Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 16 - Magia: Panela de Pressão

"É aqui?" — Sophia olhou para o gatinho gelatinoso sentado ao seu lado.

"Acho que sim" — o animalzinho sentado em sua cabeça não transpareceu muita certeza.

Ali estava Sophia, parada em meio a uma densa floresta encarando a vastidão de árvores que se estendia a sua frente, mas apesar de ser uma visão exatamente igual a que via em qualquer uma das outras direções, Sophia sentia que a partir daquele ponto não deveria seguir em frente. Era como se uma força invisível a estivesse avisando que era perigoso.

Então, tomando folego, reestabeleceu sua coragem: — Lá vou eu!

Começou a andar em direção ao que quer que fosse que estivesse na sua frente. Assim como uma pessoa perdida em um ambiente escuro faria, ela esticou sua mão direita no intuito de tocar qualquer barreira que não pudesse ver, se aproximando cuidadosamente.

A cada passo que dava a sensação de que não deveria fazer aquilo crescia em seu peito, e uma força invisível parecia tentar empurrá-la para trás. Com seus olhos Sophia não conseguia ver nada de diferente no ambiente, mas ela sentia que estava se aproximando de algo. E quando se aproximou o suficiente, foi que entendeu, pois de repente houve uma mudança no ambiente a diante.

Conforme Sophia avançava a imagem que via parecia cada vez mais falsa, e não demorou para que tivesse certeza de que era, pois diante de sua mão, a mesma que estava usando para tatear o espaço vazio, surgiu uma alteração. No ponto em que a mão de Sophia apontava, a imagem se desfez dando lugar a uma superfície branca e rígida semelhante a uma parede. A deformação no espaço a frente foi parecida com aproximar um ímã da tela de um televisor ligado.

— Surreal! — ela ficou boquiaberta. — Então talvez... — Sophia se aproximou um pouco mais.

Não! — a voz de um jovem que deveria estar desacordado surgiu de repente.

Sophia imediatamente retraiu sua mão e olhou para trás. Sentado sobre a esteira na qual deixou o garoto, o mesmo a encarava, assustado.

— Você não deveria se esforçar! — ela o repreendeu.

— E eu não posso deixar você fazer essa loucura — ele retrucou preocupado.

— E o que têm demais tocar nisso? — questionou franzindo seu cenho.

— É perigoso! — Daren respondeu tentando parecer resoluto.

Sophia suspirou: — Você não sabe, né? — encarou o garoto que, por um instante, vacilou diante de seu olhar julgador.

— M-me disseram que é perigoso, eu não preciso ser teimoso para descobrir — o jovem desviou seu olhar, coçando a parte detrás de sua cabeça.

Uhum — Sophia riu ironicamente, percebendo que o jovem não sabia o motivo. — Garoto, você está morrendo aos tiquinhos e precisa de ajuda profissional, então se eu não encontrar uma, simplesmente já era pra ti. — Ela imediatamente se voltou para a parede invisível, esticando sua mão novamente.

— Mas você não precisa se matar! Têm uma Clériga no meu grupo, ela é versada em magia de cura, então, se os encontrarmos, talvez ela possa... — Daren disparou.

— Apenas SE a gente achar o seu grupoSophia deu bastante ênfase na palavrinha probabilística que fazia toda a diferença. — Olha, tu me pediu socorro, e eu te socorri, se quiser morrer, então vaza — confrontou o jovem.

— Mas... — o garoto tentou protestar, e antes que pudesse, Sophia o cortou.

— Quer morrer? — questionou-o se voltando novamente para o mesmo, encarando-o com seus olhos felinos.

Daren engoliu em seco, seu corpo tremeu e o mesmo ficou aflito.

— Não, mas você também não precisa ir tão longe por um cara como eu — respondeu consternado — é tudo culpa minha — abaixou sua cabeça.

Sophia ficou em silêncio por alguns instantes, apenas observando o jovem. Ela conhecia aquela sensação, mas sabia, também, que ficar se lamentando não ajudaria em nada.

— Olhá, me desculpa, mas nós nem sequer sabemos se eles estão vivos! — arremessou aquela possibilidade sobre o colo do jovem, que, rapidamente, começou a mover sua boca, mas o fez sem conseguir expressar sua opinião diante da possibilidade infeliz. — E antes que você esperneie dizendo que estão... — Sophia irrompeu se virando totalmente para encarar o jovem nos olhos — ...lembre-se que a maior chance dentro desse ambiente, é a de que não estejam vivos.

O garoto emudeceu. O que Sophia estava lhe dizendo não era nenhuma novidade, e em verdade, ele sabia que as chances de estarem pior do que ele, eram altas. O ataque pegou todos desprevenidos, mesmo os mais observadores tiveram dificuldades para entender. Quando viram, a enorme criatura já estava sobre eles.

Mas apesar de não conseguir negar a possibilidade, ele queria acreditar, e foi por acreditar que finalmente seus lábios se moveram: — Eles são fortes! — reafirmou.

— Não duvido — Sophia se voltou para a parede invisível, mas antes de tocá-la, suspirou e encarou o garoto uma vez mais. — Eu não sei o que você fez para sentir tanta culpa, e é bonito que confie tanto em seus amigos, mas eu não posso correr com você por aí em busca de pessoas que eu sequer sei se estão vivas ou não — explicou tentando transparecer a maior tranquilidade possível — eu acho que não preciso lhe explicar isso, mas esse ambiente é perigoso... — concluiu, mas omitindo a última parte, uma que observou apenas em pensamento: ..."e tenho quase certeza de que estamos sendo seguidos"

Derrotado pelos fatos o garoto balançou sua cabeça, deixando claro que Sophia não estava conversando com uma porta, mas mesmo que concordasse em parte, não se absteve de responder: — Eu só não posso pedir que se mate por minha causa.

Os ombros de Sophia penderam, ela entendia a preocupação do jovem, mas estava decidida.

— Se me der certeza de que tocar nessa parede vai, sem sombra de dúvidas, me matar, eu volto atrás — ela cruzou seus braços, esperando uma resposta adequada por parte do garoto.

A verdade é que mesmo a partir das memórias de Ilvre, ela não sabia o que poderia acontecer. Apesar de já ter estado diante daquela parede invisível, a Elfa Escura nunca tentou sequer tocá-la, e exatamente por ela já ter estado ali que Sophia sabia como chegar naquele ponto. Observando ao redor ela facilmente percebeu que não era só a Elfa que temia, sequer havia qualquer barulho de criatura ao redor, todos os monstros dali respeitavam aquele limite.

Daren abriu sua boca algumas vezes, antes de, por fim, responder, consternado: — Eu não tenho certeza — admitiu — só me disseram que é perigoso tocar as barreiras de um ninho — completou.

— Então vale a pena tentar... — Sophia se virou de uma vez. — "Já me disseram que minha alma é estranha" — pensou, e em seguida completou: — ...vai que, né?! — não dando tempo para ela mesma sequer repensar ou deixar que lhe falte coragem, socou a estrutura.

Assim mesmo, de supetão, ela se virou para a parede invisível e bateu com toda a força que conseguiu reunir, e um som similar a curto circuito se espalhou por aquela floresta.



O cheiro gostoso rapidamente preencheu suas narinas, e em seguida escutou um chiado. Aquela jovem não esperava ouvir aquele som tão cedo, ao menos, não dentro daquela floresta, mas agora ele chegava até seus ouvidos. Considerando o cheiro gostoso que permeava o ar, ela conseguiu compreender de onde vinha, e após ter se maravilhado o suficiente, enfim abriu seus olhos.

— Mestra! — a voz de seu gatinho surgiu preocupada, sendo a primeira a lhe cumprimentar.

— M-me ch-chama de Sophi, Blasph. — Sophia respondeu ainda meio grogue.

O gatinho, que estava sentado sobre uma árvore caída logo ao lado, suspirou aliviado. Quando sua mestra apagava o pequeno parava de receber informações sobre a mesma, e por isso ficava tão aflito. A única coisa que conseguia compreender nessas situações, era se a mesma estava viva ou não.

— O-o que aconteceu? — questionou, confusa com a enorme falha em sua memória recente.

Sua mente ainda girava sem controle, a única coisa que se lembrava era de um flash de luz azulado, e então ela simplesmente apagou.

Blasph se prontificou, mas uma terceira voz fora mais rápido: — Você desencadeou um ataque mágico defensivo quando tocou a estrutura de contenção do ninho — suspirou ao se lembrar da cena assustadora que desenrolou diante de seus olhos, pois, por um instante, sua salvadora brilhou igual a uma luzinha de natal. — Mas acho que dizer "eu te avisei" é um pouco pesado — concluiu.

Sophia encarou o garoto estava sentado sobre um tronquinho de madeira perto de uma fogueira improvisada, uma na qual havia no fogo um caldeirãozinho que apitava igual a uma panela de pressão.

— De fato é, principalmente quando essa pessoa aqui fez isso para tentar salvar seu rabo — desferiu um olhar afiado sobre o garoto, que engoliu em seco, e se voltou para sua panela no fogo.

Por alguns instantes o clima ficou meio estranho, mas Sophia cedeu.

Percebendo sua grosseria a mesma suspirou e após alguns segundos, questionou tentando parecer mais amigável: — Eu fiquei desacordada por muito tempo?

O garoto levantou um pouco seu olhar e balançou sua cabeça positivamente antes de enfim responder: — Umas três horas — disse olhando para o pouco de céu que conseguia ver através das copas largas e frondosas das árvores que compunham aquele ambiente.

— Isso tudo? — ficou assustada e por reflexo, encarou o gatinho para obter confirmação, mas o mesmo fez uma feição complicada, que logo deixou Sophia apreensiva. — "O que foi Blasph?" — não conseguiu evitar de questionar mentalmente o bichano.

"Eu também desmaiei junto com a mestra, então não tenho muita certeza" — ele imediatamente sorriu desconcertado.

Ao ouvir aquilo o coração de Sophia estremeceu e imediatamente ela correu em direção ao animal gelatinoso.

— Você se machucou? — ela ficou ansiosa, verificando o corpo do mesmo em busca de algum machucado visível, mas sem se atentar ao fato de que Blasph é uma geleia, e por consequência, o mesmo não ganhava feridas abertas ou expostas.

Com a ação de sua mestra o mesmo abaixou sua cabeça, desconcertado, e se sentindo meio inútil.

"Um pouco" — admitiu. — "aparentemente Blasph não é muito forte contra magia" — comentou exasperado enquanto desviava seu olhar insatisfeito, mas percebendo a agitação de sua mestra ele logo complementou. — "Blasph está bem, a mestra não precisa se preocupar comigo. Isso não quer dizer que não possa me defender, apenas me afeta mais do que ataques físicos" — ele disse atirando aquelas palavras o mais rápido que conseguia no intuito de tranquilizar o coração de sua criadora. — "Fora que eu ainda posso me regenerar consumindo um pouco de material, acho que algumas pedrinhas resolvem." — Sorriu tentando fazer parecer tudo bem.

Só que Sophia percebeu imediatamente a agitação que atingia o coraçãozinho daquele ser.

"Blasph, o que você está escondendo de mim?" — questionou encarando-o com seriedade.

A boquinha do animal se abriu umas quatro vezes antes de finalmente tomar coragem.

"Blasph, novamente, perdeu alguns conhecimentos" — o gatinho abaixou sua cabeça, tristonho.

"C-como assim?" — Sophia ficou incrédula.

Daren tirou a panela do fogo, mas não deixou de observar a cena que estava ocorrendo diante de seus olhos.

"O corpo de Blasph também funciona como massa cerebral" ... — explicou — ... "então, quando uma parte é destruída..."

"Você perde o conhecimento que estava na região atingida" — completou ela mesma, já entendendo as implicações daquela descoberta e se permitindo cair sentada com as mãos no rosto, desanimada. — "E o que você perdeu?"

Blasph abaixou consideravelmente sua cabeça: — "Eu perdi o material que compõe o presente que a mestra recebeu"

"O que?!" — Sophia ficou agitada — "Blasph, como assim? Explica isso direito, pelo amor de Deus!" — a mesma fez uma pausa para hiperventilar, aflita, e logo concluiu seu raciocínio: — "Eu achei que você tinha se fundido com a adaga, que agora era como se vocês dois fossem um só" — encarou o gatinho com ansiosidade em seu olhar.

"A mestra não está totalmente errada, Blasph se fundiu com a adaga, mas com o poder que jazia nela, não com os materiais que a compunham" — explicou.

"Qual diferença?" — ela ficou confusa.

"Toda vez que Blasph absorve um material, seja biológico ou não, Blasph o absorve convertendo-o em conteúdo de seu próprio corpo e em conhecimento estrutural replicável. Por isso que a massa escura que compõe Blasph aumenta quando eu como, mas cada centímetro de massa escura funciona em Blasph como se fossem células cerebrais, fibras musculares e ligações nervosas, tudo ao mesmo tempo."

"Calma Blasph, preciso de tempo, deixa ver se eu estou entendendo certo" — Sophia pediu uma pausa antes que o mesmo a bombardeasse com mais informações que pudessem deixá-la perdida na conversa. — "Quando Blasph se fundiu com a adaga, você ganhou as habilidades da mesma, certo?"

O gatinho balançou sua cabeça positivamente.

"Quando Blasph absorve uma coisa, essa coisa se converte em conhecimento e mais gelatina para o seu corpo, ok. Mas o conhecimento sobre o material absorvido é que o permite replicá-lo usando a habilidade que ganhou com a adaga, estendi certo?" — Sophia indaga novamente.

"Exatamente, Blasph ficou com a habilidade da adaga porque o corpo de Blasph é muito compatível com a habilidade de transformação" — o gatinho concordou feliz, explicando sua conclusão própria.

Sophia não conseguiu evitar aquela afirmação. — Meu sonho ainda não está perdido! — a mesma não se controlou e irrompeu de repente.

Daren, que bem no momento estava abrindo sua panela para pegar uma colher de comida e verificar se seu cozido estava gostoso, com o susto do grito repentino feito por Sophia, virou um pouco do conteúdo fervente em sua língua, queimando-a no ato.

— Porra! — gritou esfregando sua boca com a mão e correndo para beber o pouco de água que havia em seu cantil.

"Desculpa" — Sophia disse internamente, mas sem se preocupar com o garoto logo se voltou para o animal diante de seus olhos, pois definitivamente não queria ignorar aquele ponto. — "Se nós encontrarmos um item com habilidade compatível, Blasph poderia absorver o poder?" — questionou com um mar de ansiedade e excitação explodindo em seu peito.

"Sim" — confirmou o animal.

E aquela resposta quase enviou Sophia a loucura, se não fosse Daren ao redor, talvez ela tivesse dançado de felicidade, mas decidiu evitar.

"E você sabe as condições de compatibilidade?" — Sophia pediu por mais informações, ela definitivamente queria saber tudo sobre aquele assunto e não deixar passar nenhuma letra.

"Bem, quando me aproximar de um fragmento, vou sentir" — Blasph respondeu.

Sophia quase explodiu em excitação novamente, mas se controlou, e logo que se acalmou, se lembrou do assunto que acabou negligenciando e ficou cabisbaixa novamente.

"Isso não muda o fato de que eu tinha te entendido errado esse tempo todo" — Sophia suspirou desanimada diante da constatação. — "Quando você disse que se fundiu com a adaga, ganhando seus poderes, achei que o mesmo acontecia com o resto. Que quando você absorvia um material, o mesmo se tornava parte de seu corpo, meio como se você se fundisse com tudo que come" — explicou.

"E era pra ser assim" — o animalzinho gelatinoso encarou o chão.

"Hã?!" — foi a única reação que Sophia conseguiu expressar.

E o gato não se demorou em explicar: "Blasph não deveria perder conhecimento assim, sei que é só uma desculpa para a inutilidade deste humilde servo, mas quando aquela atendente de Alster tentou formar um contrato forçado, ela deixou uma fissura no senso próprio de Blasph e bagunçou minha estrutura" — o gatinho suspirou para imitar sua mestra, já que não precisava fazê-lo de fato, pois o mesmo não possuía pulmões que necessitassem de ar. — "Por isso Blasph não consegue mais reunir conhecimento, ela não sabia o que estava fazendo quando tentou me capturar, e por isso fez de qualquer jeito" — destilou um pouco de raiva ao final.

— VADIA! — Sophia não conseguiu evitar de gritar, quase fazendo com que o garoto ali presente engolisse mais comida quente no susto. — "Vadia, desgraçada, filha de um jumento esgangalhado dos infernos, QUE DESGRAÇADA! Se não vai ajudar, não atrapalha porra!" — praguejou enquanto caminhava em círculos, levando suas mãos até a cabeça e por vezes massageando suas têmporas no intuito de diminuir o estresse.

Por um tempo Daren ficou observando a cena boquiaberto, e apesar de não ter dito nada, estava claro em sua feição uma simples pergunta: "Será que ela tem problema mental?"

"M-mestra?!" — Blasph ficou um pouco preocupado com o descontrole repentino de sua criadora.

"Eu to bem" — Sophia irrompeu, claramente nervosa, mas rapidamente tentando construir um sorriso. — "Mas isso não muda nada, a gente acha um jeito" — ela rapidamente se virou para o animal e pegou a criaturinha em seus braços, este que ainda era seu querido gato de estimação — "Nada disso foi sua culpa, então, sem choramingo. A verdade é que já passou do tempo de nós exploramos melhor nossas habilidades, e eu tenho algumas ideias." — adulou o mesmo, transparecendo confiança. — "Mas já que perdemos o material da adaga, vamos precisar de metais melhores" — concluiu.

"Me desculpe" — o gatinho não conseguiu evitar de se sentir triste.

Por mais que aquela adaga em si tenha permitido que Blasph se transformasse em qualquer material, a mesma naturalmente vinha com um dos melhores materiais possíveis. A habilidade de não ser destruída não era uma habilidade em si, mas uma característica do próprio metal que compunha a adaga. Aquele era simplesmente um bom metal, mas agora Sophia o havia perdido.

"NÓS perdemos" — Sophia fez questão de colocar ênfase naquele ponto. — "Eu também fui muito descarada em usá-lo de qualquer forma, desculpa" — ela disse sorrindo para seu fiel companheiro.

"Eu me sacrificaria pela mestra" — respondeu.

"E eu por Blasph" — Sophia não recuou.

Imediatamente o gatinho ficou sem jeito, mas para que não ficasse estranho, Sophia logo se prontificou, ela ainda tinha algumas dúvidas pendentes.

"Só me esclareça uma coisa, Blasph, quando nos deparamos com aquele sujeito..." —, Sophia sussurrou, apesar de falando mentalmente, e apontou para Daren, que logo reagiu ao perceber que estava sendo envolvido em uma conversa que não conseguia ouvir, mas a jovem ignorou-o completamente e continuou se comunicando com seu parceiro — "...você disse que podia mover sua consciência, e eu supus que essa consciência era uma espécie de cérebro, não achei que seu corpo inteiro fosse um grande cérebro" — indagou.

"Ohhh" — Blasph rapidamente compreendeu o mal entendido. — "O que Blapsh chama de consciência é o núcleo do ser, não é material, apenas armazena meu senso de mim mesmo"

"Tipo uma alma" — Sophia entendeu o conceito.

"Exato, nele existe o essencial para que o eu de Blasph não se perca, mas não guarda todo o meu conhecimento, pois o conhecimento é físico" — explicou.

"Então mesmo se o corpo de Blasph for todo destruído, você ainda poderia existir?" — questionou.

"Sim, pois o núcleo de Blasph está conectado com a mestra, então, se meu corpo for destruído, ainda consigo voltar" — respondeu, e em seguida estufou seu peito orgulhoso: — "Inclusive, é justamente por Blasph possuir essa ligação tão estreita com a mestra que consegui defendê-la da mensagem do velho, e estou convicto de que posso proteger a mestra de qualquer controle mental que for"

"Então deixo isso com você" — ela adulou a criaturinha em seu colo, sorrindo para o mesmo.

Daren também sorriu enquanto observava o gesto terno ao mesmo tempo em que comia tranquilamente o almoço que havia preparado.

"Bem, se entendi certo, o conhecimento sobre o que você absorve fica alocado em seu corpo, e não pode ser movido, certo?" — Sophia questionou um dos pontos que ainda a deixava em dúvida, pois dessa vez ela não queria deixar nada passar por ela.

"Sim, sempre que Blasph absorve algo, o conhecimento do que é aquela estrutura absorvida vem junto, mas vêm apenas o conhecimento físico, que é o que Blasph pode replicar. Por isso Blasph não consegue copiar os poderes das criaturas que come, pois aparentemente os poderes mágicos nesse mundo surgem no âmbito espiritual" — disse, e após uma pequena pausa concluiu: — "Mas existe alguns espaços vazios, por exemplo, Blasph só percebeu isso dessa vez. Quando Blasph foi explodido por aquele lobo, não perdeu nada, pois atingiu uma parte do meu corpo que não tinha conhecimento preenchendo-a. Blasph acredita que sempre que absorve alguma coisa ganha mais células do que o conhecimento real ocupa"

"E você não conseguiria identificar esses espaços vazios?" — Sophia observou o ponto.

Blasph pensou por alguns instantes.

"Acho que é possível" — concluiu após tentar comparar as ligações feitas pelos seus neurônios.

"Então pronto, tudo que for conhecimento, guarde em meu palácio. Dessa forma a gente garante que pelo menos não vamos perder nada importante no meio de uma batalha" — disse e então concluiu com uma observação pertinente — "Seria horrível perder um conhecimento importante no meio de uma batalha"

Ela se virou, voltando a se sentar sobre a esteira de fibras onde acordou sobre, e enfim voltando a olhar para jovem que salvou enquanto se imaginava perdendo o conhecimento sobre como transformar o gatinho em ferro e ficando sem uma arma efetiva. Mas assim que viu o jovem comendo tranquilamente, enquanto os observava, ficou boquiaberta.

— De onde raios você tirou um prato? — questionou o garoto, e enfim se lembrando que não havia dado a devida atenção para o recipiente, agora aberto, mas ainda sobre o fogo. — E de onde veio uma panela de pressão?

Até onde Sophia se lembrava, o jovem não tinha nenhum daqueles itens quando o encontrou.

— Bem... — o mesmo abaixou a colher que já estava prestes a levar até a boca quando foi questionado — ...é de bom tom para qualquer um que vá explorar um ninho, levar uma bolsa de viagem — respondeu já metendo sua mão em uma bolsinha e tirando um segundo prato.

"É claro que é!" — Sophia suspirou, se levantando e pegando o objeto das mãos do garoto.

Aquele era um mundo mágico, então não era inesperado que coisas como aquela existisse, mas a facilidade com que encontrou uma, a deixou um pouco triste.

"E lá se vai uma das vantagens do meu palácio" — reclamou internamente. — Obrigada! — sorriu para o jovem.

Apesar de ter conseguido acesso a esse espaço conectado a ela mesma, Sophia ainda não tinha pensado bem no que fazer com ele, então por enquanto repetiu o que seu presente tinha feito, ou seja, usou aquele espaço para guardar coisas.

Especificamente, estava usando para guardar o conteúdo gelatinoso excedente que compõe o corpo de Blasph. Depois de comer muito o corpo do animal ficou maior do que ela poderia esconder, além de mais pesado do que ela suportava. Por mais que Blasph conseguisse comprimir sua massa, fazendo com que uma parte gigante ocupe um pequeno espaço, seu tamanho total, no agora, era bem maior do que o vestuário de Sophia conseguia esconder. Dez mil litros não se convertem em um peitoral de couro.

Enfim, após pegar sua comida, Sophia simplesmente tampou a panela. O recipiente parecia um caldeirãozinho de bruxa, mas nas bordas do mesmo haviam duas presilhas, similares às de marmitas, que quando eram prendidas pressionavam a tampa, impedindo que a pressão escapasse. E para que não explodisse, havia um pino no centro que, ao ser empurrado pela pressão, destampava duas pequenas aberturas e deixava parte da pressão escapar.

"Engenhoso" — Sophia sorriu. — "Eu fui muito burra de não ter pesado nisso, aqueles coelhos teriam sido cozinhados tão rápidos" — a mesma suspirou ao perceber sua idiotice.

Já que nas memórias de Ilvre a mesma assava, Sophia simplesmente repetiu as ações da Elfa, mas se esqueceu de que com o metal que Blasph absorveu, a mesma poderia fazer uma panela.

"Idiota..." — se martirizou enquanto observava atentamente a panela reganhar pressão e o pino metálico levantar. — "Ele parece que está flutuando" — Sophia sorriu e logo pensou que, se não tivesse uma bordinha para segurar o pino, o mesmo provavelmente seria arremessado longe.

A mente de Sophia vagava muito rápido, era uma de suas características. Boa parte de seus personagens advinham do dia a dia.

E não precisou de muito para que ela concebesse aquela habilidade, assim que visualizou o pino da panela sair voando, ligações foram feitas e imagens surgiram, mas dessa vez não fora as memórias de Ilvre, mas sim, as suas próprias. Ou melhor, foi sua criatividade sem limites, agindo.

— Ei, já tá cozido, não precisa de mais pressão! — Daren reclamou. — E isso é perigoso sabia? Já vi o teto de uma casa ser arrancado pela explosão de uma dessas — o jovem suspirou.

— COMO EU NÃO PENSEI NISSO ANTES! — Sophia quase enlouqueceu com a ideia, gargalhando alto só pelo simples vislumbre.

"Mestra?" — Blasph foi pego de surpresa.

Sem perder o sorriso que ganhou de repente, Sophia encarou o animalzinho, e assim que o fez, suas ideias foram transmitidas. Os olhos do bichano pareceram brilhar.

"É possível?" — perguntou para seu companheiro fiel, e o mesmo rapidamente respondeu balançando sua cabeça positivamente.

"Então precisamos obter metal e lenha, pra ontem" — Sophia observou e seu gatinho concordou, e sem esperar, ela logo se virou para o jovem que ainda comida. — Daren, arrume suas coisas!

— Por que? — o garoto ficou confuso com a progressão de acontecimentos.

Sophia riu da ideia, mas bem-humorada fez questão de responder, mesmo parecendo uma resposta ridícula: — Eu acabei de descobrir a magia da panela de pressão.

Daren ficou incrédulo, pura e simplesmente, incrédulo, pois não havia palavra em seu vocabulário que fizesse jus ao que estava sentindo. Apesar de suas feições denunciarem o que estava pensando, e era um claríssimo: "Você é maluca!"

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro