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Capítulo 21 - Eu errei e devorei

A mente de Sophia estava confusa e o ambiente ao seu redor parecia derreter enquanto cintilava. Assim que a dor excruciante perturbou suas ideias, o mundo se tornou um borrão. Ela nem sequer sabia se foram horas ou minutos, se estava viva ou morta, se desmaiara ou se ficou acordada o tempo inteiro.

Por vezes ela ouviu vozes, vozes indiferenciáveis. Poderiam ser seus companheiros, novos inimigos ou borboletas ninjas montadas em doguinhos surfistas. Sem conseguir aceitar sua realidade, tudo que fez foi observar atentamente os vaga-lumes brilhantes lhe fornecerem uma desilusão.

Ela estava perdida em uma estranha pintura expressionista. Ela navegava por um mar de pequenas luzes distorcidas. Luzes essas que, por vezes, ganhavam forma. Elas foram macacas e elefantes, pintinhos e saguis. Foram humanos bateristas e bateristas beija-flor. Foram rios de leite, tempestades de ácido, ácido com leite e rios de tempestade. Os companheiros perfeitos para uma viagem sem igual.

Sua mente correu solta, sem filtros, surreal, abstrata; correu desesperadamente tentando lidar com a dor. Correu da dor. Fugiu dali, do mundo e de tudo mais. Escapou até a submersão, distante do que lhe foi pesaroso, idiota e irritante. Dissociada do excruciante.

Isso até que, de repente, ela voltou a processar sua própria existência. De repente ela se lembrou que existe em um mundo de dor, e desanimada com a descoberta, pensou: "Que merda", entre suspiros pesarosos, sua mente disparou.

Gradualmente as luzinhas esbranquiçadas começaram a dispersar, sumindo até que só restasse uma crepitante fonte luminosa. As folhas secas, as copas frondosas, os troncos enormes, tudo ganhou nuance, deixando de ser uma pintura abstrata passível de pareidolia para se tornar um mundo concreto quase absolutista.

Os vaga-lumes se fundiram, virando uma fogueira. Os borrões se endireitaram, se tornando uma floresta. E, logo ao lado, uma mancha escura finalmente podia ser reconhecida como uma garota de vestido preto. Uma que curiosamente estava com o rosto inchado e os olhos marejados.

— Você tá bem? — Sophia perguntou, curiosa com aquele semblante de dor.

Enquanto se ajeitava no lugar ela percebeu estar sentada sobre uma tira de couro felpuda, recostada em uma árvore próxima à fogueira na qual Anne lutava para se esquentar.

Por um instante a jovem maga pareceu assustada, confusa, seu rosto se contorceu algumas vezes, pensativa, porém seus lábios não se moveram. Ela estava em dúvida.

— Eu perguntei se você tá bem? — Sophia estranhou a falta de reação e questionou novamente, julgando que talvez tenha sido clara apenas em sua cabeça, pois quando acordou, percebeu que, vergonhosamente, estava de boca aberta e babava igual idiota.

— Isso não é outro delírio? — Anne espremeu os olhos, desconfiada.

— Quê?! Como assim? — Sophia ficou confusa com o questionamento. Assim como em um sonho, ela imediatamente esqueceu os delírios no momento em que acordou. — Você tá bem ou não?! — questionou novamente, começando a ficar irritada com a situação.

— Bem, eu tô, mas e tu, tá? — Anne ficou perdida por um instante, sem saber como responder.

— Que conversa de maluco — Sophia suspirou. — O que aconteceu? — perguntou já se projetando para levantar.

— Calma! — Anne pulou de pé e tentou impedi-la, mas antes que pudesse alcançar a jovem, viu a mesma cair no chão.

— Hã?! — Sophia ficou confusa a ponto de verbalizar o pensamento.

Ela tentou se apoiar no chão para levantar, um movimento simples, um que nem sequer precisava de força bruta, contudo, ela falhou. Estranhando o fato, e ainda estando deitada, quis verificar qual o problema de sua mão direita, levando-a até seu rosto. Infelizmente aquele membro nunca respondeu ao chamado. Ou melhor, algo até respondeu, algo curto, um pedaço. Ela conhecia muito bem os habitantes de seu corpo e aquela sensação era bem diferente da que estava acostumada.

"QUEIMA!" O grito irrompeu em sua mente e a coloração chocolate sumiu de sua pele, a jovem ficou pálida, acinzentada tal qual um cadáver.

Flashes lhe fizeram recobrar boa parte da memória. Ela se lembrou do desespero de Anne e de seus próprios berros de dor.

Enfim ela percebeu.

— Eu perdi meu braço — sibilou, perdendo a voz, engasgando-se com o próprio ar que respirava.

Se descontrolando ela hiperventilou, recordou da dor e de alguns detalhes desprezíveis que vislumbrou no momento. Ela se lembrou do sorriso de Sonnyr e berrou: — Arrhhhhhhhhhh! — não foi de dor, foi de raiva.

Com seu braço esquerdo ela se debateu, seu coração pulsou ódio e ela sentiu uma vontade irrefreável de socar. Então foi o que fez, manifestando peso em sua luva e fúria em seu peito, espancou o solo.

Sua puta desgraçada! — Desesperou-se conforme vislumbrava o pior em sua mente.

Sophia se contorceu, extravasou sua dor e, por fim, chorou. Foi o que lhe restou após ser afligida pelo pior.

— E-eu não vou conseguir. — Sua visão embaçou e ela soluçou — É sério isso? — sentiu seus sonhos tomarem distância.

Como se não bastasse, um eco do passado reverberou:

"Qual seria a pior coisa que pode acontecer contigo, Tino?" Ela se lembrou dessa pergunta, um questionamento que fez a um de seus instrutores em meio a uma simples sessão de sparring.

O moço careca e musculoso, dono de um sorriso e uma piscadela que normalmente levava muitas jovens a loucura, suspirou. "Não está claro?" Sophia o encarou com confusão e o mesmo abriu um largo sorriso antes de responder: "Eu sou um lutador Sophi, eu nasci e vivi pra isso", ele explicou, desviando de um golpe que ela desferiu e concluindo em seguida: "Pra mim, não poder mais lutar seria o mesmo que ter morrido." Acertou o nariz de Sophia com um direto.

A jovem caiu sentada e verificando se seu rosto permaneceu no lugar, aceitou a mão que ele estendeu no intuito de ajudá-la a se levantar. "Mas eu soube que seu trabalho é bem perigoso" respondeu em meio a um sorriso desconcertado.

"Eu sou habilidoso" Brincou, transparecendo confiança enquanto exibia seu típico sorriso arrasador de corações.

Foi um simples erro de segurança. Aquele homem praticou sua vida inteira e acreditou que seria rápido o suficiente, ele só precisava pegar o celular que caiu na máquina. Infelizmente, os sistemas eletropneumáticos daquela prensa eram muito mais rápidos.

Um mês após aquela conversa ele perdeu seu braço e teve algumas costelas quebras. Apenas cinco dias após o acidente ele cometeu suicídio.

A última palavra que Sophia se lembra de ter saído dos lábios daquele homem, foram: "Não vale mais a pena".

Aquelas lembranças, aquelas últimas palavras, lhe feriram mais do que uma navalha afiada. Toda vez que tentava vislumbrar o estrago, ficava zonza. O mundo estava girando e ela se deixou levar, pois, não sabia como pará-lo.

Assim como ele Sophia também é uma lutadora, talvez bem menos apaixonada pelas brigas físicas do que aquele rapaz, mas era. Ela sempre achou que eles podiam ter achado um jeito. Existiam próteses de todos os tipos e talvez existisse uma que pudesse reconfortá-lo.

Claro, ambos eram pobres e moravam no Brasil, onde tudo é mais caro do que deveria, contudo, ainda havia esperança.

Ela se culpava por não ter insistido. Ela sabia que ele estava mal.

A única diferença e o que fez Sophia se desesperar, foi que não estava em seu mundinho confortável. Sophia estava lutando uma batalha sangrenta, uma da qual nem sequer podia desistir.

É claro que ela ficou desnorteada. A imagem de todos aqueles competidores surgiu em sua mente. Ela só não se desesperou mais devido ao sorriso doce e felino que se lembrou de repente.

Em um surto repentino ela percebeu que nem tudo estava acabado.

— Blasph? — se perguntou, levantando seu rosto e olhando ao redor. Quando não o encontrou, uma sensação ruim percorreu seu âmago. — Cadê o Blasph? — questionou Anne.

Um desespero momentâneo, mas infinitas vezes maior do que o desespero de perder seu braço, afligiu-a naquele momento.

Anne engoliu em seco. Assim que viu os olhos da moça cintilarem de maneira perigosa, sentiu calafrios.

Anne não tinha certeza se foi uma confluência de apofenias adutivas e visuais, mas por um curto espaço de tempo jurou ter visto o rosto de Sophia ficar escuro e uma infinidade de vozes cantarem um coro mórbido sobre o fim dos tempos.

Diante daquilo, a mesma congelou. Ela sentiu que, caso movesse um centímetro, estaria morta.

— Mestra! — um macaco gigante despencou do céu, saltando de um ponto distante e pousando logo ao lado de sua querida criadora — Eu voltei mestra! Blasph apenas foi catar um pouco de lenha — disse rapidamente diminuindo de tamanho e envolvendo Sophia com um abraço; tentando reconfortá-la.

Diante do mau presságio que sentiu a jovem maga evitou se aproximar e caiu sentada, boquiaberta, confusa. Em um passe de mágica a jovem de frondosos cabelos cacheados voltou ao normal.

— O que... — os lábios de Anne se moveram sozinhos, aturdida com a cena, mas diante do acontecido, encarando o cotoco que restou no local onde antes havia um braço comum, ela preferiu ignorar e esquecer.

— Blasph! — Sophia respondeu alegre e chorosa, enterrando seu rosto na vasta pelagem do animal. — Eu perdi Blasph — Sophia se martirizou.

— Claro que não, mestra — Blasph acariciou os cabelos de Sophia, com ternura e a jovem imediatamente desenterrou seu rosto da pelagem branca do mesmo e o encarou nos olhos.

— Blasph... — adulou com desprezo o pedaço enfaixado do que restou de seu braço — eu nunca poderia chamar isso de vitória — suspirou com desgosto.

Os ombros do gatinho em forma de macaco penderam desanimados e o mesmo se encolheu.

— Foi Blasph quem perdeu, não a mestra — ele tentou não desviar o olhar, mesmo com toda a culpa pesando em seus ombros.

— Não, Blasph, claro que não, era eu quem estava lutando ali — Sophia disparou — Você fez seu trabalho, você só tinha que separar a pequenina e... — Ao perceber a feição complicada que tingiu o semblante de seu companheiro no momento em que ela tocou no assunto, deu uma olhada ao redor. Quando fez isso, foi que se deu conta de algo. — Cadê a pequenina? Ela fugiu? — questionou, perdendo a força em sua voz e tentando não pensar no pior.

Blasph balançou sua cabeça negativamente e desviou seu olhar. Sem saber como reagir Sophia procurou de novo, procurou na esperança de que a encontrasse, mas seu desespero apenas intensificou quando se deu conta de um segundo detalhe.

— Blasph, cadê Daren?! — Seu rosto ficou rígido.

O gatinho, que no momento assumia a forma de um macaco, tentou falar, contudo, nenhuma palavra saiu a tempo. Antes que conseguisse Anne interveio.

— Daren foi levado e a criança perdeu o controle — abraçada em seus próprios joelhos, com um olhar perdido e pesaroso direcionado a fogueira, a jovem maga foi quem respondeu.

Sophia sentiu tudo girar.

— Levado, como assim... levado?! — Novamente se sentiu impotente. — Por quem? — questionou confusa.

— Aures — Blasph respondeu sem rodeios.

Sophia arregalou os olhos, a imagem do besouro humanoide surgiu em sua mente e ela quase teve um ataque.

— C-como assim Blasph?! — beirou o desespero. — Quanto tempo eu fiquei desacordada? — disparou — o que aconteceu? — alcançou o xis da questão.

— Desacordada eu não sei, penso que você nem sequer chegou a apagar de verdade — Anne interveio. — Mas delirando, bem, aí foram no mínimo umas quatro horas — completou.

— Delirando? — Sophia forçou sua memória. Tentou se lembrar de algo fora o momento em que perdeu seu braço. Algo fora o sorriso esnobado e odioso que Sonnyr lhe desferiu antes de sumir. Porém, foi sem sucesso.

— Sim, — Anne reafirmou. — Você ficava olhando pra gente e rindo como se tudo fosse uma grande idiotice — a jovem maga suspirou, se lembrando dos momentos complicados que duraram até poucos minutos atrás.

Sophia desviou seu olhar, ficando com vergonha de si mesma por um instante.

— M-mas o que aconteceu? — questionou novamente, tentando desviar o assunto no intuito de não ficar ainda mais envergonhada — Que história é essa de Aures ter sequestrado o Daren? — Recuperou sua compostura e encarou Anne.

A jovem maga balançou sua cabeça negativamente e apontou com seu polegar direito o macaco em pé ao lado de Sophia. A jovem de frondosos cabelos cacheados se voltou para seu companheiro fiel e o mesmo engoliu em seco.

Com um suspiro longo, ele começou: — Mestra, eu errei...



Foi um surto repentino. Escuridão havia abarcado seu ser, seus olhos se fecharam, sua respiração cessou e seu coração se recusou a pulsar. Por alguns instantes aquela jovem realmente esteve morta, mas um milagre aconteceu.

Ela queria abrir aqueles portões e eles se abriram para ela. Uma coincidência inimaginável que a fez acreditar veemente que era...

"Especial?" A voz grave e maliciosa retornou, sibilando em seus ouvidos como se fosse a serpente do pecado tentando-lhe para comer a maçã. "É claro que você é especial", ele sorriu, "Você tem sangue gigante percorrendo em suas veias", completou, rodeando-a.

Sonnyr engoliu em seco, seus olhos brilharam e um certo furor subiu-lhe pela dorsal, fazendo-a sorrir.

"Eu sou a escolhida" Seus olhos brilharam com a ideia.

"Exato", a voz misteriosa concordou. "Apenas faça o que lhe disse e terá todas as glórias do mundo", disparou, soando cada vez mais animado." E sussurrando ainda mais próximo, deu sua cartada final: "Ninguém poderá lhe derrotar".

A meio gigante sentiu seu coração acelerar, a imagem de uma jovem de pele escura e frondosa cabeleira cacheada surgiu em sua mente, fazendo-a franzir o cenho. Sonnyr viu o braço de Sophia ser decepado, mas, apesar de feliz, não ficou satisfeita.

"O cento e um têm que morrer" Era o que queria.

Então, engolindo em seco, ela se aproximou de um sarcófago de pedra.

Sonnyr estava no meio de um enorme salão arredondado que, assim como a parte externa, a igreja logo acima, também foi levantado usando-se de lapidadas pedras escuras como base para sua construção. Em verdade aquele trecho era uma clara continuação das ruínas pelas quais entrou, atravessou e morreu, porém, estava muito mais conservada.

Apesar de tomada pela poeira, todo aquele interior estava intacto. Haviam estátuas de pedra com quase vinte metros de altura. Estatuas que descobriu, através daquela voz misteriosa, serem monumentos em tamanho real de poderosos guerreiros do passado. Aquela era uma tumba e a meio gigante estava diante do sarcófago de um antigo governante da quase extinta raça dos gigantes.

Com uma mistura fugaz de ansiedade e excitação percorrendo suas veias, ela se aproximou do sarcófago. Percebendo que quatro correntes com gomos do tamanho de um ser humano prendiam o tampo dela ao chão, quebrou-as com seus próprios punhos. E catando duas delas, começou a puxar.

Suas veias saltaram ao rosto, seus músculos vibraram e suas pernas ameaçaram partir, contudo, ela não desistiu. Confiando em suas raízes gigantes, jogou uma corrente sobre cada ombro e usou a força de sua perna para puxá-las. Seus olhos brilharam, seu peitoral expandiu e colocando para fora uma força inimaginável conseguiu mover a peça que pesava facilmente algumas toneladas.

Quando a peça saiu do lugar, ela teve a impressão de ouvir a voz misteriosa esboçar uma risada contida.

O tampo de pedra deslizou vagarosamente pela estrutura e caiu no chão com um enorme estrondo.

Sonnyr mal esperou, enxugando seu suor com um lenço qualquer que tinha em suas roupas a moça se aproximou do sarcófago e saltou sobre sua beirada. O que viu foi uma enorme ossada, o esqueleto de um gigante. Era enorme. Aquele ser facilmente beirava os trinta metros de altura.

Apesar de ser uma visão impressionante, outro algo foi o que mais lhe chamou a atenção.

"Lá está" A voz suspirou, animada. "Não se acanhe, busque o que é seu por direito", encorajou-a.

Ali, ainda pulsando, inerte em um ponto do peito onde um dia já deve ter havido pele, estava um coração. Um enorme coração rubro.

A meio gigante respirou fundo, saltou na estrutura e caminhou em direção ao grande pedaço de músculo. Por um instante ela hesitou. Parada diante do órgão que mesmo destacado de seu eu original permanecia pulsando, olhou a redor, procurando a fonte da voz que tanto a atiçava e percebendo mais uma vez que ela partia do nada.

Sonnyr já sabia que não estava conversando com um ser vivo e pela primeira vez isso lhe causou um certo desconforto. Ela se focou tanto em ficar mais forte que ignorou alguns detalhes e, como se percebendo essa dúvida repentina, a voz misteriosa retornou.

"Não vai pegá-lo? Que pena" A voz suspirou. "Aquela moça fica mais forte a cada segundo passa e a senhorita permanece estagnada" lamentou. "Eu realmente pensei que pudesse ser a escolhida. Me desculpe se não é o caso, minha visão milenar deve ter falhado em diferenciar uma joia rara de uma peça medíocre" zombou.

— Eu não sou medíocre! — Sonnyr irrompeu.

E a voz não perdoou: "Será? Talvez eu devesse ter escolhido aquela moça, o tal cento e um, ela não me parece que fraquejaria assim." O mesmo fez uma pausa e seu tom de escárnio mudou, se tornando mais sério, apesar de não ter perdido seu teor de provocação "Ela não me parece que seria tão patética" concluiu.

— EU NÃO SOU PATÉTICA! — A meio gigante berrou, injetando ira em seu olhar.

"Prove", a voz fantasmagórica sibilou e Sonnyr não se aguentou, ela não hesitou mais.

Com sua mente anuviada pela raiva ela enfiou sua mão no coração rubro e rasgou um pedaço de sua carne. Como se fosse uma criatura viva a peça chilreou desesperada, emitindo sons agudos que quase assemelhavam-se ao berro estridente de uma criança, como se fosse um grito de socorro ou um bramido desesperado.

Sonnyr mal se importou, apesar de sua visão ter embaçado e a mesmo sentido que estava dissociada da realidade, ela devorou o pedaço de carne assim como a voz havia lhe dito antes para fazer.

O sabor era indescritível e nem sequer parecia um pedaço fibroso de coração. Era aveludado, saboroso, suculento, macio e surreal. Assim que colocou em sua língua, assim que sentiu o doce sabor do sangue ancestral, quis mais.

Aos montes os pedaços foram percorrendo sua garganta enquanto a meio gigante regozijava-se com a sensação de poder que percorria suas veias. Ela precisava de mais, ela ansiava por mais e escavando a carne que berrava desesperada com suas próprias mãos, como se rasgando brutalmente um animal ainda vivo para se alimentar de seu conteúdo, devorou o enorme coração rubro.

Ela mal percebeu o que os berros daquela coisa queriam dizer. Enquanto mastigava a carne suculenta seus ossos expandiram, suas estruturas se modificaram, sua carne inchou se retorcendo como se fossem pústulas e sua musculatura chorou sangue.

Ela nem sequer percebeu que também estava sendo devorada por aquilo e que o resultado era tenebroso.

— Cento e um — sussurrou. — Eu preciso devorar o cento e um — ela sorriu, se divertindo com a imagem distorcida que projetou em sua mente, com o afago que sentiu ao se imaginar devorando aquela garota de frondosos cabelos cacheados.

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