Problema nos olhos
Pov' Ludmilla
Mal consigo me lembrar como cheguei em casa pela manhã. Não porque eu estava com efeito alcoólico ou algo do tipo, eu apenas estava cansada e peguei um sono profundo no meio da viagem. Nem percebi a parada de Marcos em São Conrado para deixar Brunna em casa. Acordei hoje durante a tarde, para ser mais específica três horas da tarde, e como de costume, minha família estava toda reunida, em um churrasco. Todas aquelas bebidas que minha mãe bebeu ontem, não foi o suficiente para ela, já que hoje ela ainda está se aproveitando dos engradados de cerveja que foi enviado pelos meus patrocinadores.
Coloquei um dos biquínis da minha marca e estou aproveitando o sol quente, para pegar uma marquinha, na piscina junto com a Lu, que está contratando sobre um homem que ela conheceu ontem no show. Yuri e Marcos estão do outro lado da piscina, brincando com uma bola, enquanto Michel bate palmas comemorando os pontos que os primos estão fazendo. Sorri com a cena e desejei um dia ter um filho como ele, para ensinar tudo o que um dia eu aprendi com a minha mãe e minha avó. Luane percebeu o quão área eu estou, que parou de falar e apenas deu um gole na sua água tônica.
Na caixa de som está tocando um dos meus novos lançamentos, dessa vez um feat com a Rebeca. Por falar nela, ter sua presença no meu show de ontem foi um tanto quanto diferente. Ela esteve no palco durante as duas horas e meia de show e só saiu de lá ao meu lado. Poderia ser fofo, se eu pelo menos sentisse algo por ela. Já fazem dois meses que eu e ela estamos nessa de "sexo casual", mas a verdade é que eu simplesmente não consigo dizer não a ela. Seria incoerente eu falar que ela não é uma mulher atraente ou que não é alguém de valor. Mas não posso passar por cima do meu coração e mentir a dizendo que sinto algo.
Me assustei com as duas pequenas mãos do Michel tocarem minhas costas e me virei para olha-lo. Ele estava com seu sorriso no rosto e as bochechas sujas de gordura, por causa do churrasco que ele estava comendo. Ele apontou para dentro da casa, mostrando que queria que eu fosse caminhar com ele, assim como eu fazia em todos os almoços de família, quando ele queria dormir. Sorri em resposta e sai da piscina, secando meus pés antes de o pegar, para não correr risco de eu escorregar com ele no colo. Adentrei a casa e o primeiro lugar a andar, foi na sala de estar que estava um pouco bagunçada.
Andamos por toda a casa e finalizamos em meu quarto. Mas em uma primeira vez, o menino não estava dormindo. Pelo contrário, ele estava muito bem acordado e me contava uma história sobre a "terra dos dinossauros", eu fingia estar entendendo tudo que ele estava falando, mas a verdade é que tudo que eu entendia eram palavras sem sentido ou som de vogais sendo faladas de forma aleatória. Coloquei ele sobre a cama e me sentei ao seu lado. Observando cada traço do seu rosto. E ele é a coisa mais linda desse mundo.
- Abô! - ele bateu as mãozinhas mostrando que a história tinha terminado e eu não contive um sorriso. Um grande sorriso.
- Acabou? Eu adorei essa história, filho. Onde você aprendeu tudo isso? - perguntei.
- Papai. - ele falou óbvio - Mamãe.
- Papai e mamãe, que chique. - beijei suas bochechas - E agora, o que vamos fazer? Quer dormir?
- Não, não. - negou com a cabeça - Desenho.
- Nós vamos ver desenho? - perguntei e ele pronunciou um "sim", enquanto eu ligava a televisão no canal de desenho infantil. Me ajeitei na cama e fiz o mesmo com ele, que foi rápido em se deitar e colocar as penas em meu colo - Qual você quer?
- Asha Uso. - apontou para a pequena tela que mostrava o desenho da "Marsha e o Urso". Talvez ele gosta desse por ser uma réplica da Marsha, enquanto o seu pai é o próprio Urso. Pensei mas não falei.
- Pronto, vamos ver a Marsha e o Urso. - falei e coloquei no desenho. Logo ele ficou por ali entretido, enquanto eu tentava achar uma posição confortável para que minha marcas de sol não ficassem doloridas. Não mais do que já estavam.
Em um certo momento eu me canse de ver o desenho e peguei meu celular para passar o tempo. Abri as conversas do whatsapp e haviam poucas pessoas para serem respondidas e uma delas era a Rebeca, que estava me convidando para ir até a sua casa fazer algo. "Algo". Fechei o aplicativo e entrei no Instagram, onde postei uma foto do meu momento com o pequeno e curti umas fotos que apareceram na timeline. Uma delas era uma foto que Brunna havia tirado em meu show ontem, uma típica foto de uma pessoa lowprofile, que mostra apenas a parte de baixo do seu look e a bebida em que ela estava bebendo.
Como se eu tivesse entendido isso como um sinal do destino, deslizei o dedo do celular e abri a página do direct, procurei pela sua conversa e enviei um simples "oi", que não foi respondido naquele momento, mas dez minutos depois ela enviou uma foto do seu consultório improvisado no Hospital público do Rio de Janeiro. Logo após a foto ela enviou um "oi :)", e eu pensei em várias coisas que usaria de desculpa para puxar assunto com ela.
📱
Hoje, às 17:00
Ludmilla: oi
Brunna: *foto*
Brunna : oi :)
Ludmilla: nossa, você me enviou essa foto e eu me lembrei que preciso ir no hospital
Brunna: está doente?
Brunna: aconteceu algo?
Ludmilla: sim!
Ludmilla: estou com um problema nos olhos e não consigo mais ver nós duas separadas.
Brunna: meu Deus...
Brunna: essa foi péssima. Até meus pacientes fazem melhores...
Ludmilla: então quer dizer que recebe muita cantada dos seus pacientes?
Brunna: algumas... Kkk
Ludmilla: por isso gosta muito de trabalhar
Brunna: mas vai me dizer que seus fãs não te dão cantadas?
Brunna: cara de pau
Ludmilla: eles dão, e eu adoro
Ludmilla: tem uns que eu até respondo
Brunna: é, eu vi ontem
Brunna: haha
Ludmilla: viu o que?
Brunna: você respondendo a cantada da sua fã com um beijo
Ludmilla: eu?
Ludmilla: tem certeza?
Ludmilla: não me lembro de ter feito isso
Brunna: eu estava lá te esperando
Brunna: tive a puta sorte de ver essa cena
Ludmilla: a
Ludmilla: não era uma fã, mas não vem ao caso
Ludmilla: sentiu ciúmes, Brunninha?
Brunna: não, foi nojento mesmo
Brunna: parecia limão pingando em meus olhos
Ludmilla: falsa kkk
Ludmilla: certeza que você queria estar no lugar dela
Brunna: não seja doida
Brunna: se bem, que parece que era você que queria que eu estivesse no lugar dela
Ludmilla: é
Ludmilla: talvez eu estava querendo isso mesmo
📱
Ela visualizou a mensagem mas eu não tive mais a sua resposta. Ou ela ficou brava com a minha brincadeira, ou teve alguma emergência em seu plantão. Decidi não me importar com isso e desliguei o celular, voltando a minha atenção para o pequeno que fazia carinho em minha barriga, enquanto via o seu desenho.
Pov' Brunna
"talvez eu estava querendo isso mesmo"
Reli sua mensagem umas três vezes e por fim decidi não dar mais abertura para esses tipos de brincadeira e sai da conversa sem ao menos a responder. Deixei o celular sobre a mesa e escutei duas batidas na porta e um paciente entrar com uma leve feição de dor. Me levantei para ajuda-lo a sentar, mas ele disse que conseguia fazer isso sozinho, então me sentei de volta em meu lugar e ajeitei meus equipamentos sobre a mesa.
- Boa tarde, qual o seu nome? - perguntei, até porquê não havia recebido a sua triagem.
- Wagner, eu ainda não fui atendido lá fora, mas estou com muita dor. - apertou a região abdominal - A senhora pode me ajudar?
- Claro, Wagner. Pode me dizer onde está a sua dor e de zero a dez, o quanto está doendo? - a olhei.
- Aqui. - ele apertou a região esquerda do seu abdômen - Está doendo sete.
- Certo. - anotei isso em um papel - Você já teve essa dor antes ou é a primeira vez?
- Está assim desde semana passada, mas era só um incomodo, agora tá pior. - ele suspirou.
- Entendi. - me levantei - O senhor pode deitar aqui por favor, e tirar a camisa, para que eu possa examinar?
- Posso sim. - ele fez o que eu pedi, e eu pedi licença para tocar o seu corpo. No incio ele fez uma careta mas depois de uma pressão maior ele pareceu estar aliviado.
- Ainda dói? - perguntei ao ver ele sentar, com mais rapidez do que quando chegou.
- Não. - ele massageou o lugar - Passou.
- Que bom. - sorri, sendo que na verdade eu estava contendo uma gargalhada - Era apenas gases. Eu vou te passar um remédio para que você tome na próxima vez que isso acontecer.
Recitei um anti gases para ele que saiu um tanto quanto constrangido. Sorri um pouco mais alto com isso, mas não de uma forma que ele pudesse escutar. Lavei as minhas mãos antes de voltar a me sentar e esperar pelo próximo paciente. Como isso demorou muito para acontecer e eu fiquei entediada resolvi voltar a responder a Ludmilla, mas dessa vez com um assunto diferente. E tive a sua resposta na mesma hora.
📱
Hoje, às 19:30
Brunna: sabe o que eu queria agora?
Ludmilla: o que?
Ludmilla: um beijo meu?
Brunna: não
Brunna: um lanche do Macdonald, com uma coca cola gelada
Brunna: que delícia
Ludmilla: isso não é saudável doutora
Ludmilla: você deveria saber disso
Brunna: mas eu sei
Brunna: mas ainda assim é uma delícia...
Ludmilla: no hospital que você trabalha não vende?
Brunna: Ludmilla, qual hospital vende Macdonald?
Ludmilla: sei lá
Ludmilla: onde você trabalha?
Brunna: no hospital central
Brunna: e certamente aqui não vende o que eu quero
Brunna: até porquê se vendesse, eu já estaria falida
📱
Ela não respondeu a minha mensagem, me voltando a deixar entediada, então resolvi caminhar pelo hospital e me certificar que todos os pacientes estavam bem. E por sorte todos estavam muito bem e alguns até já estavam dormindo. Quando voltei para a minha sala e me sentei, um enfermeiro entrou, com uma sacola de papel nas mãos.
- Boa noite, doutora. Tinha um motoboy aqui te esperando, e eu disse a ele que a senhora tava ocupada. - ele estendeu a mão.
- É pra mim? - questionei.
- Sim, ele disse "Brunna Gonçalves". Falou que já estava pago, aí eu peguei pra senhora, já que não te achei por aqui. - respondeu.
- Tem certeza? - questionei confusa.
- Tenho sim, doutora. - ele sorriu pela minha confusão - Mas se a senhora não quiser pode deixar que eu como.
- Não. - gargalhei baixo - Obrigada, por ter me feito esse favor.
- Precisa agradecer não, não tive trabalho nenhum. - ele sorriu antes de sair da minha sala.
Ainda confusa, abri a sacola de papel. Dentro havia um bilhete escrito em um guardanapo e embaixo um lanche do Macdonald e na sacola de papel uma Coca-Cola de 600ml. Antes de comer, li o que estava escrito no papel e abri um sorriso.
"A cantada pode ter sido horrível, mas eu não menti quando disse que não consigo mais ver a gente separadas!
Ass: Ludmilla"
No mesmo momento, quando terminei de ler, meu celular vibrou, anunciando uma mensagem e como esperado era ela falando sobre esse incrível ato de amor. Amor?
📱
Ludmilla: eu não sabia qual você iria gostar
Ludmilla: mas espero que esse esteja ao seu gosto
Ludmilla: e não me esqueci da coca gelada
Brunna: você é maluca, sabe disso?
Ludmilla: sei
Ludmilla: você sempre me diz isso
Brunna: obrigada por esse carinho
Brunna: amei! ❤️
Ludmilla: não foi nada
Ludmilla: estou tentando competir com os seus pacientes
Ludmilla: eles fazem isso por você?
Brunna: certamente não kkk
📱
Parei de lhe responder apenas para comer, mas quando terminei engatamos uma nova conversa e foi assim por toda a noite, até ela se despedir dizendo que iria conversar com sua família, que ainda estava em sua casa e precisava dormir para ficar bem disposta no outro dia.
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A Ludmilla é muito fofa!!! Ela se fazendo de boba para saber onde a Bru trabalha pra enviar o lanche, pitica! Não aceitem nada menos que isso.
Será que depois disso Brunninha esqueceu o beijo? 😔
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