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Traidor

Jimin's POV

Minhas mãos viajavam pelas costas dele, passando e trilhando o mesmo caminho invisível várias vezes, eu ouvia Jungkook suspirando e minha respiração entrecortando, nossos lábios provavelmente já estavam ficando dormente um contra o outro, mas eu ainda sentia vontade de permanecer mais tempo ali, sendo acariciado pelos seus beijos doces.

A falta de ar nos levou a quebrar mais um ósculo, mas eu ainda permaneci de olhos fechados, era quase como se ainda sentisse seus lábios sobre os meus, tanto que fiz um biquinho involuntário, me sentindo um tanto patético por saber que ele estava me assistindo naquele momento, porém conhecendo o Jungkook, ele provavelmente achou a cena fofa.

— Você é tão lindo... — O escutei sussurrar, comprovando meu achismo, e assim abri minhas pálpebras, enxergando o rosto de Jungkook de frente ao meu, me fazendo corar me proximidade e também ansiar para que estivesse ainda mais perto.

Se não estivesse tão escuro, eu teria visto meu rosto se refletindo no interior se suas íris intensas, mas essa visão não teria durado muito, porque no instante seguinte já estávamos fechando nossos olhos mais uma vez, quando Jungkook retornou a se inclinar sobre mim, e fez o encaixe perfeito entre nossas bocas acontecer mais uma vez.

A noite estava atingindo seu pico, os tais peixes cantores já haviam se calado e não havia mais brilho embaixo d'água, somente as estrelas nos iluminavam naquele instante, mas o ambiente um tanto mais sombrio não chegava a assustar, e mesmo que fosse esse o caso, não acho que a gente teria notado, estávamos muito ocupados nos lábios alheios.

Minha roupa provavelmente estava suja de terra, conosco deitados naquela beira do lago, mas as peças enlameadas não faziam diferença, eu estava mais atento a forma como suas mãos rodeavam por minhas curvas, e em como ele me deixava ainda mais sedento ao triscar seus lábios sobre a pele sensível do meu pescoço, antes de voltar a me beijar como antes.

Jungkook tinha um lado provocar bem aflorado e recém descoberto por mim, e eu ainda não me sentia tão desinibido para retribuir a altura, mas nada me impediu de tentar, deixei selinhos na área do seu pescoço e na clavícula algumas vezes, brincando com suas sensibilidades, para em seguida retornar juntar nossos lábios, para mais um daqueles beijos que me deixavam ainda mais desejoso.

Eu me sentia safado demais quando começa a prestar muito atenção na forma como nossos corpos se encaixavam como uma luva naquela posição, mas era difícil evitar aqueles pensamentos com toda aquela áurea de luxúria em volta de nós, não que tenhamos passado alguma linha naquela noite, mas o calor e a entrega que compartilhávamos era intensa.

Eu não lembrava quanto tempo se passou desde que o primeiro beijo aconteceu, mas sabia que foram bons minutos curtindo o sabor alheio e todas as sensações que atravessavam meu corpo, tendo suas mãos me tocando e sua boca me beijando sem pausas. Aquele, sem dúvidas, havia sido o amasso mais duradouro e quente que eu já tinha trocado com alguém, e não me importaria em repetir, porém estava ficando muito tarde.

— Jungkook... — Expressei, quebrando o beijo e o vendo me encarar atento. — Temos que voltar, está ficando tarde.

— Tem razão... — Murmurou fazendo um biquinho, e pela sua expressão, ele não queria ir embora, mas concordava comigo.

Jungkook se colocou em pé primeiro, estendendo ambas as mãos para me ajudar a levantar, o que fiz em seguida, ficando de pé em sua frente e recebendo um beijo na testa do moreno, que sorriu todo bobo após o ato, talvez por ter me deixado de bochechas vermelhas mais uma vez, e com uma leve vontade de o puxar de novo para aquele chão e continuar o que tínhamos iniciado horas antes.

— Vamos andando. — Jungkook falou, sorrindo para mim e segurando minha mão para entrelaçar nossos dedos.

— Vamos. — Concordei, segurando sua destra e me preparando para a caminhada de volta à minha cabana.

Apressamos os passos por dentro da trilha, passando pelo lugar onde havia acontecido a fogueira, mas não tinha muita gente por ali, a maioria acordava cedo para os trabalhos na vila na manhã seguinte, então não ficaram até tarde como nós e alguns restantes. Porém a gente também não ia estender por mais tempo, apenas mantivemos nosso caminho até a vila a partir dali.

Eu estava um pouco confuso em como deveria me sentir naquele momento, eu tinha ficado com Jungkook e havia sido ótimo, mas existiam tantas coisas que ele não sabia, e novamente eu comecei a me sentir uma pessoa horrível, porque eu precisava contar a ele, entretanto, olhando ele ali ao meu lado, caminhando todo sorridente enquanto balançava nossas mãos entrelaçadas, minha coragem sumiu, eu não queria estragar as lembranças daquela noite.

— Quer dormir comigo? — A pergunta de Jungkook cortou o silêncio e me fez dar um salto para trás pela surpresa.

— O quê? — Indaguei, fitando ele com as sobrancelhas arqueadas, vendo o rosto de Jungkook ficar quase roxo de tão corado quando ele se deu conta de como aquela frase soava.

— Q-quis dizer... Ir dormir lá na minha cabana, sabe... — Gaguejou arregalando os olhos, me encarando todo afobado. — Minha nossa! Eu não quis dizer desse jeito, isso soou muito errado, desculpa, só queria passar mais tempo com você, não quis dizer que eu queria que a gente... É... Nossa, desculpa, Jiji.

— Ei, está tudo bem, não é como se eu fosse ficar bravo por receber um convite pra transar do cara que estou ficando, é normal, eu só fiquei surpreso... — Tentei o acalmar, mas quem acabou nervoso foi eu, não queria ser mal interpretado também. — Não quis dizer que já quero que a gente... Não hoje... Espera, quero dizer... — Gaguejei miseravelmente, deixando tudo ainda mais confuso. — Caramba, fui tentar arrumar o que eu falei e só piorei.

— Palavras não estão sendo o nosso forte hoje, Jiji. — Jungkook afirmou, rindo soprado, me fazendo rir também, deixando o clima mais leve instantaneamente.

— Não mesmo. — Confirmei, balançando a cabeça para os lados. — Mas eu aceito ir dormir na sua cabana sim, Kookie.

— Oh... — Ouvi ele expressar, arregalando seus olhos grandinhos de novo.

— O que foi? — Perguntei, franzindo a testa com sua reação de surpresa.

— Você me chamou de Kookie. — Respondeu, agora sendo a minha voz de arregalar os olhos, pois nem tinha me dado conta que o chamei por um apelido.

— É... Você não gosta? — Questionei cuidadosamente.

— Eu gosto sim. — Assentiu, virando o rosto para me olhar e me fazer ver o sorriso doce que ele carregava nos lábios.

Sorri também, e acabamos trocando um selinho antes de continuar a caminhada até a cabana dele.

Chegando lá, fomos recebido pelo silêncio, Jungkook avisou que sua mãe devia estar no décimo sono àquela hora, mas mesmo assim poderia acordar facilmente com qualquer barulho, então nos movimentamos lentamente pela cabana, tentando não fazer nenhum ruído, para não despertar a senhora Jeon, o que funcionou muito bem.

Jungkook me guiou até o seu quarto, num dos últimos cômodos da casa, devido ao escuro na residência, eu não conseguia ver muitos detalhes, mas percebia que o lugar tinha mais divisórias e organização que a minha cabana, principalmente o seu quarto, com somente uma cama ao centro, ao contrário do meu, onde havia várias camas e divisórias removíveis.

Jeon me emprestou uma roupa para dormir e me deixou sozinho ali para me trocar, pois ele foi se vestir no banheiro. Coloquei sua caminha e um short de malha fina, vendo que ambos ficaram bem folgados em mim, mas não era uma preocupação, tinha o seu perfume nas peças, e isso de alguma maneira fazia eu me sentir ainda mais aconchegado com aquelas roupas.

Jungkook também me mostrou onde ficava o banheiro, e depois de usá-lo, voltei ao quarto, vendo Jeon já deitado, bem sonolento e a ponto de começar a ressonar, por isso voltei a me mexer com bastante cuidado, fechando a porta devagarinho e retornando a cama, me deitando no espaço livre ao seu lado, para esperar o sono vir.

Mas quem veio primeiro foi Jungkook, ao abraçar minhas costas e me puxar para mais perto, fiquei um pouco tímido de início, dormir de conchinha com certeza não estava na lista de coisas que eu já havia feito na minha vida antes, porém se tornou confortável bem rápido, acabei adormecendo em seus braços antes mesmo de notar o sono chegando.

x~x~x

Na manhã seguinte, ao despertar, recebi um banho de ressaca moral, a primeira coisa que pensei ao abrir meus olhos foi que eu beijei Jungkook, deixei me levar e me envolver, e ainda não havia contado nada sobre mim para ele, e muito menos para Yongguk e Hwasa, os que mais sairiam prejudicados caso os caçadores viessem.

Jungkook ainda dormia ao meu lado, com a bochecha encostada em meu ombro, o que dificultou bastante na hora de me levantar, pois eu não queria acordá-lo e ter que explicar o porquê de estar querendo correr de sua casa, mas consegui essa façanha de não lhe despertar após algumas tentativas.

Mais uma vez a cabana inteira estava quieta e silenciosa, o quarto da mãe de Jungkook estava aberto, mostrando que ela havia saído, então não me senti tão inseguro em andar pela casa, e após recolocar as roupas que estava vestindo no dia anterior e ir ao banheiro, retornei ao quarto de Jungkook, me perguntando se eu deveria esperar que ele acordasse para conversar ou era melhor deixar para mais tarde.

Começou a pesar muito em minha mente compreender que Jungkook beijou um desconhecido sem saber, tinha tantas coisas sobre mim que eu temia contar a ele, pois sabendo seu histórico com caçadores, eu não conseguia imaginar uma reação amena vindo dele.

Gostaria de abrir meus sentimentos e contar que eu não considerava mais os sobrenaturais como seres malignos, queria ajudar a acabar com a descriminação contra os seres mágicos e místicos, pois não era justo que os inocentes pagassem pelos erros alheios, um mês foi o bastante para eu ver as coisas que me eram escondidas, mas ele acreditaria em mim? Às vezes nem eu mesmo acreditava.

Não era justo que ele confiasse tanto em mim durante todo aquele tempo, enquanto eu não passava de um traidor, e eu precisava revelar toda a verdade, por mais que fosse doer, e por mais que ele me detestasse depois daquilo, era o certo a se fazer, era a única coisa a se fazer.

Mas antes de ter aquela conversa com Jungkook, eu precisava ir conversar com os líderes, explicar as coisas e os deixar a par de tudo, eles precisavam arrumar maneiras de se proteger e se defender antes do ataque dos caçadores, eu poderia ser importante nisso, sabia como ajudá-los a despistar as tropas, eu possuía informações valiosas.

Decidi escrever um bilhete para Jungkook, na folha que destaquei de um bloquinho de notas que ele deixava sobre a mesa de cabeceira. Mas não escrevi muito, apenas avisei da minha saída mais cedo e que eu não podia esperar que ele acordasse, pois tinha muitas coisas para fazer, e por fim, pedi que me encontrasse mais tarde, pois eu precisava conversar com ele.

Sai da cabana dos Jeon's diretamente para a minha, onde tomei banho e comi alguma coisa, para em seguida enfrentar o dia mais temido por mim dentro daquela vila, quando enfim revelaria minha verdadeira identidade a todos, como um caçador infiltrado.

— Nossa, você parece prestes a ir enfrentar uma guerra. — O comentário veio de Taehyung, assim que nos cruzamos no caminho que eu fazia até a casa de Yongguk e Hyejin.

— Oi, Taehyung. — O cumprimentei, ainda meio apressado.

— Está tudo bem? — Ele questionou de cenho franzido, parecendo preocupado.

— Não muito. — Respondi, não tinha porque mentir mesmo, só pela minha cara dava para ver que não era um dos meus melhores dias.

— Queria conversar com você, é sobre o que aconteceu no feriado. — Falou, me fazendo o olhar surpreso, tinha me esquecido daquilo, o dia em que causamos um choquinho um no outro ao nos abraçarmos e isso fez as veias em seu pescoço brilharem.

— Oh sim, é verdade... — Murmurei pensativo, eu não sabia como os líderes iriam receber a minha revelação e nem como todos me encarariam depois daquilo, talvez essa fosse ser a minha última chance de conversar pacificamente com Taehyung, então eu iria em frente. — Podemos conversar agora?

— Claro, vamos para um lugar mais sossegado. — Pediu, apontando para uma árvore frondosa próxima dali, fora do espaço de tráfego dos pedestres da vila.

Se sentaram embaixo da sombra da árvore, e no mesmo instante comecei a se sentir um pouco nervoso e desconfortável, pois só então me deu conta que Taehyung poderia ter descoberto algo grande sobre aquele tal brilho em sua árvore genealógica, porém tentei pensar positivo, já teria muitos problemas para lidar naquele dia, não queria ter que lidar com mais um.

— Fiz algumas pesquisas nas antigas escrituras da minha família, e até que encontrei algumas coisas sobre. — Taehyung começou, me fazendo lembrar que Wheein havia comentado sobre as pesquisas dele. — É comum que as veias de um dragão ganhem brilho quando ele está em contato com um dragão de uma outra família, é como um comprimento ou uma identificação.

— Você acha que eu sou um dragão? — Perguntei, arregalando os olhos com a informação.

— Não, tenho certeza que você não é. — Afirmou, me deixando confuso novamente.

— Como pode ter tanta certeza? — Indaguei, franzindo a testa.

— Primeiro que se você fosse um dragão, você saberia, o escudo em volta desse lugar tem um feixe mágico que identifica o ser que você é antes de entrar, os guardas teriam descoberto sua descendência. — Explicou rapidamente. — E em segundo lugar, os dragões nascem em forma de dragões, a gente só aprende a mostrar nossa forma "humana" quando somos um pouco mais velhos, não tem como esconder isso, mesmo que você tenha crescido sem a presença dos seus pais.

— Mas e os imoogis? — Perguntei, ainda meio perdido naquele assunto.

— Você nasce um imoogi quando descende de um humano e um dragão, e assim tem que esperar mil anos até que seu treinamento esteja concluído. — Contou em seguida. — Esse é o tempo que se leva para o corpo de um imoogi produzir uma yeouiju, a pérola que faz com que ele seja capaz de se transformar num dragão completo.

— Pensava que essa pérola caia do céu e o imoogi precisava pegar. — Comentei, me referindo as lendas folclóricas que já havia estudado antes.

— É o que dizem as lendas, mas na verdade o sangue do próprio imoogi que produz a sua pérola. — Confirmou, sorrindo de lado.

— Então você tem mais de mil anos de idade? — Contatei, arregalando os olhos mais uma vez.

— Oh não, meus pais eram dragões, eu já nasci assim. — Disse, rindo soprado. — Mas atualmente tenho 66 anos.

— O quê? — Exclamei, elevando a voz pela surpresa. — Você é imortal?

— Não, mas vou viver por milênios ainda. — Explicou sorrindo, parecendo se divertir com minha expressão pasma. — Para os humanos, quem tem mais de sessenta anos é considerado um idoso, mas na visão dos dragões, eu sou praticamente um bebê.

— Caramba, você conheceu o mundo antes da explosão da descoberta dos sobrenaturais. — Proferi, ficando pensativo. — E mesmo assim conseguiram se proteger de muita coisa, não participaram da guerra, mantiveram seus segredos e tudo mais, eu mesmo não sabia que dragões podiam possuir uma forma humana.

— Ao contrário do que muitos mitos contam, os dragões são seres pacíficos, entrar numa guerra vai completamente contra todos os nossos princípios. — Falou, suspirando pesado. — Mas não conseguimos nos proteger tanto assim, eu perdi a minha família, lembra?

— Oh sim, eu acabei me esquecendo, desculpe... — Abaixei o olhar, ficando envergonhado por ter me desligado daquilo. — Perdão pela intromissão, e você não precisa responder se não quiser, mas como aconteceu?

— Surgiu uma crença no povoado em que eu vivia, as pessoas começaram a acreditar que poderiam ter poderes se matassem um dragão, pois a energia vital e mágica de um de nós seria sugava pelo corpo do humano após a morte da criatura. — Explicou brevemente. — Mas outros apenas nos queriam como troféus, grupos de caçadores de dragões começaram a aparecer assim.

— Isso é tão cruel, eu sinto muito. — Falei, me sentindo mal apenas por imaginar a dor pela qual ele já tinha passado, e ainda passava.

— Uma parte de mim se animou quando você causou aquele brilho em mim, achei que havia encontrado alguma ligação parental ou sei lá. — Confessou, rindo sem humor. — Mas acabamos sem respostas de novo, não achei nada que explicasse isso além do que já te contei, talvez exista alguma outra explicação mística para isso, vou continuar procurando.

Quis segurar sua mão e dizer que nós ainda poderíamos ser grandes amigos, e que nenhum laço de sangue era preciso para que obtivéssemos uma conexão, mas eu não podia prometer nada e nem dizer uma coisa dessas, ele não sabia que eu era um caçador e com certeza tinha lembranças horríveis de pessoas como eu, por isso somente me despedi de Taehyung, voltando a caminhar até a casa dos líderes, para expressar minha confissão.

Mas como aparentemente o universo estava querendo me impedir de fazer tal coisa, novamente fui parado em meio ao caminho, pouco antes de chegar a casa de Yongguk. Dessa vez a ninfa Dahyun veio até mim, carregando um bebê em seu colo, o que automaticamente me fez franzir a testa, me perguntando de quem era aquela criança.

— Bom dia, Jimin. — A ninfa me cumprimentou sorrindo.

— Bom dia... — Murmurei, confuso com o bebê que ela carregava, afinal, não sabia que tinha filhos ou irmãos mais novos.

— Ah, essa aqui é minha afilhada, filha de uma das ninfas da floresta. — Ela explicou ao ver minha cara confusa. — Estou de babá hoje.

— Oh sim, entendi. — Sorri, vendo que a bebê ninfa me olhava curiosa. — Oi, neném.

— Quer segurá-la um pouquinho? — Dahyun questionou, vindo para mais perto de mim.

— Posso? — Perguntei, vendo Dahyun assentir.

— Claro. — Afirmou, passando sua afilhada para meus braços.

Sorri ao segurá-la, tomando cuidado para não derrubar a manta verdinha que a cobria, a bebê logo me encarou com seus olhos grandes, parecendo curiosa e confusa ao ver esse rosto desconhecido, mas logo me mostrou um sorriso banguela, elevando sua mãozinha para tentar pegar em meu nariz, o que me fez sorrir todo bobo, encantado pela pequena ninfa risonha.

Sempre tive facilidade para lidar com crianças e tinha a vontade de ser pai um dia, mas não foi isso que veio a minha cabeça naquele momento, e sim uma grande tristeza por saber que aquele inocente bebê nasceu em um mundo que o veria como uma criatura terrível, somente pelos seus genes sobrenaturais, e aquele ódio parecia estar longe do fim.

— Ela não merece enfrentar um mundo tão hostil, ninguém aqui merece. — Comentei em voz alta, perdido nos meus próprios pensamentos, recebendo a atenção de Dahyun.

— O que você disse? — Ela indagou, me olhando de testa franzida.

— Tenho que contar uma coisa. — Afirmei, devolvendo a neném para seus braços, vendo Dahyun a pegar ainda me encarando com confusão.

— Um segredo? — Questionou, balançando a afilhada para um lado e para o outro calmamente, talvez na intenção de fazer a bebê dormir.

— Sim, um segredo sobre mim. — Murmurei, suspirando pesado. — Não sou quem vocês acham.

— Você é sim, não diga besteiras. — Dahyun retrucou, rindo soprado, parecendo achar que eu estava brincando.

— Não sou. — Afirmei mais uma vez. — Eu só queria me sentir útil, sentir que existe um motivo para estar aqui, mas não me vejo fazendo diferença alguma, eu estava ajudando o lado errado dessa história.

— Diz isso por que você é um caçador?

Meu corpo gelou de uma maneira que pensei ter começado a nevar, arregalei os olhos, encarando Dahyun em minha frente, vendo que sua expressão neutra não havia mudado em nada, nem parecia que tinha acabado de falar que sabia que eu era um caçador, por isso fiquei paralisado, sem reação alguma por alguns instantes.

— Como é que é? — Foi a única coisa que consegui proferir após aquele silêncio, minha voz saiu falha e de forma exasperada, estava em pânico.

— Garoto, achou mesmo que enganaria um clã de sobrenaturais? — Dahyun expressou, rindo sarcasticamente. — Temos até um vidente conosco.

— Mas o Yoongi... Ele... — Me perdi nas palavras, gaguejando e não conseguindo nem completar a frase.

— Yoongi nos contou semana passada. — Confessou, me deixando pasmo mais uma vez. — Ficamos com medo e também com raiva de início, eu me senti bem enganada... — Suspirou, soltando um riso sem humor. — Porém ele disse para confiarmos que você era uma alma pura com uma mente corrompida, mas que já estava começando a se limpar, pois você é muito mais do que apenas um caçador, é um elo importante em meio a tudo isso.

— Todo mundo sabe sobre mim? — Constatei, ainda confuso em como me sentir diante daquela revelação, e também com as palavras que ela disse que Yoongi usou para se referir a mim.

— Sim, Yoongi falou que você contaria a verdade quando se sentisse pronto, mas ele preferia evitar todo o drama e chororô da revelação, então nos deixou a par disso antes. — Contou, dando de ombros. — Disse que você tem um propósito muito maior, mas como ele não teve a visão de como seria a revelação, preferiu evitar que você pegasse todos de surpresa e fosse rechaçado, não sei, não temos como prever as reações de cada um, o Yoongi preferiu preparar o terreno pra você primeiro.

— Eu não mereço isso, e-eu... — Disparei as palavras, sentindo minha cabeça entrando em parafuso por alguns instantes.

— Talvez não mereça mesmo, eu não sei, mas o Yoongi sabe, e a gente confia na palavra dele. — A ninfa proferiu confiante.

— O Yoongi já sabia dos planos do Hajun? — Indaguei pensativo, tentando juntar as peças.

— Quem? — Dahyun retrucou, mostrando que desconhecia o líder dos caçadores. — Ah, deve ser algum caçador importante, o Yoon disse mesmo que você compartilharia informações importantes com a Hwasa e o Gguk, mas ele não sabia direito que informações seriam essas, as visões não eram claras.

— Então o Jungkook também já sabe sobre mim? — Perguntei novamente, abrindo meus olhos ao máximo ao me dar conta daquilo.

— Sim, todos nós sabemos. — Confirmou mais uma vez, soltando uma risadinha leve.

— E mesmo assim ele me beijou? — Questionei mais para mim mesmo, ligando os pontos.

— Hmmm... — Murmurou, sorrindo maliciosa. — Vocês se beijaram então...

— É, sim... — Afirmei, não dando muita atenção para as brincadeiras que ela provavelmente queria fazer ao obter aquela informação. — Por que ele...

— Por que ele não te beijaria? Ele gosta de você e sabe que tem um bom coração. — Falou, um tanto impaciente, mas rindo da minha descrença perante a tudo aquilo. — Você gosta dele, né?

— Gosto. — Afirmei sem pestanejar.

— Então pronto, sem drama, não temos tempo pra isso, a vida é curta demais, Jiminie. — Riu ao dizer, enquanto eu ainda estava parado ali, com vários pontos de interrogação flutuando sobre minha cara.

— Mas eu... — Tentei argumentar, porém ela me interrompeu antes:

— Vai lá conversar com ele, esclareça tudo, é melhor do que ficar aí colocando minhocas na cabeça. — Aconselhou, sorrindo levemente. — Eu preciso ir colocar minha afilhada pra dormir, a gente se vê mais tarde, ok?

Vi Dahyun se afastar aos pontos, mas continuei no mesmo lugar, parado com cara de pateta por mais alguns instantes, transtornado com o fato deles já saberem quem eu era, de certa forma eu estava aliviado também, pois entendi que eles não estavam me vendo como um inimigo, mas qual era a visão de Yoongi sobre mim, afinal?

Tinha que ser algo muito importante para ele fazer todos acreditarem que eu não era uma ameaça, sei que eu realmente não era, porém fazer toda uma vila de sobrenaturais confiar num caçador sem dúvidas era impressionante, porque tecnicamente, eles não tinham mais porque confiar em mim, entretanto tinham fé em Yoongi e em suas profecias.

Engoli seco, perdido dentro da minha própria mente, parecia que Dahyun havia acabado de desconectar todos os fios dentro da minha cabeça, porque eu realmente fiquei inerte, tentando relembrar meus últimos dias ali e procurando por algum momento em que alguém entregou ou deixou escapar que sabia sobre mim, mas não veio nada em minhas memórias, somente Yoongi era uma certeza até então, todos os outros esconderam muito bem.

Mas pensando bem, talvez tenha sido por isso que os líderes facilitaram minha saída da cúpula e Seokjin simplesmente permitiu meu distanciamento dele na cidade, naquele momento eles poderiam estar agindo conforme Yoongi os pediu para agir, me deixando chegar até os caçadores, para que eu enfim percebesse que Hajun não queria ajudar ninguém, ele parecia obcecado em entrar na vila, mesmo sem qualquer quebra de regras ou crimes acontecendo.

Pensei em correr até Yoongi para fazer minhas perguntas, mas mal tinha saído do lugar quando vi Jungkook se aproximando, ele provavelmente estava indo para o consultório, porém ao me ver parado no meio da rua da vila, decidiu vir falar comigo, e isso me causou um nervosismo instantâneo, eu não sabia se já estava pronto para conversar sobre quem eu realmente era, mesmo sabendo que ele tinha consciência de tudo.

— Bom dia, Jiji! — Jungkook me cumprimentou sorrindo como de costume, porém minha expressão naquele momento com certeza não estava das melhores. — O que aconteceu?

Não consegui respondê-lo de imediato, o choque inicial da notícia que Dahyun tinha me dado estava passando, e quando a ficha começou a cair, uma grande vontade de chorar se apossou de mim, não somente pela culpa de ter mentido e enganado todos eles sobre minha verdadeira identidade, mas também porque eu estava com medo do que viria pela frente.

Yoongi sabia algo importante sobre mim, e a vila inteira acreditava que eu era uma peça fundamental o suficiente para que depositassem sua confiança em mim, mas eu não me sentia confiante.

Existia um certo alívio por saber que eles não estavam me detestando, mas eu sabia que isso era somente por causa do que Yoongi os falou, pois em caso contrário, eu teria sido expulso num piscar de olhos, e naquele momento, talvez muitos deles realmente me odiassem, porém não falariam ou fariam nada por respeito ao vidente.

— Jiminie... — A voz de Jungkook soava longe, mesmo que ele estivesse ali ao meu lado.

Continuei sem dizer nada, minha voz estava travada e um bolo se formava em minha garganta, vi Jungkook vir para mais perto quando as primeiras lágrimas começaram a escorrer por minhas bochechas, ele não falou de início, somente acariciou meu rosto e depositou um beijo em minha testa, antes de me puxar contra seu peito, me permitindo um abraço confortável e apertado, porém que não parecia o suficiente para tirar aquela agonia que eu sentia dentro de mim.

— O que aconteceu, Jiji? — Ele questionou mais uma vez, ainda sem se afastar de mim.

— Eu sou um caçador. — Expressei, sentindo aquelas palavras doerem em mim como nunca antes. — Dahyun me contou que todos já sabem.

— Sim, nós sabemos. — Afirmou, após alguns segundos em silêncio, somente deixando um suspiro escapar. — Eu quis falar com você antes, mas o Yoongi pediu que eu esperasse até a sua decisão de falar sobre isso, porque precisava chegar a hora certa.

— E mesmo assim você não me detesta agora? — Indaguei, afastando meu rosto de seu ombro, enxergando seu rosto embaçado por conta da grande quantidade de lágrimas em meus olhos. — Eu menti para vocês, estava infiltrado aqui para levar informações ao meu grupo de caçadores.

— Sei disso. — Assentiu, sorrindo sem humor. — Não detesto você, Jimin, detesto a maneira como você foi ensinado a ver os sobrenaturais, e a maneira descabida como muitos caçadores agem, detesto a missão que te deram e detesto as mentiras que você teve que inventar. — Disse, agora seriamente. — Em resumo, eu odeio o jogo, mas não o jogador.

— Eu sou um traidor, traí os dois lados. — Afirmei, me afastando dele, quebrando nosso abraço.

— Como assim? — Perguntou, unindo as sobrancelhas.

Comecei a explicar ainda em meio a algumas lágrimas, sobre a minha saída no dia anterior, os detalhes do plano descabido de Hajun, e contei também que estava a caminho de revelar tudo a Yongguk e Hyejin, pois os caçadores estavam a ponto de cometer mais uma injustiça para sua conta, e Jungkook somente me ouviu em silêncio, absorvendo cada informação que eu lhe dava.

— Não serei mais bem vindo no grupo de caçadores depois do que farei, mas não posso deixar que eles acabem com esse lugar e condenem o Yongguk injustamente, eu sei que ele não está sequestrando humanos para os transformar em lobisomens. — Finalizei, limpando meu rosto choroso com as mãos.

— É isso que os caçadores acham? — Jungkook expressou, surpreso. — Nossa, não faz o menor sentido, Yongguk nunca faria isso, sem contar que todos os membros da matilha dele já nasceram lobisomens, nenhum foi transformado durante a vida.

— Hajun, que o líder do grupo de caçadores, disse sobre uma uma testemunha que morou aqui antigamente, e ela revelou isso, falou que foi expulsa por tentar contar para todos as coisas que o Yongguk fazia. — Expliquei, vendo novamente Jungkook parecer confuso com essa informação.

— Precisamos conversar com o Yong, talvez ele saiba qual antigo morador é esse. — Jeon disse, segurando minha mão, pronto para me puxar até a casa do líder.

— Jungkook, espera... — O chamei, não saindo do lugar, o que o fez me encarar desentendido. — Não está com raiva de mim?

— Confesso que fiquei bravo quando o Yoongi me revelou quem você era, me senti traido, e um idiota por ter acreditado em tudo que me falou, achei que mais uma vez estava me deixando enganar pelos olhos bonitos de alguém falso. — Disse sincero, e eu fui engolido por culpa novamente. — Mas o Yoongi me contou de suas visões, ele sente verdade em você, e eu me permiti sentir também.

— O que o Yoongi viu sobre mim? — Indaguei, ainda tão perdido em meio a aquilo.

— Ele apenas disse que você é o guerreiro humano que lutaria ao nosso lado, sem grandes detalhes, mas que poderíamos confiar, porque você sabe que pertence mais aqui do que ao outro lado. — Revelou, me deixando inerte mais uma vez. — E eu acho o mesmo, mesmo que eu não tenha visões proféticas como ele.

— Como pode ter certeza? — Questionei, soltando um riso nasalado e sem graça.

— Sou um strzygi, a gente tem uma certa sensibilidade para saber as emoções e sentimentos dos próximos, ganhei esse poder depois do acidente... — Explicou, levando a minha mão, que ainda estava sendo segurada por ele, até seu peito, me fazendo sentir os batimentos do seu coração. — Não sou como a Solar, eu não compartilho as mesmas emoções das pessoas ao meu redor, mas consigo saber o que qualquer um está sentindo, ainda não sei controlar esse poder, é algo que vai e volta quando quer, porém eu senti coisas boas em você várias vezes, por isso eu confiei.

— Então, ontem no lago... — Murmurei, sentindo minhas bochechas esquentarem ao me lembrar de tudo.

— Senti sua sinceridade, sua dúvida, o encanto, a melancolia, a paixão... — Pontuou cada um, sorrindo em minha direção. — O mesmo que eu sinto, afinal.

— Me perdoe por todas as vezes que eu menti sobre quem eu realmente era. — Pedi, olhando firme em seu olhos, mesmo que depois do que ele disse, ficasse difícil para mim o encarar e não me sentir tímido, porque eu me via completamente transparente, desnudo e desarmado em sua frente. — Me desculpa por tudo.

— Eu te desculpo porque eu conheço a versão deturpada que os humanos têm sobre nós, os sobrenaturais, e eu sei que está sendo sincero. — Respondeu, ainda sério. — Mas me prometa que não haverá mais mentiras entre nós, eu já passei por muito disso na vida para acabar caindo de novo, estou cansado de me machucar.

— Eu prometo. — Proferi de imediato, vendo Jungkook elevar seu dedo mindinho e o fechar em volta do meu, num ato inocente para selar uma promessa valiosa.

Um sorriso surgiu em meus lábios ao encarar nossos dedos unidos, e assim elevei meu olhar até o rosto de Jungkook, vendo que ele já estava me fitando, com sua mesma expressão carinhosa de sempre, aquilo trouxe um pouco de calma ao meu peito, mesmo que minha cabeça ainda estivesse uma bagunça depois daquela carga de informações e sentimentos.

E Jungkook mais uma vez mostrou que sabia como me tranquilizar, ao segurar ambos os lados do meu rosto com delicadeza, depositando um beijo em minha testa, como num sinal de "vai ficar tudo bem" ou "estou com você", não sei se consegui interpretar aquele gesto da melhor maneira, mas ele me trouxe mais um sorriso, e fez meu coração palpitar.

Tanto que precisei matar a vontade que se apoderou de mim naquele instante, ao aproximar meu rosto do dele mais uma vez, colocando minhas mãos sobre seus ombros e fechando minhas pálpebras, mostrando o que mais eu queria, Jungkook não precisava de muito para conseguir me interpretar, por isso somente riu baixinho, antes de beijar meus lábios, estalando selinhos sobre minha boca da mesma forma que fez após nosso primeiro beijo.

Não aprofundamos aquele contato, somente movemos nossos lábios lentamente, num selar calmo, porém gostoso o suficiente para me fazer suspirar contra a boca de Jeon, ele sorriu, e massageou minha bochecha carinhosamente, me causando um leve arrepio ao sentir as pontas frias de seus dedos, contra minha pele quente.

Afinal, minhas bochechas arderam pela timidez quando me dei conta de que ainda estávamos parados no meio da rua da vila, qualquer um que estava por ali pude ver nosso beijo, mas aquela altura, acho que todos sabiam também que havia alguma coisa a mais entre Jungkook e eu, mesmo que eu tenha me negado a ver o mesmo no início.

— Meninos... — Uma voz feminina bem acanhada soou próximo a nós, forçando uma tosse em seguida. — Desculpa por atrapalhar, é que tenho um recado meio urgente...

Nos separamos no mesmo instante, vendo nossa amiga sílfide parada ali, discreta e um tanto distante, com uma expressão super culpada por ter nos interrompido. Jungkook e eu acabamos rimos cúmplices e desviando o olhar para o chão, um tanto encabulados na presença de Solar, que nos encarava atenta, agora levando um pequeno sorriso em seus lábios.

— Yongguk mandou avisar que fará uma reunião, e quer essencialmente a sua presença, Jimin. — Yongsun explicou, quando ficamos atentos a ela. — E a sua também, Jungkook.

— Agora? — Jungkook perguntou antes que eu fizesse essa mesma indagação.

— Daqui a pouco, ele primeiro quer fazer um discurso a todos da vila, para explicar direito o que está acontecendo. — Respondeu, e eu franzi o cenho, pois eu nem tinha chegado a conversar com os líderes ainda.

— Mas eu ainda não revelei tudo sobre os caçadores. — Expressei confuso e ela franziu o cenho, mas como todos já sabiam sobre mim mesmo, não teria problema eu ser mais aberto ao falar sobre aquilo. — Preciso contar para eles sobre os planos do meu antigo líder, a vila corre perigo. 

— Existem mais coisas acontecendo do que apenas o seu grupo de caçadores, Jimin. — Solar informou, me fazendo elevar as sobrancelhas, surpreso e temeroso.

O que mais poderia acontecer?  

~♥~

hihihi até o próximo, gente ╰(*'︶'*)╯

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