Dora deverão ir até Norfolk - antes que Lauren pudesse questionar a ordem, Thomas a impediu. - Bill ira com vocês. Lá irão embarçarão em um navio e descerão em Livorno na Italia, de lá seguiram para Florença, o dinheiro e as instruções estão na mochila.
- Você a recuperou?
- Eu tenho os meus truques - disse Thomas com o sorriso amarelo.
- A mocinha acordou! Se sente melhor querida? - Disse Bill entrando no quarto.
- Sim. Obrigada por salvar a vida da minha filha. Serei eternamente grata.
- Não há o que agradecer. Thomas venha aqui, deixe-me trocar esse curativo.
Thomas seguiu o homenzinho. Lauren se levantou e foi procurar por Dora quando ouviu a conversa de Thomas e Bill.
- Você já contou para ela?
- Ainda não é a hora... Ai - reclamou Thomas ao sentir o álcool atingir a ferida.
- Ela precisa saber! Como ela vai se defender? Pior, e se eles conseguirem captura-la?
- Eu não vou permitir.
- Eva e Joe morreram. Você entende a gravidade da situação?
- Perfeitamente. - Bill olhou com desaprovação com a resposta de Thomas.
- Pois então? Eu já estou aposentado Tomel. Não quero mais me envolver com essa gente.
- Eu só confio em você. Por favor, nos ajude. - a sala ficou silenciosa.
- Tudo bem, tudo bem.
- Obrigada Bill.. AÍ! Cuidado com isso ai.
" me defender? Me capturar?"
Thomas estava voltando e trombou com Lauren
- Ei, você não pode ficar se levantando do nada.
- Quero ver Dora.
- Tudo bem, vou chamá-la, mas fique deita ai.
Depois de passar a tarde com a filha, Lauren se preparou para sair do bar. Ela agasalhou Dora e comeu bastante, preparou a mochila e seguiu rumo ao abrigo.
- Olha, não converse com ninguém estranho, só entre em contato comigo ou com Bill. Eu sei que você está confusa e que tem muitas coisas que queira perguntar, mas o relógio está contra nós. Eu prometo que você vai dar tudo certo.
Lauren não pode conter as lágrimas. Thomas era fisicamente muito parecido com seu pai. Ela se sentia envergonhada por ter desconfiado dele apesar ele não explicar a foto que ela vira. Porém, se ele estivesse mentindo ela já estaria nas mãos da organização que ela não sabia o que era.
- Tudo bem, obrigada irmão - Thomas deu um sorriso fraco e chamou um táxi para elas.
Após as duas saírem, Thomas e Bill começaram os preparativos.
- A guerra só está começando. - disse por Bill por alto.
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