Capítulo 3. As novatas
O refeitório estava lotado naquele horário. Os alunos brandiam os talheres e pratos cheios de refeição, era hora do almoço no colégio. Nete direcionava-se a mesa onde estavam seus amigos:
- Batata-frita hoje? Como pude perder?
- Você perdeu o almoço e ainda chegou atrasada mocinha. - Diz Douglas.
- Desculpem, meu aparelho não queria sair. - Disse Nete mostrando os dentes.
Nete era amiga de Léo, Douglas e Felipe desde de criança. Cresceram juntos, apesar de Nete não morar no mesmo condomínio que seus amigos. Sua relação com Léo era um pouco mais afetiva. Ela era apaixonada por ele, e nunca foi correspondida, muito devido ao Léo não entender os sinais que ela mandava, porém, a escola toda já sabia.
- Credo menina, tem uma alface no seu dente. - Disse Douglas expressando uma cara de nojo.
- A desculpe! É meu almoço. - Falou envergonhada Nete. - Agora, me contem como foi a aula de hoje, preciso saber. - Pediu.
- A aula de hoje foi um espetáculo. - Disse Felipe sentando comendo um hambúrguer com as batatas-fritas.
- Como assim? - Perguntou Nete ainda mais curiosa.
- Alunos novos. - Respondeu Léo em tom de voz baixo e apontando o dedo para onde Esther, Beatriz e Victor estavam sentados, sendo cotejados pelo time de futebol da escola.
- Sim. Olha lá! Que divindades. - Disse Felipe em tom calmo e cheio de desejo no olhar.
- Aquelas garotas ali? São alunas novas da nossa sala? - Pergunta em tom de espanto Nete.
- Sim, chegaram hoje mesmo. - Explicou Douglas.
- Elas são realmente muito bonitas, porém olha aquela pele. Que pálida!! - Observou Nete.
- É verdade, elas parecem que levaram um susto. - Complementou Douglas. - Acho que isso só deixa ele mais bonito.
- Fala do menino? - Quis saber Nete. - Não acho que ele seja gay também. - Completou.
- Pode até ser que não, mas se ele quiser, eu quero!!! - Afirma Douglas com um sorriso no rosto.
- Você fala isso, mas tem medo de beijar alguém em público. - Entra na conversa Léo em tom arrogante.
- Eu nunca tive a oportunidade. - Fala Douglas.
- Todo mundo já sabe que você é gay Douglas, não precisa ficar escondendo. - Diz Léo.
- Você é um insensato. – Fala Douglas.
Uma pausa na Dr para explicar. Um dos problemas do Douglas, é que apesar de já ter se assumido para todos que era gay, nunca foi visto beijando em público ou namorando alguém. Ele ainda tinha medo da reação que isso poderia causar nos amigos, e amigos ele tinha muitos.
- Ele não está errado Douglas, você precisa se libertar. - Diz Nete.
- Isso não é tão simples quanto parece. - Fala Douglas. - Olha, com licença, meu almoço acabou. - Douglas termina a fala e retira-se da mesa.
- Você precisa ir atrás dele. - Pediu Nete.
- Eu vou. Ele não gosta nem um pouco que tocamos nesse assunto. - Diz Léo.
- É uma coisa dele, devemos respeitar isso, como amigos. - Explica Nete.
Léo se levantava com a bandeja em mãos. Iria encontrar o amigo, e pedir desculpas pelo que falou.
- Vamos jogar hoje, uma partidinha rápida de free fire? - Pergunta Nete.
- Vou estar online às noves horas, esteja lá. - Diz Léo.
- Estaremos. - Adentrou a conversa Felipe sentindo-se excluído.
O free fire era a diversão dos quatro amigos. Jogavam partidas todas as noites, sempre em grupo, eram os melhores. Léo se retira da mesa, e já se dirigia onde possivelmente estava Douglas. Ficavam na mesa, Nete e Felipe, ainda observando as novas alunas do colégio.
- Por que tão pálidas... - Pensava alto, Nete.
- Garota, você precisa se declarar para ele logo. - Fala Felipe remexendo o último pedaço de hambúrguer.
- Se declarar? Para quem? - Pergunta Nete suando frio.
- Para o Léo, você gosta dele, não é? - Quis saber Felipe terminado de comer o hambúrguer.
- Eu não estou apaixonada por ele. - Respondeu Nete, em estado de choque.
- Está sim. - Afirma Felipe. - Não precisa esconder, eu posso ajudar você.
- Isso é um assunto, meu, esquece isso.
- Tá bem. Mas se precisar de ajuda, conte comigo.
Nete ouviu momentaneamente a frase final de Felipe, seus olhos atentos estavam engajados nas meninas novas, que agora se dirigiam a saída do refeitório. Nete no limiar da sua estranheza, achava estranha a coloração tão pálida dos novos alunos do colégio. Por ser uma escorpiana bem trabalhada, teria que perguntar e saber o que acontecia com elas. "Seria uma anemia aguda" pensava ela.
Porém você leitor, deve estar se perguntando "Essa Nete não tem nada melhor para fazer, do que ficar perturbando a vida das meninas novas?" e a resposta é: Não.
Nete é uma menina nem um pouco popular, era diferente do resto da escola, de todas as formas. Chamavam-na de gordinha, porém, não era tudo isso que falavam. Chamavam-na de quatro olhos, mas, ninguém com problema de visão vai deixar de usar óculos. Chamavam-na de estranha, no entanto, ela tinha o jeito dela. Porém, a escola não compreendia isso, deixando-a excluída de tudo, do teatro aos esportes. Seus únicos amigos eram Léo, Felipe e Douglas. No tempo livre, gostava de investigar as pessoas, como todo bom escorpiano, e digamos, vender essas informações preciosas.
Quanto a aparência de Nete, devo dizer que ela era baixa, de cabelos castanhos curtos e cacheados. Gostava de usar preto, que era uma cor que agradava. Sua roupa preferida era uma camisa preta escrito " I find out" e uma saia xadrez com uma meia calça.
No corredor da escola, dando acesso a sala da próxima aula, Léo e Douglas conversavam sobre os acontecimentos no refeitório.
- Eu não gostei de ter falado aquilo na frente de todo mundo.
- Eu sei, eu peço desculpas, não foi intenção. - Argumentou Léo mexendo no armário onde guardava seus livros, estava à procura da escova de dente.
- Está desculpado, mas não faça isso de novo. Tudo no seu tempo.
- Eu quero apenas lhe ver bem. Não quero te causar nenhuma pressão. - Disse Léo enquanto procurava sua escova. Ela estava atrás da montanha de livros no seu armário.
- Quer ajuda? - Pergunta Douglas vendo a dificuldade do amigo.
- Não eu consigo.
Apesar de recusar o auxílio, a escova estava atolada no meio dos livros. Sozinho Léo não conseguiria. Impulsionou uma força sobre a pilha de livros gigantes. Tamanha foi a força que os livros caíram por todo o corredor.
https://youtu.be/CZBjAplQWQE
- Caiu!! - Disse Esther sorrindo.
Léo ficou paralisado quando viu Esther se agachando para pegar os livros. Possuía toda uma leveza e encanto que o deixou sem reação. Ele apenas ficou ali observando, desacreditado.
- Aqui estão. Parece que não sujou muito. - Fala Esther estendendo o braço para que Léo pegasse os livros.
- Obrigado. - Falou Léo sem mais palavras, ainda atônito e sem expressão.
Esther entrega os livros nas mãos de Léo. Retira-se deixando uma leve piscada de olho na presença dos meninos. É seguida por Beatriz, que seguia agarrada ao capitão do time de futebol.
- Você acaba de falar com a nova aluna gata-popular da sala. - Diz Douglas de boca aberta. - O garoto mais nerd e excluído da escola, acaba de falar com alguém popular!! É um marco nessa escola.
- Eu percebi. - Fala sem muita excitação Léo. - Mas isso não quer dizer nada, ela só quis ser gentil. - Afirma Léo.
Será mesmo Léo?
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