ONZE
Quando Wooyoung chegou, ajudou-me junto de Seonghwa. Assim que eu estava dentro do carro, vi que Sungchan me encarava na porta de casa. Notei seu olhar de ódio, mas claramente não se comparava ao meu. Meu olhar transmitia ódio, repulsa, mas, sobretudo, nojo. Eu estava com mais do que nojo de uma pessoa a quem já considerei como um irmão.
E conforme eu ia para casa de Seonghwa, eu me questionava como estava as coisas naquela instituição, pois eu sei que não sou coreana, eu sei onde nasci, mas naquela instituição tinha de tudo e mais um pouco pois a imigração é muito frequente naquele país, e, infelizmente, muitos abandonaram filhos até mesmo à porta da instituição.
Eu posso ter sido salva quanto ao que eu sofri na instituição, mas descobrir que eu nunca fui adotada, que meu Jung não era dos pais de Sungchan, e isso tudo me deixou com um repleto nojo.
— Wooyoung, posso perguntar uma coisa que você vai achar que eu sou doida? — Nem me importei de Seonghwa também estar ouvindo, pouco me importava agora que eu sabia de tudo, e eu precisava de amenizar um pouco as coisas, de facto eu precisava.
— Pode falar.
— Preciso descobrir algo e você era policial. — Ele me encarou, com um olhar confuso.
— Você ainda não se tocou que eu fui despedido?
— Eu arranjo forma de você voltar para o seu trabalho ainda este ano se você me ajudar a descobrir meu nome verdadeiro e mudar ele para realmente Bia Jung. Ou Beatriz Jung. Tanto me faz essa parte do nome. Preciso alterar meu nome.
— Você sabe que aqui você apenas muda para coreano, não sabe? — Seonghwa diz.
— Quem disse?
— Um coreano que sabe dessas coisas. — Novamente ele fala.
— Mas eu sou estrangeira.
— Acho que isso não implica nada. São as regras. — Agora foi Wooyoung falando, me deixando completamente frustrada.
— Acho que vou ao Brasil só para mudar de nome então. Lá você pode ter qualquer nome. E amo os nomes de lá. Super criativos e bonitos.
— Ok, sim concordo. Mas você falou sobre descobrir seu nome verdadeiro. O que está acontecendo?
— Você deve saber que minha identidade é falsa, não é? Você me prendeu.
— Eu não sabia que era falsa.
— Que raio de policial era você então? — Ele não me respondeu.
— Eu ainda estou a ver vocês indo ao Brasil, mas de barco feito de paus pois ambos estão mais falidos do que tudo.
— Ninguém aqui deixou claro que ia ao Brasil trocar o nome dela. Além de que, pensei que ela realmente fosse Jung. — Wooyoung diz, respirando fundo. — Isto só vai de mal a pior.
— Nem te conto. Piora ainda mais. Mas é uma longa história. E talvez também tenha um pedido quanto ao Jung.
— Porque eu tenho medo do que vem aí? — Seonghwa profere, estacionando o carro no estacionamento.
— Não tem mais do que eu. — Wooyoung finaliza.
[...]
— Então fala aí. Qual seu plano? É que também não vai ajudar muito com você nesse estado.
— Foda-se. — Larguei as muletas, colocando meu pé no chão. Por mais que me doesse, não era a dor que senti quando fiz a lesão. — Estou melhorando, mas não farei esforços.
— Você vai levar isto. — Ele pegou as muletas, mas eu dei um tapa na sua mão e novamente elas caíram ao chão.
— Não. Está doido? Não podemos dar nas vistas. Eu nunca pensei dizer isso, mas vou revelar alguns truques.
— Truques esses de criminosa. — Revirou os olhos, cruzando seus braços. Cocei a minha nuca.
— Nem por isso. Mas também deu muito certo para isso.
— A que ponto eu cheguei. — Balançou a cabeça. — E o Seonghwa?
— Ele vai nos ajudar, a menos que queira realmente acabar que nem eu quase acabei. Não recomendo.
— Eu espero muito bem você me colocar no meu trabalho de volta. — Disse, apontando para mim com seu grande dedo, quase mesmo embatendo em minha clavícula.
— Eu vou colocar.
— Não sei se devo confiar, mas vamos ver no que dá.
— Bem... Vamos? Na polícia devem saber que eu uso identidade falsa então devem ter minhas coisas todas. E se tivermos que ir ao Brasil para eu trocar de nome, que assim o seja.
— E com que dinheiro? E nem pense em roubar.
— Ainda estou pensando nisso. Mas você aceita assaltar o Sungchan? Melhor... Denunciar. Mas a parte do dinheiro com certeza fica para mim. Supostamente sou irmã dele.
— Denunciar? Quê? Olha, eu ainda não entendi que raio de coisa que anda acontecendo. Você não é irmã dele de sangue, isso eu sei, mas calma aí.
— É muita coisa para contar. Mas... Talvez eu consiga enrolar eles e você entra. Você conhece tudo da polícia. Pode entrar lá e ver os ficheiros.
— Ok, gostei desse plano, e você não se força tanto. Mas... — Me entregou as muletas. — Eu que mando, pois sou eu que estou cuidando de você agora.
— Ok, eu entendi. Vamos. Quero ir lá logo. Desta vez não o tiro da prisão, e como supostamente sou irmã dele, o que é dele é meu.
— Eu ainda quero entender esse supostamente.
— Eu depois explico tudo! Chama o Seonghwa.
— Ele vai ficar doido se souber disto. E vai me arrancar a cabela.
— Eu nem saí do cómodo e vocês acharam que eu nem estava aqui. — Me assustei junto de Wooyoung, dando um pequeno grito ao mesmo tempo. — Gostei do plano embora não tenha entendido onde quer chegar então trate de contar essa longa história pelo caminho. E também como pensa em enfiar o Wooyoung de novo dentro da Polícia sendo que foi por causa de você que ele foi despedido. Se não, eu arranco a cabeça dos dois.
— Uma coisa de cada vez. E lembrem-se do que eu era.
— Uma criminosa.
— Uma criminosa que nunca matou ninguém. — Soltei, encarando eles com os lábios comprimidos, como se isso fosse alguma forma de debochar, mas eu estava falando a verdade. Sungchan sempre botou tudo para cima de mim. Como eu sou estrangeira, claramente ele nunca iria ser descoberto, pois a quem que irão acusar logo de primeira? Pois claro.
Eu fui uma marionete dele, e só fiz tudo isso porque eu pensava que estava a fazer o certo, pois se ele era o meu irmão mais velho, ele devia dar o exemplo.
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