Capítulo 1
O dia estava quente. Lauren suava mais do que o normal enquanto preparava o jantar. Ainda eram quatro e meia da tarde, mas naquele dia ela tinha um compromisso à noite. Lauren participava de um grupo chamado: Mães de Primeira Viagem ou MPV como ela costumava dizer. No fundo ela tinha vergonha de freqüentar o grupo, afinal sua filha já estava com três anos de idade e a maioria das mães que iam as reuniões tinham filhos com idade de no máximo um ano e meio. Porém, não havia outra saída a não ser continuar ir ao encontro de mães. Lauren pensava que seria humilhante pedir a ajuda da mãe que sempre cuidou muito bem dela e de seu irmão Thomas sozinha. Ser mãe não era fácil, mas era a coisa mais incrível do mundo. Todas as quartas-feiras as mães de Bolton Hill se reunião em uma casa para falar sobre as experiências que tiveram com os filhos, fazem meditação com as crianças e aprendem a como lidar com o temperamento dos pequenos, desta vez era a Sra Berns seria anfitriã. Lauren preparara mais cedo uns pasteis de frango para levar. Ela gostava de cozinhar e adorava quando elogiavam sua comida. Apesar de haver mães mais velhas do que ela nas reuniões, os dotes culinários provaram que não dependem da idade.
Lauren estava fazendo bolinhos de carne de caranguejo acompanhados com uma salada indiana com tomates sem sementes e iogurte natural para o jantar.
Arthur adora bolinhos de carne de caranguejo.
Ele chegaria em duas horas, e Lauren queria que tudo estivesse pronto. Ultimamente Arthur McFartry Wolmix estava trabalhando até mais tarde para conseguir uma promoção. Ele era professor substituto de história publica americana dos cursos de jurisprudência, ética aplicada e história na Universidade de Baltimore, ele era formado em história na mesma universidade. O marido de Lauren queria ser professor orientador de pesquisas especificas na área de história da América Latina. O projeto ainda era novidade em Baltimore. Não havia uma pós-graduação em história e isso faziam que ficassem atrás da Johns Hopkins Uniersity. Arthur era fascinado pela história da América Latina. Se o reitor aceitasse o projeto, ele estaria nas nuvens. Arthur tinha acabado a pós-graduação nessa área e justamente na universidade concorrente, porém ele não via isso como traição.
Ele se esforça tanto, espero que consiga.
Lauren era formada em Gestão de Recursos Humanos há seis anos também na Universidade Baltimore. Foi lá que ela basicamente conheceu Arthur, o amor de sua vida. Eles namoraram, noivaram e casaram em um intervalo de três anos. E após um ano de casada ela engravidou de Dora.
Dora iria completar quatro anos na próxima semana e Arthur faria aniversario na semana seguinte a do aniversario de Dora. Lauren era cinco anos mais nova que Arthur, mas isso não foi algo que atrapalhasse o relacionamento dos dois.
Depois da reunião tenho que ir até a confeitaria para encomendar os doces e o bolo de Dora. Espero que eles consigam desenhar o rosto da Elsa nele. - Dora era fã de Fronzen.
Com relação a Arthur, Lauren ligaria para Ravena, sua sogra. Ravena e Lauren se davam muito bem, e a senhora Wolmix amava a primeira netinha. Elas estavam planejando um jantar em comemoração aos trinta e quatro anos de Arthur. Lauren comprara uma lingerie especial para a noite do evento.
Arthur ficará sem ar
Tudo corria perfeitamente bem, a vida de Lauren era como um conto de fadas. Eles moravam de aluguel na John Street. A casa ficava no final da rua. Possuía dois andares, e era aconchegante. Lauren se sentia feliz.
Porém, sua vida viraria de cabeça para baixo quando a campainha de sua casa soou naquela tarde. Lauren correu para atender, ela pensara que era o decorador. Porém, ao abrir a porta ela estreitou os olhos.
- Boa tarde gostaria de falar com a senhora McFartry.
- Sou eu mesma, quem são vocês? – disse desconfiada.
- Somos da Agência de Advogados de Westminster, você tem uma causa na justiça contra o nosso cliente, a A&C Representações. Desculpe em vir sem aviso prévio, senhora, mas nosso cliente está disposto a fazer um acordo. - Lauren trabalhara em uma empresa de prestação de serviços há três anos antes. Após descobrir um esquema de alteração na folha de pagamento e a empresa ser conivente com isso, ela se demitiu e entrou na justiça alegando danos morais. Por mais estranho que possa parecer, a ação estava demorando muito para sair a julgamento.
- Vocês entraram em contato comigo há uma semana, eu tenho um prazo de vinte dias para mostrar uma nova proposta.
- Porém, senhora, nosso cliente está disposto a um acordo imediato. – Disse um dos homens que estava na soleira da porta. No total eram três. Todos vestidos de terno e com óculos escuros. Um deles segurava uma maleta. Lauren viu de relance no pulso do homem que conversava com ela uma pequena tatuagem de uma flor de lótus. Por um instante Lauren pensou que já havia visto aquele simbolo em algum lugar.
- Estou ocupada no momento, creio que os senhores tenham o meu telefone. Depois marcaremos um dia para resolver o assunto, se me derem licença, estou realmente ocupada. - quando Lauren estava fechando a porta um dos três homens empurrou-a com a mão. O trinco extra da porta quase arrebentou.
- Senhora, você não está entendendo. O nosso cliente quer uma resposta. Não podemos voltar sem algum parecer.
- Já disse que não posso falar agora, com toda a certeza que entrarei em contato, vocês teriam um cartão? – disse Lauren começando a se irritar.
O que caras insistentes
Os homens se entre olharam, depois o que havia segurado a porta, tirou um cartão do bolso.
- Tudo bem entre em contato o mais rápido possível, senhora. Tenha uma boa tarde.
Lauren fechou rapidamente a porta. Algo estava estranho. Ela não se sentiu confortável na presença deles. O cartão que deram parecia normal, porém ela só pegou para tirar uma dúvida. Lauren correu até o quarto, olhou entre as cortinas da janela e viu os três homens entrando em um carro preto. Depois pegou uma pasta que estava na escrivaninha e após uma busca rápida, veio à confirmação das suspeitas que ela tinha. A empresa terceirizada que acompanhava o caso se chamava FVT Advocacia e não uma Agência de Advogados de Westminster. Lauren havia jogado a premissa de que eles haviam ligado há uma semana e eles não desmentiram. Ninguém entrou em contato com Lauren.
De repente Lauren escuta um estouro no andar de baixo, com o barulho, sua filha Dora acorda e começa a chorar. Ao olhar em direção da escada, Lauren viu que a porta da sala havia sido arrombada e os homens de antes haviam invadido o local. Estavam empunhados com armas de alto calibre.
- Não adianta se esconder, nós vamos te achar! – eles gritaram.
- Dora! – Lauren correu até o quarto dela. A menina chorava desesperadamente. – Calma amor, a mamãe está aqui. – disse Lauren ao colocar a menina em seus braços. Ela tentava manter a calma. Tudo estava acontecendo rápido demais, na verdade o que era tudo o que estava acontecendo. O que aqueles homens queriam com ela?
Ela ouviu passos na escada, então tapou a boca de Dora e se escondeu atrás do guarda –roupas. Os passo estavam cada vez mais próximos. Quando um dos homens entra no quarto, ouve-se outro som. Era um carro estacionando. Arthur, ele não devia estar aqui essa hora!! – pensou Lauren.
Um silencio torturante atingiu a casa. O homem que entrara no quarto saiu e desceu rapidamente as escadas. Lauren escuta um gemido de dor.
- Saia agora sua imunda! Ou mataremos o seu marido! – Lauren ficou atônita. O que ela iria fazer?- Um disparo e um gruindo de dor foram ouvidos.
- Arthur... – Lauren desceu a escada com Dora nos braços. Os homens estavam em volta de Arthur. Dois segurando ambos os braços e um apontando a arma para a cabeça dele. Arthur estava com um ferimento horrível na perna.
- O que vocês querem comigo? Quem são vocês?
- Somos a AGE. Viemos te buscar. Você tem algo que é de interesse de nosso chefe. Venha e teremos piedade de seu marido e de sua filha.
- Eu não tenho nada de valor! Soltem o meu marido! – Lauren gritou. Dora estava aos prantos.
- Se eu não soltar? O que você vai fazer?– o homem carregou a arma.
- Fuja Lauren! Eu já ouvi falar dessa organização, pensei que fosse uma lenda! Esses caras estão mentindo, fuja com a nossa pequena Dora!
- Vou contar de um até três!
- Lauren fuja logo!
- Um.
- Eu não vou te deixar
- Dois.
- Eu te amo Lauren, corra para longe daqui!
- Três.
- Eu também te amo – a arma disparou. Um jato de sangue respingou no rosto de Lauren e em uma das bochechas de Dora. Lauren perdeu todo ar por um instante, ela se sentiu tonta, as suas pernas tremiam e começou a suar frio. A cena que acabara de ver não havia sido processada pelo celebro, acho que nunca seria. Pela primeira vez na vida, ela desejou ser cega. Ela fiou imóvel e rígida igual ao uma estátua. Lagrimas corriam sobre seu rosto lívido. Ela estava em estado de choque.
O marido de Lauren caiu brutalmente no chão. O homem que havia atirado caminhava na direção de Lauren, às expressões do rosto eram de desdém.
Como eles podem ser tão frios?
Um deles tirou os óculos escuros. Lauren ficou ainda mais perturbada. A íris e a esclerótica eram pretas, as pupilas verde-claras.
- Agora venha, não tem como você escapar. – ele se aproximava cada vez mais, Dora não parava de chorar. Só de imaginar o que eles poderiam fazer com a menina Lauren tomou coragem.
- Fique longe de mim é da minha filha!! – ela gritou – ela então pegou o abajur que estava próximo e arremessou. O impacto foi tão forte que o homem tombou de uma vez. Buscando ar, Lauren ficou sem reação por um momento. Para ela o impacto não foi tão forte. Mas mesmo assim ela nocauteou o homem.
Os outros homens se olharam e foram ajudar o companheiro. Lauren correu para fora da casa e entrou no carro que os agentes da AEG estavam. Para sua sorte a chave estava na ignição. Lauren colocou Dora no banco do carona e arrancou o carro.
- Vão atrás dela agora!!- gritos vieram de dentro da casa.
Quando os dois homens saíram, mas Lauren já havia ido.
Acredito que logo vão me achar com esse carro. Preciso chegar em Westminster o mais rápido possível. Preciso falar com os meus pais.
A adrenalina ou o desespero do momento da fuga mantinha Lauren em foco. A ficha dela não havia caído por completo. Ela sentia ondas de arrepio e leves tiques nervosos a atingiam. Dora havia se acalmado.
Quando Lauren chegou perto da entrada de Westminster ela deixou o carro em meio a uma mata, no porta luvas continha alguns papeis que ela guardou. Poderia ser útil. Caminhando até a casa de seus pais, Lauren pensou que o dia não podia ficar pior. Ela estava suja de lama e o sangue já havia secado em seu rosto. Porém, quando estava se aproximando da casa, ela viu um carro parecido com o que a visitara mais cedo. Lauren deu a volta por detrás da casa e esperou até que o carro desaparecesse de sua vista.
Ao entrar na casa, Lauren pode jurar que seu coração havia parado de bater. A cena que ela viu era tão forte quanto a que viu horas antes. Os pais dele estavam caídos no chão em uma possa de sangue.
- Não, não, não! Por quê? – ela gritou de dor. A casa estava revirada, havia sangue em todas as partes. Lauren pensou que iria desmaiar. Ela queria arrancar o próprio cérebro para não ter que raciocinar mais.
- Pai! Mãe! Falem comigo, por favor! – a dor era tamanha que ela mal conseguia se manter de pé.
- O que está acontecendo? Por que eu? Não, não. – Lauren queria deletar tudo aquilo.
- Mamãe? O que é isso? – Dora olhava fixamente para a poça de sangue.
- Não, não olhe isso meu bem.
- É a vovó e o vovô? - ela disse com a voz de choro.
- Eles estão dormindo querida – disse Lauren entre o soluços e lágrimas. Ela também gostaria de acreditar que os pais estavam apenas dormindo, ou ela queria estar apenas dormindo, e que aquilo tudo não passava de um pesadelo.
A Televisão estava ligada. Parecia que dela Lauren escutava a voz do pai. Ela caminhou devagar até onde a tv estava. Era uma gravação. Os pais dela estavam em pé perto da parede, suas expressões eram de medo, estavam com feridas nos rosto e nos braços. No vídeo um outro homem vestido de terno aparecia ao lado deles apontando uma arma.
- Olá código 19850 ou como seus pais te chamam, Lauren. Eu sei que logo você verá esse vídeo, particularmente eu não gosto de violência, mas o meu chefe e incisivo. Se não forem eles, serei eu. Bom, - disse o homem virando-se para os pais de Lauren- Então, espero que vocês cooperem. Argo, tira a mordaça deles! – outro homem apareceu e seguindo as ordens, tirou a mordaça. – Agora, falem!
Os pais de Lauren se entre olharam. Sua mãe começou a chorar.
- Filha, nós te amamos. Não se entregue a essas pessoas, elas são nojentas! Você é especial filha... - seu maldito! Não era isso que era para dizer! Mais que droga! Vou ter que te matar agora! – o homem atira na cabeça do pai de Lauren. Sua mãe grita.
- Agora é sua vez sua vagabunda! É melhor dizer o que a gente combinou, senão...
- Eu concordo com seu pai filha – ele atira na mulher.
- Que idiotas, morreram por nada... - ele chutou os corpos - Bem senhora Lauren, você deve se entregar antes que mais pessoas se machuquem. Ele se aproximou da câmera e tirou os óculos. – Você deve me odiar por isso, mas foi sua culpa. Seus pais morreram por sua causa! Minha querida você não tem para onde se esconder ou correr. Nós acharemos você e pegaremos você, cabe a você diminuir isso – ela apontou para os pais dela– ele deu uma gargalhada. – Meu nome é Aiko. Estou ansioso para te conhecer. – A filmagem terminava ali. Ela não deixou que Dora visse algo tão hediondo. A tristeza, a dor e a raiva se misturavam.
- Mamãe, por que você ta chorando?
- Não é nada meu amor, não é nada.
Lauren limpou as lágrimas. Respirou fundo e tentou se manter em pé. Ela precisava seguir em frente, apesar de boa parte dela ter morrido ali.
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