Capítulo 8. As Mil E Uma Constelações
https://youtu.be/OmLNs6zQIHo
Douglas e Léo conversam na quadra de esportes da escola. Era segunda-feira. Estavam no intervalo da aula de Educação Física. Léo, sentando junto com Douglas na arquibancada do campo de futebol, tentava entender com o amigo os acontecimentos da noite passada.
- Eu sei que deve ter sido difícil... – falou Léo.
- Você não sabe não, apenas quem passa por isso sabe. – explicou Douglas.
- Eu sei, eu sei, porém você tem de perdoar o cara.
- O que ele fez foi repugnante. Um simples pedido de desculpa não vai mudar o fato de ele me ter arrancando um beijo forçadamente.
- Eu entendo você, mas você é um homem ele também... – Léo foi interrompido bruscamente por Douglas.
- Não importa se foi um homem com uma mulher, um homem com homem, mulher com mulher. Um não, é não. Nada muda isso. – fala Douglas sem nem olhar o amigo.
- Está bem, eu já entendi, porém, converse com ele, explique tudo isso que me disse, a ele. Tenho certeza que o Victor não vai repetir este erro.
- Está bem, eu converso com ele, outro dia. Hoje não estou com cabeça para conversar.
- Eu também não. Os últimos dias tem sidos intenso demais para mim. - fala Léo demonstrado cansaço.
- Você está ficando pálido igual a Esther. – falou Douglas sorrindo.
- Nem brinca com isso. Hoje ela falou que iria comigo até minha casa. Quer conhecer os meus pais.
- Ummm, isso está me cheirando a namoro, ou melhor, sexo. – disse Douglas fazendo cócegas no amigo.
- Eu nem sei como vou fazer isso se ela me pedir, nem sei colocar uma camisinha.
- Eu te ensino. – brincou Douglas.
- Como você é pervertido. – falou Léo em tom irônico e de brincadeira.
Esther se aproximava da arquibancada da quadra, onde os dois garotos estavam sentados. Ela acena a distância para Léo.
- Parece que está na hora de você ir. – falou Douglas.
- Sim. Está na hora. Anota o resto da aula e passa no Whats depois. – disse Léo já descendo ao encontro de Esther.
- Pode deixar. – fala Douglas agora sozinho na arquibancada.
Léo e Esther foram até a Range Rover que estava estacionada no pátio da escola. Os dois entraram e dirigiram-se até a casa de Léo. Viajem essa que diferente de ir de bicicleta, levou menos de quinze minutos.
- Sua casa é muito grande. – falou Esther enquanto manobrava o carro para estacionar.
- Não tão grande como a sua, quer dizer, infinitamente menor que a sua.
- Nem importa muito o tamanho da casa, o importante é amor que ela carregava.
- Aaaa, que romântico. – brincou Léo enquanto descia do carro de luxo. – deixa eu te passar só algumas instruções. Dentro daquela casa, moram pessoas muito curiosas e que adoram saber da minha vida, chamam-se pai e mãe. Então por favor, não fale demais, ou nunca mais você virá aqui. – instruiu Léo.
- Seus pais são tão terríveis assim?
- Terríveis é um adjetivo de pouca expressão para eles.
A frente da casa Léo, diferentemente da casa de Esther, não tinha nada de tão grandioso. Possuía uma pequena varanda com alguns sofás. Dois grandes coqueiros bem ao lado da escada de três degraus que dava acesso a varanda. Por dentro, a casa tinha logo ao abrir a porta, uma sala com uma tv de 40 polegadas que em frente ficava um sofá grande de canto.
Alguns abajures e um centro de mesa completavam a decoração. Os cômodos eram interligados, sendo a cozinha ao fundo ligado a sala e a esquerda uma mesa grande, que seria o cômodo da sala de jantar. Bem em frente a sala de jantar, ficava uma escada que levava aos quartos. Léo e Esther entraram rapidamente, com a intenção de não serem percebidos pelos pais e foram diretamente para o quarto.
O quarto de Léo não tinha nada de muito diferente. Apenas dois grandes mapas celestes figuravam entre os cantos da parede, bem acima de uma escrivaninha com um computador. Os mapas atraíram a atenção de Esther.
- Você gosta de estrelas? – pergunta Esther.
- São minhas grandes paixões, as estrelas e céu escuro. – explicou Léo.
Léo iria fechar a porta do quarto quando foi interrompido por Esther.
- Por que está fechando? – pergunta Esther.
- Não costumo manter a porta aberta. Meus pais podem entrar a qualquer momento. – diz Léo.
- Deixa aberta. Sempre deixe a porta aberta. Para de ficar se trancando no seu mundinho antissocial Léo, isso não faz bem a você.
- Desculpa Esther, esse é o meu jeito.
- Eu entendo, mas, a pequenas coisas em nossas vidas que se mudarmos, farão uma diferença incrível em nós mesmo, você vai ver.
Esther se aproximou mais perto dos mapas celestes que estavam no quarto de Léo. Os mapas não pareciam lhe dizer muita coisa, mas para agradar a Léo, resolveu saber mais sobre o assunto.
- Quais são essas duas constelações? – pergunta Esther apontando para duas constelações que estavam circuladas a lápis.
- A da direita é Orion, a da esquerda é a constelação de capricórnio. Você consegue ver bem na ponta da cabeça de capricórnio, é a estrela Deneb, a mais brilhante desta constelação.
- Que lindo. Você podia me levar para ver algumas estrelas a noite, você parece saber muito sobre elas. – diz Esther.
- Claro. – afirma Léo. – Eu quero te mostrar mais algumas coisas. – disse Léo já se dirigindo a uma gaveta e retirando alguns papéis que estavam em uma caixa.
- Algum tempo atrás, eu estava olhando o céu noturno. E descobrir uma coisa muito diferente. Acredito ser uma nova constelação. – explicou Léo mostrando algumas fotos a Esther. As fotos eram escuras com alguns pontinhos brilhantes.
- Isso é possível?
- Claro que sim. Novas estrelas surgem a todo momento no universo. A chance de acontecer é altíssima, eu pesquisei.
- E ela já tem nome? – pergunta Esther curiosa pela descoberta de Léo.
- Ainda não, porém vou pensar em algum que esteja ligado... – Léo foi interrompido pelos gritos da mãe que o chamava.
- Espera um pouco, eu já volto. – fala Léo para Esther, já saindo do quarto.
Esther ficou remexendo em toda aquela papelada de pesquisas que Léo tinha escrito, todas a mão. Não eram poucos papéis, existiam uma tonelada de documentos ali dentro daquela gaveta que agora estava aberta. Esther remexeu nela, curiosa em achar mais documentos sobre a nova constelação.
No meio de toda aquela bagunça, encontrou um caderno cinza, selado, contudo não de modo que fosse difícil de abrir. Dentro do caderno diversos textos escritos por Léo figuravam no seu interior. Esther começou a ler a maior parte daqueles textos, e se surpreendeu com o conteúdo.
Os textos explicavam a respeito de um possível suicídio de Léo. Eram cartas suicidas.
Ao perceber que passos vinham em direção ao quarto, Esther guardou o caderno de volta ao local onde estava. Discretamente, para não se perceber que foi mexido. Léo era quem vinha no correndo, entrou novamente no quarto.
- Eu amei essas tuas descobertas. – falou Esther. – Esse teu hobby é muito legal, espero que tenha outras coisas para me mostrar.
Léo reagiu com uma cara pensativa. Pensou em mais alguma coisa que pudesse atrair a atenção de Esther. Chegou a uma conclusão.
- Eu tenho uma coisa. – fala Léo. - Porém, vamos ter que ir lá fora.
Os dois desceram as escadas que davam acesso aos quartos da casa. Suzane e o pai de Léo estavam jantando a mesa.
- Filho, não sabia que tinha visita. – diz Suzane.
- Sim tenho, e ela já está de saída. – fala Léo.
- De saída? Como assim? Senta um pouco aqui filha. – disse o pai de Léo.
- Sim, senta, tome um café com a gente. – fala Suzane.
- Obrigado Dona Suzane, mas eu estou sem fome agora. – agradece Esther com educação.
- Sim mãe, e não temos tempo também, vou leva-la ao lago. – diz Léo puxando Esther pelos braços.
- A mas você não vai ir assim, né Léo? – observou Suzane. – Sobe e pega um agasalho. - ordenou. - Não quero você todo branco e fraco novamente.
Léo subiu as escadas sem objeção as ordens da mãe, sabia que era melhor não discutir com ela. Ficaram Esther e Suzane conversando na mesa.
- O Léo esteve doente? – pergunta Esther.
- Um pouco de fraqueza, mas foi apenas isso, uma gripezinha.
- Entendo. - diz Esther.
- Ele mudou muito ultimamente, acho que isso se deve a você. Ele tem saído mais, conversando conosco, falando sobre a escola e sobre você, principalmente. – fala Suzane.
- Não sei se tenho um grande papel nisso tudo, mas você como mãe dele, deve saber de tudo o que ocorre com ele. E como psicóloga, tudo o que se passa na cabeça dele. – opinou Esther.
- Em partes eu sei, porém, não sei de tudo. – explica Suzane.
- Você sabia que o Léo escreveu cartas suicidas? – pergunta Esther, porém, com um leve tom de afirmação.
A pergunta feita por Esther não deu tempo de ser respondida. Léo já estava descendo novamente as escadas com seu agasalho. Pegou Esther pelo braço e saiu correndo em direção ao lago.
Não se esqueça de deixar o seu voto e um comentário de apoio. Desde de já, grato pela sua leitura até aqui!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro