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Capítulo 17 - Cinco mil quilos de puro soco

Daren estava sentado tranquilamente enquanto comia uma porção de comida em seu pratinho da madeira, encarando a vegetação alta. Praticamente não existiam sons naquela área inóspita do ninho, e exatamente por isso o jovem se manteve apreensivo com o ambiente. Os poucos sons emitidos estavam restritos aos estalidos que irrompiam dos troncos em movimento, e por vezes o chacoalhar das copas e suas folhas ante o vento inconstante.

Mas de repente um arbusto vibrou. Daren engoliu em seco e forçou seus olhos, mas não viu nada de diferente, apesar de conseguir vislumbrar o oculto, não é como se ele pudesse ver através de barreiras físicas. Daren conseguia sentir alguém escondendo sua presença, enxergar através de magia de ocultação ou perceber habilidades antinaturais, mas isso não quer dizer que tenha visão de raio x, ele não vê através de paredes, árvores, arbustos ou coisas do tipo. Ou seja...

— Boooo! — Sophia pulou para fora de onde estava escondida fazendo um gesto fantasmagórico com suas mãos e formando uma careta, e Daren quase arremessou seu prato de comida na cara dela.

Ela não havia saltado do arbusto que o jovem encarava atentamente, mas de um que ficava logo ao lado, um que o garoto só conseguia ver através de sua visão periférica.

— Droga Ilvre! — o garoto levou a mão até seu coração.

Sophia já tinha percebido que melhor maneira de surpreender Daren, era simplesmente não usando nada. Os passos de Sophia eram silenciosos por natureza, já que devido a sua raiz élfica, advinda de Ilvre, a mesma era mais leve que o normal, mesmo sendo mais alta do que a média das mulheres humanas.

Originalmente Sophia tinha um metro e sessenta e nove e pesava cinquenta e sete quilos, e Ilvre tinha um metro e oitenta e nove e pesava trinta e dois, mas depois de se unirem, o resultado foi a média. A atual Sophia tinha aproximadamente um metro e setenta e nove, e pesava quarenta e quatro quilos, e o mais curioso, ela não era magricela, seu corpo simplesmente funcionava de uma maneira diferente devida as características élficas que possuía.

Olhando-a de perto era surreal que a mesma pesasse tão pouco, pois seu corpo não diferia, esteticamente, do que se espera de um ser humano.

Em termos de aparência a Sophia de agora era parecida com a Sophia que treinava artes marciais, braços mais grossos, torneados, e com um certo teor aparente de musculatura. Dificilmente daria para considerá-la demasiadamente musculosa, e a mesma estava longe de se parecer com uma bodybuilder, mas as vilãzinhas genéricas de sua escola adoravam taxá-la dessa forma.

— É por isso que sua beleza angelical diminui — o garoto acabou soltando aquela frase enquanto resmungava baixinho, mas Sophia tinha ouvidos afiados.

— Que?! — Ela se voltou para o garoto, que imediatamente, ficou vermelho como um tomate maduro.

— Na-não disse nada! — gaguejou se voltando para seu prato, enrijecendo-se como uma pedra.

A verdade é que, quando aquele jovem viu Sophia pela primeira vez, estando perdido em meio a seus delírios, acreditou que ela fosse um anjo, pois não se lembrava de ter conhecido garota mais bela em toda a sua vida. E mesmo agora, estando acordado, não conseguia negar a beleza da garota.

Cabelos volumosos e brilhantes, olhos afiados, de íris felina e meio puxados devido a porcentagem indígena, sardas escuras salpicadas, lábios carnudos e avermelhados, nariz arredondado como uma batatinha e um sorriso sagaz e provocativo. Era uma beleza a qual aquele jovem não estava acostumado, do tipo selvagem e misteriosa, do tipo que exalava força e dominância, e por isso não sabia como reagir.

Compará-la a um anjo nem parecia caber, mas por ter aprendido de berço que era um bom elogio a se fazer para uma mulher, e por não saber bem como defini-la, acabou optando por usar ele mesmo como comparação. Daren também não achava que fosse de bom tom compará-la ao um tigre, apesar de a sensação pra ele ser mais essa.

— Você é muito gentil — Sophia sorriu desconcertada, desviando seu olhar e encarando outro ponto no ambiente.

— De nada... — Daren ficou surpreso, emitindo um sorriso confuso que transparecia ao mesmo tempo, dúvida e felicidade. — ... "eu acho" — respondeu mentalmente, sem ter muita certeza se a garota estava sendo sarcástica ou não.

Sophia definitivamente não conseguia se achar bonita. Mesmo que por vezes brincasse, e que olhando no espelho até conseguisse se ver como uma jovem bonita, a mesma foi chamada de feia tantas vezes que não tinha nenhuma segurança. Principalmente quando olhava para seus braços.

Ela não desgostava de ser forte e bem definida, mas apesar de ser seu jeitinho, foi o que mais lhe causou problemas. Quando ganhou de um campeão regional de boxe, masculino, e todos souberam, ficou ainda pior. Toda hora alguém passava para chamá-la de homem sem pinto, mulher-macho, macho man, mulher barbada ou de travesti.

Sophia já tinha perdido as contas de quantas vezes quis espancar todos aqueles babacas, mas sempre evitou, apesar de seus amigos, um bando desconjuntado de crianças desajustadas, sempre a incentivar. De verdade, Sophia preferia não brigar, e ela sabia bem o motivo, o lobo a lembrou do motivo, sempre que ela ficava com muita raiva tinha a tendência de perder o controle.

Parecia piada do destino, mas aquele ambiente, de certa forma, combinava com ela. Sophia tinha tendências violentas, e aquele lugar se aproveitava da violência alheia.

Mas aquele macaco que se descontrolou e não conseguiu desativar sua habilidade ao ponto de ter uma morte cerebral, ainda lhe enviava calafrios, e por isso sabia que deveria tomar cuidado.

Apesar de saber que naquele ninho os indivíduos tendem a se tornarem mais violentos devido a uma influência do próprio ambiente, ela também sabia que não podia confiar cem por cento em seu autocontrole. Por isso se tornou uma pacifista. Ter perdido a mão e enforcado um garoto ao ponto de desmaiá-lo foi um dos eventos mais traumáticos que viveu. Mas, infelizmente, devido à natureza do jogo de Alster, provavelmente teria que deixar essa convicção de lado, e isso a preocupava, pois tinha medo do que se tornaria ao final.

Além de que, mesmo que negasse, e estivesse se sentindo normal com isso, ela não podia negar que talvez as memórias de Ilvre a estivesse afetando um pouco. Pois Sophia não tinha só as memórias, ela também conseguia sentir as emoções que a Elfa teve em cada uma daquelas lembranças, mesmo as cortadas.

Como o cérebro da mesma começou a perder neurônios e desfazer ligações assim que morreu, Blasph não conseguiu salvar todas as memórias da moça, mas salvou o suficiente para que Sophia tivesse uma pequena ideia de quem era Ilvre. A bela Elfa Escura era uma caçadora como poucas, uma que foi treinada desde de cedo, e não foi para que caçasse apenas animais. Era uma vivência completamente diferente da de Sophia, e exigia nervos distintos dos que ela tinha.

— Você conseguiu o que queria? — Daren se prontificou, um pouco incomodado com o silêncio que acabou se instaurando.

Sophia, que já olhava ao redor, parecendo procurar algo, respondeu no ato: — Sim, foi tranquilo — esboçou um sorriso animado.

— E você poderia me dizer o que é — o garoto ficou curioso.

Sophia se virou para o mesmo, e com muito bom humor respondeu de forma direta: — Não! — Em seguida ela se voltou para encarar os arredores novamente.

Daren inflou suas bochechas em sinal de birra, mas evitando uma discussão apenas se concentrou em terminar de comer.

"Eles pararam de se mover" — a jovem observou.

"Eles não parecem querer se aproximar dos limites do ninho" —observou o gatinho sentado no chão ao lado de sua mestra.

Desde de que desmaiou Sophia acabou estabelecendo aquele ponto como seu acampamento temporário. Ela até praguejou por não ter visitado as barreiras antes, pois nenhuma criatura do ninho se aproximava delas. Era um ótimo local para se dormir uma noite segura.

"Muito bom saber, apesar de que, quando avançarmos em direção ao centro, não teremos como usar o limite como escudo" — constatou desanimada e seu gatinho apenas balançou sua cabeça em sinal de concordância.

"Mal terminei meus preparativos e já têm alguém me caçando" — Sophia suspirou exibindo uma feição clara de quem estava ficando de saco cheio daquele ambiente hostil.

Parecia que naquele inferno toda hora aparecia um problema diferente. Primeiro foi o besouro, depois, Hereges, logo em seguida um grupo de macacos e pouco tempo depois um lobo gigante que cuspia fogo, e agora, uma trupe de perseguidores. Não havia paz naquele buraco.

"Talvez eles sejam ótimas cobaias" — Blasph apontou a ideia, e após alguns segundos, Sophia o encarou com um sorriso.

"É um bom ponto, mas primeiro vamos testar o poder do que pensamos" — disse se voltando para uma enorme árvore adiante — "Chegamos no seu limite, certo?" — ela pediu uma reconfirmarão, e o animalzinho fez que sim com a cabeça.

"Tudo bem, não devo ser fominha, fazer com que coma mais só será inconveniente" — sussurrou em sua mente, mais para si mesma do que para seu companheiro.

"Me desculpe mestra, mas Blasph está confuso, achei que faríamos outra coisa" — o gatinho se lembrou de quando sua mestra teve uma epifania momentos antes, e fez surgir uma interrogação em sua cabeça.

Sophia se divertiu com a cara do gatinho, que estava sentado no chão logo ao seu lado, e sorrindo o respondeu:

"Esse é o passo que vêm antes Blasph, para conseguirmos aqueles metais precisamos sair daqui, e invariavelmente nossos perseguidores não vão deixar barato. Provavelmente vamos ter que lutar, e eu queria fazer isso de uma forma menos descuidada" — rapidamente se lembrou do animalzinho machucado.

"Mestra, Blasph está satisfeito em ser seu escudo" — a criaturinha se prontificou em protestar, mas aquilo não era negociável para sua criadora.

"Não" — Sophia negou antes que ele terminasse. — "Eu entendo seu sentimento, mas nunca o sacrificaria Blasph, e justamente por isso bolei outra ideia. Então eu quero que você me escute" — se agachou ao lado do animalzinho e adulou sua cabeça gelatinosa.

Enquanto isso Daren havia acabado de comer, e já guardava suas coisas enquanto observava atentamente aqueles dois indivíduos; curioso com os mesmos, mas sempre com uma pergunta permeando seus pensamentos: "Como isso é possível?" — ele observava atentamente o gatinho. — "Familiares não deveriam ficar o tempo todo no mundo material, então como?" — o mesmo não conseguia encontrar uma resposta, pelo menos, não com o seu conhecimento atual.

A única coisa que conseguia pensar era a de que a jovem tinha muita energia, mas infelizmente, ele não conseguia sentir sequer uma gota vindo dela. Daren não se assustou com isso, pois sabia que existiam formas de combater o poder de seu familiar e esconder seu poder, seu tio Amir era um exemplo claro disso. Daren nunca conseguia enxergar através das habilidades de seu tio. Só que era necessário muito conhecimento para fazê-lo, e isso o deixou em dúvida, pois quando conseguiu enxergar o gatinho, ambos pareceram assustados.

"Ela estava atuando, ou ela realmente não tem o conhecimento para esconder sua energia? Se é o segundo, então como ela está viva sem uma alma?" — Daren não conseguia conceber uma resposta, mas continua se questionando mesmo assim.

Segundo seu conhecimento todo ser vivo exibia algum tipo de energia, mesmo os não mágicos; e ainda que não fosse um lançador de magia era possível sentir em qualquer pessoa a energia advinda da construção de sua alma. Só que, diante dos olhos de Daren, havia uma pessoa que não exibia energia alguma. Era por isso que se ela não usasse nenhuma habilidade de ocultação, coisa que ele podia perceber por causa das habilidades de seu familiar, era impossível para o garoto sentir a presença de Sophia.

Para o jovem era como se ele estivesse na presença de um fantasma, ou pior, um cadáver vazio, já que a energia fantasmagórica pelo menos pode ser sentida por ele.

Daren só podia rir do quão irônico era o fato de só conseguir percebê-la caso a garota tentasse se ocultar. Era completamente contra intuitivo, mas apesar de curioso, estava evitando questioná-la. Ele decidiu que só entraria no assunto caso tivesse a oportunidade. Entretanto, não conseguia evitar de pensar nas piores possibilidades.

Sophia inegavelmente o estava ajudando; e sem nada em troca. Devido a ela ter ficado bem apreensiva quando ele comentou sobre o gato, Daren preferiu se abster de gerar mais inconveniente para a pessoa que o estava ajudando de bom grado. Por isso, mesmo morrendo de curiosidade para saber mais sobre a história daqueles dois indivíduos, se focou em apenas guardar suas coisas e ficar de bico fechado.

"Deve ser interessante como vieram parar nesse ninho" — pensou enquanto se voltava para suas coisas desarrumadas.

E enquanto isso Sophia ainda discutia com seu pet.

"Pelo que me lembro seu máximo são cinco mil quilos, certo?" — perguntou.

"Não mestra, o que estipulamos como limite aceitável para o meu crescimento são cinco mil litros, já que nesse limite a capacidade de transformação deste servo se tornar mais lenta do que deveria" — explicou.

"Por causa das distancia que a informação tem que percorrer em seu corpo até atingir os pontos mais distantes, eu me lembro, eu me lembro..." — Sophia apontou e já logo complementou: — "e eu sei que cinco mil litros não se convertem diretamente em cinco mil quilos sabichão, mas tu sabe seu peso exato por um acaso?" — encarou espremendo seu olhar, quase como se quisesse espremer o animal junto.

O gatinho virou seu rosto, encarando um ponto qualquer.

"Não, alguns materiais geram mais volume do que peso, e não tenho como precisar o peso de cada peça" — o pequeno admitiu.

"Pois é, por isso estou, a grosso modo, considerando cinco mil quilos" — bufou enquanto encarava de pertinho seu gato de estimação, que imediatamente recuou. — "Mas bem, e quanto espaço vazio sobra para você manusear?" — Sophia não perdeu tempo e já logo questionou outro tópico muito importante para seus novos planos de batalha.

"Não muito" — a criaturinha quis esconder sua cabeça no chão, se sentindo uma inútil.

"Quanto?" — Sophia exigiu uma métrica.

"O equivalente a uns dois ou três corpos humanos, talvez até um pouco mais, pois é um pouco difícil ter certeza" — respondeu.

"Ohhh!" — Sophia ficou levemente impressionada com a quantidade, pois esperava bem menos — "Interessante, compreendo" — Sophia levou sua mão direita até o queixo, começando a pensar em algo, e rapidamente seu animalzinho reagiu.

"Mestra, eu juro que posso ser útil" — arregalou os olhos diante do pensamento. — "Ainda posso fazer boas armas!" — afirmou desesperado.

"Calma Blasph, eu não disse nada..." — Sophia suspirou — "...não se trata de uma escolha emocional, e eu não nego, de fato eu te amo muito, mas não é por isso. Veja bem, eu não posso correr o risco de perder uma informação importante em um momento crucial, e por isso eu preciso reavaliar as opções" — ela o acariciou mais uma vez, e para não deixa-lo triste, continuou: — "Olha, eu te dou carta branca para agir da forma que achar melhor assim que perceber perigo. Eu estive tentando lutar sozinha e me desculpe por isso, pois somos uma dupla, e sei que sou muito egoísta, mas também sei que devemos lutar lado a lado agora, beleza?" — Esticou sua mão direita para o animal que hesitou um instante em responder, e percebendo isso ela finalizou: — "Eu te protejo e você me protege, que tal?" — dessa vez o pequeno não evitou mais.

E assim que se entenderam Sophia se levantou, conectando seus pensamentos. O que ela queria era transmitir uma nova ideia para seu companheiro, e evitar pontas soltas. Por isso, muitas vezes, Sophia preferia apenas uma boa e velha conversa com seu parceiro.

"Além do mais, você já é parte da minha armadura e não vou separá-lo dela, pois é muito importante para que minhas ideias funcionem. Também faz parte do plano." — Sophia piscou para a criaturinha sentada perto de seus pés: — "Onde quer que haja um pouco da sua massa escura, você poderia conectar esse ponto ao palácio, certo? Como se você pudesse se transformar em um portal para ele"

O animalzinho concordou com um meneio de cabeça, ele ainda não tinha entendido o ponto, mas seguiu o fluxo. Ela já havia entendido que muitas vezes sua mestra adorava repetir seus pensamentos para que, ela mesma, conseguisse conectá-los melhor em sua mente.

"Você também pode usar seu poder para modificar qualquer coisa dentro do seu palácio, certo?" — Sophia avançou mais um degrau em sua explicação.

"Dá mestra!" — o bichano irrompeu. Sophia fez uma feição confusa. — "O palácio é um poder da mestra, e meu controle sobre ele existe porque a mestra permitiu, eu só posso acessar o poder da criação que jaz nele por isso, apesar de pôr enquanto só funcionar dentro do palácio e estar um pouco limitado" — completou.

"Defina limitado?" — Sophia interrompeu suas explicações para questionar.

"Só posso realizar, dentro dele, ações equivalentes a uma telecinese básica" — o animalzinho respondeu de maneira direta.

Era por isso que Sophia gostava de esclarecer as coisas conversando. Blasph tinha transmitido o que sabia a ela, mas sempre que transmitiam conhecimento, se não tivessem uma imagem clara, parte da informação se perdia no processo. Sophia já sabia que o poder pertencia exclusivamente a ela, mas não tinha ciência desses pormenores, e ela, como jogadora de RPG, sabia muito bem que o diabo morava nos pormenores.

Então, tentando compreender melhor e ligar o que lhe fora transmitido ao que estava sendo falado, Sophia espremeu seus olhos, era um habito que tinha sempre que estava pensando em algo com muito afinco.

"Ou seja, com certeza você pode movimentar objetos; certo, certo..., mas e modificar suas formas, pode?" — fez uma nova pergunta.

"Apenas se for maleável, tipo metal, nesse caso posso alterar suas formas a força. A força física de Blasph sempre é uma multiplicação da força da mestra, então, mesmo que não seja uma transformação do meu corpo, posso fazê-los ficar na forma que a mestra desejar" — respondeu com um grande sorriso, Blasph adorava parecer útil, mas logo fez uma observação pertinente. — "Infelizmente o palácio da mestra ainda não pode reestruturar e reorganizar a matéria de acordo com a sua vontade. O poder da mestra sobre a criação ainda é irrisório, mas Blasph têm certeza de que a criadora o recuperará em breve" — exalou certeza e animação.

Sophia ficou boquiaberta: "Reestruturar a matéria?" — ela repetiu aquela frase apenas para si mesmas várias vezes antes de sua ficha cair. — "O que você está achando que eu sou Blasph, Deus?" — questionou atordoada.

"Claro que não" — o gatinho riu. — "Muito mais sublime do que seres tão inferiores, a mestra é, e sempre será, o Mais Antigo" — ele afirmou sem nenhuma ponta de dúvida, e com uma certeza que enviou calafrios através da espinha dorsal de Sophia.

"Ooook..., mas deixemos isso de lado um instante" — tentou se esquivar daquele assunto, por mais que Blasph estivesse vivo, se considerar uma divindade parecia assustador.

Por isso Sophia apenas queria acreditar que não passasse de uma brincadeira de mal gosto do universo. Ela não podia negar a existência daquele animal esquisito, pois estava diante de seus olhos e ligado diretamente a sua alma, mas preferia acreditar que ele fosse apenas o personagem que criou em Maou que ganhou vida, pois sentia que, se pensasse de outra forma, enlouqueceria.

Ao encarar os olhos brilhantes de seu fiel companheiro, olhos que pareciam ansiosos, ela pigarreou: "Hump, hump" — Considerou que era surreal demais para que pudesse lidar, se voltou para o tema principal daquela conversa. — "O importante é que preciso de você controlando esse poder pra mim, e criando estruturas lá dentro, é possível?"

Sempre houveram coisas esquisitas demais em sua vida, Sophia sabia disso, e justamente por saber é que estava se negando a cair dentro daquele abismo. Havia algo estranho naquilo tudo, mas ela estava preferindo se focar no agora.

"Sim" — o pequeno ficou feliz em confirmar.

"Então quero que a partir de agora faça algumas armas que não usem muito do conteúdo de seu corpo. Troque-o pelo material que estamos guardando dentro do palácio. Mesmo que o resultado seja rudimentar, está tudo bem" — começou a explicar seu plano.

"Tu-tudo bem" — o gatinho pensou em protestar, mas no fim, apenas conseguiu aceitar cabisbaixo. — "Então o poder de transformação de Blapsh é inútil para a mestra" — suspirou

"Muito pelo contrário" — Sophia corrigiu — "Ele é extremamente importante, pois como disse, quero que crie estruturas pra mim lá dentro, e só temos uma forma de fazê-las, e é com seu poder" — piscou para o animalzinho, tentando confortá-lo. — "Só que precisamos de uma nova abordagem para suas transformações. Me corrija se estiver errada, mas o material que compõe Blasph pode ser qualquer coisa, exceto materiais no estado gasoso ou mais líquidos que seu estado normal, certo?"

"Certo" — o gatinho confirmou.

"Essas suas transformações incluem todas as características do material, certo?" — e antes que o animal respondesse, Sophia fez uma adição para que ficasse mais claro. — "Ou seja, densidade, massa, peso, correto?"

Blasph balançou sua cabeça positivamente, sentindo que estava perto de entender, mas que ainda faltava uma luz. Percebendo isso Sophia pegou a criaturinha em suas mãos e o levantou na frente de seu corpo, colocando-o diante de seus olhos.

"Blasph, por um acaso seria possível manifestar apenas uma única característica do material?" — Sophia o encarou meio de lado e levantando sua sobrancelha direita deixou escapar um sorriso faceiro; esperando que o mesmo chegasse na conclusão que ela queria.

O gatinho estreitou seus olhos, e percebendo que sua mestra queria algo dele, se esforçou para compreender a ideia. E, após muito lutar, enfim dois neurônios se conectarem formando um novo caminho. O gatinho teve uma revelação e sentiu sua cabeça expandir, não literalmente, claro, mas enfim ele conseguiu compreender a ideia geral de sua criadora; e ao entender, sorriu.

Assim que o animalzinho entendeu os braços de Sophia, que segurava a criatura no ar, começaram se curvar. Blasph de repente ficou mais pesado, um peso que surgiu sem que o mesmo ficasse maior ou alterasse o material de seu corpo.

Sophia sorriu e devolveu o animalzinho para chão, sentando-se em seguida ao lado do mesmo, assim como faria uma amiga que deseja desabafar.

"Quando você me contou aquelas coisas mais cedo. Sobre como você funcionava e tal, eu percebi que tinha entendido errado, na hora me martirizei, mas então compreendi que é assim mesmo. Faz parte da experiência no final das contas, e com isso fiquei pensando: O que mais eu posso ter entendido errado? E cheguei a uma conclusão. O material de seu corpo é quem manifesta as características dos materiais que você consome. Foi uma epifania ferrada, pois comecei a entender meu erro de concepção" — Ela suspirou, mas não de uma forma triste, era mais como um suspiro que surge ao se deparar com ideia empolgante.

E Blasph não desviou o olhar.

"No início pensei que, como você podia se transformar, a gente podia aproveitar isso usando a inércia. Mas agora percebo que me foquei demais na palavra transformar. Antes eu achava que para adquirir o peso que queria para meus golpes, você precisaria..." — enfatizou aquele ponto — "...se transformar em coisas pesadas, e no caso dos meus socos, isso aconteceria criando uma grande manopla de materiais variados" — suspirou — ", mas agora eu compreendi que não era bem esse o ponto. Então eu pensei, se Blasph pode se transformar em qualquer material, incluindo manifestar todas as características do mesmo, ficar fazendo toda essa firula de pensar em estruturas é uma perda de tempo" — concluiu.

"Demora demais..." — o gatinho logo entendeu o ponto.

"Exatamente" — Sophia se virou para o pequeno expressando concordância e já logo se adiantou: — "Fazer você se transformar em todos os materiais que compõe a manopla que penso toda vez que quero socar não faz sentido, são etapas demais, e demora demais, mesmo que seja questão de frações de segundo. Esse é um mundo mágico, se surge alguém cujo o poder é velocidade, talvez estivéssemos mortos antes mesmo de confeccionar qualquer arma. E por isso o palácio também é tão importante. Quero que você deixe algumas armas prontas lá dentro, de antemão, fora as estruturas que ainda quero que você construa, pois não esqueci da panela de pressão." — Ela sorriu ao se lembrar da ideia mirabolante que teve recentemente. — "Enfim, não só têm espaço lá dentro, como podemos usar o teleporte inato dele para fazermos armas surgirem do nada" — completou.

"Compreendo" — o gatinho balançou sua cabeça positivamente, ele havia reagido mal a algumas coisas, e muito por preocupação.

Blasph amava sua mestra, e amava ao ponto de que, se precisasse destruir o universo para protegê-la, ele o faria sem qualquer remorso. Quando sua mestra propôs as coisas que propôs; a princípio, ele se sentiu mal por achar que não estava sendo útil na proteção de sua criadora, mas como sempre, sua mestra o surpreendeu, pois apesar das dificuldades, ela já tinha concebido tudo.

Sentindo o que seu animalzinho sentia, Sophia acariciou o mesmo: "Ei, não se culpe por nada, tá bom?" — chamou a atenção de Blasph, que balançou sua cabeça positivamente em resposta, e sem esperar alguma outra reação ela continuou: — "Nós estivemos treinando para superar todas essas dificuldades, quando você me disse que eu não podia usar magia, confesso que fiquei triste, mas se é assim, então criarei as minhas próprias magias. Não aprendi um pouquinho de física por nada. Além de que, se tratando de você; essa informação de que possui uma boa quantidade de material sem conhecimento agregado a sua disposição, me deu algumas ideias" — a jovem não hesitou em curvar seus lábios destilando uma certa malícia. Ela já conseguia imaginar a cara de surpresa de seus inimigos quando vissem o que planejou. — "Mas enfim, me focando no agora" — estapeou levemente suas bochechas — "Quero saber, Blapsh, você pode manifestar qualquer característica de um material, certo?" — perguntou de maneira retórica, mas o animalzinho não hesitou em confirmar com um simples olhar de aprovação. — "Então isso quer dizer que você poderia manifestar o peso de tudo que consumi, não é mesmo?"

O gatinho sorriu, e já tendo entendido o ponto, respondeu: "Sim"

"Então temos em mãos um soco de cinco mil quilos, e que pode ser manifestado sem que o inimigo saiba" — Sophia se divertiu com a ideia, pois devido a não precisar realizar uma transformação, ninguém tinha como saber que o seu punho havia, magicamente, ficado muito mais pesado.

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