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Fiquei viciado em internet. 

Quando não estava no trampo, eu estava conectado, online, batendo papo em MSN, fuçando orkut, trocando recados com uma galera. Haviam aqueles que sabiam conversar pessoalmente, mas não online, ou então os que eram bons de papo no online, mas de repente não fluía nada no face à face. Eu decidi ser o cara que teria conversa de sobra tanto conectado no pc, como fora dele, porém entre o querer e o ser havia uma ponte à ser construída.

Rosana me chamou no MSN naquela noite. Já eram 22 hrs quando entrei.

— Oi, Tritão.

— Este é meu novo apelido? — Perguntei, achando muito criativo de sua parte. Ela me colocou no aumentativo e me senti mais másculo, macho, homem. Sempre acontecia quando ao invés de cachorro, elas me chamassem de "cachorrão", etc. No aumentativo, eu me sentia representado.

— Novíssimo em folha, saído da fábrica, Tritão. Como você está? Tomando bastante água, hidratando o organismo? Rsrsrs.

Parece que eu não era o único à arrumar novas maneiras de perguntar "tudo bem com você?"

— Culpado. Tenho que tomar vergonha na cara e engolir mais água, pois manter meus músculos sarados dá trabalho.

— kkk você faz academia?

— Treino em casa. Tem que ter força de vontade pra pegar 8 kgs em cada braço.

— Comecei à treinar à uma semana, você podia me passar alguma dica, caso tivesse. Ajude uma alma penada, solitária na noite, me ensinando algo novo sobre treinos.

Eu ri. Rosana era tão maluca nas conversas quanto eu? Que descoberta, ela que até então era tão sem graça.

— O que posso te dizer é — iniciei — compre um suplemento, vai te ajudar à crescer. Mas se não malhar, vai virar uma bola, cuidado kkkk, ingira pouca gordura e pouco açúcar. Aumente as proteínas.

— Boa, Tritão. Pedra, papel, tesoura, vou tirar na sorte qual meu dinheiro vai dar para comprar este mês. Imagine que eu não engordo nem com reza brava e sal grosso.

Comédia, haha.

Ela não tinha preguiça de conversar, digitando igual eu, na mesma medida, e isto me chamava a atenção, pois era um dos requisitos para eu admirar uma pessoa online. Que inteligência, pensando fora da curva assim tão rápido. Eu almejava ter isto em mim.

— Você é supersticiosa? Crê em mandingas?

— Ahahahahaha, eu não, rapáh, mas eu já tive um crush, no colégio, onde eu vivia lendo a revistinha de signo para ver se o meu combinava com o dele.

— E aí, o que a revistinha disse?

— Para eu pegar o nome dele, escrever no papel, desenhar um coração em volta e guardar em cima do guarda-roupa. Eu fiz. Foi a primeira vez e última que caí nessa "mandinga" kkkkk

— Ou seja, pelo que você está me falando, ele continuou o mesmo, sem gostar de você como você queria.

— Isso. Acho que pra alguém gostar da gente, temos que dar motivo para isto.

— De acordo. Então, já que você não engorda e me deu um apelido, eu também te darei um. Tu será a bola.

— Bola? kkkkkkkkk, que diacho de nome é este, sô? Me senti uma tecla do botão do playstation: bola, xis, quadrado, triângulo.

— Kkkkkkkk. Não acredito que você também jogava! Na minha sala de aula, as meninas não curtiam vídeo game, nenhuma delas falava com a gente sobre isto.

— Azar o daquelas perdedoras, porque eu adorava. Era muito fã do Resident Evil. Meus primos e eu zeramos os três.

— Vocês são fera — eu era sempre de elogiar e incentivar o progresso dos meus semelhantes — o Resident Evil 1 pra mim foi tão impossível, que só de olhar pro CD dele, me doía. O 2, nem a pau eu passei da segunda porta. Os zumbis me devoravam. Já o 3, foi o único com o qual me dei, à trancos e barrancos, mas fui. Completei o jogo, zerei.

— Então você não sabe o que é sofrer, Tritão, você começa o jogo de uma maneira, e quando termina, você é outra pessoa, que só quer saber de sair na rua com uma 12, uma 14, uma 15, e se não tiver uma Magnum no bolso, não se sente seguro — ela me contando suas sensações radicais. Tínhamos mais em comum do que achei — Pensei que você fosse usar o seu tridente destruidor, Netuno Tritão kkk

Ela digitou um texto mais ou menos do tamanho do meu, e eu me senti correspondido no assunto. Discorremos sobre outros jogos. Rosana sabia ouvir. Não era todo mundo que comentava sobre o que emocionava o seu peito, como se fosse um monte de aplausos para você e seus gostos particulares. Senti que ela me dava atenção, emitindo opinião até mesmo sobre os jogadores atacantes dos quais falei para ela no Winning Eleven, jogo de futebol que eu e Flávio jogávamos.

E logo Rosana mencionou livros:

— Sobre as leis do direito do consumidor, tem umas dez prateleiras na biblioteca para eu ler, me deseje dinheiro, já que sorte não existe, rsrsrs

— Você é uma comédia, um filme do Jim Carrey. Eu tenho um livro sobre alongamentos e musculação que nunca devolvi para minha antiga escola.

— Aqui, na minha faculdade, você também pode pegar livros, sabia? Mesmo não estudando nela. Você, que tem uma loja com seu tio, precisa aprender pelo menos o básico das leis do empregado e do empregador, para poder se defender de gente maldosa e de furadas nos quais os próprios clientes podem querer te meter.

Como ela digitava grande! Ninguém tinha paciência de conversar assim por online, exceto eu e uns gatos pingados de amigos, e agora, Rosana.

— Talvez eu passe lá — falei — vou pensar neste caso. Eu devo ir para retirar uns 3 livros de uma vez só. São eles: o código de direito do consumidor, e os outros dois eu ainda tenho que pensar, mas verei pelas estantes algo interessante — eu nem gostava de ler, por que eu tava falando isto mesmo? Embora detestasse a leitura, eu tinha paixão, como a de um torcedor pelo seu time do coração, sobre aprender coisas novas — preciso pagar algo?

— Não paga nada, Tritão. Aproveite antes que eles acabem com as mordomias. Ler é cultura. Eu leio somente o que me faz crescer — então ela tinha os olhos fixos no próprio desenvolvimento pessoal, exatamente como eu.

Uma amiga e parceira nascia.

(...)

Após meu expediente da noite, eu apareci na biblioteca indicada. As turmas da tarde, nas quais se encontravam todos os meus conhecidos, saíam às 19:30. Eu tinha 30 minutos para escolher o material que eu levaria para casa, antes que eles me vissem. 

Observei os conteúdos nas estantes, pegando um livro de psicologia, o que tratava dos impulsos sexuais contidos em cada ser humano. Me interessou ler sobre. 

O código do direito do consumidor veio junto. 

Passei na recepcionista, fechando meu empréstimo de leitura. Ao sair, esbarrei em um moço que lavava o piso, uniformizado, homem contratado da limpeza.

— Desculpa, eu não te vi — disse-me ele, muito gentil por sinal, pois poderia ter me mandado catar coquinho.

— Que nada, eu quem fui o desajeitado — a cor da sua roupa era inteiramente azul, devia ser de alguma empresa terceirizada. Ele transmitia um ar de ingenuidade e malandragem juntos.

— Desculpa a pergunta, mas você é estudante de direito? Eu tô vendo o seu livro — comentou ele — no entanto, você se veste apenas como um jovem comum, sem aquelas frescuras de gente que vira doutor — eu achei pertinente a sua fala.

— Na verdade — respondi eu — nem estudar na facul, eu estudo. Eu tô aqui mesmo, porque fiz amizade com algumas pessoas, eu vim ver minhas amigas, buscar informação de crescimento pessoal na biblioteca, ou seja, usar do que a faculdade me oferece.

Ele riu e continuou limpando o piso com o esfregão, me fazendo novas perguntas:

— Então as lindas mulheres deste lugar também te fisgaram? — Ele era mais jovem do que imaginei, eu não daria mais que 30 à ele — Qual seu nome, brother?

— Eu sou o Túlio, e você? Não reparei em todas as mulheres daqui não, só nas que me interessaram — lá íamos nós, na montanha russa que eu mais gostava de apertar os cintos e circular: aquela que levava garotas na sua garupa. Homem que era homem, falava de fêmea. Já gostei dele.

— Sou o Siso — se apresentou — Cara, se eu te contar a minha história, você vai tremer na base. Sabe quando você gosta de uma mina, mas ela não te nota e tá pouco se fodendo pra você? Olha pra mim, eu sou só um faxineiro, enquanto que ela vai ser super promissora, tá cursando aí um bagulho caro, vai ganhar uma nota, mais que eu, que tô ralando duro, de sol à sol, tanto no campo como aqui. Cê acha que uma mulher dessas vai me ver no meio de tanto doutor?

Primeiro, não concordei com sua frase. Sei que em todos os lugares haviam os aproveitadores e aproveitadoras, mas não era a raça inteira feminina que agia assim. Segundo, examinei-o, porque este papo parecia conversa de quem levou um fora e não aceitava que era por outros motivos, não por dinheiro ou status.

Siso era dentuço, mas Ronaldinho Gaúcho também, e daí? Dentista tinha no posto de saúde. Siso se vestia mal, não dava nenhum toque no seu visual e seu cabelo era crespo, apesar dele não ser negro, apenas moreno. Tá, outro fator que não era desculpa, pois Leandro também tinha cabelo crespo e era super pegador e arrasa corações.

Então me manifestei:

— Eu nunca acreditei que amor, paixão ou ficadas, tivessem à ver com condição social, até porque eu já vi muita garota com mais dinheiro que o cara, ficando sim com ele. Quando ela tá à fim de você, mano, dinheiro não importa, ela vai te querer. Não vê as novelas? Nelas tem o exemplo de um monte de garotas que gostam de homens pelo que eles são, e detalhe, elas estouram de audiência, vendo esses romances chatos, sabe por quê? Porque pensam igual!

— Você acha, Túlio? — Siso parou de esfregar o chão, me olhou, suspirou, um tanto chateado com algo — mas quando vem o fessorzinho dela, que fala bonito, que tem aquele linguajar sofistifcado, ela já óia diferente, enquanto pra mim, ela nem óia. Eu sei que eu sô caipira, mas me dá uma frustração, purque ela é linda demais, e eu sei como essis caras aqui falam dela por trais, como si ela fossi uma puta, i ela num é. Ou seja, os mauricinho quer ela só pra zuá, e eu quero pra dar uma vida de princesa. E quem ela prefere? Eu num sei, só sei que ainda num sô eu. Nem sei porque eu tô te contando tudo isto — eu tinha cara de psicólogo, eu sabia — mas eu num tenho ninguém pra disabafá, eu vi você, i sei lá, a gente se conectou assim, e eu saí falando, disculpa aí, num vô tomar mais seu tempo.

— Para com isso, meu chapa — eu sorri, como forma de tranquilizá-lo — no que eu puder te ajudar, eu vou. Sério. Tem um livro, chamado "Como fazer amigos e influenciar pessoas" realmente me ensinou lições sobre me importar com o que o outro se importa também. O que posso, é tentar te jogar pra cima, você não é feio, você pode ter seu jeito de falar, mas isto não te torna menos que ninguém, você é o cara, você tem o que os outros não possuem: honestidade, respeito pela mulher, vontade de crescer e dar à ela algo de um patamar superior, elevado. Que garota não vai gostar de um homem assim? Sabe como é difícil achar alguém que não quer ficar na gangaia, pegando todas, mas que só queira ela. Pense por este lado.

A gente conversou bastante. Eu contei sobre meu caso com a Felícia, depois com a Sheine, de como eu morria de medo delas duas me baterem, se descobrissem. Siso riu. Pediu para eu dividir alguma amiga delas com ele. Claro. Já queria sair com o Siso para a gente pegar mulher pelas esquinas. Ele iria adorar. Estes homens só precisavam saber o local certo onde irem, para conseguirem umas mulheres tops. E como Leandro me passava os points, eu passaria também para eles, e assim o ciclo se manteria.

Ao trocarmos MSN e telefone, Siso e eu, nos despedimos. Ele entrou no banheiro dos machos para a limpeza, e eu continuei no meio do pátio, indeciso, sobre qual das minas eu iria pegar hoje: Sheine ou Felícia?

A única que respondeu meu SMS foi a Felícia, a loirinha, chanel. Seria ela por eliminatória. Então resolvi procurar por um canto, onde eu pudesse dar-lhe uns amassos dentro da própria faculdade. Andei pelos corredores, explorei alguns andares, fucei portas para saber quais estavam abertas e me davam acesso à salas vazias. Verifiquei se haviam becos escuros ou quadras por onde pudéssemos nos perder lá dentro, e foi quando eu conferi as camisinhas estavam em meu bolso. Eu achei três quadras grandes do lado de fora. Estava escuro, e quando avistei ao longe, vi uma moça aos beijos com um rapaz bem mais alto que ela, que usava camiseta do time.

Cheguei mais perto, sem que me notassem, pois no escuro, e na troca de saliva que estavam, seria difícil me perceber. Aquelas árvores ao redor seriam ótimas para eu pegar Felícia, foi então que ouvi a moça gemer e avistei bem à ela. 

Caralho, era a Sheine!

Senti um rojão explodir no meu peito, o deixando em estilhaços. Um ciúmes estranho me tomou, e eu tive muita vergonha por senti-lo. Sheine se esfregava no jogador, eu o vi apertar sua bunda, seu peito, e ela descer a mão para o seu pau. Foi uma vista ruim. Saí dali às pressas. 

O que os olhos não veem, o coração não sente. Mas infelizmente meus olhos viram, e eu, por consequência, senti aquele negócio à estrangular minha goela. Não entendi minha própria reação. Frustrei-me do nada. Que droga de vida era esta?

Quando você uma pessoa que está à fim se agarrando tão bruscamente com outra, você fica meio mal, na bad.

Achei que Sheine seria mais uma que cairia apaixonada por mim, e a decepção foi ver que eu não era tudo isto para ela. Que não me atendeu, por estar dando para outro. Que me deixou de lado para estar com ele.

Ser trocado, doía.

Não que eu fosse reclamar com ela, eu não tinha razão. Eu também tinha outras. Eu não sabia o porquê de eu ter ficado tão... incomodado.

Sheine devia estar trepando neste exato momento, ele devia estar enfiando o seu pênis nela. A maldita imaginação construiu a cena, antes que eu a pudesse frear. Eu deveria ter pego Felícia com força para descontar essa merda que tava se alastrando em mim. Eu não queria ser tão fraco, tão doce, tão sensível.

Um homem sensível? Mas que porra?!

Por mais que algo em mim gritasse: "esfrega outra debaixo do nariz dela, faz ela sentir o que mesmo que você, mostra se é gostoso", eu não o fiz. Dar esta facada no coração de uma garota era grave para mim. Eu detestava que fosse feito comigo, não faria com o outro.

Felícia veio, linda, maquiagem realçando seus olhos em preto, sombra, batom brilhoso, roupa colada no seu corpo, e eu engoli, no fundo da minha lufada de ar, todas as decepções. Eu não me sentaria, lamentando-me por uma relacionamento que nem existia entre mim e Sheine. Eu não choraria, igual um corno, por outra mulher. Eu jurei à mim mesmo.

Peguei na mão de Felícia, e fugi dali o mais rápido que eu pude. Naquela noite, fiquei mais calado do que falante ao seu lado. Como eu era hipócrita. Eu tinha outras, por que então Sheine não poderia ter outros? Que droga de sentimento! 

Felícia me abraçou, na praça do centro da cidade, sentamos à observar as estrelas, e me encheu de beijos, eu então sorri genuinamente, com minhas emoções se apegando à ela. A abracei, nos beijamos de língua, conversamos. Fiz perguntas para que ela expusesse sobre suas aventuras, e assim foi.

Outro lado ruim de não tornar nenhuma delas na sua companheira oficial, era que, quando você estava mexido com algo, você teria que esconder e disfarçar, sem poder comentar. Imagine eu falando para ela sobre outra mulher, que chato?! Eu tinha esta noção.

— Me enche de alegria ver você assim com frequência, Túlio — ela debruçou-se sobre o meu peito, logo agora que a carência apertava.

— Você é alguém que eu adoro estar perto — deixei escapar, ainda cauteloso para não me apaixonar.

— Eu tô falando, esse seu jeitinho de homem fofo aqui, e cafajeste na cama, me deixa caidinha.

Eu achei engraçado.

— Você é bem manhosa comigo, isso me deixa mais molengo do que o normal.

A gente se beijou de novo. Felícia me contou do passeio com suas primas, dizendo que eu iria na próxima vez, no clube aquático com ela. Eu imaginei-a em um biquini, enquanto fodíamos por entre as árvores, em um lugar mais deserto e desabitado do parque.

Que safado.

Beijei-a com força então, já não me lembrando de nenhum pesar, tudo se dissipava por estar mais conectado à Fê. Ela era tão quente, tão levada, tão bandida. Rolaram carícias sexuais na própria praça. Nos enfiamos em um beco, eu colidi seus peitos contra os tijolos, mandando que ela empinasse a bunda, coloquei a camisinha, pus o pau para fora e meti. Transamos.

Saí deste encontro, com a plena consciência de que estava viciado em contato físico e que me sentia um fracasso quando não pegava alguém. Ser um sucesso, dependia de ter meu pênis enfiado em uma mulher.

(...)

Após meu café da manhã, vendo a pilha de louças acumuladas na pia, o lixo que não foi tirado e o chão todo imundo, igual um chiqueiro, nossa, eu mesmo me dei três tapas mentais na cara, falando que era um preguiçoso, vagabundo, que só vivia nos prazeres da vida. Mas alguém me culparia? Era tão gostoso me perder neles.

Peguei minha jaqueta, o tempo estava frio lá fora, e fui para a loja, ao lado da nossa casa. O Tio já estava trabalhando, Lucas também. Meu horário de serviço, eu segui à risca, conforme prometido. Foi quando recebi um SMS do Caio:

— Oi, Tulhão. Bom dia. Td bem? A Sheine já tá sabendo da Felícia e vice-versa, a Felícia sabe da Sheine. Achei que devia te avisar. Me conta como faz para manter as duas agora, você é o deus das mulheres kkk, boa sorte, tem meu apoio!

O quê? Eita porra, ia sobrar para mim.

— Oi, Fê, minha gatinha. Mimiu bem? — Mandei no SMS. Será que me responderia?

— Oi, Sheine. Você está por aí? Lindona — Com esta seria mais fácil, já que tiro trocado não doí.

— Oi, meu garotão lindão, como você está? — Sheine, sempre animada.

— Maravilhoso agora, estonteante com sua mensagem. Eu tô sentindo sua falta.

— Então vira homem e me chama pra sair kkkkkkk

Que desgraçada, filha da puta.

— Vem comigo esta noite. Na mesma pizzaria que nos conhecemos — falei.

— Que coincidência, Tulinho, porque eu e as meninas já vamos nela amanhã. Vem com a gente então, chama o Caio, cabeça de sapato kkkk

— Chamo sim, que horas? — Ela me passou as informações. 

— Não amarele comigo, hein. Prova que é este homem todo pra eu ver se realmente todas querem, kkkkkk — ela me provocou, porque descobriu da outra. AFF.

O trabalho rendeu. Com os meus novos conhecimentos, nosso primeiro cliente, do computador pifado, aconteceu. Eu o atendi. Coloquei o fio do CPU na tomada, apertei o botão, e nada, não ligou o seu pc.

Enquanto Lucas e Tio se ocupavam do seu próprio serviço, eu falava com o rapaz:

— Isto é quase certeza ser um problema de fonte. Aqui dentro deste gabinete, ele tem uma fonte, que é a responsável por segurar a energia elétrica no pc. Como nem o botão acende, significa que não está passando energia para o gabinete. Eu só vou ter certeza quando terminar de abrir — na bancada, eu já desparafusava a peça, deixando à mostra todos os sistemas internos da CPU do cliente. Peguei alguns equipamentos que trouxe da Metrópole e fiz a medição direto na fonte, mostrando para o cliente na hora — você tá vendo? Não tá segurando carga, a fonte não mantém nem 1% da energia, sendo assim, nossa mão de obra é 50 reais para troca, daí só vou atrás de uma fonte compatível com seu pc e te dou o orçamento dela.

— Posso trazer uma fonte eu mesmo? — Ele me perguntou, me encarando com cara de tacho.

— Sim, você pode.

— Eu trarei. Pra quando você arruma?

— Pra 24 hrs depois que você entregar a fonte.

— Ok, feito.

Um novo ramo conquistado, uma nova habilidade desbloqueada em Cio Pequeno: conserto e manutenção de micros.

Após tomar meu banho e me arrumar esta noite, Caio me chamou para ir com ele até o centro movimentado de Cio Pequeno, ele iria comprar algumas meias e lá o preço era mais em conta. 

Andamos um tanto calados pelo caminho. Senti nele um lado seu, saindo para fora do armário escuro no qual se trancava por anos. Ele devia ter muitos medos e receios pessoais, eu não sei. Eu gostava de estudar um pouco as pessoas.

Observei que entrávamos em lojas e saíamos, já que ele era minucioso sobre pesquisa de preços, e havia sempre as mesmas duas meninas, possivelmente amigas, paradas na praça, no maior bate papo. Uma delas tinha os olhos verdes. Eu gamei assim que vi.

— Aí, Caio — cutuquei-o quando ele terminou de pagar no caixa da loja. Estávamos bem na saída com a calçada — tem duas meninas ali.

— Túlio, mas nem louco!

— Calma, põe na sua cabeça que eu só vou lá fazer amizade. Igual você conversou com as vendedoras do centro, falando tão feliz e sorridente com elas, você conversa com estas garotas. A mecânica é a mesma.

Ele pareceu inseguro, franzendo sua testa.

— Só uma conversa despretenciosa?

— Sim, uma amizade. Sem segundas intenções, elas não precisam saber — garanti — Pegamos o MSN de cada uma, e daí o que tiver de ser, será — tranquilizei-o.

— Então, tá, Túlio. Mas eu gostei da de olhos verdes — aquilo me ferveu o sangue, porque só ela era a bonita, a linda, a que pôs energia em cada célular do meu corpo, como se uma descarga elétrica entrasse em mim. Eu não queria ficar com a outra!

Ô saco!

Suspirei, derrotado. A amiga da de olhos verdes era uma baranga. Apesar de magra, seu cabelo era muito favelado, feio, sem delicadeza nenhuma, suas vestes eram velhas, sem unha feita, e seus dentes me deram nojo. Vou fazer o que? Me perguntei. Estas são coisas que as pessoas pensam, sem nunca dizerem em voz alta. O quão irritadas estão por terem de ceder à um desgraçado de um amigo.

Mas ok. Mulher nunca estaria acima das minhas amizades, não mais. Aprendi a lição.

— Vou agitar ela para você — me ofereci sim, pois se eu fosse sair de mãos vazias, ao menos o Caio não sairia. Seria até legal vê-lo desencalhar.

— Oi, meninas, vocês podiam nos dar uma informação? — Cheguei. Que cantada péssima, horrível, mas ok. Elas voltaram sua atenção para nós, estavam sentadas em um murinho baixo de concreto — a gente tá meio perdido, precisávamos saber onde vende aplique de cabelo, coisa de mulher — eu nem sei o que era essa porra, mas a Felícia falava disto com as amigas.

Elas se entreolharam, pensando que fôssemos viados, então esclareci:

— É porque a minha amiga, Monapíria, me pediu para eu fotografar alguns apliques com seus respectivos preços, porque ela queria saber se valia à pena vir aqui comprar ou não — nossa, que mentiroso.

Elas então falaram uma com a outra "onde que é mesmo?" E nos deram a dica.

— Maravilha! — Fingi, como o péssimo ator que eu era, mas colou. Sentei-me um pouco distante, deixando um espaço entre mim e a menina dos olhos verdes, convidando o Caio para sentar-se ali e ficar perto do alvo. Ele, demente e retardado, muito bocó, sentou-se próximo da baranguinha. Teve a chance de se aproximar sutilmente, mas desperdiçou.

Depois quando a gente bate, a gente é ruim.

A conversa se iniciou, puxei assunto e logo nós quatro nos envolvemos. Era falando do interior, de como foi crescer, correndo no meio da terra, de pisar no escremento de vaca quando era criança para curar as feridas do pé, que a vó falava, de que não podia também assobiar à noite que chamava cobra dentro de casa, de deixar a vassoura de ponta cabeças para a visita ir embora, etc. Rimos, ficamos uns 30 minutos batendo papo, e obviamente eu queria tentar a manobra pelo Caio. Seria como ganhar uma medalha fazer isto por ele.

Eu já havia aceitado.

Convidei-as para darem uma volta, fomos por entre o centro movimentado, rumo à um riacho no qual o povo ia para relaxar aqui perto, nisto, eu já estava para abordar a dos olhos verdes e convencê-la à ficar com meu amigo, foi então que ele me cutucou com o dedo, um pouco distante delas, no meio do povão, e me disse:

— A dos olhos verdes perguntou para mim se você era solteiro.

— O que, como assim? — Eu não investi nela pra nada, oxente.

— Ela pediu para eu te falar que ela te achou bonitinho — O quê? Ela estava à fim de mim? — Fica com ela, Túlio. Ela quer — ele "me incentivou".

— Mas ela não era a sua?

— Eu fico com a outra. Ela pode não ser muito bonita, mas é tão simpática que isto já me atraiu.

Mentiroso. Mó feia do caralho.

— Caio, eu não tinha intenção de pegar a dos olhos verdes. Eu posso simplesmente deixar para lá.

— Mas não dá nada, você tá aí preocupado, mas eu tô de boa. Eu vim sem nada pra cá, se eu sair com uma só, já tô no lucro, não acha?

Ok, que fosse feita a tua vontade.

Ao encontrarmos um canto naquele mato para sentarmos perto do riacho, jogando pedrinhas nele, para ver os peixes se aproximando, eu já me sentei ao lado da mina do Caio, a baranguete, falando se ela gostaria de ficar com ele. Claro que respondeu que sim, argh. Não sei como ele beijaria aquela boca, mas cada um, cada um. 

Quando me sentei ao lado da Tânia, nome da garota linda, dos olhos que mexeram comigo, eu fiz o que sempre costumava fazer, elogiei-a, dizendo sobre a beleza do seu olhar e como eu tinha curtido ele desde a hora em que a vi, muito tempo atrás.

Presenciei a cena do século, Caio beijando a baranga debaixo de uma árvore, em pé, enquanto eu beijei Tânia sentado mesmo. Ela estava sem celular, não tinha número. Eu anotei seu MSN nas minhas mensagens de SMS, no entanto, ela me avisou que não tinha computador em casa, que só entrava de vez em nunca, quando ia na prima e que o celular demoraria talvez mais de 7 dias para ficar pronto. 

Tânia foi muito amável e fofa comigo. Não consegui tirá-la da cabeça nos demais dias, até voltei na praça vez ou outra, tentando encontrá-la outra vez, mas Tânia havia ido embora. Eu a perdi. A primeira que me balançou, como se fosse o vento soprando sobre um galho, sacudindo comigo, e ela simplesmente me escapou.

Fiquei triste.

(...)

Fui o primeiro à chegar na pizzaria. Me entregaram o cardápio, eu folheei, analisando, e então Sheine, Liv, a sapata, e Rosana, sentaram-se comigo. Sheine usava seus cabelos armados e soltos, cacheados, com um top e um shortinho bem curto. Vulgar, mas estava gostosa. 

Rosana usava uma camiseta que nada marcou seu corpo, e um jeans largo. Não deu para ver suas curvas, tornando-a um pouco apagada na mesa, enquanto Liv, usava um tenis de macho, calças largas de homem, moletom e um boné. Parecia um vocalista de rock. 

Caio atrasou. Logo de primeira, as meninas pediram cerveja. O gosto era horrível, amargo, azedo, mas, depois de alguns goles, você até se acostuma.

Sheine colou em mim, sentada no banco, e eu, nela. Grudamos um no outro, enquanto Rosana e Liv ficavam mais à vontade, comentando sobre sei lá o que, pois eu não prestava atenção. Quando Caio chegou, já estávamos altos, quer dizer, eu estava, todo fraco para a bebida, um fiasco.

O demente devia ter sentado ao lado da sua diva, Rosana, só que não, a Liv ficou entre os dois. Mas era um estrupício mesmo. 

Vi como Rô estava se maquiando na mesa, com batom, lápis no olho, suas unhas estavam feitas. Ela estava mais bonita e agora já sabemos o porquê. Seu up na aparência veio assim, tão de repente e na frente do lerdão, para ver se ele se tocava. Até a Rô percebeu o quanto o Caio era inseguro. Ela devia mesmo querê-lo muito, porque haja paciência! 

Liv continuou com seus garranchos, rabiscando folhas de papel enquanto conversava, até que chegou uma nova indivídua para a turma, que deu um selinho demorado nela. Seria sua... namorada?

O nome da garota era Maya, e ela tinha apenas 17 anos. Liv e seus fetiches com novinhas.

A conversa estava tranquila, até o momento em que Sheine começou à falar que homem era tudo galinha mesmo, não tinha jeito, que pensava que a enganava, mas a mulher não era nada boba. 

E no fim, tudo era indireta para mim, como se eu fosse um canalha que queria brincar com ela. Fingi que nem entendi, para podermos seguir com o bonde. Eu não iludia as mulheres, eu não interpretava um personagem quando ficava com alguma delas, eu apenas era eu. Falar como se eu tivesse a intenção e o prazer de lavar o chão com o lombo de uma garota, me deixou meio assim, estranho.

Sheine, por quem eu fiquei tão empolgado, agora não parava de me alfinetar, sendo que ela também trepava com outros nos motéis da vida.

— Porque antes que o homem faça comigo, eu quem já tô fazendo com ele, besta não sou mais, homem nenhum banca o engraçadinho comigo, ninguém mais me faz de trouxa, nem de otária — disse ela, orgulhosa de sua canalhice com os caras — eu não como mais na mão de macho nenhum, são eles que tem que comer na minha. Se homem pode ser tudo safado, por que mulher não pode também? Se o cara pode ter 3, 4 mulheres, por que a mulher não pode também? Por que vai ser puta? Pois eu sou putona então, pode me chamar de vagabunda, que eu gosto!

Me deu gastura. Cadê a maturidade? Ela estava se vulgarizando ao extremo.

— Sheine, eu respeito a sua visão, você tem seus motivos para pensar desta forma — falei, sendo legal demais, até porque eu não conseguia maltratar ninguém com as palavras — não estamos aqui para ter um lazer, para esquecer as coisas ruins e colocar a lente de aumento nas boas? E uma delas é a sua companhia. Vamos focar no que faz bem, não no que faz mal. Vamos focar no nosso presente e em nós dois. Eu tô aqui com você, você tá aqui comigo.

Ela apenas me encarou, muda. Dando de ombros, mas deu para ver que a facada havia sido no seu orgulho. Para ela foi uma afronta eu ter ido à faculdade e ter ligado para outra, e não para ela? Mas Sheine se engolia com aquele sujeito mais velho, que sabe-se lá quem era. Pior foi eu, que mesmo vendo aquilo, não perdi o interesse e não estou agindo como um babaca nesta mesa.

— Me vê uma 51 aí, garçom, que hoje eu só saio daqui LOKA! — Sheine pediu mais álcool, bebendo depressa a pinga que chegou — olha, Tulinho, sou mais macho que você, olha! — E ela virava para dentro. Eu entrei na onda, virando junto — agora quer virar cabra para mim, não é? — Ela me empurrou "de brincadeira", dando altas gargalhadas espalhafatosas, sem nenhuma discrição.

— Sheine, tu quer disputar quem bebe mais?

— Você é só um bebê, eu sou uma mulherona da porra! Claro que eu tô mais acostumada com essa bebida do que tu. Paga pra ver!

Embora eu mantivesse a pose de zen, eu sentia cada uma destas setas de Sheine. Ela queria me atingir, como se eu fosse uma maçã numa árvore. Será que eu precisava de ser mais carinhoso? Será que eu deveria tocar no assunto, no x da questão, a Felícia? Eu não sabia como agir, eu não tinha todas as respostas, mas claramente a Sheine estava com raiva de mim, mesmo eu não tendo raiva dela. 

A verdade é que eu ainda queria pegá-la.

Conforme fomos enchendo a cara, comendo, papeando, a hora passou que nem vi.

Liv e a novinha começaram a se pegar, à dar uns beijos mais calientes. Caio e Rosana sumiram de nossa vista, indo passear no bosque. A pizzaria foi esvaziando, e com o clima esquisito que estava entre mim e Sheine, eu não tive coragem de tocá-la. Eu nem sabia por onde começar, o que fez eu parecer um tanto indiferente, mas não era isto, eu estava concentrado na bebida e em como a vida era injusta.

Meu copo, com apenas dois dedos faltando para terminar, foi o que Sheine pegou, bebendo até a última gota, batendo ele com força na mesa, ao meu lado, me encarando.

— Você é tão mole que eu nem sei se é hetero mesmo, seu pivete! 

— Qual o problema com você, Sheine? — Eu me levantei.

— Ei, calma, vai dar uma de nervosinho agora, minha paixão? — Ela alisou minha mão, fazendo um afago, com cara de vítima, e realmente eu não entendi o que ela queria.

Eu juro que tentava ler os sinais, mas estava muito difícil.

A Liv, lá atrás, fez um gesto para eu beijar Sheine. Quer saber? Confiei. Vai que o mal dela era a falta da minha rola socada no seu rabo. Puxei-a para o amasso, e este, quando começou, não parou mais...


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