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Capítulo 11 - Cheat

Seu corpo estava leve e sua mente limpa. A confiança que exalava faria qualquer um achar que Sophia nasceu no campo de batalha, que ela havia nascido para guerrear ou duelar, mas não era este o caso. Sophia sabia que toda essa confiança era fruto dos esforços de outra pessoa, a jovem Elfa Escura chamada Ilvre. Tendo elas se juntado para serem uma coisa só, agora, as habilidades de Ilvre também eram de Sophia.

Quando pediu por uma arma, uma das poucas que ela conhecia surgiu em sua mão direita. Vendo o que veio, sorriu, pois não tinha como ser mais adequado. Em sua vida anterior ela não teve acesso a muitas coisas do gênero, mesmo tendo observado atentamente as aulas de Kendo e esgrima que eram ministradas na academia ao lado, nunca praticou oficialmente aquelas artes e nem teve acesso a uma espada de verdade. Quando pensou em entrar em uma delas, sua vida desandou e parou de praticar até mesmo o que já praticava. Então, ferramentas de trabalho são o mais próximo que chegou de um arsenal. Mas havia uma arma em específico que, por vezes, lhe fez se sentir uma grande espadachim. Uma que usou para treinar os poucos movimentos que observou aqueles mestres fazerem em suas aulas.

O que apareceu em sua mão direita foi um enorme facão de vinte e duas polegadas, mas apesar de ser um facão definitivamente não parecia comum. O primeiro ponto foi sua leveza, Sophia nunca imaginou que uma arma daquele tamanho pudesse ser tão leve. O segundo ponto foi sua aparência, sua empunhadura era feita de um polido osso branco e possuía magníficos detalhes dourados, tanto nos três rebites reluzindo como ouro, quanto no ornamento de seu pomo, que possuía o detalhe de parecer a cabeça de uma onça. Ele era belo ao ponto de Sophia achar, por alguns instantes, que talvez fosse uma arma ornamental. Se não fosse sua lâmina negra, fina, ameaçadora e com um belíssimo padrão arroxeado que lembrava um fluxo de água, algo muito próximo do que se vê em uma lâmina de aço damasco, ela teria achado que não passava de um adereço.

Ao ver uma arma assustadora surgir do nada na mão daquela jovem, os macacos diminuíram seu avanço ao ponto de quase recuarem um passo, mas não ousaram desviar seus olhares. Ainda assim foi uma oportunidade, e com isso, instintivamente e quase movendo-se sozinha, Sophia tomou a iniciativa.

Com um pique que só poderia ser descrito como o de um corredor profissional ela fechou a distância em poucos passos. Quando Sophia fez seu tiro as criaturas ainda estavam a uns dez metros dela, mas quando correu pareceram centímetros. Os olhos da garota brilharam, e afiando-os aproveitou a força sobre humana que ganhou, mirou na garganta da criatura mais a sua esquerda e atacou.

"Mestra!" — a voz cacofônica ressoou em sua cabeça, foi um aviso.

Quando ouviu Sophia rapidamente afunilou sua percepção e ao sentir um arrepio, recuou imediatamente. O arqueiro em posição não era um amador, e por um triz Sophia não teve sua cabeça perfurada.

"Obrigada" — ela agradeceu o bichano, sem se deixar abalar.

A flecha zuniu no ar e de tão forte que foi seu lançamento explodiu sobre a superfície de uma árvore mais afastada. Sophia não parou para olhar, mas sabia que a mesma possivelmente havia sido esfacelada pelo impacto. Aquela força era simplesmente surreal, ainda mais considerando um simples arco rudimentar.

"Como é possível?" — ela não conseguiu evitar de se impressionar.

"Sendo sincero, não possuo total compreensão da situação, mas creio que chamem isso de manipulação" — Blasph respondeu com base no que ele conseguiu analisar dos fragmentos de memórias que conseguiu salvar de Ilvre. — "Mil perdões mestra" — Blasph se desculpou humildemente, e apesar de fundido com aquela arma, tendo se transformado nela, Sophia sentiu através da ligação que compartilham que o bichano estava se curvando em respeito.

No instante seguinte os demais macacos se recuperam do choque. Eles não acharam que Sophia tivesse alguma forma de vencer a distância tão facilmente. Mesmo eles, sendo ágeis como são e se movendo como se movem, não conseguiam ser tão rápidos. Se não fosse o arqueiro de seu grupo talvez ambos já estivessem mortos.

Sem se deixarem abalar e com suas lanças rudimentares em mãos, eles estocaram com ferocidade. Nenhum deles pareceu um amador e com a enxurrada de golpes que desferiram só restou para Sophia a possibilidade de esquivar, defender e esperar uma grande oportunidade.

Para dificultar a vida da garota as criaturas também se posicionaram de maneira adequada, um mais à esquerda de Sophia, e outro mais à direita, deixando um espaço no meio para que o arqueiro pudesse ser o terceiro membro ativo na batalha. Além de que, após terem visto o armamento da jovem surgir do nada, ambos decidiram que era melhor aproveitar ao máximo a vantagem do alcance que possuem.

"Não é o momento adequado!" — Sophia irrompeu enquanto redirecionava com seu facão uma estocada desferida contra seu peito.

Com isso em mente ela suspirou, mas em momento algum perdeu seu foco e concentração. A cada novo movimento dos macacos, seu corpo regia com a resposta adequada. Muitas reações surgiram por puro instinto, mas ela sabia que se a mesma, Sophia, não possuísse alguma base, talvez já estivesse estirada no chão. Um, dois, três, quatro, cinco, golpes desferidos em sequência contra sua pessoa, e os resultados foram apenas ferimentos leves. Foi assim que aos poucos um padrão foi surgindo dentro dos avanços e, a cada momento, ficavam mais e mais previsíveis.

"Eles estão ficando aflitos" — Sophia observou o fato com um sorriso em face.

Analisando friamente, era compreensível que estivessem, pois não importava de onde atacassem ela sempre podia reagir, e a cada momento sentiam que a jovem ficava mais ágil. No início os macacos acharam erroneamente que estivessem com a vantagem. Usando golpes rápidos passo a passo a jovem foi sendo pressionada para trás, mas agora, apesar de ela estar se afastando, eles não tinham mais certeza sobre sua superioridade.

Então a abertura ocorreu, por um momento a jovem pareceu se descuidar, e o que eram dois se tornou um. Apesar da presença de Blasph; em batalha, Sophia era o único inimigo que eles estavam enfrentando diretamente, ao menos era o único que conseguiam ver. Ambos os macacos, ao perceberem aquela oportunidade, se apressaram para estocar a barriga da moça e fazendo isso miraram no mesmo ponto, tornando duas lanças em uma única preocupação. Sem perder a oportunidade Sophia girou seu facão e usando a lateral do mesmo rebateu ambas as armas jogando-as para seu lado esquerdo, imobilizando o movimento de seus inimigos por um curto período de tempo.

Aproveitando que o macaco à sua direita teve que avançar um passo para se equilibrar, Sophia se aproximou diagonalmente nessa mesma direção e se colocando estrategicamente entre o lanceiro e o arqueiro, tomando cobertura no próprio macaco e impedindo que flechas viessem, tentou lançar um golpe horizontal com sua arma.

"Droga!" — esbravejou em sua mente.

Assim que tentou golpear percebeu que devido ao quão próximos estavam, não conseguiria, pois havia avançado demais.

Tendo visto o erro da jovem o símio no qual ela mirou não perdoou o fato e imediatamente levantou seu punho na tentativa de aproveitar a distância e socá-la. Sophia decidiu fazer o mesmo. Ela sabia que não dava para golpeá-lo com sua arma, mas para não perder a chance fechou seu punho esquerdo, fez um desvio rápido para se esquivar do soco que fora desferido contra ela e como boa boxeadora contra atacou o rosto de seu inimigo. Não foi um golpe pesado, aquela não era sua mão dominante, mas desestabilizou levemente a formação. E apesar da falha, sentiu que havia algum aprendizado.

"Apesar de ter uma boa base aliada aos instintos e memórias de Ilvre, eu ainda sou eu" — Sophia sorriu em autodepreciação. — "Faz muito tempo que eu não pratico nada." — ela observou o fato.

Sophia não achava que fosse um grande problema ter parado de praticar, pois infelizmente, depois da morte de sua mãe, que era quem ganhava mais em sua família já que seu pai não passou da quarta série, seu estilo de vida classe média meio alta estava fora de questão. Além de que Sophia também era, na medida do possível, uma pacifista, e mesmo tendo praticado um bom leque de artes marciais, ela nunca se engajou em uma luta fora da academia. Em seu tempo na escola pública ela tinha visto algumas, e nunca acabava bem. Certa vez, na fila do lanche, ela viu dois garotos saírem no soco. Um dos jovens havia cortado fila. Foi realmente impressionante ver como a batalha escalou de uma discussão para agressão. Em algum momento a luta saiu de troca de socos para jiu-jitsu arcaico e, ainda por cima, na terra, pois eles haviam se jogado contra um canteiro ao lado do refeitório. O mais perto de uma briga que ela chegou foi ter sido ameaçada por uma garota que lhe acusou de ter roubado seu namorado. Sophia ficou em choque na época, ela nem sequer conseguia se lembrar do referido garoto, e muito menos se importava com ele.

A verdade é que Sophia nunca sentiu muita atração por outras pessoas. Em dado momento de sua vida ela até ficou com um certo receio, devido ao quanto seus pais e avós são religiosos, de ser homossexual, pois não conseguia se apaixonar por nenhum garoto, mas após algumas tentativas isso não foi nem confirmado, nem recusado. Não era como se ela não achasse alguns garotos e garotas atraentes, ela apenas não conseguia se importar muito. Seu maior desejo era ter grana, viajar, praticar, comer, jogar e dormir muito — e talvez adotar mais uns gatos. No fim não houve nem amor, nem guerra.

No instante em que a formação abriu o arqueiro símio mostrou sua proficiência. Assim que ele teve um mínimo de espaço uma flecha zuniu e afastou Sophia do macaco que ela havia acabado de socar. O próximo passo dela seria golpear a criatura com seu facão, esse foi o principal motivo por tentar afastá-lo com um soco, pois ela só precisava de algum espaço a mais, mas o arqueiro não lhe deixou brecha e seu recuo foi tempo suficiente para que o segundo lanceiro se preparasse para contra atacá-la.

— Tsc! — Sophia estalou sua língua em desgosto.

Ela também estava ficando um pouco impaciente.

Se seguisse nessa direção exatamente o que aconteceu com eles — realizar um golpe precipitado —, aconteceria com ela. Sophia sabia que só precisava tomar uma estocada daquelas lanças rudimentares para ver seus órgãos internos espalhados pelo chão.

Tentando se acalmar, ela analisou a situação.

"Eu preciso eliminar aquele desgraçado!" — se ela pudesse levar sua mão esquerda até a boca naquele instante, sem dúvidas roeria suas unhas. — "Mas como?"

Ela tentou pensar em como derrubar o macaco que se escondia atrás dos arbustos. De longe ele era o elo mais forte daquele grupo, além de ser o mais eficiente em sua posição, pois, por mais que ele não estivesse conseguindo acertá-la, se mesma descuidasse, ele facilmente aproveitaria. Fora sua boa capacidade de imobilizá-la a todo instante. O problema estava no como faria isso, pois ela definitivamente não podia arremessar seu facão. Não só porque ficaria sem sua arma, mas também porque não conseguiria arremessá-lo sem que a outra parte percebesse.

Foi então que, desviando novamente de uma flecha que zuniu violentamente próximo a sua orelha esquerda, ela se lembrou de algo.

"Será que?" — uma torrente de ideias atingiu sua mente.

Quando ela pediu por uma arma, ela apareceu do nada. Então...

"Blasph, se eu lançar meu facão e depois cancelar sua invocação, ele volta pra mim?" — um sorriso largo apareceu em seu rosto.

Por um instante Sophia sentiu como se o gato estivesse considerando a ideia, até que enfim pareceu ter recebido uma revelação.

"Como esperado da mestra." — ele a congratulou, e novamente Sophia sentiu que o bichano estava se prostrando de forma respeitosa.

Sophia acabou ficando um pouco desconcertada, pois em seu ponto de vista não era uma ideia revolucionaria ou especialmente sagaz, foi apenas uma observação.

"Se estiver dentro de trinta metros, é possível" — respondeu.

Se concentrando para não errar um passo Sophia se focou em desviar. Os símios se deliciaram com uma risada maliciosa, pois imaginaram que desviar de suas flechas e estocadas logo a cansaria.

"E pensar que até a pouco vocês estavam com cara de medo" — Sophia bufou internamente.

Para deixá-los ainda mais felizes e descuidados ela fingiu estar ficando mais lenta. Sophia deu um passo de cada vez, sempre se afastando a tempo, sempre tomando cuidado para parecer que estava desviando por pouco. Isso durou apenas até que eles errassem novamente. Apesar de os motivos serem diferentes, o resultado foi igual. Antes eles estavam ansiosos e se exaltaram, e agora eles foram confiantes demais. No momento em que as duas criaturas fizeram sua jogada, achando que haviam finalizado sua presa, Sophia rebateu as lanças para baixo e pisou com força sobre ambas. Eles novamente haviam cometido o erro de atacarem o mesmo ponto ao mesmo tempo, reduzindo a vantagem de terem duas armas. O pisão não fez com que soltassem seu armamento rudimentar, e muito menos Sophia tinha força para conseguir prendê-las no chão por muito tempo, mas o choque repentino fez os braços de ambas as criaturas estremecerem e momentaneamente os puxou para frente, juntando-os como um paredão.

Com a visão do arqueiro obstruída Sophia aproveitou as habilidades de sua arma. Quando a recebeu, a mesma não era mais do que apenas uma adaga que, no momento em que ganhou, no máximo crescia e virava uma espada. Ela não sabia os detalhes atuais de seu equipamento, mas como Blasph havia dito que iria melhorá-la ela não acreditava que suas habilidades anteriores seriam subtraídas. E ela não estava errada. Precisou apenas um pensamento para que seu facão se transformasse em uma faca de arremesso.

Aproveitando o choque das criaturas Sophia avançou em direção ao alvo mais próximo, o macaco mais a sua direita, e se engajou nele. Com a adaga em punho, ela levantou sua mão e desceu a mesma com força, pronta para enfiá-la na garganta do animal a sua frente, mas o choque nunca veio. Ou melhor, um baque surdo fora ouvido, mas nenhum dos macacos com lança morreu.

Aproveitando a aceleração do golpe e sua habilidade com as mãos, Sophia girou sua adaga em meio ao trajeto e antes que golpeasse o símio a sua frente, usou a inércia para lançá-la. O lançamento estava longe de ser o ideal, mas para compensar a forma bizarra com a qual estava fazendo, tentou ao menos imprimir o máximo de força possível naquele instante. Sophia nunca imaginou que tivesse tanta força. Se comparado aos macacos e sua musculatura aparente, ela achou que fosse um pouco mais fraca, mas claramente isso não era verdade.

Sophia não sabia onde acertaria, nem sequer se acertaria algo, mas o que ela fez foi observar bem de onde estavam vindo as flechas e tentar traçar um parâmetro com base no tamanho dos inimigos que haviam se revelado. Sem nenhuma surpresa se provou uma boa observação, pois uma criatura aflita se lançou para fora dos arbustos, engasgando-se com seu próprio sangue. Para ter certeza de que causaria um bom estrago Sophia mudou, no meio do caminho, o formato da adaga. O que acertou o macaco foi uma estrela ninja.

A antiga habilidade da adaga era mudar de forma desde que já tenha visto o objeto e possua os materiais, no caso de uma shuriken ela não precisava de mais do que o metal da própria adaga. Sophia não sabia o quão diferente as formas podiam ser, mas arriscou. Enfim, apesar de a força de arremesso ter sido monumental, não foi um golpe fatal, e o principal motivo disso foi uma das habilidades apresentadas pelo próprio macaco.

Se não fosse a arma ter ganhado quatro lâminas e um serrilhado capaz de destruir a carne, independentemente de ter acertado na área da retromandibular e jugular interna, mal teria sido um ferimento a se considerar. Isso prova quão boa é a habilidade de reforço da criatura.

O grito abafado de socorro chamou a atenção de seus dois companheiros, e apesar de Sophia não entender as palavras ditas por aquelas criaturas, sabia por instinto que o arqueiro havia clamado por algo parecido, mas não perdeu o momentum. Cancelando a convocação fez o facão ressurgir em sua mão esquerda, só que, infelizmente, foi bem mais lento do que ela esperava. Naquele instante ela viu ódio brilhar no rosto dos macacos restantes e sem se atrasarem um segundo sequer, eles atacaram. Sophia deu um passo para trás, mas acabou embaraçando nas raízes protuberantes de uma árvore. As criaturas também sabiam aproveitar oportunidades. Com gosto em seus golpes eles estocaram, e não o fizeram de forma simplória, pois a menos que a jovem de repente aprendesse a voar, não havia como escapar.

O posicionamento foi muito bom, eles pareciam ter aprendido algo durante aquela luta. Dessa vez eles atacaram de ângulos diferentes. Dessa vez não dava para defender ambas as lanças com apenas um movimento. Dessa vez tanto o caminho da frente, quanto o da lateral direita, estavam bloqueados, e o espaço livre na esquerda era claramente uma armadilha. Para dificultar ainda mais um dos lanceiros havia deliberadamente experimentado um atraso; fazendo com que, se ela defendesse o golpe eminente, o segundo tivesse espaço para puni-la com um contra-ataque.

Parecia um destino selado, e naquele momento uma palavrinha zumbiu nos ouvidos de Sophia, a palavra que aqueles com fortes vontades de viver mais temem.

MORTE!

"Que merda." — ela quase desistiu.

Por um instante ela achou que morreria, mas então ouviu uma voz que recolocou seu juízo no lugar certo, aquele que prometeu nunca mais abandonar.

"Mestra!"

Sua voz parecia consideravelmente desesperada, pois este não queria perdê-la, nunca mais.

"Nem fudendo que eu vou morrer aqui." — Sophia recuperou sua garra, ela não estava acostumada a desistir e não seria agora que faria.

Se aquele fosse seu destino, então ela só precisava torcê-lo até que estivesse satisfeita com o resultado. Ela já havia, há muito tempo, escolhido lutar contra tudo e todos. Se fosse culpa do divino, então ela apenas precisaria socar a cara da divindade que fosse até que o mesmo concordasse. Quando enfim se lembrou de quem é Sophia, tudo se moveu mais lentamente, não literalmente, mas sua mente estava trabalhando a todo custo para achar uma solução. A resposta que procurava era:

COMO VIVER

Quando as lanças pousaram em seu alvo, os macacos perceberam que não havia ninguém lá. Se ela não podia escapar em nenhuma das direções em solo, então ela decidiu escapar para cima. Flexionando suas pernas o máximo que conseguiu, pressionando seus músculos com força, ela saltou. Como um acrobata profissional, ela girou no ar, e antes que a gravidade vencesse seu pulo ela contraiu suas pernas e aproveitando que saltou até próximo de um galho mais grosso daquela árvore, estilingou-se em direção ao solo usando-o como apoio. Ela simplesmente esticou suas pernas com tudo em direção ao galho, pegando impulso, e deixou o restante nas mãos capazes da física. Sophia desceu como um projétil. Com seu facão em mãos ela girou horizontalmente já mirando o pescoço do inimigo mais a sua direita. O animal marcado arregalou os olhos e com seus instintos a flor da pele buscou sobreviver. Ele reforçou até onde fosse possível os músculos de sua garganta, ao menos, o tanto quanto fosse possível para ele, mas foi inútil. Com a força somada de todas as ações anteriores de Sophia, seu giro, seu peso, a força de seus músculos e a ajudinha da gravidade, a cabeça de um dos macacos rolou. Aquele foi seu primeiro abate no novo mundo, mas não é como se estivesse necessariamente feliz com isso. Só que precisava, naquele momento, precisava lutar por sua vida.

Em seguida pousou logo a frente com um rolamento.

O outro macaco engoliu em seco. De repente ele praticamente havia perdido dois companheiros, mas não desistiu, pelo contrário, sentiu um ódio avassalador tomar por completo seu corpo. Em meio a um frenesi incontrolável, ele avançou.

"Mestra!" — Blasph tentou avisar.

Sophia ainda se levantava, mas quando se virou para tentar responder, o animal já estava sobre ela, foi um golpe certeiro. O macaco socou-a com força em seu abdômen e a jovem rolou alguns metros. Sua mente, assim como seu corpo, girou, e quando pensou em se levantar, vomitou. Foi a primeira vez que recebeu um golpe desde que chegou.

Mesmo o besouro azeviche não havia lhe atingido. Obviamente ela não esperou lá e tentou trocar golpes, mas tendo descoberto que o besouro é o "chefe final", e que escapou dele, uma certa confiança lhe fez acreditar que poderia se safar de muitas coisas, incluindo aqueles "minions", só que Sophia não considerou a diferença que havia entre as duas situações. O que vinha lhe salvando foi a perecia da mulher chamada Ilvre, foi o corpo forjado e esculpido para ser uma caçadora habilidosa. Ela, como Sophia, por mais que sempre fosse uma boa observadora e tivesse uma ótima percepção, não tinha se tornado uma verdadeira lutadora no sentido físico. Sua luta sempre foi outra, a de sobreviver usando sua criatividade e sagacidade. Artes marciais estavam mais para um hobby, um que ate pensou em seguir como carreira, mas que desistiu após ver o quão sucateado é o esporte no Brasil, mesmo curtindo praticar.

"Mestra!!!" — a voz etérea retornou.

Sophia recuou por instinto, rolando para o lado, e quando o fez um punho gigante e quase tão pesado quanto uma rocha se encontrou com o local no qual esteve a pouco. O corpo do bicho praticamente havia duplicado de tamanho, seus músculos estavam tão inflados que ele parecia ter deixado de ser um babuíno e se tornado um gorila. Foi a segunda vez que Sophia viu isso, o besouro negro também tinha feito algo parecido. Só que havia uma pequena diferença. Ao contrário dos olhos do besouro, os desse macaco pareciam os de um lunatico, como se tivesse perdido a sanidade. Um atrás do outro os punhos do animal caíram pesados como se fossem marretas de construção. Sophia rolava por sua vida, e sem nenhuma oportunidade de se levantar. Acuada, desesperada, e sem forças, novamente suas costas encontraram a raízes protuberantes de uma enorme árvore que havia no local. Aquilo era uma floresta afinal de contas, e por mais que houvessem pequenas clareiras como aquelas, os maiores residentes daquele ambiente sempre foram as árvores.

Seguindo de perto o inseto que tentava esmagar, no caso, seguindo de perto o ser que considerava um inseto, a criatura aproveitou a brecha. Só que Sophia já havia percebido que, ao menos quando se trata de criar suas próprias oportunidades, ela sempre foi muito boa. Afinal de contas, Sophia usa todos os seus músculos em uma batalha.

Quando o macaco enfim a socou, achando que esmagou seu alvo, rugiu de dor. Havia uma espada trespassando a lateral de sua mão. Usando o espaço que havia entre as grandes e grossas raízes daquela árvore, e se aproveitando do corpo esguio que ganhou, retraindo o máximo que conseguiu, Sophia se escondeu no último instante e deixou para fora apenas uma larga espada bastarda apoiada no solo. Com a raiva cega que lhe tomou a criatura nem sequer percebeu que estava pronto para golpear uma lâmina, e que seu punho não alcançaria a jovem escondida entre as raízes.

O monstro berrou e tentando pressionar seu machucado com sua mão esquerda, acabou se curvando. Só que, assim como ele, Sophia não estava disposta a esperar e, cancelando a invocação de sua arma, saiu de seu esconderijo e novamente em punho de seu grande facão de vinte e duas polegadas, golpeou, golpeou como se estivesse jogando baseball com o rosto de seu inimigo. A lâmina acertou acima do nariz do animal, lanhando suas pálpebras e cortando através de seus olhos.

O macaco rolou pelo chão, mas rapidamente se levantou e golpeou a esmo, só que, devido ao fato de estar cego e desesperado, não conseguiu mais pousar um golpe sequer em Sophia. A cena diante dos olhos daquela jovem era grotesca, parecia que quanto mais nervoso o animal ficava, mais louco se tornava, e mais crescia. Transformando sua arma em adagas de arremesso ela se manteve longe e continuou a feri-lo, mas com seus músculos e pele se tornando cada vez maiores e mais rígidos, os ferimentos que conseguia fazer rapidamente se tornaram irrisórios.

— Isso não é bom! — Sophia ficou assustada.

A criatura já havia praticamente alcançado os três metros de altura. Ela não sabia como lidaria com aquilo, pois não tinha forças para superar sua pele e músculos. Só que, assim mesmo, do nada, ele parou, olhou para o céu, e caiu. Seus olhos reviraram e espuma fluiu de sua boca. Sem que Sophia precisasse fazer qualquer coisa, ele morreu.

— Hã?! — Ela ficou em choque.

Mas logo procurou se acalmar, e analisando o corrido produziu uma teoria usando seu conhecimento sobre habilidades de aumento de força com base em mangás, desenhos, hq's e alguns jogos.

— Será que essa habilidade queima neurônios para produzir força? — sussurrou questionadora.

— Frenesi! — a arma em sua mão se pronunciou.

Se Sophia não soubesse que era Blasph, teria largado o facão no chão e corrido como se não houvesse amanhã.

Vendo que Sophia o encarou de forma estranha, o animal complementou: — Foi esse o nome que a moça chamada Ilvre deu para essa habilidade.

Sophia imediatamente recapturou um detalhe. Ela se lembrava disso já ter sido indicado antes, mas devido a situação complicada apenas empurrou essa questão para que sua versão futura resolvesse quando desse tempo.

— Você também pode acessar as memórias dela? — questionou.

— Sim, senhorita. — Ele respondeu com sinceridade. — Mas se a mestra desejar, eu as deixarei em paz — ele respondeu, e como sempre, de forma muito séria.

— Não é o caso Blasph — Sophia respondeu exasperada e logo mudou a direção da conversa. — Você as conseguiu através de mim? — questionou.

De verdade o que ela queria saber era se, assim como Hereges, o gato também podia ficar lendo sua mente. Sophia definitivamente não queria isso, pois se têm algo que ela presa bastante, esse algo é sua privacidade. Provavelmente todos os seres humanos, mas enfim.

— Eu nunca profanaria a mente de minha soberana — ele se apressou, não entendendo completamente as entrelinhas.

Sophia havia recebido sua confirmação. Basicamente o gato havia dito que: "Sim, eu posso, mas prefiro não fazer" — isso não a deixou completamente feliz.

Ignorando o olhar desconfiado de sua criadora o gato continuou: — Eu obtive as memórias dela quando estava tentado assimilar a alma da mestra com o corpo da mesma. Nesse momento eu percebi que haviam restado resquícios de sua mente e espírito, e decidi salvar o máximo de informação que consegui com a suposição de que poderia ser útil para a mestra — explicou.

Sophia não sentiu que o mesmo estava mentindo, mas sendo sincera, ela também não tinha como discutir, pois, mal fazia ideia do que a criatura estava lhe contando. E sempre havia a possibilidade de o gato malicioso ser um ótimo mentiroso.

Tendo descansado um pouco, parou de se atentar e ser tão crítica com as maluquices daquele mundo e se virou para o macaco que ainda permanecia vivo e que tentava a todo custo estancar seu sangramento. O pelo branco de seu corpo estava manchado por uma grande faixa carmesim. Havia um terror indescritível no rosto do animal. Por um instante Sophia se sentiu mal com isso, mas logo se lembrou de algo:

— Você me atacou primeiro. — Suas sobrancelhas se curvaram.

Sophia não tinha esperança de que o animal entendesse suas palavras, mas ele com toda certeza deve ter entendido a intenção, pois no instante seguinte os olhos do bicho mudaram de raiva para suplica. Sophia hesitou novamente, mas logo suspirou. Por mais que os olhos do animal fossem bem humanos, há um segundo atrás eles tentaram matá-la a todo custo.

Com isso em mente Sophia reforçou suas intenções. Se ela não possuísse parte da resiliência mental de Ilvre, sem dúvidas não suportaria. Tentando não se abalar com o que faria a seguir, ela se aproximou do arqueiro e girou seu facão. Seus instintos lhe diziam que não era sábio deixá-lo vivo, ou melhor, a sabedoria de Ilvre, mas mesmo sabendo, isso não a impediu de sentir tristeza. Quando ela golpeou o animal o mesmo não resistiu e facilmente sua cabeça rolou pelo chão. Ele de longe não parecia tão resistente quanto os demais; talvez fosse por isso que era um arqueiro em vez de um lanceiro. Após ter terminado com a vida do animal ela olhou ao redor e suspirou.

— Que merda! — Exalou um pouco de tristeza e ressentimento.

Após algum tempo de descanso, reservado principalmente para colocar sua mente no lugar, ela tentou esconder os corpos. Tendo jogado muitos jogos de Stealth e espionagem ela sabia quão importante era desaparecer com as evidências. O grandão que havia enlouquecido diminuiu consideravelmente ao longo do tempo, mas mesmo que tivesse voltado ao seu tamanho normal, ainda seria um trabalho considerável sumir com os três cadáveres.

"Como eu vou enterrar esses caras?" — ela reclamou internamente.

Sophia sabia muito bem que cavar buracos não era brincadeira, ela inclusive já chegou a desmaiar fazendo uma gracinha dessas.

— Se me permitir, eu posso devorá-los. — Blasph respondeu.

As sobrancelhas de Sophia se curvaram em descrença.

— Tá... — Foi a única linha que conseguiu formular em resposta.

Mais do que desacreditada, ela estava curiosa. No momento seguinte após ter permitido ela viu sua arma, que ainda estava em sua mão, se transformar em uma pasta escura e saltar em direção aos cadáveres que ela alinhou ali no chão. Todo o processo durou pouco mais de dez minutos, e nesse espaço de tempo três cadáveres desapareceram.

Quando todo o processo terminou a gosma chamada Blasph voltou para a mão de Sophia, se tornando novamente em um belo facão. Ao voltar ele logo emitiu uma risada sem graça.

— Peço perdão mestra, mas infelizmente não consegui obter nenhuma habilidade daquelas criaturas. — Suspirou profundamente desanimado.

Sophia não conseguiu esconder sua surpresa e logo suas sobrancelhas se curvaram.

Que?! — Ela ficou atordoada.

Esse sim era o tipo de cheat que ela esperava em um isekai.

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