01
─ Mamãe? Onde está? Você não me esqueceu no meu primeiro dia de aula na escola nova, ou esqueceu? ─ Perguntei através do celular, segurando a caixa de livros que a escola forneceu e que eu ainda não tinha um armário para guardar.
─ Me desculpa, filha, mas surgiu um imprevisto aqui na loja, não pude ir te buscar... Mas enviei um Uber pra você, ele já deve estar aí na porta da escola!
Franzi o cenho, não surpresa.
─ Tá, me fala qual é o modelo do carro. ─ Pedi, me aproximando do portão a fim de enxergar melhor os carros que já tinham chegado para buscar os alunos no colégio.
─ Modelo? Tem isso também? Poxa, não prestei atenção nisso!
Minha expressão se fechou ainda mais, frustrada.
─ Como vou saber qual carro é o que você chamou para mim, mamãe?! ─ Exclamei, desacreditada.
─ Ei, relaxa! Eu lembro que era um modelo muito caro, longo e preto.
Através da descrição da minha mãe, só um veículo se encaixava. Eu o mantive no meu alcance de visão, ainda hesitante, por se tratar de uma limousine.
─ Tem certeza? ─ Insisti.
─ Absoluta! Pedi para parar bem na porta do colégio! ─ Mamãe garantiu, me fazendo suspirar antes de me despedir dela e finalizar a ligação.
Ajeito a mochila nos ombros e a caixa nas mãos e entro no veículo, me deparando com um garoto muito bonito que parecia da mesma idade que eu, vestido formalmente todo de preto.
Mentirosa. Foi a primeira coisa que pensei assim que entendi toda a situação. Mamãe tinha mentido que chamaria o Uber porque sabia que se eu soubesse que fosse alguma coisa relacionada ao meu pai, eu nunca entraria nessa limousine. Claro, afinal, uma entrada tão triunfante assim só podia ser coisa dele.
As coisas iam se encaixando, como a limousine e o garoto todo de preto à minha frente, nessas roupas sociais que ninguém usaria diariamente. Papai mandara um segurança para me escoltar até sua casa.
Sim, é claro!
─ E aí? Tá calor hoje, ein? ─ Comentei, já que o silêncio era sufocante. O garoto me lançou um olhar como se eu fosse a criatura mais asquerosa do mundo, então eu resolvi ficar quieta o resto do caminho.
Contudo, a rota até a casa do meu pai parecia estranha.
─ Ei, seu motorista, acho que o senhor errou o caminho... ─ Opinei, apontando para trás, para a rua que deveríamos ter virado.
─ Sossega. Estamos no caminho certo. ─ O segurança me repreendeu. Sua voz era rouca e profunda, como a voz de um cantor de Jazz.
Chateada com a repreensão, deslizei pelo banco da limousine com os braços cruzados. Aquilo estava entediante! Eu não podia falar ou fazer nada que aquele garoto pique anjo da morte me olhava como se fosse massacrar toda minha família!
Tentando encontrar uma distração, fitei o frigobar no fundo da limousine e caminhei saltitante até lá, pegando uma latinha de coca a qual eu abri com um só dedo. As bolhas de gás que estouravam eram música para os meus ouvidos.
Assim que dei o primeiro longo gole, percebi seu olhar sobre mim novamente. Sem conseguir me conter, eu arrotei, causando-lhe uma expressão que era um misto de nojo e desprezo.
─ Auê! ─ Exclamei, achando a situação divertida e estapeei sua testa.
─ Ai! ─ Ele rosnou, esfregando o local estapeado.
Eu caí na gargalhada ao ter minha doce vingança.
─ Sr. Taehyung? Está tudo bem? ─ O motorista indagou, nos observando pelo espelho retrovisor.
─ Está tudo bem, obrigado. ─ Garantiu, sussurrando um "au".
─ Por que você exige ser chamado de senhor? Você tem a mesma idade que eu, que feio! ─ Exclamei, sugando a Coca-Cola. Essa é sem dúvidas a melhor maneira de beber refrigerante!
─ Vá para o seu lugar! ─ Rosnou entredentes, a veia em sua cabeça parecia pulsar de irritação, mas eu não recuaria tão cedo, não quando eu encontrei o que me fazia feliz.
Irritar o segurança designado a me escoltar.
─ No. ─ Respondi igual ao meme do pernalonga, me sentando ao seu lado. ─ Nossa, esse relógio no seu pulso é verdadeiro? Como você pode ter tanto dinheiro para comprar algo tão luxuoso assim? Posso provar? Ele vai ter que passar pelo teste de qualidade.
─ Não acredito que vou passar o resto da minha vida com você... ─ Sussurrou, tão baixo que fiquei duvidosa sobre o que escutei.
─ Desculpe, o que disse? Fala com essa outra orelha, a direita tá um pouco surda porque eu ouço Demi Lovato no último volume.
─ Qual é! Você é adulta ou uma adolescente? ─ Ele resmungou.
─ Nossa! Falou o velho! Hur, só uso roupas sóbrias, ouço música clássica e leio jornais todas as manhãs. ─ Provoquei, imitando o Homer Simpson.
─ Eu não uso só roupas sóbrias. ─ Declarou, fechando os olhos em uma tentativa de se manter inalterado.
─ Duvido! Quero provas! ─ Levantei o queixo, olhando para ele de cima.
Após um suspiro vencido, o segurança levantou a barra de sua calça, relevando meias do Naruto.
─ Uau, você me surpreendeu. Meu pai sabe mesmo como escolher funcionários! ─ Dei tapinhas nas costas dele, mesmo sob seu olhar de reprovação.
─ Senhor Kim, chegamos. ─ O motorista declarou, puxando o freio de mão do carro.
Olhei pela janela, confusa. Estávamos em frente a uma igreja.
─ O que meu pai está tramando dessa vez? ─ Perguntei comigo mesma, irritada.
Levada pelo ódio, desci da limousine e caminhei a passos firmes dentro da igreja, imaginando que encontraria meu pai se casando com outra mulher, mas tudo o que vejo é um padre suando frio e de olhos esbugalhados.
─ O que está acontecendo aqui? ─ Indago, girando em círculos para tentar entender porque havia um padre vestido daquele jeito, com uma caixinha vermelha em almofadas em dois lugares para ajoelhar.
De repente, o segurança vem correndo atrás de mim e eu devia admitir que ele conseguia ser muito bonito correndo, tarefa impossível para mim, que pareço uma gazela.
─ Espera! Você não tem modos? Até o padre ficou assustado com você!
Olhei para o senhor de idade, abrindo um sorriso envergonhado em pedido de desculpas.
─ Eu só queria saber onde meu pai está. ─ Sussurrei em tom de confissão.
─ Vem comigo, depois pode procurar seu pai onde quiser. ─ Achei sua declaração sem pé nem cabeça, mas o segui pelo tapete vermelho até o padre. O segurança me estendeu um papel estranho. ─ Assina seu nome aqui.
Franzindo o cenho, fiz o que me pediu, assinando "Kim Bora" e devolvi a ele, que entregou ao padre. Este nos olhou com estranheza e revezava o olhar do papel até mim repetidas vezes.
─ Senhorita Gara, por favor, assine seu nome.
─ Não, não, meu nome é Bora! B-O-R-A! ─ O corrigi, obtendo seu olhar confuso como resposta.
─ O que? Você não é a Jeon Gara? ─ O segurança perguntou exasperado.
─ O quê? Por que eu seria ela?
─ Porque eu deveria me casar com ela hoje. Não com... você.
─ Casar? Casados? Eu e você? C-como?? Eu pensei que você fosse segurança do meu pai! ─ As palavras saíam tão desacreditadas que acabavam se repetindo sem que eu tivesse controle sobre elas.
Ele riu sem humor, mordendo o lábio inferior.
─ Você não desconfiou por nem um minuto? ─ Ele massageava suas têmporas, mantendo os olhos fechados, claramente estressado.
─ E você? Quem busca uma pessoa na escola para casar com ela? E com uma limousine, ainda por cima? E como não reconhece sua noiva? ─ Repliquei, irritada com suas acusações sobre mim.
─ Eu não sabia como ela era! Nosso casamento é arranjado porque nossos pais são os donos dos três maiores grupos da Coréia, mas você arruinou isso! ─ Exclamou, finalmente sem medir palavras para falar comigo.
─ Que vida triste, ein?
─ Não é da sua conta! ─ Rosnou, claramente irritado.
─ Na verdade, legalmente, agora é da minha conta sim! ─ Não pude perder a piada.
─ Vou entrar com o pedido de divórcio o mais rápido possível! ─ Exclamou o garoto, saindo a rapidamente da igreja, bufando como um touro.
Eu ria de sua expressão. Não importa a situação, esse mau-entendido estava sendo uma ótima piada para mim.
─ Você não seria capaz de terminar nossa união assim! Fizemos votos na casa do senhor! Agora estamos unidos para sempre! ─ Brinquei, correndo atrás dele.
O rapaz virou na minha direção em fúria.
─ Isso parece uma brincadeira pra você?
─ Ah, foi até engraçado vai, admite! Não é todo dia que as pessoas se casam desse jeito! ─ Comentei, o seguindo.
─ Haha, muito engraçado, Bora. ─ Declarou com uma expressão sóbria, abrindo a porta da limousine.
─ Nossa, que cavalheiro, abrindo a porta para mim! ─ Fui fazendo menção em entregar.
O garoto inclinou seu corpo para dentro do veículo e pegou minha caixa de livros e mochila, jogando tudo aos meus pés.
─ Até parece que você vai voltar comigo. ─ E dito isso, bateu a porta da limousine, que saiu cantando pneu.
E então, eu fiquei ali sozinha, na frente de um igreja que eu não fazia ideia da onde ficava e com meus livros novos esparramados no chão sob meus pés.
Comédia romântica. Alguns fatos abordados nessa fic não vão ter relação alguma com a vida real.
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