Rio de Janeiro X São Paulo
1 mês depois...
Pov' Narradora
Trinta dias tinham passado desde a demissão da Brunna. No hospital do centro da capital carioca, os pacientes não se cansavam em se perguntar, quando a Doutora Brunna iria voltar, para terminar o atendimento com amor e carinho. O supervisor, Doutor Luiz sempre inventava uma desculpa, ora que a Brunna estava doente, ora que tinha ganhado férias, tudo para não atrapalhar o estado médico das pessoas. Por um lado ele não estava muito errado, mas por outro, ele não estava nada certo em ter concordado com a demissão da médica. Embora ele tenha dito a ela, que nada podia ter feito para mudar a escolha do diretor geral do hospital, foi lhe feita uma pergunta naquela ligação, uma pergunta "existe algum risco de prejudicar a ela e a nós?" uma pergunta na qual foi omitida a resposta.
O homem era puxa saco o suficiente para não responder, já que o diretor já estava querendo a demissão de sua funcionária. Ele sabia que Brunna era uma das melhores profissionais daquele hospital e se muitos dos pacientes não tinham vindo a óbito, primeiramente era por Deus e segundo pela doutora, que dedicava dia após dia, para levar o bem estar a todos que precisavam. Mas agora, depois de um mês, ele estava sentindo o peso da sua omissão. Porém, muito diferente dele, Brunna tinha sua consciência leve, por mais que ainda se perguntasse se realmente foi demitida por uma intolerância sexual, seguia sua vida com a mesma intensidade de antes.
Na semana anterior, inaugurou seu próprio consultório, em parceria com o Doutor Lorenzo, filho de um obstetra renomado no estado e também de uma empresária do ramo da moda, o homem é consideravelmente alto, com uma barba perfeitamente alinhada, juntamente com os cabelos grandes, na altura do ombro. O seu sorriso é branco, como a neve. Sua pele de cor morena, não muito negro e não muito branco, a mistura perfeita das raças. Educação poderia ser o seu segundo nome, "licença", "desculpa", "obrigado", são as palavras que não saem de sua boca. Todos os pacientes que adentram aquele consultório em uma rua movimentada da Barra da Tijuca, saem satisfeitos pela consulta do homem.
Mas quem não está nada satisfeita com isso é a Ludmilla. Toda a vez em que Brunna cita o nome do companheiro de trabalho, a cantora entra em uma crise possessa de ciúmes. E é isso o principal motivo de briga entre as duas nesse período. Ludmilla se nega a acreditar que Lorenzo não tem segundas intenções com sua namorada, mesmo a médica já tendo apresentado os dois e o médico tenha dito que está comprometido com uma mulher, que cursa designer de interiores em uma cidade do interior de Minas Gerais. Mas Ludmilla se negava acreditar nisso e vez ou outra supunha que poderia estar acontecendo algo entre os companheiros de profissão. E isso era o que mais deixava Brunna com raiva.
Hoje está sendo mais um dia comum entre elas. Lud saiu de casa às sete horas da manhã, para ir até São Paulo, gravar três músicas que havia composto junto com cantores paulistas, e Brunna, as nove da manhã já estava usando o seu jaleco e chamava pelo seu primeiro paciente. Tudo estava consideravelmente bem e tem tudo para que termine assim. Pelo menos é o que todos nós esperamos para esse capítulo.
Rio de Janeiro
- Você pode me fazer um favor? - Lorenzo perguntou a Brunna, assim que o seu paciente saiu da sala. O homem hoje estava usando uma calça social azul marinho e uma camisa de mangas cumpridas na cor branca. Brunna lhe abriu um sorriso meigo e concordou com a cabeça, dando incentivo para que ele falasse. E assim ele fez - Eu tenho uma paciente marcada para as três horas da tarde. Mas me esqueci que tinha uma revisão no meu carro e foi muito difícil arrumar com esse mecânico. Pode quebrar esse galho pra mim? - o homem questionou.
- Sorte sua que hoje meu Machado está bastante afiado e eu poderei quebrar quantos galhos fossem precisos e necessários. - Brunna respondeu divertida - Pode ir tranquilo, Lorenzo. Minha última consulta era as duas e quarenta, não tem problema eu estender mais um pouco.
- Você sempre salva a minha vida, Brunna. - embora eles estivessem se conhecido a tão pouco tempo, ela sempre estava disposta a lhe ajudar em alguma coisa, assim como é com todos em sua volta - Fico te devendo um café.
- Passei dez anos estudando para o meu serviço valer um café de uma cafeteira barata. - fingiu chateação e antes que ela continuasse com o drama o homem gargalhou e fechou a sala da porta. Brunna logo pegou as últimas três fixas da manhã e chamou pelo próximo paciente - Ricardo?
- Eu aqui, doutora. - um homem de meia idade, acompanhado pela esposa, levantou a mão, enquanto se direcionava até a sala. Brunna deu passagem para que eles entrasse e fez o mesmo, fechando a porta, para dar mais privacidade a consulta.
- Bom dia, Ricardo. Fique à vontade. - apontou para eles se sentarem nas cadeiras - O que está acontecendo?
- Então... - o homem olhou para a mulher, esperando que ela falasse o que ele estava sentindo, e isso fez com que Brunna soltasse uma risada baixa.
- Na semana passada surgiu um caroço na perna dele. - sua esposa começou a explicar e a médica concordou com a cabeça enquanto escrevia as observações em uma folha branca - Agora está dolorido e isso está fazendo ele ter dificuldade em andar.
- Esse caroço veio acompanhado de mais alguma reação? - questionou - Febre? Fadiga? Ou algum outro sintoma?
- Não, simplesmente apareceu. - foi a vez do homem falar - A senhora quer ver? - Brunna concordou com a cabeça e o homem ergueu a calça, até a altura do joelho, revelando uma ondulação suspeita na canela - Dói bastante, quando aperta ou quando faz pressão.
- É um cisto. - falou assim que viu - Acontece com bastante frequência em homens. - disse olhando para o paciente - É como se fosse um pelo, que invés de crescer para fora, cresce para dentro. - preencheu algo em sua receita - Não é nada de muito grave, na qual vocês precisem se assustar, mas é sempre bom vocês fazerem um acompanhamento para que não se torne caso de cirurgia, tudo bem? - o casal concordou com a cabeça - Eu vou passar um medicamento para tirar a dor e outro para desinflamar. Vou marcar também uma ressonância, para ver a profundidade desse pelo. Você pode marcar em qualquer ambulatório, ok?
- Ok. - o homem disse pensativo - Doutora, a senhora pode me dar um atestado também?
- Posso, quantos dias você está em casa? - ela questionou com a cabeça abaixada, ainda fazendo a receita. Escutou o homem dizer "três" e aproveitou para também dar o atestado - Só isso?
- Só isso. Muito obrigado, doutora. Quando os exames estiverem prontos, eu trago pra senhora ver. - o homem disse ficando de pé e Brunna concordou com a cabeça.
São Paulo
- E se a gente colocassem uma batida mais fraca, no refrão? - o cantor Mc Livinho deu a sugestão, depois de Ludmila ter dito que não gostou da sua parte da música.
- Eu acho que o problema está sendo o ritmo. A Ludmilla está acostumada com um funk diferente do seu. - o empresário do cantor fez a observação - Podemos fazer uma mistura dos dois, pra ver se chegamos a um acordo. O que acham?
- Poderia inverter as ordens, não? - Ludmilla falou enquanto ajeitava o boné de uma marca luxuosa, que estava em sua cabeça, aproveitou a oportunidade e também se ajeitou no sofá de couro marrom - Coloca o Livinho primeiro e depois eu.
- Tem certeza? Você compôs a maior parte, nada mais justo que você comece. - o homem falou com um pé atrás, mas a morena apenas sorriu. Como se entendesse isso como um "eu tenho certeza", o produtor musical fez o que foi pedido e lhe mostrou a nova versão da canção - Nossa, não é que ficou bom?
- Ficou ótimo. - ela sorriu satisfeita - Agora não temos mais nenhum problema. Podemos almoçar em paz, estou cheia de fome.
- Eu também estou. - Livinho levou a mão até a barriga e fez uma massagem, tentando aliviar a dor no estômago - Porque vocês não almoçam na minha casa? Não fica muito longe daqui e a essa altura, o almoço já está pronto. Será mais rápido do que ir em um restaurante.
- Se eu não estivesse com tanta fome, iria recusar. Mas é uma ótima proposta. - Lud se levantou e juntou suas coisas que estavam por ali, sendo elas: carregador, celular, garrafa de água e o par de fones - Nós vamos seguir o seu carro, beleza?
- Beleza. - o cantor também juntou as suas coisas e se despediu dos musicistas que estavam ali. Seguiu até o seu camaro branco que estava estacionado na porta do estúdio.
Ludmilla e sua pequena equipe composta pro seu quase irmão e seu tio, seguiram ele no carro alugado para o dia de hoje, pois sabiam que iriam ter muitos compromissos. O trajeto até a casa do cantor deveria ter durado no máximo quinze minutos. O que mais demorou, foi para liberar a entrada no condômino, quando isso aconteceu, logo todos chegaram enfrente a grande mansão de faixada branca.
- Ih, rapaz. Não sabia que tu era tão cheio da grana assim não. - Ludmilla brincou enquanto subia os pequenos degraus para chegar até a porta da casa.
- Não tava botando fé em mim né, Lud. - ele gargalhou com a expressão de surpresa da sua colega de profissão. Ao chegarem na porta, ele a abriu e deu passagem para que as visitas entrassem primeiro - Podem se sentir a vontade.
- Pode ter certeza que vamos. - China foi rápido em se jogar no sofá da sala do cantor e cruzar as pernas. Literalmente levou a sério o "sintam-se em casa".
- Vou procurar pela Marina, que vai servir o almoço. Me deem só um minuto. - Livinho caminhou pela casa. O último ato que os três puderam ver, foi ele deixar o celular sobre a mesa da sala de estar, antes de adentrar um cômodo ainda não conhecido. Aproximadamente cinco minutos depois o homem voltou com um belo sorriso no rosto e na companhia de uma menina de quase quinze anos - Ô Lud, essa aqui é a minha irmã. Lembra que eu comentei contigo lá no estúdio?
- Claro que lembro. - abriu um sorriso - Lara, não é mesmo? - a menina concordou - É um prazer esta te conhecendo. Seu irmão me falou muito de você, sabia?
- Ele sempre fala muito de mim para as pessoas. - comentou divertida e todos gargalharam - Onde está a Brunna?
- A Brunna, minha namorada? - Ludmilla questionou confusa. Mas era uma pergunta óbvia, até porque qual outra Brunna ela iria conhecer? Ao se dar conta disso, Ludmilla gargalhou baixinho - A Bru está lá no Rio.
- Pensei que ela estivesse aqui. - disse desapontada e Ludmilla não conteve um sorriso. Não pela decepção da menina, mas por saber que muitos gostam da sua namorada.
- Em uma próxima vez ela vai estar, não é, Lud? - Livinho questionou e ela concordou com a cabeça - Vamos almoçar o almoço já está na mesa.
Todos seguiram até o cômodo que até então não era conhecido pelas visitas. Não se tratava de uma grande cozinha, com vista para a área externa da casa. Tinham muitas opções de comida sobre a mesa e pela fome que Ludmilla e sua equipe estavam, com certeza provaram um pouco de tudo, antes de irem para um outro estúdio se encontrar com um outro Mc.
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