Capítulo 3 - No covil
O alvo ficava adiante, numa sede de fazenda abandonada, ou desapropriada - atrás de uma vasta plantação de bananeiras. Nas imagens por satélite, a construção passaria por uma sede em formato quadrado como tantas outras distribuídas ao longo do rio Shebelle, cujo curso passava pela região de Afgooye e continuava no país vizinho – a Nigéria.
No entanto, a Inteligência e o comando haviam estudado as imagens. Os drones devem ter sobrevoado aquele lugar dezenas de vezes. Então, eles conseguiram identificar alguns aspectos importantes, relativos aos alvos...
E agora, tudo era alvo para os Atobás.
-Bravo para base – Romano chamou, depois de definir alguns pontos com Salésio, JJ e Nelson. - Estamos diante do covil.
-Entendido – respondeu o contra-almirante. – Tem minha autorização para invadir.
Carvalho Pinto tinha o entendimento de que se Washington demorasse a decidir, teria que ficar de fora da festa. Alguns minutos depois, porém, veio a resposta – não de Washington, mas do Almirante do Comando de Operações Especiais Conjuntas.
-Bravo autorizado em relação à carga especial – disse o comandante operacional dos SEALs, pela rede do comando. Romano teria rido, afinal, eles já estavam no jogo. O comandante acrescentou: – Gravatas nervosas alertam para não abrir a caixa de Pandora. Espere por Alpha.
-Negativo – disse Romano, agachando-se para não ser visto. –Se ficarmos esperando, Al-Shabab vai transformar o covil na maldita Disneylândia. Plano original: ponto de encontro X-1. É o mais sensato.
-Concordo – disse Spencer. – Estamos quase chegando a X-1 e daremos cobertura.
-Os Mariners se oferecem para limpar a praia – interveio o contra-almirante. – Eles já recuperaram as embarcações e estão disponíveis para o seu transporte até o navio anfíbio, que se encontra na costa. Deixem que eu me entendo com a Águia.
Foi a maneira de Carvalho dizer: Sigam em frente.
-Positivo – respondeu Romano.
-Positivo – respondeu Spencer. O líder SEAL raciocinou que se o contra-almirante foi designado como o chefe maior da operação, nesta força-tarefa – não havendo uma contra-ordem do Pentágono - ele só tinha que acatar.
Os Atobás avançaram em silêncio em meio a plantação, usando-a como cobertura e camuflagem para se posicionar o mais perto possível do alvo. Sabiam que atrás daquela edícula, havia mais três construções ocultas pela principal. Era lá que deveriam estar os reféns. E talvez a preciosa carga da CIA. O caminhão mencionado pela Inteligência estava atravessado no terreno, como barreira improvisada contra quem tentasse invadi-los pelo caminho frontal da propriedade.
Romano observou os seus atiradores de elite assumirem suas posições. Alexandre foi para a base de uma velha caixa da água, à esquerda da casa - bem no começo da propriedade. Pelo outro lado, Salésio escalou uma guarita de madeira improvisada - construída pelos piratas para vigiar a plantação. Os somalis eram leves e conseguiam subir com facilidade a frágil estrutura, mas ele... Melhor não pensar no que podia acontecer.
Apoiou o pé e começou a escalar as tábuas. Seu objetivo era alcançar o galho grosso da árvore ao lado. No começo, teve receio de que as tabuinhas mal pregadas fossem desabar como um castelo de cartas – e com um estrondo monumental - por causa dos seus cento e dez quilos (trinta só do kit de assalto)... Fazendo o sinal da cruz, ele foi subindo... Levou um susto ao dar de cara com alguém lá em cima.
O vigia da guarita estava dormindo de boca aberta e roncando - abraçado a um rifle destravado. Acordou com a vibração da madeira. Os dois homens se encararam por um longo segundo, cada qual medindo a distância e o tempo que levariam para empunhar suas armas... Enquanto o somali levantava o seu rifle, Salésio teve que se segurar com uma mão e fechar a mira com a outra. Conseguiu alvejar o inimigo com um tiro silencioso no meio do centro de massa.
Ele impulsionou o próprio corpo para cima da pequena plataforma, derrubou o somali lá de cima e continuou subindo para o galho grosso da árvore, ao lado do posto de vigilância, sobre o qual, assumiu a sua posição.
Romano e os demais avançaram em bloco pelo meio da plantação - os óculos de visão noturna guiando cada passo; e os lasers das miras varrendo o mar sem fim de bananeiras.
A noite escura, sem luar, ajudou-os a realizar a infiltração. Romano lançou um olhar para K-Novo, por prevenção. O calouro parecia sob controle... Eles prosseguiram devagar e silenciosamente. JJ caminhava à frente, organizando o avanço da tropa como um bom batedor – ora devagar, ora acelerado.
De repente, JJ detectou uma movimentação rápida na varanda da casa. Ele permaneceu imóvel, entre as folhagens - quase dentro do quintal dos inimigos. Virou-se abruptamente e fez um gesto para que os companheiros parassem e aguardassem. Eram dois vultos, que desapareceram dentro da casa.
JJ fez outro sinal. Os Atobás então se agacharam e passaram a rastejar entre as bananeiras. De repente, um dos sujeitos retornou à varanda, mascando folhas de khat. JJ pensou, por um momento, que não havia jeito desse povo dormir mascando aquela planta, cujo efeito era similar ao da anfetamina. Os viciados ficavam eufóricos, agitados, e altamente explosivos.
O somali que estava na varanda, diante de JJ, era muito magro para oferecer algum perigo físico. No entanto, ele ainda podia acordar a casa toda.
Ele sentou na cerca de madeira que dividia a varanda, e parecia não ter pressa de partir. JJ estreitou os olhos, calculando como neutralizá-lo. As pontarias de Salésio e Alexandre não eram boas para a varanda. Sem dúvida, um tiro arriscado. Eles iriam acompanhar com as miras, esperando por uma oportunidade.
Romano chamou a atenção dos companheiros na plantação com um gesto e sinalizou para o batedor. Entendendo o recado, JJ avançou rastejando, rolou para baixo do assoalho de madeira e continuou engatinhando até estar bem abaixo do mascador de khat. Pelos vãos da madeira, ele conseguiu introduzir o cano da sua arma. Então, ele esperou.
O somali levantou-se de repente. A linguagem corporal indicava que sua atenção foi captada por alguma coisa mais adiante. Ele resmungou algo, puxou sua arma da cintura e apontou para as bananeiras. "Que merda", pensou JJ.
Com um único disparo com silenciador, JJ derrubou o alvo. Rolou para fora da varanda, olhou ao redor e sinalizou "Limpo" para os demais, que correram em direção à varanda, mas não subiram nela. Muito provavelmente, as tábuas iriam ranger sob o seu peso. Ao invés de entrar pela porta da frente, eles contornaram a casa, observando as janelas. Cada uma delas fora pregada com tábuas, para dificultar a visão de dentro.
Com os sentidos aguçados, eles tentaram ouvir algum movimento em seu interior... De repente, Álvaro percebeu que alguém estava arrastando os chinelos pelo corredor. Ele sinalizou para os companheiros atrás dele; então, continuaram avançando até encontrar uma janela cujas tábuas de madeira tinham se soltado. Eles espiaram pela fresta, mas viram que se tratava de um cômodo vazio. JJ testou o prego da tábua e fez que "não" com a cabeça. Não era uma boa entrada. Se tentassem arrancar, faria um barulho dos diabos.
Contornaram a casa até chegar à parte de trás, e foi quando avistaram as imensas gaiolas de ferro, onde estavam confinados os turistas e a tripulação dos dois navios. Os Atobás recuaram. Se os reféns os vissem, iriam fazer o maior escândalo e alertar os seus captores. Romano dividiu a tropa em dois grupos para revistar todas as construções do "complexo" e localizar o restante dos Tugada Badda.
-Encontrem o centro de comunicações deles e destruam-no – o capitão ordenou a JJ.
E assim foi feito.
-Barra limpa no jardim – avisou Salésio, de sua posição, pela rede da tropa. – Então, seu tom mudou: - Merda! Tem duas ervas-daninhas, estão procurando o mascador de khat que estava na varanda.
-Também estou vendo – interveio Alexandre, da caixa dágua.
Romano encarou JJ, que respondeu de imediato:
-Eu safei a onça, escondendo muito bem o corpo e até as malditas folhas que ele derrubou no chão.
Romano continuou olhando para ele.
-Tá, vou atrás dos caras.
-Negativo – objetou o capitão, falando a seguir no canal da tropa. – Garantam que eles não voltem pra dentro. Atraiam os cervos para a zona de caça.
Salésio e Alexandre entenderam o recado e fecharam a mira, aguardando a ação de JJ.
- Positivo – disse JJ, desaparecendo no mato que predominava ao lado da casa.
Romano gesticulou para os outros, um pouco distraído pelos reportes dos SEALs e dos mariners que lhe chegavam pela rede de comando. O líder de equipe era obrigado a ficar com um ouvido no comando e outro na tropa. Agora, porém, ele precisava ignorá-los para se concentrar no assalto.
Seus sentidos se aguçaram por causa da adrenalina. Ele procurou captar sons de armas sendo engatilhadas, ou passos. Prosseguiu em absoluto silêncio e avisou com um gesto que pretendia entrar na casa.
Nelson tocou o seu ombro. Automaticamente, Romano caminhou pela área de serviço e testou a maçaneta da porta lateral – constatou que estava trancada. Ficou de pé e chamou o calouro. Álvaro entendeu que seus talentos estavam sendo requisitados. Ele se abaixou e colocou dois grampos, girando o tambor. Ele abriu a porta lentamente, mesmo assim, ela rangeu. Álvaro olhou para o capitão com uma careta de desgosto. Claro que não dava pra ver, porque os óculos NVG cobriam-lhe a cara. Romano fez um gesto para ele se afastar e posicionou o fuzil de assalto, com a mira de laser infravermelho.
Uma agitação dentro da casa alertou-o. Não havia mais tempo para serem cautelosos.
-Bravo 3, a porta da frente – ele avisou pela rede da tropa, enquanto avançava pelos fundos com Nelson cobrindo-lhe as costas.
-Entendido – respondeu JJ. Precisava esquecer a ideia de atrair os drogaditos até a zona de caça. Sacou sua H&K 45C e acertou, ele mesmo, os alvos na varanda. Saltou sobre a cerca e entrou pela porta com um poderoso chute.
Romano, Nelson e K-novo avançaram pelos cômodos, desobstruindo-os. Daniel, Ígor e Álvaro saíram para desobstruir as duas construções de trás, contornando o centro da propriedade pelo matagal para não serem vistos pelos reféns nas gaiolas. Eles alvejaram os vigias armados até os dentes, posicionados diantes das edículas. Depois, vasculharam o interior delas.
-Limpo – disse Álvaro pela rede da tropa.
Enquanto isso, dentro da casa, Romano e Nelson inverteram as posições e avançaram rapidamente pelo corredor.
-Limpo – disse o capitão, tocando o ombro de seu parceiro.
-Limpo – respondeu Nelson, movendo-se em seguida.
Eles se depararam com uma porta trancada. Havia luz por baixo e barulhos agitados de movimentação. Eles ouviram estática de rádio. Romano percebeu, num átimo, que eles pretendiam avisar o AlShabaab pelo rádio. Estava prestes a enfiar o pé na porta, quando o estalido de gatilho da submetralhadora chamou sua atenção.
-Metralhadora! – berrou.
Mal deu tempo para os homens atrás dele se jogarem no chão, enquanto ele próprio se encolhia junto à parede lateral.
Ra-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá
Assim, que o pente se esvaziou e a arma parou de cuspir, Romano percebeu que teria poucos segundos, antes que eles a recarregassem.
-Metralhadora – sussurrou para Nelson, que se posicionou e mandou ver através da porta.
Ra-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá
As submetralhadoras dos Atobás tinham silenciadores, mesmo assim, dava para ouvir que algo dramático estava ocorrendo. Os reféns compreenderam que uma batalha se travava dentro da casa e começaram a gritar e a chorar. Alguns de alívio, porque deduziram que estavam prestes a ser resgatados; outros de medo, considerando a possibilidade de que alguma tribo rival estivesse tentando roubar os reféns de seus seqüestradores (e eles viram acontecer, durante sua estadia naquelas jaulas).
De sua posição, Álvaro viu quando os reféns começaram a se jogar contra as grades das gaiolas.
-Bravo 1 – chamou, pelo rádio. – Os reféns já perceberam a nossa presença. Estão muito alvoroçados.
-Agora não importa mais – respondeu Romano. – Podem se apresentar e organizem a saída das gaiolas. Leve Bravo 10 e Bravo 6 com você para verificar a saúde deles. Vejam quem consegue e quem não consegue andar. Façam uma lista para sabermos quem eles são e quantos são.
-Positivo – disseram Álvaro, Doc e Ígor.
Romano olhou para a porta esburacada de balas e a chutou com violência. Encontrou cerca de quatro alvos caídos, em torno de um aparelho de rádio destruído no meio do tiroteio. Fez menção de avançar, mas acabou retrocedendo um passo diante do único sobrevivente do local - um menino acuado contra a parede lateral. E ele estava armado.
Devia ter uns doze ou treze anos.
Malditos terroristas que envolviam crianças em suas operações. O menino estava tão apavorado que o dedo suado resvalava no gatilho e a arma fatalmente disparou. O tiro acertou o batente da porta, arrancando um naco de madeira. Romano automaticamente rolou pelo chão, usando a porta semi-destruída como escudo.
-Não abram fogo – ordenou aos seus homens e levantou as mãos para o garoto, por trás do seu frágil escudo. - Você não quer fazer isso – disse, em somali. Depois, repetiu em árabe, só para garantir.
O garoto gemeu. Romano pegou um caco de vidro do chão e usou como espelho para espiar a posição dele e o que estava fazendo.
Reluzente de tanto suor, o garoto estava agachado num canto, segurando o rifle maior do que seu tamanho.
-Você não vai conseguir evitar o que viemos fazer aqui, filho – Romano explicou nas duas línguas. - Já está feito. E quando Al-Shabab vier, eles vão culpar você. Melhor vir com a gente, não acha? Seus pais devem estar preocupados. Você tem pais, não tem?
Romano foi se posicionando, sem deixar de falar num tom manso.
-Tenho – o garoto finalmente respondeu, em árabe. Isso foi promissor. Porque geralmente, os garotos eram treinados para matar, sem raciocínio livre. Eram condicionados, passavam por lavagem cerebral e eram obrigados a conviver com atrocidades desde cedo, para que achassem esse tipo de ambiente normal.
-Podemos te levar para eles – Romano sugeriu, sabendo que a promessa não era vã. Uma vez proferida, um Atobá nunca voltava atrás em sua palavra.
-Vocês podem? – ele sussurrou de volta.
-Sim, mas tempo está passando. Você tem que largar o rifle.
Escondido atrás do batente, no corredor, Nelson fez um gesto que indicava claramente que o tempo para negociar estava se esgotando. Contudo, Romano nunca atirou em mulheres e crianças e não começaria a fazê-lo agora.
Alguns segundos depois, ele escutou o som do rifle sendo jogado no chão. Saiu de trás da lâmina da porta e encarou o garoto magricela, com a pele azulada de tão escura. Os olhos estavam arregalados no rosto magro, deixando evidente o seu estado de pavor. E o medo de confiar num soldado estranho?
Evitando gestos bruscos, Romano se aproximou. O próximo passo era descobrir onde o garoto morava.
-Bravo 5, venha cá – chamou, olhando para o corredor brevemente. –Tire o garoto daqui. Mantenha-o longe de encrenca, e descubra onde mora.
Romano se afastou enquanto Nelson conversava gentilmente com o menino e o conduzia para fora.
-Ah, perdi a festa – lamentou JJ, vindo pelo corredor. Avaliou a cena rapidamente, demorando-se no rádio destruído. -Acha que eles conseguiram avisar o Al-Shabab?
-Não tem como saber - Romano tomou um gole de água e chutou o pé de um dos piratas somali que estava em seu caminho. – Precisamos achar a tal carga. Bravo 3, vasculhe este lado da casa. Procure se tem algum sótão ou porão escondido. – Ele puxou o rádio e comunicou: - Bravo 4, verifique o interior do caminhão. Estamos procurando uma caixa de metal. Eu fico com o outro lado. Vamos fazer um SSE. Dez minutos pós-assalto.
-Entendido – responderam os homens e se separaram.
Caminhando pelo corredor escuro, Romano acionou a rede do comando.
– Covil sob controle – avisou Romano. – Estou procurando a carga.
Ligou a lanterna, apontando o facho de luz para o piso de assoalho. De repente, percebeu que havia um alçapão oculto, sob um tapete gasto e imundo. Chutou o tapete, levantou a tampa e colocou a mira lá dentro. O cômodo estava vazio, exceto pela lenha empilhada na parede e uma caixa no chão. Era de metal, como as caixas de transporte do exército.
Ele baixou uma escadinha de madeira, desceu com cuidado e se aproximou dela. Avistou os códigos de identificação na tampa.
-Encontrei a carga tecnológica - avisou pelo rádio.
-Lembre-se, Bravo – soou a voz do contra-almirante. – Não abra.
Romano avaliou a caixa e percebeu que o cadeado já tinha sido arrombado. Bastava levantar a tampa e dar uma espiada.
-O cadeado foi violado – alertou.
Houve um longo momento de silêncio.
- E os piratas?
-Neutralizados.
-Ótimo – respondeu o comandante SEAL, com evidente alívio.
-Agora saia daí – ordenou o contra-almirante.
-Entendido, Madri – respondeu Romano, puxando a caixa pesada para fora. – Mas preciso saber se os senhores querem que eu confira a integridade do seu conteúdo.
Mais um momento de silêncio.
- O senhor deve jurar... – começou a dizer o comandante operacional dos SEALs.
-Com todo o respeito, senhor, eu já jurei tudo o que tinha que jurar quando entrei pras forças armadas. Minha lealdade é para com a minha pátria. E se tiver qualquer coisa aí dentro que a ameace, não poderei cumprir nada que me peçam para jurar. Como vai ser? Devo proceder à verificação?
-Muito bem, Bravo – disse o comandante americano. – Você está procurando por três objetos cilíndricos. Suas cores não devem ser chumbo escuro. Eles devem estar em cinza claro, o que significa estabilidade. Se estiverem os três íntegros na caixa, então podemos prosseguir daí.
-Entendido, aguardem – ele desligou o rádio e foi para frente da caixa.
Ulrich e Kurt chegaram a tempo de ouvir parte da conversa. JJ deu uma risadinha e imitou voz de mulher, com sua voz trovejante: – Grosso! Assim não poderei mais me casar com você.
-Partiu o meu coração – murmurou Romano, indiferente.
K-novo riu e recebeu um olhar terrível do capitão.
-Tá rindo do quê, recruta? – perguntou.
O garoto se engasgou e tossiu. – E-eu...
-Vai cagar, vai, K-gão! – disse o líder, arrancando uma gargalhada do Safo.
Safo deu um tapinha nas costas de Kurt. – Ouviu o homem.
Kurt saiu pisando duro e foi para junto de Nelson, na sala. Àquela altura, o chef já conseguira acalmar o menino.
-Não entendo... – Kurt se queixou. - Pensei que eu fosse parte da equipe.
-Garoto, você é um novato – Nelson mascou o seu tabaco. - O Safo e o JJ gozam de uma posição privilegiada entre os Atobás, pois salvou a vida de um companheiro. Então, quando você salvar a vida de um de seus companheiros, deixará de ser um calouro.
O que quer que Kurt fosse responder perdeu-se, quando os seus intestinos fizeram blob-blob-blob. O calouro teve de sair correndo para o mato com um "dá licença".
Nelson apenas balançou a cabeça.
Enquanto isso...
-Base para Bravo – chamou o contra-almirante. – Descreva o conteúdo da caixa.
-Positivo – Romano respondeu. – Aguarde.
Ele levantou a tampa. Curiosos, os homens entraram no cômodo para espiar o que tinha dentro. Aproximaram-se e inclinaram a cabeça. (Se tivesse sido ensaiado, não teria saído melhor.)
-Que porra é esta? – indagou JJ, com uma careta cômica.
---
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro